Asas de Gaivota (turbiditos)...........................................................................................................................................................................................Gull Wings

Ailes de mouette / Alas de gaviota / Gull Flügel / 海鸥的翅膀 / В форме крыла чайки / Ali di gabbiano

Expressão usada, frequentemente, pelos geocientistas que trabalham na industria petrolífera para designar a configuração ondulada, com a forma das asas de uma gaivota em voo, dos depósitos turbidíticos de transbordo (diques marginais naturais turbidíticos) associados aos cones submarinos de talude (CST).

Ver: " Cone Submarino do Talude "
&
" Cortejo de Nível Baixo (do mar) "
&
" Cortejo Sedimentar "

Figura 40 (Asas de Gaivota, turbiditos) - O offshore do Paquistão corresponde à sobreposição de várias bacias da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980), que de baixo para cima são: (i) Soco, que por vezes, localmente, pode ser uma cadeia de montanhas dobradas do Paleozóico, mais ou menos aplanada ; (ii) Bacias de tipo rifte, que se formaram durante o alongamento da litosfera do pequeno supercontinente Gondwana, antes que este se rompesse e (iii) Uma margem divergente de tipo Atlântico. Como ilustrado nesta tentativa de interpretação preliminar de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica transversal (mais ou menos perpendicular à direcção do acarreio sedimentar) deste offshore, os cones submarinos de talude (CST), associados provavelmente ao edifício deltaico do Indus, formam enormes estruturas em “asas de gaivotas”, ou seja, enormes complexos de depressões, canais (quando a base é erosiva) e diques marginais naturais turbidíticos, os quais são, perfeitamente, visíveis. Efectivamente, é pouco provável que este espesso intervalo de submarinos de talude esteja, unicamente, associado a uma descida do nível do mar relativo, ou seja, que ele possa ser explicado, totalmente, pelo modelo de P. Vail. Neste caso particular, o modelo geológico, proposto por E. Mutti, para os sistemas fluviodeltaicos explica melhor este espesso intervalo turbidítico, associando-o a inundações catastróficas e recorrentes do rio Indus. Devido à litologia predominante argilosa e à idade, relativamente, recente destes depósitos de transbordo, as reflexões sísmicas são raras. As terminações dos reflectores associados aos depósitos de transbordo, isto é, aos diques marginais naturais turbidíticos, definem superfícies de base das progradações com vergências opostas. Estas progradações com vergências ou polaridades opostas sugerem direcções locais, e não regionais, do acarreio sedimentar. Isto quer dizer, que elas sugerem acarreios sedimentares locais, mais ou menos, perpendiculares ao aporte terrígeno regional, o qual é, grosseiramente, paralelo às correntes turbidíticas. Quando a altura de uma corrente turbidítica (tipicamente, uma corrente turbidítica é uma corrente subaquática densa, carregada de sedimentos, que se escoa, rapidamente, costa abaixo dentro de águas adjacentes que têm uma densidade inferior). As correntes de turbidez podem, também, ocorrer em outros fluidos além da água. No caso mais típico de correntes de turbidez oceânicas, as águas carregadas de sedimentos situadas em terrenos inclinados fluem para baixo, porque têm não só uma densidade superior à das águas adjacentes mas, igualmente, uma espessura superior à altura do canal ou da depressão entre os lóbulos, onde a corrente se escoa. Por isso. ela transborda em direcções opostas, o que cria acarreios terrígenos locais, praticamente, perpendiculares à direcção da corrente principal. Quando, mais tarde, dentro do ciclo eustático associado, o nível do mar relativo começa a subir, as depressões entre os lóbulos ou canais (quando as correntes de turbidez cavaram um canal), por onde passaram as correntes de turbidez, são preenchidas, em retrogradação, por sedimentos de natureza turbidítica mas, relativamente, mais grosseiros. Quando a fácies dos sedimentos de preenchimento é arenosa, as depressões ou canais exibem (depois da compactação (*)) uma geometria biconvexa (devido a compactação diferencial). Caso contrário, quando a litologia argilosa é preponderante, a geometria do preenchimento é côncava, na parte superior e convexa na parte inferior. É importante não esquecer, que nos cones submarinos de talude os intervalos sedimentares que o compõem não são coevos. A parte central das asas de gaivota, ou seja, os preenchimentos sedimentares das antigas depressões ou canais turbidíticos são sempre posteriores aos sedimentos de transbordo (não confunda canal, ou seja, a área sem deposição ou o álveo de uma corrente, com o seu preenchimento que é uma rocha sedimentar).

(*) Fenómeno posterior a deposição, que se manifesta, em geral, por uma diminuição local da espessura, de determinado intervalo sedimentar durante o enterramento debaixo dos intervalos sedimentares sobrejacentes. A compactação diferencial é frequente em intervalos sedimentares que desenvolvem, em certas áreas, porosidades diferentes ou fácies com susceptibilidades diferentes à compactação, assim como nos intervalos depositados sobre substratos irregulares, como sobre uma construção recifal, perto de uma falha decrescimento, etc. Um intervalo com variações laterais de fácies como, por exemplo, arenitos que passam lateralmente a argilito ou argilitos que passam lateralmente a calcário, sofrera, naturalmente, os efeitos da compactação diferencial durante o enterramento. A porosidade das rochas de um intervalo sedimentar que experimentou compactação diferencial podem variar, consideravelmente, de uma área para outra.

