1912-1970 |
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1911-1970 |
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Devido à localização estratégica dos Açores, Portugal permite às tropas aliadas utilizarem as ilhas como base aérea e naval. |
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Porque os artistas “velhos”, os naturalistas, estão pouco abertos aos trabalhos dos “novos” modernistas, é cada vez mais difícil a estes arranjar um espaço para mostrar as suas obras. Assim, o proprietário do Café A Brasileira do Chiado, por sugestão do jornalista Norberto de Araújo, decide remodelar o espaço e transformá-lo numa espécie de “museu” da pintura modernista em Portugal. Para esse efeito, são contactados seis artistas, cujas obras permanecem no café até 1971, ano da remodelação do edifício e de novas encomendas a artistas de outra geração. Almada Negreiros é um dos convidados e pinta Auto-retrato num grupo e Banhistas. |
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“O autor revolta-se aí contra tudo o que julga significar a estagnação e decadência nacionais, assim como os seus agentes, em especial as classes burguesas e certos grupos nela sublinhados: ‘reles caixeiros,’ ‘pederastas do balcão,’ ‘pidéricos jornalistas,’ ‘nojectos da política,’ ‘maquereaux da pátria’ ou ‘roberto(s) fardado(s)’. |
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A engomadeira narra os costumes da pequena-burguesia lisboeta, aludindo à situação política e social da altura, aplicando o Interseccionismo teorizado por Fernando Pessoa e aproximando-se do Surrealismo. A novela evoluiu no sentido ao mesmo tempo de um erotismo intenso e de uma antecipação do romance surrealista, com a introdução de uma cena em que o protagonista (identificado com o autor) fica submerso por milhares de chaves, emergindo em todos os cantos de uma sala. |
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No entender de António Ferro, esta obra é “o imaginário na terra dos cegos.” |
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Em 1919, escreve a peça Antes de começar, um “lever de rideau” sobre duas marionetas (rapaz e rapariga) que descobrem em si características humanas como, por exemplo, a curiosidade, a coragem, o medo, as emoções, minutos antes do início de um espectáculo com elas. Como acontece com muitas das suas obras, também esta se relaciona com uma outra, quando o boneco diz à boneca que o coração “sabe de cor o que quer”, Almada Negreiros remete o espectador para a ideia patente em “Histoire du Portugal par coeur”, ou seja, para a forma como ele se lembra da história de cor e como ela está no seu coração. Esta peça estreia em 1949 no Teatro Estúdio do Salitre, sendo representada novamente em 1956 no Teatro D. Maria II, para qual Almada Negreiros faz os cenários, e no Teatro Universitário de Lisboa. É representada mais uma vez em vida do seu autor, em 1963, na Casa da Comédia. |
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António Lobo de Almada Negreiros: Português, administrador do concelho de São Tomé, para além de fazendeiro, jornalista, ensaísta e poeta. |
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Este clube surge em 1918 e torna-se rapidamente o local da moda lisboeta, sendo frequentado por novos-ricos. É também casa de artistas e escritores, onde Almada Negreiros mora durante uns meses |
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Campanha de divulgação sobre a nova Constituição: Almada Negreiros é chamado para fazer um cartaz usando o apelo “Votai a nova Constituição” e a imagem de uma mulher com o seu filho. |
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Almada Negreiros realiza para este cinema painéis em relevo de estuque pintado com temas alusivos à dança, ao cinema (“Mãos no ar,” “Do comboio ao automóvel,” “O beijo romântico,” “Cow-boy raptor”), e a personagens como Charlot, Pierrot, Arlequim e Colombina. Ernesto de Sousa consegue recuperar alguns destes painéis e levá-los para Portugal. |
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É composta por pequenas aldeias animadas com cascatas, burros e outros motivos portugueses. |
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Com o intuito de promover as novas ideias, Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor convocam a Conferência Futurista no Teatro da República, em Lisboa. Almada Negreiros aparece com uma vestimenta desenhada por ele, misto de “fato-macaco, farda de motociclista ou de aviador e roupa de clown”. |
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O projecto pertence a José Pacheko e tem como objectivo retomar o espírito de Orpheu. Almada Negreiros ilustra várias capas da Contemporânea e aí publica poemas como “Rondel do Alentejo,” (1913) e “A noite rimada” (1921), textos de ficção e ensaios intitulados “O dinheiro” (1919), “O diamante” (1922) (este publicado também no Diário de Lisboa), “Desgraçador: primeiro esbôço do terceiro capítulo do novo romance de José de Almada Negreiros” e “Esquema geométrico comprovativo da verdadeira disposição dos painéis [de S. Vicente]”. |
