Advertência

Este Glossário de Estratigrafia Sequencial deve apenas ser considerado como uma primeira tentativa de normalização da terminologia desta especialidade. O trabalho que agora se apresenta corresponde a uma compilação de definições e doutrinas dispersas nas mais variadas publicações destinadas a servir os nossos alunos. Assim, à semelhança do que fizemos para geocientistas de certos países, este vocabulário foi elaborado, unicamente, para ajudar os jovens geocientistas que participem nos nossos cursos e ateliers, uma vez que a grande maioria dos termos aqui definidos são os utilizados durante os cursos. No vocabulário apresenta-se uma definição sucinta de cada termo e, bem assim, a sua tradução em sete línguas (inglês, francês, espanhol, alemão, chinês, russo e italiano). Alguns dos termos estrangeiros são tentativas de tradução que, mais tarde, serão actualizados (isto é, particularmente, verdade para os termos alemães). Este vocabulário é a base de um “Glossário Ilustrado de Estratigrafia Sequencial e Termos Associados” que, brevemente, será disponibilizado, na biblioteca digital.

Os glossários, thesaurus, ou léxicos e os vocabulários são, geralmente, elaborados tendo em vistas dois objectivos diferentes, mas complementares na práctica. Eles  são concebidos quer para aparecerem como um apêndice no fim de um trabalho de fundo ou de um curso temático, dando a significação e outros detalhes sobre as palavras chave e /ou expressões utilizadas nos textos de base, quer destinados a ser publicados, digamos de maneira autónoma. No caso deste glossário a intenção dos autores é que ele sirva precisamente, estes dois fins. Assim, ele é destinado, principalmente, aos estudantes e geocientistas que seguiram os nossos cursos de estratigrafia sequencial. Em consequência, o presente trabalho, que é apresentado sob o título " Glossário Ilustrado de Estratigrafia Sequencial e Termos Associados" é, na realidade, um inventário das palavras / vocábulos e expressões, normalmente, utilizadas no ramo especializado da Estratigrafia e em particular da Estratigrafia Sequencial (ver figura abaixo).

