Comercio electrónico: "surfar entre bits" | ___________________________________ | Índice |
Capítulo VII - AMEAÇAS/OPORTUNIDADES
Apesar de tudo o que se falou até aqui, em como a Internet vai mudar o nosso modo de ver o mundo dos negócios, existem algumas nuvens negras que podem ensombrar o futuro e fazer com que a evolução do comércio na rede não se desenvolva da maneira esperada.
Confiança
A confiança dos compradores é um dos aspectos fulcrais que
pode deitar tudo a perder neste ramo.
Muitas pessoas ainda têm o receio de enviar informações
com algum grau de confidencialidade pela Internet, como o número
do cartão de crédito para pagamentos, muitas vezes não
por saberem que a rede pode estar a ser observada por terceiros mas por
não possuírem confiança em quem está do outro
lado.
O mundo real teve milhares de anos para se munir de leis e de contratos
para aumentar a confiança de quem realizava negócios. Mas
à medida que os negócios entram em linha, o objectivo dos
comerciantes, bancos e governos é transmitir esse mesmo tipo de
confiança digitalmente.
Alguma da desconfiança e insegurança da Internet já
tem sido combatida através da introdução de sistemas
de codificação de mensagens, mas mesmo assim a confiança
do comprador ainda não é um dado adquirido.
Uma das hipóteses de resolução deste problema é
a criação de Certificados de Autenticidade, que valida a
autenticidade das partes envolvidas.
Estes Certificados consistem em, quando duas partes se encontram pela primeira
vez para realizar uma transacção, apesar de não confiar
um no outro, podem depositar numa terceira parte a sua confiança.
Um bom exemplo disto é o Security Electronic Transfer (SET) que
foi desenvolvido com o apoio dos gigantes dos cartões de crédito
Mastercard, Visa e American Express, de forma a dar segurança às
transacções feitas pela Internet.
Este sistema é um sistema fechado pois todas as partes necessitam
de possuir um certificado no mesmo sistema, o que provoca outro problema
de compatibilidade com participantes noutros sistemas, visto não
existir ainda uma norma para a tecnologia.
E devido a esta falta de segurança já existem empresas seguradoras
que possuem seguros específicos para fraudes acontecidas na Internet
que seguram os compradores caso algo corra mal.
Isto tudo só se torna necessário devida à falta de
enquadramento legal da assinatura digital, mas num futuro, e como sempre
tem acontecido, o Direito tem evoluído de forma a se adaptar à
sociedade, este tipo de comércio irá ter o seu enquadramento
legal.
Telecomunicações
A dependência da Internet das empresas de telecomunicações
é outra das ameaças que pode atrasar o desenvolvimento do
comércio por este meio.
Para o aumento definitivo das taxas de utilização do comércio
via Internet, é necessário existir uma massificação,
ou seja um grande incremento do número de utilizadores, de forma
a ser banal comprar através da Internet.
Ora para esta banalização é crucial que o aumento
de utilizadores particulares seja uma realidade e algo que os afasta é
o aumento das tarifas telefónicas, o que poderá ser mais
um passo para trás na abertura da sociedade de informação
ao comum dos cidadãos.
Em Portugal, apesar de as primeiras notícias que vieram a público
confirmarem esta tendência de subida de preços das chamadas
telefónicas, foram posteriormente separadas as chamadas feitas para
acesso à Internet. Para estas foi celebrado um protocolo, efectuado
entre a operadora de telecomunicações e o Estado, que prevê
que os preços destas sejam "congelados" até ao
ano 2000, não sofrendo nenhuma alteração. Depois do
número único de acesso agora mais esta boa notícia.
Portugal parece estar no bom caminho.
Interoperabilidade
A operabilidade entre os vários intervenientes pode ser uma grande
ameaça à expansão do comércio na Internet.
Os utilizadores correm o risco de ficarem presos a soluções
específicas o que os coloca numa posição de desvantagem.
Torna-se então necessário a adopção de normas
aceites internacionalmente de forma a que essa ameaça não
passe de isso mesmo. Felizmente o que está a acontecer é
o uso de um pequeno número de programas o que se por um lado é
bom pois garante essa operacionalidade, por outro lado é prejudicial
pois contribui para uma certa monopolização do mercado.
A barreira linguística
A língua pode ser uma das ameaças que podem afastar alguns
utilizadores da Internet. Já existe muita informação
em português, pois o português é uma das línguas
mais faladas no mundo devido às ex-colonias, especialmente o Brasil.
Apesar disso a língua mais utilizada na Internet é o Inglês,
sendo estimado que 95% de toda a informação disponível
esteja em Inglês*. No entanto esta questão não
será um impedimento a muito longo prazo, pois o inglês já
é leccionado nos níveis obrigatórios de escolaridade
em Portugal.