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Publicada em 1959 e estreada quatro anos mais tarde na Casa da Comédia, aborda a questão do indivíduo isolado da colectividade. |
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Almada é convidado a dar uma conferência no Teatro Nacional D. Maria II, onde apresenta Direcção única, onde critica aqueles que dizem que “o individualismo morreu” e que o colectivismo ganhou, mas o que acontece é que a colectividade é também um indivíduo colectivo, ou seja, ela é colectivo e indivíduo. |
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Morreu em 1896, no parto da sua filha, e terá sido dela que Almada herdou o talento para desenhar. |
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Destacamos os frescos do Planisfério, do edifício do Diário de Notícias (1938-39), as Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos (1943-44 e 1946-48, respectivamente) e Verão, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (1969), o seu último trabalho deste género. |
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Em Madrid, frequenta a tertúlia intelectual do Café Pombo, dirigida por Ramon Gómez de La Serna (1891-1963) que tinha conhecido em Lisboa, juntamente com Federico García Lorca (1898-1936), Picasso, Luís Buñuel (1900-83), José Ortega y Gasset (1883-1955), Rafael Alberti (1902-99), Ramón Valle Inclán (1866-1936), entre outros. Porém, participa mais nas tertúlias dos cafés Zahara e La Granja de Henares, esta última frequentada por arquitectos. Em Junho desse mesmo ano, Almada Negreiros expõe individualmente nos salões da Unión Ibero-Americana, a convite de La gaceta literaria, revista onde passa a colaborar, vendendo todas as suas obras, recebendo muitas encomendas e sendo elogiado pelos críticos como Antonio Espina, que diz: “[l]o primero que cautiva en su obra es la sensillez infantil de la mirada” e que a sua “originalidad alumbra com su inconfundible luz interior la obra entera del pintor portugués”. |
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No Manifesto anti-Dantas, “José de Almada Negreiros, poeta d'Orpheu, futurista e tudo” fazia uma crítica, não só à estreia da peça “Soror Mariana Alcoforado” de Júlio Dantas, mas também ao facto deste ser o símbolo de tudo o que os modernistas combatiam, isto é, da literatura conservadora e do academicismo mental e estético que fizeram com que Portugal fosse classificado como o país mais atrasado da Europa e de todo o mundo. |
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É o seu único romance. Escreve-o em 1925 e a obra fica esquecida dentro de uma caixa em casa do seu irmão, sendo publicada em 1938, com uma segunda edição em 1957. |
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O poema é publicado parcialmente na revista Contemporânea 3, em Julho de 1922. |
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Picasso (1881-1973) está ligado durante vários anos aos Ballets Russes e, por volta de 1919-1920, desenha figurinos e cenários para “O chapéu de três bicos,” tendo Almada assistido à estreia deste espectáculo. |
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Em 13 de Fevereiro de 1919, Almada escreve um texto de ficção cujo título, “Pa-ta-poom: recordação de Paris,” terá sido inspirado neste local. |
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Esta revista reúne textos de divulgação do movimento futurista, um outro “Ultimatum” de Álvaro de Campos, reproduz trabalhos de Santa-Rita Pintor, um relato da Conferência, "Mima-Fataxa - sinfonia cosmopolita e apologia do triângulo feminino", "Ultimatum futurista às gerações portuguesas do século XX", "Os bailados russos em Lisboa" e “Saltimbancos, contrastes simultâneos”, ambos de Almada Negreiros. |
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De acordo com Vasco Sousa, os Gregos usavam um cânone secreto de proporções herdado dos egípcios. No início do século XX, Jay Hambridge (1867-1924) descobre esse cânone quando estudava os modelos geométricos e de proporção utilizados nas obras de arte gregas. Almada Negreiros tem acesso a essa descoberta e tenta compreender até onde este cânone está patente nas obras de arte que surgiram desde a Antiguidade Clássica até ao Modernismo, aplicando-o a uma grande parte da sua obra. Chama-se relação 9/10, “porque achou que o diâmetro do círculo inscrito no quadrado é igual a duas vezes a corda da nona parte do círculo mais a corda da sua décima parte, encontrando assim uma relação por traçado entre o lado do quadrado e duas cordas do círculo inscrito, isto é, qualquer coisa como uma aproximação da ‘quadratura do círculo’.” |
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Escrito entre 1928 e 1929, “S.O.S.” descreve a colectividade como sendo afectada pela acção do indivíduo. |
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Embora tenha desenhado vitrais para igrejas, também o faz para seminários, para o Pavilhão da Colonização na Exposição do Mundo Português (1939) e para a fábrica de fogões Portugal (1948). |
Ana Viale Moutinho 2009