As tecnologias de informação estão na ordem do dia. Fazem parte de um conjunto maior de tecnologias que se convencionou designar por novas. Porém, algumas, são já o resultado de processos com várias décadas de existência e apenas sofreram alterações ou foram adoptadas graças, em parte, ao aparecimento de novos meios e avanços quer em materiais e técnicas, quer devido a novas necessidades sentidas.
O certo é que o valor da informação se alterou; a informação passou de um acessório, ingrediente ou factor mais ou menos pacífico de obter para uma palavra chave que as organizações procuram avidamente definir. O custo da informação elevou-se e a sua origem já não é a mesma. Passou de ter predominantemente uma origem localizada em organismos, instituições e/ou qualquer outro tipo de organizações normalmente de caracterizada por possuir uma recolha de dados altamente centralizada e assentar numa estrutura "pesada", para uma novo estrutura muito mais dinâmica e autónoma, baseada nas próprias pessoas.
E porquê? em parte devido a que o tempo de resposta e flexibilidade de filtrar as informações necessárias exige actualmente uma maior adaptação a cada caso particular. A unidade operacional que melhor pode desempenhar este papel é obviamente uma pessoa altamente treinada, capaz de tomar decisões entre o importante e o secundário (aquilo a que o senso comum designa por "separar o trigo do joio"). Esta característica assume actualmente uma grande peso na avaliação das capacidades profissionais de um indivíduo. O valor dos recursos humanos é assim multiplicado em relação ao seu "status" anterior; este possui um papel activo e valorizado perante a organização em que actua.
Em consequência, verifica-se que as tecnologias de informação catapultam as pessoas, que possuírem o Know-how para agir neste ambiente, para um plano de evidência, como elementos privilegiados da sociedade actual.
O "know-how" (entendido como saber fazer) é agora a arma que permite uma boa e independente projecção profissional. Este tipo de informação associada a um indivíduo é única e indivisível; duas pessoas diferentes não reagem da mesma forma nem assimilam a mesma matriz de experiência seja qual for a semelhança das suas práticas.
Mas como cada indivíduo pode obter know-how na sua área de especialização?... cada vez mais é necessário considerar a formação de nível teórico (académica, garantindo os conceitos resistentes à mudança) como essencial. Mas esta não basta, também é necessário passar por um conjunto de experiências que coloquem o indivíduo perante um alargado leque de problemas para os quais encontrou soluções diversas, todas com vantagens e inconvenientes, devidamente avaliados.
É necessário preparar pessoas para enfrentar situações novas que requerem soluções inovadoras, igualmente novas. O treino de ultrapassagem de obstáculos colocados em diversas situações, com base em situações anteriores cuja solução ou medida a tomar se conhece é ainda o processo mais usual para a aquisição de "know-how" numa dada área. Esta capacidade a desenvolver assemelha-se a um atalho que poupa a uma organização a intervenção e gasto adicional de recursos, graças à intervenção de um único indivíduo.
É interessante observar que actualmente o know-how numa dada área já não é pertença de nenhum estrato profissional fechado; ele é encontrado (e mesmo procurado) em profissionais que necessitam de resolver problemas específicos para desempenhar as suas tarefas e assim recorrem a meios auxiliares de outras áreas, redefinindo o conceito de profissão de forma drástica.
Com base no exposto, ocorrem as mudanças que a informática (nomeadamente a microinformatica) imprimiu às organizações, o que permitiu ao indivíduo reconquistar a sua dimensão individual e o seu espaço próprio. O grupo de trabalho é agora assumido como um conjunto de indivíduos e não apenas como uma unidade de trabalho. Estes tem de trabalhar de forma cooperativa, introduzindo novas competências no indivíduo como comunicador e dinamizador do trabalho de grupo.
A consciência do valor do indivíduo na sociedade (designada de informação), que começa a dar os primeiros verdadeiros passos, vai alterar as organizações, as relações de trabalho e reavaliar estruturas básicas como sejam a família, a educação, o desporto, a cultura e mesmo a religião.
Nesta perspectiva, é possível arriscar que as tecnologias de informação ajudaram, como um dos factores activos, a humanizar a sociedade (nesta última década), reforçando a o reconhecimento do valor do indivíduo como gerador de ideias e angariador de soluções. As T.I. não são factor único mas são um dos mais influentes e a sua presença é perfeitamente identificável. Talvez por isso, as tecnologias de informação são cada vez mais utilizadas como ponto de partida para o estudo do comportamento da sociedade actual.
Será pois interessante questionar onde os recentes em serviços como a Internet nos levarão e qual a sua influência no modo de vida do final do século. Pode-se esperar que o reforço da qualidade de vida passa pela humanização das T.I.; para elas próprias atribuírem um novo valor ao seu utilizador: o indivíduo.
[ início da página ]
Página criada em 5/2/98 por Luís
Gouveia
Última alteração: 5/2/98