Assinatura Estratigráfica (Neogénica)............................................................Neogene Stratigraphic Signature

Signature stratigraphique (Néogène) / Firma estratigráfica (Neógeno) / Stratigraphische Unterschrift (Neogen) / 地层签名(第三纪 ) / Неогеновая стратиграфическая аномалия / Signature stratigrafica (Neogene)

A assinatura estratigráfica do Neogénico é caracterizada por: (i) Espessamento em direcção da terra, durante o Oligocénico Inicial ; (ii) Deslocamento do biséis de agradação costeiros para as partes profundas das bacias durante o Oligocénico Tardio ; (iii) Máximo de inundação, durante o Miocénico Inicial (24,8 Ma) ; (iv) Fim da agradação (predominante), durante o Miocénico Inicial (Aquitaniano, 22,0 Ma) e deposição de prismas de nível baixo de grandes dimensões ; (v) Fim da agradação (predominante) do Miocénico Inicial (Burdigaliano, 21,0 Ma) e deposição de prismas de nível baixo ; (vi) Inundação, durante o Miocénico Médio (Langiano e Serravaliano Inferior, 15 Ma / 6 Ma) ; (vii) Progradação (significativa), durante Miocénico Médio (Serravaliano, 15 Ma / 10,5 Ma) ; (viii) Deslocamento importante, para baixo e para o mar, dos biséis de agradação e deposição de prismas de nível baixo (10,5 Ma) ; (ix) Fim da agradação do Miocénico Tardio e deposição de prismas de nível baixo (10,5 Ma / 5,0 Ma) ; (x) Inundação, durante o Pliocénico Inicial (5,0 Ma) ; (xi) Agradação, durante o Pliocénico e Pleistocénico Inicial com muitos depósitos de nível baixo (5,0 / 1,6 Ma) e finalmente (xii) Depósito de ciclos estratigráficos de alta frequência, durante o Pleistocénico Tardio.

Ver: « Ciclo Estratigráfico »
&
« Estratigrafia Sequencial »
&
« Assinatura no Registro Estratigráfico »

Figura 41 (Assinatura Estratigráfica, Neogénico) - O diagrama representa a assinatura estratigráfica do Neogénico, como proposta por Peter Vail e seus alunos, em 1992. Três episódios transgressivos maiores foram reconhecidos em associação com as superfícies basais de progradação: SBP. 24,8 Ma ; SBPg. 16/15 Ma e SBPg. 5,0 Ma. Os deslocamentos dos sedimento para o mar (regressões sedimentares) e para o continente (transgressões sedimentares, isto é, o conjunto retrogradante de regressões sedimentares cada vez mais pequenas induzidas por ingressões marinhas cada vez mais importantes (subidas do nível do mar relativo em aceleração) da ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, como se pode constatar no diagrama da assinatura estratigráfica, são: (i) Em direcção do mar (episódio regressivo), entre 30,0 Ma e 25,5 Ma ; (ii) Em direcção do continente (episódio transgressivo), entre 25,5 Ma e 24,8 Ma ; (iii) Em direcção do mar (episódio regressivo), entre 24,8 Ma e 15,5 Ma ; (iv) Em direcção do continente (episódio transgressivo), entre 15,5 Ma e 15,0 Ma ; (v) Em direcção do mar (episódio regressivo), entre 15,0 Ma e 10,5 Ma ; (vi) Em direcção da continente (episódio transgressivo), entre 10,5 Ma e 5,0 Ma e (vii) Em direcção do mar (episódio regressivo), entre 5,0 Ma e 0,8 Ma. A alternância das configurações internas destes intervalos estratigráficos é, bem visível, nas linhas sísmicas. Isto é, particularmente, verdadeiro nas margens divergentes, como ilustrado na tentativa de interpretação de um autotraço de uma linha sísmica do offshore da bacia geográfica de Pelotas (Brasil / Uruguai). O reconhecimento de uma tal alternância permite, por vezes, de datar os intervalos estratigráficos a priori, os quais, em geral, são ciclos sequência (quando a diferença de idade das discordâncias que os limitam é entre a 0,5 My e 3-5 My) ou subciclos de invasão continental (quando a diferença de idade entre as discordâncias que os limitam é entre 3-5 My e 50 My). Em associação com as descidas do nível mar relativo (combinação do nível do mar absoluto e da subsidência ou do levantamento induzidos pela tectónica), que induziram as discordâncias SB. 5,5 Ma, SB. 10,5 Ma, SB. 12,5 Ma, SB. 13.8 Ma, SB. 15,5 Ma e SB. 16,5 Ma, e as suas paraconformidades correlativas (em água profunda), depositaram-se, nas partes profundas da bacias cones submarinos (coloridos em amarelo). Estes cones submarinos turbidíticos (conjunto de cones submarinos de bacia, CSB, e de cones submarinos de talude, CST) são, em geral, fossilizados, isto é, cobertos por espessos prismas de nível baixo (PNB ) (coloridos em violeta). A discordância SB. 30 Ma, parece ter sido induzida por uma grande descida do nível do mar absoluto ou eustático (nível do mar referenciado ao centro da Terra), durante Oligocénico. Esta descida do nível do mar absoluto eustático que ocorreu, mais ou menos, entre o Rupeliano e o Chatiano, foi para um grande número de geocientistas, provavelmente, induzida pela formação da calota glaciária ou inlandsis da Antárctica (*), a qual, em alguns locais, tem, actualmente, uma espessura de cerca de 4000 metros, por cima de um continente rochoso. A geometria dos sedimentos do Oligocénico Superior (acima do limite de ciclo sequência SB. 30 Ma) e do Miocénico Inferior (Aquitaniano / Burdigaliano) é, principalmente, retrogradante (**). Ela contrasta coma geometria progradante dos intervalos sedimentares posteriores, nos quais as condições geológicas de nível baixo (do mar) são predominantes. Com efeito, como ilustrado na curva das variações do nível do mar relativo, pode dizer-se que depois da grande descida do nível do mar eustático durante o Oligocénico, globalmente, o nível do mar (absoluto), subiu até ao Burdigaliano para depois descer até ao início do Pliocénico (SB. 5,5 Ma). Uma nova subida do nível do mar absoluto ocorreu no Pliocénico Inferior, para depois descer durante as glaciações do Pleistocénico. Depois das glaciações, o degelo induziu uma subida do nível do mar absoluto de cerca de 120 / 130 metros. A fusão de uma massa de gelo só produz uma subida do nível do mar, quando o seu substrato é rochoso. O degelo de uma plataforma glaciária (mar de gelo), ao contrário da de um inlandsis produz uma descida do nível do mar absoluto, uma vez que o gelo é menos denso do que a água.

