Comercio electrónico: "surfar entre bits" | ___________________________________ | Índice |
Capítulo IV - A NOVA FERRAMENTA
A Intranet não é mais do que a aplicação
da tecnologia utilizada na rede global às redes empresariais, facilitando
assim a interoperabilidade entre os diversos sectores e sucursais da empresa.
Antes do aparecimento deste sistema de comunicação, os directores
dos sistemas informáticos das empresas tinham a árdua tarefa
de conseguir estabelecer a comunicação entre os diferentes
tipos de computadores e sistemas existentes nas suas empresas. Era conseguir
ligar o Mac ao PC da secretária e colocá-los a entenderem
linguagem AS400.
Enquanto isto se passava dentro das empresas, o que monopolizava toda a
atenção do sector informático por uma questão
de mera sobrevivência, fora delas milhares de utilizadores dialogavam
tranquilamente na Internet, indiferentes aos vários terminais ou
sistemas operativos utilizados. Neste imenso caos alguém descobrira
maneira de colocar ordem, descobrindo o esperanto das linguagens de comunicação
entre diferentes máquinas: o TCP/IP e os seus agregados.
O problema surgia agora no importar tal língua para as empresas,
com a vantagem, cuja amplitude total ainda está por avaliar, de
as empresas ficarem automaticamente ligadas á Internet.
Esta tecnologia - um conjunto de protocolos estáveis abertos e poderosos
- está amadurecida e largamente testada, sendo a prova os seus trinta
anos de utilização, e possui uma difusão mundial.
Isto faz com que a sua adopção não implique um grande
risco nem experimentalismo.
Com a adopção deste sistema em vista, rapidamente se resolveram
os problemas que se puseram, nomeadamente a leitura de bases de dados já
existentes pelos browsers e que a facilidade de acesso não
seja recíproca, ou seja que a saída da Intranet para a Internet
seja facilitada apesar de regulamentada, mas que a entrada na Intranet
seja protegida.
O futuro das Intranets vai passar pela existência de um browser
em vez de um sistema operativo, ou seja este será o interface entre
o utilizador e tudo o que fica para lá do monitor, seja programas
do próprio computador ou informação na Internet.
A transição para este sistema vai ser largamente difundida
e aplicada pelas empresas, sendo feita de forma gradual sem se dar por
isso. Quando estiver implantada todos vão perguntar como foi possível
utilizar tantos anos sistemas complicados e de ligação tão
difícil.
Benefícios e Exigências
A Intranet não é uma moda passageira. As suas vantagens são
reais e quantificáveis:
Para se impor o modelo de uma Intranet é necessário um grande trabalho de reconversão e estudo, o que pode trazer inconvenientes, atrasos e disfuncionalismo. No entanto, tal pode ser feito por fases não implicando interrupções.
Muitos destes passos não se aplicam sendo necessário a
criação mesmo a partir do zero da Intranet, pois muitas empresas
nem sequer possuem uma rede interna que se possa aproveitar. Além
destes passos falta um muito importante que é a mudança de
mentalidade dos utilizadores para este tipo de funcionamento e a formação
dos seus quadros e trabalhadores.
A criação de uma Intranet implica a aceitação
de um conceito que muitas empresas consideram radical: a pessoa que melhor
conhece a função é a pessoa que o faz. Isto vai colocar
mais pressão nas posições intermédias da hierarquia
que, com a possibilidade de ligação directa entre os operários
e os executivos, vão ver a sua posição ameaçada
ou reformulada.
Firewalls - A segurança na Intranet
Um dos maiores receios de uma empresa que possui uma ligação
à Internet é a entrada de estranhos no servidor interno e
os consequentes danos que pode provocar.
Uma das formas de proteger a empresas é a criação
de uma firewall, que separa a Internet do servidor interno. Uma
firewall não são mais do que sistemas técnicos,
que não são do âmbito deste trabalho, e que controlam
as entradas no sistema de quem acede de fora.