De igual forma já existem sites, que colocam a informação
em várias línguas incluindo o português. Esta pode
ser a razão adiada para aprender a língua de sua majestade,
que até pode ser feito pela Internet.
Esta nova forma de negociar vai ter um impacto, tanto ao nível
das empresas, como ao nível dos consumidores.
Quanto às empresas, a Internet, para quem explorar todo o seu potencial,
vai permitir grandes alterações, que redefinem os mercados
e podem mesmo criar outros novos. Aqueles que se deixarem ultrapassar vão
sofrer as consequências, perdendo mercados e clientes.
Como escreveu Bill Gates no livro "Rumo ao Futuro": "A
Internet é um maremoto que avança sobre a indústria
(...). Só algumas empresas que estão a apostar na Internet
vencerão a corrida. Mas aquelas que não apostarem irão
perder."
Em relação aos consumidores estes terão ao seu dispor
novos bens e serviços e novas formas de os adquirir. As restrições
geográficas e temporais desaparecerão.
Oportunidades para os Fornecedores |
Benefícios para os Consumidores |
Presença global |
Escolha global |
figura 7.1 - Oportunidades / Benefícios
in "O net comércio em Portugal"; Fevereiro
de 1997
Presença global / Escolha global
Na Internet não existem nem limites geográficos nem fronteiras.
O único problema é a cobertura fornecida pelas redes de computadores.
Apenas alguns países do 3º mundo é que ainda não
possuem ligação à Internet; o que permite ao mais
pequeno fornecedor, estar presente e conduzir negócios à
escala global.
Para os consumidores existe uma escolha do tamanho do mundo, com um número
infindável de fornecedores, independente da sua localização
geográfica.
Maior competitividade / Qualidade de serviço
A Internet permite colocar os fornecedores mais perto dos consumidores,
o que permite melhorar os níveis de suporte antes, durante e depois
da venda, colocando à disposição dos clientes mais
e melhor informação, que pode ser actualizada rapidamente.
Isto torna uma empresa mais competitiva em relação aos que
não possuem este recurso.
Este aumento de competitividade, traz para o consumidor uma melhoria na
qualidade de serviço e um reconhecimento da sua importância,
além do que pode fazer-se ouvir fácil e rapidamente.
Especialização em massa / Personalização
de produtos e serviços
Com este tipo de interacção, que aproxima os fornecedores
dos consumidores finais, as empresas podem ter informações
detalhadas dos gostos e necessidades dos seus clientes respondendo assim
de uma forma mais apurada. As publicações electrónicas
são disto um bom exemplo, pois além de excluir os artigos
já lidos por determinado cliente, podem mostrar só algumas
noticias de acordo com as suas preferências.
Os consumidores beneficiam pois acabam por ter acesso a bens ou serviços
mais personalizados, com preços equivalentes aos da produção
em massa.
Reduzir/eliminar cadeias de distribuição / Resposta
rápida às necessidades
Com o intuito de reduzir ou eliminar as cadeias de distribuição,
várias são as empresas que enviam os seus produtos directamente
para o consumidor final. Este processo já era realizado antes do
existência da Internet, mas o seu aparecimento torna a tarefa mais
simples e mais eficiente, tanto em termos de custos como de rapidez de
processamento.
Este aspecto torna-se ainda mais relevante quando os artigos se podem enviar
electronicamente, eliminando por completo a cadeia de distribuição.
De qualquer maneira o consumidor sai beneficiado pois tem uma resposta
rápida às suas necessidades, não estando dependente
do stock do seu fornecedor local.
Redução substancial de custos / Redução
substancial dos preços
É actualmente bastante aceite referir os computadores como ferramenta
indispensável ao trabalho do Homem reduzindo o tempo de realização
e, desta forma, reduzindo o seu custo. Mais uma vez este princípio
é aqui aplicado. A versão Internet de uma transacção
comercial é várias vezes mais barata que a mesma transacção
efectuada sem o recurso a esse meio. Assim qualquer transacção
feita vulgarmente é uma boa candidata a ser efectuada electronicamente,
daí resultando uma grande redução dos seus custos
e, para o consumidor, uma possível redução de preços.
Novas oportunidades de negócio / Novos produtos/serviços
A Internet vai redefinir o mercado existente. Mas para além disso
vai criar novas oportunidades de negócio pela procura de novos produtos
e serviços. As empresas vão ter necessidade de colocar a
sua empresa no mercado virtual e arranjarem novas formas de atrair clientes.
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Monografia realizada por Rui Pedro Silva
5º ano Marketing
Universidade Fernando Pessoa