(*) Inlandsis é um termo escandinávio que significa "gelo no meio da terra” e que portanto não deve ser confundido com um mar ou plataforma de gelo. O degelo de um inlandsis, assim como o degelo de um glaciar (de maneira menos significativa), origina uma subida do nível do mar absoluto (subida eustática), enquanto que o degelo de uma plataforma ou mar de gelo provoca uma descida eustática.

(**) Em estratigrafia sequencial o termo retrogradante, como por exemplo na frase intervalo sedimentar retrogradante, não tem o mesmo significado que na linguagem comum (fazer voltar para trás, fazer recuar; fazer marchar em sentido contrário, etc.). Ele significa, unicamente, que, globalmente, o intervalo sedimentar se espessa para o continente, ou seja em sentido contrário ao espessamento de um intervalo progradante.

Assinatura no Registo Estratigráfico.........................................................................Signature in Strat. Record

Signature (registre stratigraphique)/ Firma estratigráfica / Unterschrift (stratigraphische Aufnahme) / 签名(地层记录) / Аномалия (в стратиграфической колонке) / Signature (record stratigrafico)

Resposta registada nas séries sedimentares dos eventos terrestres e extraterrestres, como: (i) Tectónicos ; (ii) Eustáticos ; (iii) Climáticos ; (iv) Acarreios sedimentares ; (v) Explosões solares ; (vi) Impactos, etc. Desde que a espessura dos registos é superior à resolução sísmica, a maior parte destes eventos pode ser reconhecida nas linhas sísmicas, em particular, nas linhas sísmicas regionais.

Ver: « Assinatura Estratigráfica (Neogénica) »
&
« Resolução Sísmica »
&
« Estratigrafia Sequencial »

Figura 42 (Assinatura no Registo Estratigráfico) - Este esquema, tirado do curso de P. Vail da Universidade de Rice (Texas, EUA), mostra: (i) A hierarquia dos eventos geológicos ; (ii) As correlações (global, regional ou local) entre os diferentes dos eventos geológicos e (iii) A casualidade dos eventos geológicos. Por exemplo, considerando a assinatura dos ciclos de invasão continental, induzidos pelos ciclos eustáticos de 1a ordem, cuja duração é maior que 50 My, pode dizer-se que: (a) A sua distribuição espacial (correlação) é global ; (b) Eles são induzidos por ciclos eustáticos de 1a ordem (distribuição temporal) e (c) Eles são, muito provavelmente, causados pelas variações de volume das bacias oceânicas induzidas pelo alastramento oceânico. Todavia, esta última conjectura só é válida se a quantidade de água, sob todas as suas formas (liquida, sólida e gasosa), for constante desde a formação da Terra há, mais ou menos, 4,5 Ga, ou seja, 4,5 mil milhões (*)de anos atrás. Esta conjectura, até hoje, ainda não foi refutada. Ao contrário, a grande maioria das observações geológicas corrobora-a. Assim, a quando da ruptura de um supercontinente como, por exemplo, do supercontinente Protopangéia (Rodínia) ou do supercontinente Pangéia, a subsequente expansão ou alastramento oceânico produziu montanhas submarinas (dorsais oceânicas) importantes, o que diminui de maneira significativa o volume das bacias oceânicas. Em tais condições, se a quantidade de água for constante (**), o nível do mar absoluto ou eustático, isto é, o nível do mar referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, é obrigado a subir invadindo os continentes. Ao contrário, desde que as colisões continentais, associadas às zonas de subducção de Benioff (tipo B) ou de Ampferer (tipo A) começam a ser predominantes, o que acontece, geralmente, na parte final ou muito avançada da expansão oceânica, o volume das bacias oceânicas diminui, devido à subducção das montanhas oceânicas, o que obriga o nível do mar global ou eustático a descer exumando uma grande parte da crusta continental. É importante não esquecer que as variações do nível do mar durante as ingressões marinhas (subidas do nível do mar absoluto ou relativo, que deslocam a linha da costa para o continente) são mais lentas (mais ou menos, de 0,1 cm por 1000 anos) do que durante as regressões marinhas (mais ou menos, de 2 cm / 1000 anos). Peter Vail considera, que o factor preponderante das assinaturas estratigráficas, ou seja, da ciclicidade dos sedimentos, é a eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático) e não a tectónica (subsidência ou levantamento), uma vez que as mudanças eustáticas são muito mais rápidas do que as mudanças tectónicas. De facto durante o Mesozóico / Cenozóico, ou seja, durante o 2° ciclo de invasão continental continental pós-Pangeia, que foi induzido pelo 2° ciclo eustático de 1a ordem do Fanerozóico, cuja duração foi de, mais ou menos, 250 My houve quatro orogenias: (i) Fim da Apalacheniana ou Alegeniana (± 260-250 Ma) ; (ii) Nevadiana (± 180-135 Ma) ; (iii) Laramidiana (± 65-60 Ma) e (iv) Alpina (± 25-13 Ma). Entretanto durante esse tempo (± 250 My) depositaram-se, oito grande subciclos de invasão continental, em associação com oito grandes ciclos eustáticos de 2a ordem (duração entre 3-5 My e 50 My), dentro dos quais foram individualizados cerca de 120 ciclos sequência, induzidos por ciclos eustáticos de 3a ordem, cuja duração varia entre 0,5 My e 3-5 My. Por outro lado, a tectónica (subsidência ou levantamento) por si só, não produz superfícies de erosão. Estas só se podem formar se os sedimentos forem expostos aos agentes erosivos, o que implica, necessariamente, descidas do nível do mar relativo (combinação do nível do mar absoluto e da tectónica) que exumam a plataforma e a parte superior do talude continental. Todavia, em certos tipos de bacias sedimentares da classificação de Bally e Snelson (1980), como nas bacias de antepaís, por exemplo, as variações tectónicas podem ser, localmente, preponderantes. A tectónica, que ela seja compressiva (encurtamento) ou expansiva (alargamento) é responsável do dobramento, falhamento, magmatismo, diapirismo, ciclos ingressões /regressões, acarreio sedimentar, etc. Ela pode ter uma distribuição regional ou local, enquanto que a eustasia (termo usado para designar o processo que se traduz as variações eustáticas, ou seja nas variações globais do nível do mar) é considerada ter uma distribuição global, o que certos geocientistas põem em dúvida.