A firewall permite, caso seja necessário, a criação
de acessos seguros de equipamentos exteriores para a rede interna, permitindo
que um utilizador funcione em casa como mais um posto da rede interna.
Isto funciona mesmo que o utilizador tenha acesso à Internet através
de pontos de acesso da rede pública, não necessitando de
nenhum investimento adicional.
No entanto após a implementação do sistema é
necessário continuar a manter a vigilância pois o sistema
também pode falhar, assim como estar sempre a par das actualizações
feitas pelos fabricantes.
De referir que muitas vezes problemas surgem do interior da organização
ou com a ajuda de alguém de dentro, sendo necessário saber
bem quem utiliza a rede e com que fins.
A Internet é uma comunidade electrónica onde a informação
é livre e não existem fronteiras geográficas, onde
tudo é à escala global. A maior parte do tráfego efectuado
na rede é derivado do sector comercial, onde as empresas tentam
tirar o maior partido.
Em relação ao que pode fazer pelo marketing a Internet permite:
A empresa farmacêutica Bristol-Meyers Squibb Co. queria saber se
realmente compensava fazer publicidade na Net e para isso aliou-se à
Intuit, um fabricante de software financeiro, durante o período
de declaração de impostos, fazendo uma campanha publicitária
onde era oferecido uma amostra de um medicamento aos navegadores que clicassem
no anúncio e digitassem o seu nome e morada.
O resultado cifrou-se num acréscimo de 30 mil nomes à lista
de mailing detida pela companhia. Mais importante que isso foi que obter
esses nomes custou metade do que custaria utilizando os métodos
tradicionais.
Nos primeiros nove meses de 1997, houve um aumento significativo da publicidade
nos sites da Internet. No primeiro trimestre do mesmo ano, os gastos em
publicidade foram de 133 milhões de dólares nos Estados Unidos,
muito longe do gasto na televisão, mas representando um aumento
de cinco vezes superior ao registado em igual período no ano anterior.
Segundo os analistas esse valor chegará no final do ano de 1997
ao bilião de dólares.
Assim não é de estranhar que os gigantes tecnológicos,
que já são aqueles que mais gastam em publicidade, tencionem
aumentar ainda mais o seu orçamento em publicidade. A IBM está
a colocar anúncios em mais de 500 sites, representando um
aumento de 300% do seu orçamento publicitário na Web em 1996.
A Microsoft tenciona gastar mais 70% no ano fiscal de 98 acima do que gastou
no ano fiscal de 97 que foram 24 milhões de dólares.
Gastos em Publicidade na Internet (milhões de dólares) |
|||||
Baseadas em tecnologia |
Não baseadas em tecnologia |
||||
Empresa |
1996 |
1997 |
Empresa |
1996 |
1997 |
Microsoft |
0,90 |
7,2 |
Toyota |
0,32 |
0,95 |
Excite |
0,41 |
3,2 |
GMC |
0,25 |
0,75 |
IBM |
1,32 |
3,0 |
Disney |
--- |
0,60 |
Netscape |
0,86 |
1,8 |
Charles Schwab |
0,06 |
0,56 |
Ziff-Davis |
0,11 |
1,7 |
Visa |
0,05 |
0,55 |
figura 4.1 - As empresas que mais gastam em publicidade na Internet,
nos EUA
in "Gazeta Mercantil", 10 de Outubro de 1997
Mas uma das grandes alterações é que nem toda a
publicidade é proveniente do sector informático. A Yahoo,
a primeira companhia a ter lucros provenientes só de anúncios
na Internet, afirma que a composição dos seus anunciantes
passou de 85% de produtos tecnológicos em 1995 para os quase 80%
em 1997 das marcas de produtos de consumo.
