Comercio electrónico: "surfar entre bits" | ___________________________________ | Índice |
Capítulo VIII - ESTRATÉGIAS PARA O SUCESSO
Segundo a opinião de muitos o comércio na Internet está
condenado ao insucesso, porque é muito difícil alguém
ser descoberto no meio da confusão de sites existentes. De
certo assim é; de certeza que não será visitado por
todos os utilizadores da rede mas. por outro lado, todos aqueles que visitarem
a página estarão minimamente interessados no produto ou serviço.
Se uma empresa pudesse abrir uma loja 24 horas por dia, 7 dias por semana,
em cada capital mundial quanto é que pagaria? Muito de certeza.
Um site na Internet pode fazer por uma empresa o que ocuparia centenas
de pessoas. O problema está em construir eficazmente o site.
Se o site for bem construído e direccionado vai levar a informação
certa ao cliente certo. A maior parte das empresas pode oferecer aos navegadores
um razão suficientemente válida para eles visitarem a sua
página, um isco, com informação válida legítima
e informativa.
Um dos primeiros aspectos que se deve levar em consideração,
é pensar bem aquilo que se deseja transmitir. Porquê gastar
dinheiro se não se tem o que se dizer? Para isso é necessário
saber qual a informação válida. Pode ter mais interesse
uma ligação aos armazéns para saber o nível
do stock existente, do que o balanço do último ano e uma
imagem da empresa.
Um outro aspecto a explorar é que um site deve ajudar os
utilizadores a aprender algo. Ensinar alguma coisa a quem visita uma página
é uma das melhores maneiras de promover um produto ou serviço
na Internet* .
Um site deve ter as seguintes funções:
No entanto deve também, ao mesmo tempo, dar liberdade para o
utilizador resolver os seus próprios problemas, adquirindo a experiência
necessária.
Para um site ter este tipo de características deve então
ser:
Uma página deve comunicar ao visitante que ele é o convidado de honra, que as suas necessidades são importantes. Deve-se fazer sentir o visitante bem, tendo, por exemplo bons menus, uma fácil navegação no site e uma mensagem de boas vindas. Pelo menos tornar fácil o visitante enviar e-mail para a empresa que não deve ser um webmaster anónimo e ter um nome. Por outro lado a resposta aos e-mail não se devem fazer esperar ou então o media torna-se supérfluo.
O que todas as empresas que vendem na Internet oferecem, é o que
pensam que os clientes procuram.
Os utilizadores que compram na Internet, procuram negócios melhores
que os tradicionais, obtendo o mesmo produto por um preço mais baixo.
Quase todas as empresas oferecem em grandes letras preços mais baixos
e grandes descontos como forma de atrair, o que é viável
devido à grande redução de custos que implica.
Mas o problema é outro; não são os altos preços
praticados pelas empresas que são o verdadeiro entrave ao sucesso.
Na Internet o que conta é a confiança que se tem na empresa
que se contacta.
Para se construir a confiança é necessário uma variedade
de acções incluindo rapidez e fiabilidade de entrega, qualidade
do produto e atendimento personalizado.
A Internet, ao contrário de pode parecer, é a melhor maneira
de ter um relacionamento um para um com o cliente, o que se pode tornar
um importante trunfo. Para isso é necessário ter alguém
que responda a todas as dúvidas colocadas pelo consumidor de forma
a construir a confiança.
Outro aspecto que pode abalar a confiança é o facto de o
cliente não poder tocar ou sentir o produto que está a comprar.
Uma maneira de resolver o problema é o recurso de marcas conhecidas.
O preço, embora importante, não se torna um factor decisivo
na escolha de um produto pela Internet. Se um indivíduo vai à
procura de por exemplo um par de jeans de boa qualidade tem mais hipóteses
de os encontrar se procurar em Levi´s do que se procurar saldos de
jeans.
A Internet alterou as regras de publicidade e comunicação
com os clientes. É necessário esquecer tudo o que se aprendeu.
Agora aplicam-se novos princípios.
O aparecimento de novos sites faz-se a um ritmo vertiginoso, tornando
a Internet mais do que um simples meio de comunicação. É,
nem mais nem menos, do que uma nova economia a ganhar forma num terreno
baseado na informação.