(*) Em português corrente um Giga (1x10^9) do Sistema Internacional de Unidades diz-se mil milhões e não bilião como dizem os brasileiros. Em português um bilião é um milhão de milhões ou seja a unidade seguida de 12 zeros (10^12) e não mil milhões (1x 10^9). Por isso é sempre melhor seguir o Sistema Internacional de Unidades.

(**) Existem, mais ou menos, 14250 x 10^12 toneladas de água, das quais 16700 x 10^9 são sob a forma de gelo.

Assoalhado Oceânico, Fundo Oceânico.......................................................................................................................................Deep Sea Floor

Grand fond océanique / Gran Fondo oceánico / Tiefen Meeresboden / 深海海底 / Глубокое морское дно / Fondo marino profondo

Parte da crusta terrestre, submersa pelos mares e oceanos, caracterizada por uma diversidade de profundidades, formas e ambientes sedimentares. Excluindo a região litoral ou parálica, que corresponde à faixa de rebentação (das ondas do mar) e a terra sempre emersa, o assoalhado oceânico divide-se em três vastas regiões : (i) Nerítica, Sublitoral ou Áctica ; (ii) Batial e (iii) Abissal.

Ver: « Ambiente de Deposição »
&
« Abissal »
&
« Fundo do Mar »

Figura 43 (Assoalhado Oceânico) - No corte geológico ilustrado nesta figura, morfologicamente, na região nerítica, quando a bacia tem uma plataforma, o que acontece quando dentro de um ciclo sequência, a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição (mais ou menos a linha da costa) está localizada a montante do rebordo continental (que neste caso é também o rebordo da bacia) distingue-se a plataforma continental (1), que é a parte do fundo oceânico que, por convenção, se estende desde a linha das marés até à profundidade de, mais ou menos, 200 metros. É na plataforma continental, isto é, a montante do rebordo da bacia (rebordo continental), que os vales cavados se formam no seguimento de uma descida significativa do nível do mar relativo que pós o nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia. Como consequência, as desembocaduras dos rios são deslocadas para o mar rompendo, assim, o perfil de equilíbrio provisório. Os vales cavados são preenchidos, quase totalmente, durante o depósito da parte superior do prisma de nível baixo (PNB). Na região batial (2), entre 200 e 2000 metros de profundidade de água, a formação de canhões submarinos é comum, muitos dos quais estão associados com a descida do nível do mar relativo responsável da discordância inferior que limita o ciclo sequência considerado. Como no caso dos vale cavados desenvolvidos na plataforma e planície costeira, os canhões submarinos são, totalmente, preenchidos durante o depósito do prisma de nível baixo (PNB) do ciclo sequência. Igualmente, na parte basal do ambiente batial, o depósito de cones submarinos de talude (CST), associados às correntes de turbidez (turbidíticas), é quase sempre presente. Na região abissal, que tem uma profundidade de água (lâmina de água) superior a 2000 metros, como ilustrado, diversas unidades morfológicas do fundo do mar podem existir: (i) Fundos Oceânicos ; (ii) Planícies Abissais ; (iii) Bacias e Depressões Oceânicas ; (iv) Colinas Submarinas ; (v) Dorsais Oceânicas ; (vi) Fossas Abissais, etc. Estas unidades são, mais ou menos, desenvolvidas em função do tipo de margem continental (divergente, convergente ou deslizamento). As morfologias do fundo oceânico de uma margem continental divergente e de uma margem convergente são bastante diferentes, uma vez, que elas estão associadas a diferentes eventos geológicos. A parte profunda do assoalhado oceânico é, em geral, constituída por crusta vulcânica (na grande maioria ela é oceânica mas, localmente e, particularmente, no início do alastramento oceânico, ela pode ser subaérea), a qual, perto dos continentes, forma o substrato dos prismas sedimentares. Longe dos continentes, onde o acarreio sedimentar é fraco, a crusta oceânica é, geralmente, coberta por um intervalo, relativamente, pouco espesso de sedimentos pelágicos finos, que podem levar muitos anos a atingir o fundo do mar, como parece ter sido o caso no offshore do Labrador, ilustrado nesta figura. Com efeito, as linhas sísmicas de este offshore, como os seus autotraços mostram, entre as dorsais oceânicas (altos da crusta oceânica) um preenchimento sedimentar por biséis de agradação verdadeiros (visíveis em todas as direcções) que corroboram um preenchimento por decantação vertical (processo de separação que permite separar misturas heterogéneas bifásicas, em particular sólido-líquido, ou seja, sedimentos e água, fundamentado nas diferenças existentes entre as densidades dos componentes da mistura). Em termos sedimentológicos, pode dizer-se que a plataforma continental é o domínio dos sedimentos de água pouco profunda, que o talude continental (zona batial e a parte proximal da zona abissal) é o domínio do grupo de cortejos de nível baixo (CNB) e, particularmente, do prisma de nível baixo (PNB) e dos cones submarinos de talude (diques marginais naturais e depósitos de transbordo) e, que a zona abissal, é o domínio dos cones submarinos de bacia (CSB), sobretudo, quando estes não estão conectados aos cones submarinos de talude e dos sedimentos pelágicos (sedimentos de granulação fina que se acumula como resultado da deposição de partículas no assoalho oceânico sob águas profundas). Os sedimentos pelágicos na base da sua composição podem ser: (a) Vasas siliciosas (*); (b) Vasas calcárias e (c) Argilitos vermelhos. Não esqueça que, em parte, foi a morfologia do assoalhado oceânico, que sugeriu a Tectónica das Placas, que é a teoria unificadora que explica como é que a Terra trabalha.

(*) Para muitos geocientistas, o termo vasa implica, pelo menos, 30% de restos microscópicos de carbonato de cálcio ou sílica de organismos planctónicos, o que quer dizer, que a granulometria das vasas é, normalmente, bimodal com uma fração biogénica bem definida (tamanho silte / areia) e outra fração siliciclástica de tamanho argila.