A Internet teve um aumento muito grande nos últimos 12 meses. Em
1996 as operadoras de sites estavam desesperadas devido ás
baixas vendas de anúncios, 301 milhões de dólares
para o ano todo. Para agravar isso o que se dizia era de que as vendas
de anúncios seriam a única fonte de riqueza para sustentar
todos os sites da Web.
figura 4.2 - Gastos em publicidade na Internet
in "Gazeta Mercantil", 10 de Outubro de 1997
Então o que é que alterou esta tendência? Em primeiro
o número de utilizadores da Internet, cerca de 24 milhões
actualmente, é um número demasiado grande para as empresas
ignorarem, número esse que segundo a Forrester Research, subirá
para 52 milhões até ao ano 2000, classificando definitivamente
a Net a um meio de massas. Outro aspecto que fez as empresas pensarem mais
no assunto, foi o facto de ter havido um enriquecimento dos segmentos etários
que utilizam a Internet, passando de serem apenas académicos para
serem também profissionais liberais, adolescentes e avós.
Enquanto isso, tecnologia capaz de visar determinado tipo de cientes está
a um passo de se tornar realidade. Ao contrário de um anúncio
de televisão destinado a uma determinada faixa etária, um
anúncio na Internet pode acertar em campos mais específicos
como um parte da cidade ou só em mulheres com interesses em determinados
assuntos.
Se por um lado, para as empresas, este meio é muito mais apurado,
por outro, para os utilizadores, pode ser uma ameaça ao uso da Internet,
e os utilizadores, segundo um estudo da Business Week / Harris, 65% não
estão dispostos a divulgar informações sobre si de
forma a serem atingidos com anúncios para os seus gostos.
Muitos utilizadores podem nem sequer saber que os seus movimentos estão
a ser controlados. Isto pode ser feito através de um sistema, os
cookies, que funcionam como um rastro electrónico que regista
os movimentos, ficando arquivado no browser do visitante. Da próxima
vez que visitar o site o servidor capta o rastro e reúne
as informações sobre o utilizador, que pode posteriormente
ser vendido as empresas..
Mas isto pode ser evitado activando a opção no browser
que recusa aceitação de cookies. Há medida
que se for adquirindo mais experiência, vai-se saber quando se deve
fornecer os dados pessoais ou os negar. No entanto os utilizadores não
estão contra os anúncios e muitos dos insatisfeitos dizem
que até é fácil ignorar os anúncios na Web
(46%), segundo o estudo acima citado.
Apesar do aumento do número de anúncios estes ainda são
um pouco rudimentares quando comparados com a televisão. Mas isso
não significa que não se caminhe para uma maior sofisticação.
Um próximo passo vão ser os netspots. Uma tentativa
de imitar a televisão. São anúncios do tamanho do
monitor que surgem de repente enquanto se espera o carregamento de uma
página, ou entre programas produzidos para a Internet.
Actualmente os anúncios directos representam cerca de 5% de toda
a publicidade na Internet, enquanto que os banners representam 80%
do mesmo mercado. Um banner funciona como um outdoor onde
se for clicado leva o utilizador para a página da empresa para mais
informações. Este sistema foi utilizado pela Toyota que no
período de 12 meses acabado em Maio de 1997, teve 152 mil americanos
que clicaram nos seus anúncios pedindo mais informação,
que, comparando os nomes com os das vendas dos seus revendedores, revelou
uma taxa de conversão em compras de 5%.
Os anunciantes na Internet estão a tentar melhorar ainda mais os
banners incluindo animações e até mesmo jogos
para fixar o conceito da marca.
Seja qual for a forma, os anúncios estão a ser direccionados
para um público mais especifico de que em qualquer outro meio. Prova
disso é o uso de palavras-chave, que são palavras utilizadas
pelos navegadores para efectuar uma procura. As empresas podem comprar
essas palavras chave e sempre que alguém fizer uma busca com essa
palavra o anúncio específico aparece. A IBM compra cerca
de 200 palavras entre as quais uma certa vez, numa estratégia agressiva,
figurava a palavra Microsoft, sua concorrente.