Caso a Internet não consiga ser tudo aquilo que se espera, o que
vai acontecer é que este novo tipo de negócio colapse como
um castelo da cartas. Para evitar esse apocalipse é necessário
uma nova aproximação: Webonomia.
Os consumidores raramente pagam uma taxa para acederem a um site
Na Internet, onde existem inúmeros sites com muita informação
grátis, os utilizadores acham ofensivo ter que pagar para a obter
e arranjam maneira de contornar o pagamento. Os utilizadores estão
dispostos a pagar pela entrega do media, mas não pela informação
a que acedem.
Espera-se que um dia os utilizadores estejam dispostos a pagar uma pequena
quantia por pequenas notícias, mas para já o sistema não
está provado e os micropagamentos pela Internet ainda estão
numa primeira fase de desenvolvimento.
No entanto, um dos serviços que foge a esta regra, e parece que
vai continuar a ter sucesso, pois existem imensos clientes para ele é
o da pornografia, onde se paga para assistir as shows ao vivo ou para se
ter acesso a imagens. E este é um negócio que vai de vento
em popa.
Os velhos modelos de comprar publicidade não se aplicam
É muito difícil saber com exactidão quais as taxas
de visualização presentes na Internet. Toda a gente arrisca
números mas ninguém tem certezas. É um modelo ainda
emergente, demasiado complexo para alguém o entender. Para o estudar
é necessário entender os objectivos das empresas.
Cada negócio tem os seus objectivos mas existem dois objectivos,
comuns a todos os negócios, que se esperam da Internet: melhorar
a imagem da empresa e fornecer informação a um número
de consumidores alvo na esperança de atrair consumidores leais.
As empresas estão na Internet para obter resultados e não
em exposição
Muitos sites aproveitam a Internet apenas para divulgar informação
que ficaria muito dispendiosa fazer pelos media tradicionais, o que muitas
vezes é deitar dinheiro fora, pois não se obtém valor
pelo dinheiro investido. A Internet tem que servir para mais do que simplesmente
fornecer aos potenciais clientes o número de telefone e fax.
Temos que pensar no processo de prospecção de clientes como
um funil. Os media tradicionais, como a televisão ou a rádio,
funcionam na parte mais larga do funil distribuindo informação
para todos. A Internet não consegue atingir esse nível de
exposição, mas consegue fazer maravilhas no outro extremo
do funil.
Existem quatro passos para conseguir um cliente: dizer, vender, ligar,
pensar. Um anuncio tradicional "diz "que o produto existe e "vende"
os seus benefícios. Na Internet deve-se continuar a partir do ponto
onde os anúncios pararam. Se um site for bem feito ele vai
"ligar" os potenciais clientes a uma zona de venda que lhe dará
informação suficiente para "pensar" se realmente
vai adquirir o produto ou serviço.
Os consumidores devem ser recompensados por fornecerem informações
Muitos utilizadores estão pouco interessados em espiões que
invadam a sua privacidade com os seus dados, e estão dispostos a
fazer uma troca, se o negócio for bom.
Fazer com que as pessoas forneçam este tipo de informações
acerca de si é uma tarefa um bocado ingrata. É necessário
pedir às pessoas que se registem, mas ao fazer isso pode afugenta-las.
No entanto é um risco que se deve correr pois o que se ganha normalmente
é superior ao que se perde. É necessário entreter
as pessoas que visitam o site de forma a que elas sem se aperceberem
estarem a dar informações preciosas sobre qual o caminho
a seguir pela empresa de forma a melhor satisfazerem os clientes.
O objectivo é manter os visitantes num grupo de discussão
acerca da forma como se pode melhorar o produto. Recompensar os clientes
é só uma pequena parte para obter a informação.
Não é a quantidade de pessoas que se atrai a um site
que conta, mas a qualidade da sua participação.
Um site que atrai um número pequeno de consumidores fieis
tem mais valor do que um que atrai um número grande todos os meses,
mas que nunca lá voltam. Quem quer que a Internet se torne um pouco
como a televisão onde o que mais conta é o número
de olhos que atraí?
Se se tornar num media onde o número de olhos é que conta
então está condenada ao insucesso. A Internet deve ser um
local onde as pessoas vão quando querem "utilizar o cérebro".