Assoreamento (aluviamento)...............................................................................................................................................Alluvium Accumulation

Alluvionnement / Acumulación aluvial / Aufschüttung / 冲积层堆积 / Отложение аллювия / Accumulo di alluvione

Deposição de sedimentos (areia, argila, limo, etc.) que se acumulam pela acção das correntes, onde antes a água se escoava. Acumulação de aluviões no fundo dos vales ou nas desembocaduras e diminuição da lâmina de água. Assoreamento é, muitas vezes, considerado como sinónimo de Agradação.

Ver: « Agradação »
&
« Deposição Fluvial »
&
« Escoamento de Detritos »

Figura 44 (Assoreamento) - Segundo vários geocientistas, as taxas de desnudação (*), durante o Paleozóico, inferidas da partir do volume das rochas sedimentares preservadas, sugerem uma erosão continental em média de cerca de 16 metros durante um milhão de anos (16m / My). Uma tal erosão teria produzido uma acumulação sedimentar de cerca de 5 Gt / ano. Todavia, parece que a erosão aumentou de maneira irregular desde Paleozóico e até ao Pliocénico, uma vez que durante esta época do período Terciário, a erosão continental médio foi de cerca 53 m / My com 16 Gt / ano de deposição. Actualmente, o transporte sedimentar dos rios parece ser semelhante ao dos rios durante o Neogénico Tardio, com uma desnudação continental de cerca de 62 m / My e uma deposição de cerca de 21 Gt / ano. O acarreio sedimentar dos rios e a morfologia das bacias hidrográficas, sugere que a erosão natural é, principalmente, confinada às áreas de drenagem. Cerca de 83% do acarreio sedimentar dos rios deriva de 10% das áreas mais alta da Terra. A erosão subaérea resultante da actividade humana (sobretudo da agricultura e construção civil) aumentou de maneira significativa a taxa de desnudação, principalmente, nas zonas baixas da superfície terrestre. A disparidade entre o acarreio natural (± 21 Gt / y) e o acarreio antropogénico (± 75 Gt / y), inferido das perdas dos terrenos agrícolas, explica a espessura e idade dos assoreamentos. Com ilustrado na figura do Rio Tejo (Portugal), o assoreamento dos canais e planícies aluviais, que em média, é de, ± 12 600 m / My), é o processo geomorfológico mais importante em termos de erosão e deposição. O assoreamento antropogénico ou antrópico (este termo refere-se aos efeitos, processos ou materiais que são o resultado de actividades humanas) é superior ao induzido pelos glaciares do Pleistocénico e ao induzido pela erosão alpina actual (processos fluvioglaciares). Por outro lado, os dados disponíveis sugerem que, desde 1961, a área cultivada, globalmente, aumentou de cerca de 11%, enquanto a população mundial, praticamente, duplicou. O efeito combinado deste dois factores, isto é, da área cultivada e do aumento da população, é dramático, uma vez que a área cultivada per capita (por pessoa ou por cabeça) diminuiu de cerca de 44% durante o mesmo intervalo de tempo (± 50 anos), o que em média dá uma diminuição de, mais ou menos, 1% por ano. Isto é, cerca de 25 vezes a taxa de perda do solo prevista pela desnudação das terras agrícolas induzida pelo homem. Num contexto de produção de alimentos per capita, a perda de solo por erosão de terras agrícolas é pouco significativo quando comparado com o impacto do crescimento populacional. (http:// gsabulletin.gsapubs.org/content/119/1-2/140. abstract). No diagrama desta figura, o solo é a camada superficial da crusta terrestre que resulta da meteorização, isto é, da desintegração das rochas pela acção dos agentes físicos, químicos e biológicos que actuam, sobretudo, à superfície da Terra. O solo é, em geral, composto de matérias orgânicas e minerais, sendo os seus principais componentes a argila, o calcário, o humo e a areia. O loess (ou loesse) pode ser considerado como um solo particular, que corresponde ao depósito de partículas sedimentares finas (quartzo, argila, óxido de cálcio, limonite, etc.) transportadas pelo vento, geralmente, não estratificado e muito fértil. Como ilustrado, nos esquema geológicos da parte esquerda desta figura, o assoreamento (acumulação de areias, calhaus, lodo, etc. nas zonas de fraco desnível do leito dos rios, especialmente na parte final do seu curso) é muito activo nos vales sem vegetação ripária ou ripícola (vegetação presente em espaços próximos a corpos da água ou seja, zona ripária), uma vez que a vegetação não só filtra a água das chuvas, mas, também, as raízes das plantas impedem a terra das margens dos rios de se desmoronar. Dito doutra maneira, uma desarborizarão ripária facilita o assoreamento dos rios adjacentes, enquanto que uma arborização ripária dificulta o assoreamento. Actualmente, por ano, chegam aos rios (que contêm cerca de 0,0001% da totalidade da água existente na Terra) e aos oceanos mais de 24 x 10^9 toneladas de húmus arrastadas pela chuvas.

(*) Desgaste de massas rochosas à superfície da crusta terrestre causado pela ação dos agentes destrutivos e erosivos, que muda para um outro lugar o solo ou o material rochoso desagregado ou dissolvido. Pode dizer-se que actualmente um continente desgasta-se anualmente cerca de 135 toneladas/km2, o que corresponde a uma redução de cerca de 1 metro todos os 22000 anos. Por outras palavras, para que um continente, como, por exemplo a Europa ficasse ao nível domar, seriam necessários cerca de 20 My.

Autocíclico (mecanismo)..................................................................................................................................................................................................................Autocyclic

Autocyclique (mécanisme) / Autocíclico (proceso) / Autocyclique (Mechanismus) / 摩托车(机制) / Автоциклический (механизм) / Autociclico (meccanismo) /

Mecanismo responsável pela acumulação de sedimentos, que faz parte do próprio sistema sedimentar, como, o tamanho e configuração do leito de um rio. Os processos autocíclicos são, por vezes, chamados processos autogénicos. Estes mecanismos contrastam com os mecanismos alocíclicos, os quais são também responsáveis da acumulação dos sedimentos, mas são externos ao sistema sedimentar propriamente dito. Como exemplos de mecanismos alocíclicos podem-se citar, as variações relativas do mar, a tectónica, o clima, etc. Sinónimo de Autogénico (processo).