A publicidade na Internet veio para ficar e aumentar. Segundo a Jupiter
Comunications as receitas da publicidade na rede em 1997 serão de
940 milhões de dólares mais do que o triplo do ano passado,
mas ainda menos de 1% de todos os gastos desse ano em publicidade.
Em relação aos custos, as empresas pagam uma tarifa por cada
mil vezes que os seus anúncios são exibidos, custo por milhar.
A taxa média é de 17 dólares, sendo a mais elevada
cobrada pela Lycos, de 20, para um acesso de cerca de 15 milhões
de visitantes. Estes valores são assombrosos quando comparados com
os preços da televisão, cerca de 5 dólares por mil,
mas isso acontece porque a Net pode atingir clientes preferenciais.
O fundamental é conseguir auferir com exactidão a eficácia
dos anúncios e para isso os gigantes da auditoria começam
a criar instrumentos de verificação sobre o número
de impressões que um anunciante obtém, de forma a assegurar
ás empresas que estão a comprar o que pagaram e não
menos.
Espera-se que comece a existir uma certa "cumplicidade" entre
as empresas e os responsáveis dos sites de forma a que os
últimos se empenhem em aumentar o desempenho dos anúncios,
daí resultando uma facilidade de vendas de anúncios tão
grande como a televisão
Glossário
figura 4.3 - Após procurar em books, aparece um
banner da Amazon
in http://www.yhaoo.com
Anúncios de palavras-chave - Aparecem primordialmente
nos sites de programas da busca da Web. O anúncio
aparece sempre que o utilizador escolher uma palavra comprada pela empresa.
Anúncios directos - Semelhantes aos da televisão eles
usam vídeo e som. Quando os utilizadores vão para um site
aparece uma janela mais pequena onde é exibido o anúncio.
Eles podem ser muito polémicos devido à sua inoportunidade,
aparecendo antes da página que foi chamada.
Banners - Elementos gráficos pequenos, normalmente rectangulares,
que aparecem na maioria dos sites, assim como outdoors, as
mensagens são normalmente estáticas e aparecem no alto de
uma página Web.
figura 4.4 - Exemplos de banners
in Internet
Buttons - São anúncios pequenos quase quadrados, que ficam normalmente na parte inferior de uma página e contêm apenas um nome da empresa ou marca. Clicar sobre ele leva o visitante ao site da empresa, sendo muito usado para promover os browsers.
figura 4.5 - Exemplos de buttons
in Internet
Click through - A frequência que os visitantes respondem
a um anúncio clicando sobre ele. Também conhecido como índice
de cliques.
Cookies - Informações emitidas por um site
que são armazenadas no browser do utilizador para ajudar
a identificar posteriormente esse utilizador. Os cookies podem ajudar
a auferir a visita a sites da Web ao registar com que frequência
um navegador volta; informação de consumo cobiçada
pelos anunciantes.
figura 4.6 - Exemplo da mensagem para aceitação
de um cookie
in http://www.phys.com
Custo por clique - A tarifa de anúncio cobrada
apenas se o navegador responder a um anúncio exibido.
Custo por contacto / venda - A tarifa cobrada aos anunciantes apenas
se o visitante responder com informações pessoais. As informações
precisam resultar num contacto de vendas de produto para fazer valer a
tarifa.
Custo por milhar - A tarifa que os sites cobram por exibir
um determinado anúncio mil vezes.
Impressões - O número total de vezes que um anúncio
é exibido na Web. As impressões não são o mesmo
que hits, que contam o número de vezes que a página
é revisitada. Como uma única página complexa pode
consistir de cinco ou mais componentes, um visitante registaria múltiplos
hits, mas apenas uma única impressão.
[up]
Monografia realizada por Rui Pedro Silva
5º ano Marketing
Universidade Fernando Pessoa