É necessário compreender que a Internet é um meio
de comunicação diferente de todos os outros. A diferença
está em que os clientes são expostos à informação
voluntariamente. As empresas necessitam de colocar a informação
de forma a que potenciais clientes possam aceder ao que quiserem e quando
quiserem. As pessoas precisam de informação sobre os produtos
e serviços de forma a tomarem decisões racionais, diminuindo
assim o risco de aquisição.
A estratégia tradicional, consistia na transmissão de uma
mensagem, pequena mas memorizavél, para um grande grupo de potenciais
consumidores.
Na Internet não se pode fazer assim. As ferramentas de navegação
estão concebidas de modo a que o cliente escolha o quer ver e a
profundidade até onde quer chegar.
Para que os utilizadores venham visitar um site é necessário
que esse site seja conhecido, ou seja é necessário
anunciá-lo. O site pode ser anunciado pelas formas tradicionais
de publicidade. Mas para uma maior eficácia e para atingir aqueles
que procuram a informação sem saber onde ir, convém
que se anuncie em alguns sites estratégicos. A saber:
Fazer
Não fazer
Este é o caso de uma empresa que em seis meses foi do zero para
o número um de vendas de computadores na Internet.
Para o seu presidente, Michael Dell, "A Internet é a extensão
perfeita para as vendas directas da empresa. A Internet é o último
modelo de vendas directas."
Foi grande a cruzada para tornar a empresa rápida e eficiente de
forma a aumentar a sua capacidade de resposta, o que fez com que se cortassem
os custos com stocks e consequentemente baixassem os preços entre
10 e 15%.
Em 1996, as suas vendas nos Estados Unidos aumentaram cerca de 71% - cinco
vezes mais do que o aumento da indústria que se situou nos 13,6
%; O que se reflectiu num aumento da facturação de 47%. As
acções da Dell subiram 27%, mais do que as da IBM, Compaq
ou Hewlett-Packard; principais concorrentes no mercado dos computadores.
Qual foi o seu segredo? Velocidade; A Dell sempre tentou implementar o
sistema just-in-time, conseguindo transmitir essa filosofia aos
seus fornecedores.
Outro aspecto que contribuiu para o sucesso foi o tempo que demora a converter
uma venda em dinheiro, em menos de 24 horas, ao passo que a concorrência
ainda demora dias para o fazer.
Em relação aos fornecedores, reduziu o seu número
ficando só com aqueles que cooperaram com o seu plano de armazenagem;
ter os armazéns a menos de 15 minutos da fábrica. Além
disso, só faz a encomenda dos componentes depois da ter o pedido
de compra, pois os preços neste tipo de material descem em pouco
tempo. Pelo contrário os computadores da concorrência chegam
a estar dois meses nas prateleiras antes de serem vendidos.
Isto faz com que se a Dell necessitar de realizar uma encomenda rápida
serão necessários apenas minutos para ela estar a ser preparada,
ao passo que a concorrência necessita de horas ou dias.
Um bom exemplo é o dos monitores. Quando uma máquina está
pronta para ser entregue a Dell envia um e-mail para uma empresa
de entregas que vai buscar o monitor à empresa fornecedora e calcula
a sua entrega para coincidir com o computador. Com este sistema a Dell
poupa cerca de 30 dólares por monitor.
Na Dell tenta-se aconselhar os clientes para que aceitem as recomendações
dos vendedores. Isto faz com que os clientes escolham as configurações
que a Dell possui, poupando tempo na alteração das configurações
produzidas.
Agora a Dell estabeleceu um acordo com uma empresa de material para redes
que vai fazer poupar tempo na implementação de redes às
empresas que os contratem. Em vez de uma empresa comprar os computadores
e esperar que os técnicos os testem, e depois comprar uma rede,
e esperar que os técnicos a testem, a Dell envia os computadores
para outra empresa que realiza os dois testes e monta a rede.
Quanto às vendas directas, a Dell possui 30 funcionários
para atender as vendas pela Internet, que facturam cerca de 1 milhão
de dólares por dia, contra os 700 empregados que são necessários
para atender as vendas por telefone.
Isto vem provar que é necessário algo mais do que implantar
um site e esperar que ele venda. Pode ser necessário alterar
toda uma cultura empresarial para o novo ritmo das auto-estradas da informação.
De que vale ser capaz de receber um pedido de compra com a rapidez do e-mail
se depois não se tem a mesma velocidade para efectuar a entrega?