Ver: « Parâmetro de controlo (estratigrafia sequencial) »
&
« Variação do Nível do Mar Relativo »
&
« Clima »

Figura 45 (Autocíclico, processo) - Na geologia, como ilustrado neste corte geológico, baseado numa tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica, calibrada por dois poços de pesquisa petrolífera (poço A e poço B), os processos autocíclicos (processos que fazem parte integral do sistema geológico), são muito frequentes. Eles existem nos sistemas fluviais, como por exemplo, o tamanho, a configuração do canal de um rio, etc., assim como nos sistemas glaciários (desenvolvimento das glaciações e depósitos glaciários), sistemas de deposição marinha, etc. Assim, por exemplo, num sistema glaciário, no qual a extensão máxima de uma glaciação corresponde, a maior parte das vezes, ao período mais frio da glaciação, durante o qual há espessamento e expansão espacial das calotas polares e do mares de gelo em direcção do equador). Todavia, para cada tipo de evento glaciário, a sequência de reacção é autocíclica: (i) Um aquecimento rápido termina um longo episódio de arrefecimento (com maior sensibilidade nas baixas latitudes às causas externas, como orbitais e solares) ; (ii) Um aporte de humidade de um oceano livre de gelo é uma condição, sina qua non, para formar edifícios glaciários ; (iii) A extensão singenética do deserto polar (áreas onde a evapotranspiração (*) supera duas ou mais vezes a precipitação anual e uma temperatura média durante o mês mais quente inferior a 10° C, como, por exemplo, no interior da Antártica (**)) para o equador é um factor que limita a reserva de gelo. Da mesma maneira, a acumulação de estratos nos sistemas sedimentares é o resultado da interacção de processos autocíclicos (ou autogénicos, que como ditos acima, fazem parte do próprio sistema sedimentar) e alocíclicos (ou alogénicos, ou seja, mecanismos que não fazem parte do próprio sistema sedimentar). Os processos alocíclicos são mais bem compreendidos do que os autocíclicos e dentre eles pode citar-se o clima, eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático), tectónica, variações do nível do mar relativo (combinação da curva das variações do nível do mar absoluto e da tectónica) etc. Como as características e importância dos processos autocíclicos são mal conhecidas, elas são muito difíceis de deduzir-las dos sistemas sedimentares naturais. É por isso que certos geocientistas realizam toda uma série de experiências afim de desvendar os principais factores interactivos. Recentemente, a evolução autocíclica foi avaliada, separadamente, para três tipos diferentes de sistemas sedimentares: (i) Leques aluviais ; (ii) Deltas e (iii) Deltas de marés. A ciclicidade dos depósitos sedimentares, que foi um assunto de discussão durante o século passado parece ser, actualmente, considerada, pela maiorias dos geocientistas, como induzida pela eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático, que é o nível do mar, global, referenciado ao centro da Terra ou a um satélite). Na realidade, a ciclicidade do espaço disponível para os sedimentos (acomodação), que é dada pela combinação do espaço disponível criado pelas variações do nível do mar absoluto ou eustático e do espaço disponível criado ou reduzido pela tectónica(***). Dentro de um ciclo sequência, a montante do rebordo da bacia (rebordo continental quando as condições geológica da bacia, ao nível de um ciclo sequência, são de nível alto do mar) durante o depósito do grupo de cortejos sedimentares de nível alto (intervalo transgressivo, IT e prisma de nível alto, PNA de um ciclo sequência), a quantidade do espaço disponível para os sedimentos (acomodação) é, principalmente, criada pelos movimentos verticais do fundo do mar (levantamento ou subsidência), enquanto que a ciclicidade é, principalmente, induzida pelas variações do nível do mar absoluto ou eustático. Por outras palavras, a taxa das variações do nível do mar absoluto (eustasia) é muito mais rápida do que a taxa das variações tectónicas.

(*) O termo evapotranspiração é, principalmente, utilizado para designar a perda de água do solo por evaporação e a perda de água das plantas por transpiração. Todavia, neste glossário, ele é utilizado num sentido mais geral, para designar o processo de transferência natural da água, no estado de vapor, da superfície da Terra para a atmosfera. Assim, ela inclui a água proveniente da evaporação da água, no estado líquido ou sólido (glaciares e calotas glaciárias), do solo, e da transpiração das plantas.

(**) O gelo da Antarctica forma uma calota glaciária, enquanto que o gelo do Ártico (Gronelândia excluído) forma uma mar de gelo.

(***) No primeiro caso, há subsidência que, em geral, é associada a um alongamento dos sedimentos criado por um regime tectónico, regional ou local, extensivo. No segundo caso, há levantamento, isto é, um encurtamento dos sedimentos induzido por um regime tectónico, regional ou local, compressivo.

Autociclo(carbonatos)..............................................................................................................................................................................................................................Autocycle

Autocycle (carbonates) / Autociclo (carbonatos) / Autocycle (Karbonate) / 摩托车(碳酸盐岩) / Автоцикл / Autociclo (carbonati)

Modelo de deposição proposto por R. Ginsburg (1971) para os intervalos carbonatados compostos por uma superposição vertical de ciclos baticrescentes ABC, nos quais a profundidade de água de deposição aumenta.