Tentativa de interpretação geológica de um autotraço Canvas de uma linha sísmica: Neste autotraço Canvas, a escala vertical, tal como na grande maioria das linhas sísmicas, é em tempo, o que implica, necessariamente, modificações importantes quando convertida em profundidade, em particular, quando há variações laterais significativas da espessura e velocidade dos intervalos sísmicos. A escala horizontal é métrica e o comprimento desta linha é cerca de 550 km, o que quer dizer que os reflectores sísmicos, que representam interfaces entre pequenos intervalos sedimentares (10-20 metros de espessura), podem seguir-se, em continuidade, numa distância comparável ao comprimento de Portugal, o que não é, evidentemente, o caso no terreno, onde os afloramentos são descontínuos e difíceis de correlacionar (escala mesoscópica). Na tentativa de interpretação geológica aqui apresentada, o geocientista (não necessariamente um geofísico) que fez a interpretação não só assumiu que “a Teoria precede a Observação”, mas também aplicou os princípios de “falsificação” e “refutação” do contexto geológico da região: uma margem divergente não Atlântica, desenvolvida dentro da megassutura do Mesozóico / Cenozóico, constituída por um soco de idade pré-Mesozóico, no qual se desenvolveram bacias de tipo rifte que foram fossilizadas pelos sedimentos de uma bacia interna ao arco. A bacia interna ao arco foi coberta por uma margem divergente não Atlântica, uma vez que houve oceanização (alastramento oceânico) e criação de um mar marginal (mar do sul da China, bem visível ao norte desta área). Ao contrário das tentativas de interpretação geológica ingénuas (indução e verificacionismo), neste caso, o geocientista depois de refutar várias tentativas de interpretação, utilizando todos os dados disponíveis (resultados dos poços de pesquisa, gravimetria, magnetismo, etc.), escolheu a tentativa de interpretação mais difícil de “falsificar” como a mais provável. Não há boas ou más interpretações mas, unicamente, interpretações, facilmente, refutáveis e outras que são mais difíceis de refutar. Os pacotes sedimentares correspondem a ciclos estratigráficos, quer isto dizer, a intervalos sedimentares depositados durante ciclos eustáticos. Os ciclos estratigráficos são delimitados por discordâncias (definidas por biséis de agradação e biséis de topo ou somitais). As discordâncias são superfícies de erosão (como por exemplo: SB 5,5 Ma ; SB 10,5 Ma, etc.) induzidas por descidas do nível do mar relativo, uma vez que a eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático) é o principal responsável da ciclicidade dos sedimentos (as variações eustáticas são muito mais rápidas do que as variações tectónicas que, em certos casos, podem explicar, por elas só, a ciclicidade dos depósitos). Não esqueça que na Estratigrafia Sequencial, o nível do mar pode ser relativo ou absoluto. O nível do mar relativo é o nível do mar, local, referenciado a um ponto qualquer da superfície terrestre, quer seja o fundo do mar ou a base dos sedimentos (topo da crusta continental). O nível do mar absoluto ou eustático é o nível do mar, global, referenciado ao centro da Terra ou a uma satélite. Obviamente, o nível do mar relativo é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático e da tectónica (subsidência ou levantamento do fundo do mar função do regime tectónico predominante). O nível do mar absoluto ou eustático é o resultado da combinação da: (i) Tectonicoeustasia que é controlada pela variação do volume das bacias oceânicas em associação com alastramento oceânico no seguimento da ruptura dos supercontinentes ; (ii) Glacioeustasia, que é controlada pela variação de volume de água dos oceanos função da quantidade de gelo (assumindo que a quantidade de água sob todas as suas formas é constante desde a formação da Terra, há cerca de 4,5 Ga) ; (iii) Geoidaleustasia que é controlada pela distribuição da água dos oceanos causada pelas variações do campo da gravidade terrestre (onde a gravidade é mais forte que o valor normal, o nível do mar é atirado para o centro da Terra) e (iv) Aumento estérico do nível do mar ou dilatação térmica dos oceanos, que é controlo pelo aumento da temperatura dos oceanos (se a temperatura aumenta, a densidade da água diminui e, para uma massa constante, o volume aumenta). As idades das discordâncias propostas nesta tentativa de interpretação seguem as idades propostas por Hardenbol et al. (1998). Na parte superior desta tentativa de interpretação, onde a taxa de deposição foi, relativamente, elevada, reconhecem-se, facilmente, os ciclos sequência (induzidos por ciclos eustáticos de 3a ordem). Reconhecem-se, também (linhas tracejadas pretas) algumas superfícies de inundação máxima (MFS): MFS 5,0 Ma ; MFS 16,0 Ma ; MFS 17,0 Ma e MFS 24,8 Ma. Na parte inferior e, particularmente, durante o início do Miocénico e Oligocénico, os pacotes sísmicos são, relativamente, pouco espessos e a diferença de idade entre as discordâncias, que limitam os ciclos estratigráficos, é maior que 3-5 Ma e menor que 50 My. Consequentemente, apenas se reconhecem subciclos de invasão continental, associados com ciclos eustáticos de 2a ordem. Os planos de falha (em branco) correspondem a superfícies sísmicas definidas pelas terminações dos reflectores (raramente um plano de falha é sublinhado por um reflector, excepto quando ele está injectado por sal, rochas vulcânicas ou quando ele corresponde a uma interface entre sedimentos e um soco. A Estratigrafia Sequencial é uma das melhores ferramentas para a pesquisa de hidrocarbonetos, uma vez que as rochas-reservatório, mais prováveis repousam, por biséis de agradação, contra as discordâncias e que as rochas-mãe marinhas, mais prováveis, estão associadas às superfícies de base das progradações que separam os episódios transgressivos (geometria retrogradante) dos episódios regressivos (geometria progradante). Por outro lado, ela é uma excelente método “proxy” (medição de parâmetros, que correlacionam com certas variáveis para depois inferir os valores dessas variáveis, que não podem ser medidas directamente) da paleoclimatologia, uma vez que ela permite, facilmente, determinar as variações relativas do nível do mar.

Além do glossário, que se pode abrir pressurizando (clique) o botão aqui debaixo,

é proposta uma Introdução (clique no texto sublinhado para navegar até à introdução), que  permitira ao leitor de melhor compreender as tentativas de interpretação geológica dos autotraços e das linhas sísmicas utilizadas neste glossário (note, por favor, que por razões de confidencialidade, certas localizações e orientações dos autotraços, linhas sísmicas ou cortes geológicos não são indicadas. A maiorias das tentativas de interpretação são feitas pelos autores e certas calibrações são especulativas. Igualmente,  como complemento as páginas Web seguintes são propostas (basta pressurizar o texto sublinhado correspondente):

Unidades de Medida ;

Abreviações ;

Conversões ;

Dados Astronómicos & Geofísicos ;

Escalas Tempo ;

Eventos Geológicos Principais ;

Eustasia e Orogenias.

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Ultima actualização : Junho, 2017