Comercio electrónico: "surfar entre bits" ___________________________________ Índice

Capítulo VI - PORTUGAL

Como já foi dito anteriormente um dos intervenientes na Internet, possivelmente o que mais poderá impulsionar o uso da Internet, é a administração pública. Mas como se encontra a administração pública em termos de Internet?
Segundo um estudo intitulado "Situação na Informática" elaborado pela Comissão Intersectorial de Informática, a administração pública, tanto central como regional, continua distante da sociedade de informação.

figura 6.1 - Pessoas com acesso a informação
in "Expresso", 27 de Setembro 1997

Segundo o estudo, e como mostram os gráficos, apenas 3% dos funcionários públicos têm acesso à Internet, o que perfaz cerca de 11000 pessoas.
Outro aspecto é a falta de equilíbrio na distribuição por sectores já que quase metade dos acessos foi efectuada na educação e boa parte na região autónoma da Madeira.
Baixa é igualmente a percentagem de entidades públicas que disponibilizam informação, apenas 14%, o que demonstra que em 1 de Janeiro de 1997 (data da apresentação do estudo) só 129 possuíam um "site" na Internet.

figura 6.2 - Entidades que disponibilizam informação
in "Expresso", 27 de Setembro 1997

Esta desequilibrada distribuição do acesso às tecnologias de informação na administração pública acaba por ser uma constante, independente do ponto de vista da análise. Segundo o estudo, existem sectores onde a taxa de pessoal que utilizam computadores ou terminais é de 100% noutros desce para apenas 20% ou mesmo, em alguns casos, 10%.
Enquanto a Defesa Nacional, a Administração Interna e a Saúde têm percentagens baixos índices de computadores por pessoa, outros, como o Tribunal de Contas (94%) e o Conselho de Ministros (116%), possuem altas percentagens de sistemas informáticos por funcionário.
Quanto à existência de endereços de correio electrónico a situação já é mais favorável, sendo que 36% das entidades já possuem correio electrónico, mas entre elas a percentagem de entidades de dimensão significativa é diminuta. Mais uma vez a educação é o sector em destaque com o maior número de endereços atribuídos.

figura 6.3 - Entidades com correio electrónico
in "Expresso", 27 de Setembro 1997

O estudo constata ainda a falta de actualização tecnológica, (cerca de 22% dos computadores ainda têm processadores do tipo 386), sendo utilizado material absoleto que afasta ainda mais os funcionários das máquinas. Além disso muitos dos sectores utilizam programas altamente incompatíveis entre eles talvez contribuindo para que 41% das entidades inquiridas não possuam rede local.
Em relação à informação que sai para o cidadão esta encontra-se quase toda centralizada na Presidência do Conselho de Ministros, na Educação e na Defesa Nacional, sendo que o estudo considera que uma das áreas onde é necessário maior evolução é o atendimento ao público.
Isto tudo, somado a uma falta de planeamento adequado, faz com que não se consiga retirar todos os benefícios adjacentes às tecnologias de informação, causando prejuízo tanto para o público, como para os funcionários.
Assim sendo, os 90 milhões de contos em que está avaliado o parque informático do Estado, não se encontram bem rentabilizados assistindo-se a situações caricatas, em pleno ano de 1997, de instituições possuírem computadores parados em detrimento de máquinas de escrever.
De referir que no dia 30 de Abril de 1997 foi aprovado pela Assembleia da República o Livro Verde para a Sociedade de Informação em Portugal, que inclui medidas de política, que deverão conduzir a planos de acção, de forma a existir um aproveitamento das oportunidades oferecidas pela emergência da sociedade de informação.
Apesar da elaboração desta obra, é necessário colocar em prática as ideias nele expressas. Se por um lado este é um bom começo, por outro é necessário não ficar por aqui e implementar as medidas propostas, de forma a colmatar o atraso existente.


[up]


O tecido empresarial português já está a aperceber-se que a Internet não é apenas uma forma de publicitar a empresa, como a colocação de um outdoor, mas é também um meio onde se pode agir, fazer negócios, comprar, vender, e até fazer feiras e conferências.
Este mesmo tecido é constituído essencialmente por Pequenas e Médias Empresas (PME). São conhecidos vários casos de grandes empresas que lucram com a Internet cuja lhes traz grandes benefícios, mas será que se pode adoptar o mesmo sistema para as PME ?
A resposta é sim. Os problemas que se colocam às grandes empresas na Internet são os mesmos que se colocam a cada PME que queira aderir. A probabilidade de um "site" de uma empresa grande falhar é o mesmo do que um de uma PME. Os fornecedores de acesso cobram o mesmo a todas as empresas independentemente do tamanho.
Outro problema que se pode colocar é a falta de recursos já existentes para suportar o "site". Uma solução que se pode prosseguir é a tão falada cooperação. Porque não juntar várias empresas de uma zona, por exemplo e criar um site, diluindo-se os custos já de si pequenos.
Estas PME são a base da actividade económica e a previsão para o futuro é a existência de muitas pequenas empresas e não de um número pequeno de grandes empresas.
Desta forma e alertados para o facto, o grupo dos G-7 tem em desenvolvimento um projecto que visa a integração das PME no mercado global através da sociedade de informação.
O objectivo é contribuir para o desenvolvimento de um ambiente electrónico que permita uma troca de informação livre e não descriminada, daí derivando a expansão do comércio electrónico.
Qualquer organização pode participar neste projecto sendo os coordenadores os Estados Unidos, o Japão e a Comunidade Europeia.
Em Portugal decorreu o projecto WOLF (Internet and W3 Opportunities in the Less Favoured Regions), financiado pelo FEDER (Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional), que visava a promoção e comercialização de produtos e serviços através da Internet, para PME. Este projecto terminou em Novembro de 1996 e teve a participação de 30 empresas portuguesas nas três fases do projecto.
Este projecto foi destinado às PME dos distritos de Aveiro, Viseu, Guarda e Castelo Branco e serviu para estimular a componente comercial da Internet em zonas periféricas da Europa, participando ainda os parceiros comunitários: Grécia, Itália, Espanha, Alemanha e Irlanda.

Comércio tradicional

Em relação às formas de comércio tradicional, e como já foi referido atrás estas estão a perder terreno, uma vez que desaparecendo os intermediários quem mais vai sofrer são os comerciantes finais. Isto já está a acontecer nos Estados Unidos e mais tarde ou mais cedo afectará também os comerciantes Europeus e particularmente os Portugueses.
Segundo um estudo do Oxford Institute of Retail Management (OXIRM) os comerciantes tradicionais estão mal preparados para receber a concorrência da Internet. Com o seu aparecimento vai ser mais difícil justificar o papel de intermediário dos retalhistas. O que irá acontecer é que se os retalhistas não construírem sites de venda algum outro elo da cadeia o fará, eliminando assim todos os que estiverem abaixo.
Como se pode constatar os principais concorrentes do comércio a retalho são os seus próprios fornecedores
Em relação aos consumidores, estes também não se sentem muito atraídos a este tipo de comércio pelo facto de ainda não existir em Portugal uma tão grande variedade de bens disponíveis para venda, como existe noutros países.
Outro aspecto a ter em consideração é o reduzido tamanho do mercado de utilizadores da Internet, o que faz com que as empresas receiem investir neste tipo de negócio. Esta não é a melhor estratégia, pois não nos devemos esquecer que a Internet é uma rede mundial, e não limitada ao país. Como sempre, mais tarde que na Europa, em Portugal prevê-se um grande aumento do número de sites nos próximos anos.


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Monografia realizada por Rui Pedro Silva
5º ano Marketing
Universidade Fernando Pessoa