Ver: " Deposição (carbonatos)"
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" Ciclo Baticrescente ABC "
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Intervalo Transgressivo

Figura 46 (Autociclo, carbonatos) - O modelo geológico ilustrado nesta figura, como qualquer outro modelo é uma construção matemática ou mental construída pelos geocientistas para descrever as observações de campo ou sísmicas (toda a observação é função das expectativas e da teoria adoptado pelo observador), assume uma subsidência constante e contínua e, ao mesmo tempo, uma taxa de produção de material carbonatado (*) autorregulada pela amplitude da progradação. Na fase 1, como a subsidência, (movimento de uma superfície terrestre à medida que esta se desloca para baixo, relativamente, a um nível de referência, como o nível do mar absoluto ou nível do mar médio (**); o oposto de subsidência é o levantamento tectónico), é mais importante do que a produção de material carbonatado, o resultado é uma subida do nível do mar relativo (nível do mar referenciado a um ponto qualquer da superfície terrestre que pode ser, por exemplo, o topo da crusta continental, isto é, a base dos sedimentos ou o fundo do mar), a qual implica uma retrogradação da linha da costa (mais ou menos, equivalente à ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição), isto é, uma ingressão marinha. Durante esta fase, há uma pequena remobilização dos sedimentos superficiais. Desde que a produção de material carbonatado é mais importante do que a subsidência (fase 2, nesta figura), há uma progradação da linha da costa (deslocamento para o mar da linha da costa) que corresponde, mais ou menos, a uma descida do nível do mar relativo (resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático e da tectónica). Durante esta fase, há fabricação de carbonatos de laguna e os sistemas de dispersão são muito operacionais. Na fase 3, a produção de material carbonatado compensa ou equilibra a subsidência, o que quer isto dizer, que o nível do mar relativo e mantém-se, mais ou menos, constante, o que produz um deslocamento da linha da costa para o mar, mas, praticamente, sem agradação. Obviamente, esta progradação faz-se por progradações oblíquas (formadas, unicamente, pelo segmento inclinado para o mar, o segmento sub-horizontal superior está sempre ausente, mas em certos caso o segmento sub-horizontal inferior pode estar presente) que contrastam com as progradações sigmóides (quando os três segmentos, sub-horizontal superior, inclinado para o mar e sub-horizontal inferior estão presentes) entre as quais há sempre uma agradação, quer isto dizer, que há uma ingressão marinha. É nesta fase, que se forma um tampão supramareal por cima dos depósitos intermareais (entre as marés). A fase 4 é uma repetição da fase 1, ou seja, uma nova subida do nível do mar relativo (nova ingressão marinha), uma vez que a subsidência, não sendo compensada pela formação de material carbonato, produz uma subida do nível do mar relativo, a qual desloca, outra vez, para o continente a linha da costa. Todavia, a profundidade da água, pelo menos, no início, é muito pequena para uma produção eficiente de carbonatos. O ponto mais importante deste modelo geológico, reside no facto de que a taxa de produção do material carbonatado se torna inferior à taxa de subsidência desde que a progradação da linha da costa reduz, suficientemente, a extensão da laguna. A taxa de produção só será recuperada quando a laguna atingir, de novo, uma profundidade de 1 a 2 metros, devido à subsidência, para permitir uma produção e dispersão eficiente dos sedimentos carbonatados. Este factor introduz um hiato na deposição. É por isso que, quase sempre, os sedimentos submareais (que não ficam a descoberto durante a baixamar) repousam, directamente, sobre os sedimentos depositados na zona supramareal, também conhecida como zona de respingo (zona de pulverização, zona supralitoral). A zona supramareal é a área, que durante as mais alta das preiamares vivas é salpicada, quer isto dizer, polvilhada com sal regularmente, mas não é submersa pela água do mar, a qual só atinge essa área elevada durante as tempestades e à condição que estas coincidam com as preiamares.

(*) A produção de material carbonatado em profundidade pode ser representada por uma curva que mostra o acme de produção a, mais ou menos, 5-10 metros de lâmina de água para depois diminuir, rapidamente, até à base da zona fótica, que é o limite inferior de produção.

(**) O nível do mar absoluto é referenciado a um ponto fixo que, em geral, o centro da Terra ou um satélite. O nível do mar varia muito no tempo e no espaço (distância). Ele é afectado pelas marés, vento, pressão atmosférica, diferenças locais da gravidade, temperatura, salinidade, subsidência, etc. Para determinar o nível médio do mar, a melhor coisa que se pode fazer é determinar um lugar e calcular o nível médio nesse ponto e utilizá-lo como ponto de referência. Geralmente, a partir de observações horárias, feitas durante um período de cerca de 20 anos, pode calcular-se ser média para esse ponto de medida. Como uma subida do nível do mar é, talvez, o efeito mais familiar das mudanças climáticas e, provavelmente, aquele com mais consequências, é importante sempre precisar de qual nível do mar (eustático ou absoluto, relativo, médio, preiamar, etc.) se trata e como é que ele foi calculado.

Autogénico (processo)......................................................................................................................................................................................Autogeneic (process)

Autogénique (processus) / Autogénico (proceso) / Autogenem (Prozess) / 自体(过程)/ Autogeneic (процесс) / Autogeneic (processo) /

Que faz parte do próprio sistema sedimentar, como o clima, eustasia, tectónica, variações do nível do mar relativo, etc. Sinónimo de Autociclo (processo)

Ver: " Autociclo"

Autotraço(rastreamento automático)...........................................................................................................................................................................Auto Trace

Auto trace / Rastreo automático / Automatische Verfolgung / 自动跟踪)/ Авто след / Traccia automatica /

Quando os principais reflectores de uma linha sísmica são sublinhados de maneira automática ou manual de traços de lápis.

Ver: " Paleoprofundidade de Água"

Avental (turbiditos).....................................................................................................................................................................................................................................................Apron

Tablier / Apron / Schürze (Turbiditen) / 围裙(地质) / Фартук (геология) / Apron (geologia) /

Depósito argiloso situado na base dos cones turbidíticos de talude (CST). Os depósitos de transbordo e diques naturais marginais turbidíticos, assim como os preenchimentos dos canais turbidíticos (ou das depressões entre os lóbulos), cobrem, em geral, o avental (apron), o qual, em certos casos, se deposita, directamente, sobre os cones turbidíticos de bacia (quando estes se biselam contra base do talude continental). Sinónimo de Apron.

Ver: " Apron"

Avulsão.................................................................................................................................................................................................................................................................................Avulsion

Avulsion / Avulsión / Ausriss / 撕脱 / Внезапное изменение русла реки / Avulsione

Mudança abrupta e violenta da trajectória de uma corrente turbidítica. Há avulsão quando uma corrente turbidítica abandona a anomalia onde ela se escoa (canal turbidítico ou depressão), para tomar um outro trajecto. Ao contrário de um rio, uma corrente turbidítica não precisa, necessariamente, de ter um leito. Os primeiros diques marginais naturais fluviais depositam-se muito acima do leito do rio, onde se escoa a corrente, enquanto que os primeiros diques marginais naturais turbidíticos se depositam ao mesmo nível da corrente.

Ver: " Turbiditos"
&
" Corrente de Escape (turbiditos)"
&
" Cone Submarino do Talude "

Figura 47 (Avulsão, turbiditos) - Nos sistemas de deposição turbidítica de Peter Vail, induzidos por descidas significativas do nível do mar relativo, quer isto dizer, depositados em condições geológicas de nível baixo do mar (nível do mar mais baixo que o rebordo da bacia), assim como nos sistemas de deposição fluvioturbidítica de Emiliano Mutti, associados, sobretudo, a inundações catastróficas, geralmente, produzidas durante condições geológicas de nível baixo do mar, sempre que um geocientista utiliza a expressão “canal turbidítico” ele deve sempre precisar o que é que entende por “canal turbidítico” (*). Efectivamente, a expressão "canal turbidítico" é abusiva e cria, a maior parte das vezes, muitas confusões. A génese de um canal turbidítico não corresponde em nada à de um canal fluvial, da mesma maneira que uma corrente turbidítica não corresponde, em nada, a uma corrente fluvial. Uma corrente fluvial, como um rio, por exemplo, necessita de ter um leito (álveo) ao longo do qual ela se escoa. Quando um rio transborda, os diques marginais naturais (fluviais) formam-se acima da base do leito. Uma corrente turbidítica não necessita de ter um leito para se escoar. Todavia, quando ela desacelera, desde que ela atinge a base do talude continental, o material transportado deposita-se, formado dois lóbulos laterais, mais ou menos, alongados na direcção do declive e, na parte mais profunda da planície abissal, ela deposita um lóbulo distal, mais ou menos, cónico com o ápice apontando para o talude. O espaço entre dois lóbulos laterais (chamado com frequência, mas de maneira errada "canal turbidítico") representa, unicamente, o lugar de passagem da parte mais rápida da corrente turbidítica que, em desacelerando, vai depositar o material, ainda transportado, mais a jusante. Quando for à praia, encha um balde, com o qual os meninos costumam brincar, com areia e água do mar e lance o conteúdo sobre areia da praia. Verificará, facilmente, que o conteúdo arenoso se depositou em dois montículos laterais separados por uma zona na qual nada se depositou e um outro montículo no fim do escoamento. Se repetir esta operação várias vezes, lançando o conteúdo do balde sempre, mais ou menos, no mesmo sítio, verificará que, pouco a pouco, os lóbulos laterais se sobrepõem, exagerando cada vez mais a área sem deposição entre eles. Constatará também, que não há, praticamente, nenhuma erosão entre os lóbulos e que, progressivamente, as correntes, que você forma quando lança o conteúdo do balde na areia da praia se canalizam, isto é, são, mais ou menos, forçadas a passar pela depressão entre os montículos. Em geologia, um canal é uma vala natural ao longo da qual se escoa uma corrente. Se a corrente é fluvial pode fala-se de canal fluvial e se a corrente é turbidítica pode fala-se de canal turbidítico, unicamente quando a corrente erodiu o substrato. Quando os canais fluviais ou turbidíticos são abandonados e preenchidos por sedimentos formam-se preenchimentos de canais fluviais ou preenchimentos de canais turbidíticos, mas não “canais fluviais” ou “canais turbidíticos”, como muitos geocientistas dizem. Isto é particularmente frequente na interpretação das linhas sísmicas em termos geológicos. Nos sistemas turbidíticos, as consequências da avulsão, ou seja, as consequências da mudança abrupta da trajectória de uma corrente turbidítica, e as correntes de efluência (correntes que emanam, praticamente, de um ponto) são, por vezes, bem visíveis dentro de um ciclo sequência, sobretudo nos cones submarinos de talude (CST). É na fase de avanço (quando a altura de uma corrente de turbidítica ultrapassa a capacidade de passagem da depressão formada entre os diques marginais naturais turbidíticos), que uma parte da corrente, pelo menos, transborda. De facto, teoricamente um complexo de correntes turbidíticas tem duas fases: (i) Fase de Avanço ou de Progradação, quando a densidade e a velocidade das correntes é importante e caracterizada por avulsões e correntes de escape (ou de efluência) e (ii) Fase de Recuo ou de Retrogradação, quando a densidade e a velocidade das correntes é fraca. A fase de recuo é caracterizada por um assoreamento (acumulação) por agradação e deslizamentos dos bordos da depressão entre os lóbulos laterais ao longo do qual se escoam as correntes. É durante a fase de recuo, que a grande maioria das depressões entre os diques marginais naturais é preenchida, formando preenchimentos que, muitas vezes, são excelentes rochas-reservatório, como é o caso, por exemplo, no offshore Norte de Angola (bacia geográfica do Sul do Congo).

(*) (Moore et al., 1978 utilizou termo canal turbidítico a todos aquelas condutas submarinas (não canhões) através das quais fluem água e os sedimentos nos sistemas turbidíticos (Moore et al., 1978 - Sedimentology and Paleobathymetry of Neogene Trench-Slope Deposits, Nias Island, Indonesia, The Journal of Geology, Volume 88, Number 2 | Mar., 1980). Normark (1978) propôs a utilização do termo de vale de leque para o vale que tem diques marginais naturais e que localiza no leque superior, enquanto aos canais desenvolvidos no abanico médio e baixo ele chamada canais distribuidores (Normark, W.R., 1978- Fan valleys, channels, and depositional lobes on modern submarine fans: characters for recognition of sandy turbidite environments. Am. Assoc. Petr. Geol. Bull. 62 (6) 912-931

 


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Ultima actualização : Junho, 2017