Cone aluvial (cone de dejecção)...................................................................................................................................................................................Alluvial Fan

Cône de déjection / Cono aluvial (deyección) / Schwemmkegel / 冲积扇 / Конус выноса / Cono alluvionale

Lóbulo sedimentar, não-marinho, composto por uma massa rochosa heterogénea, relativamente pouco inclinado e depositado por uma torrente (especialmente em regiões semiáridas). Um cone aluvial deposita-se quando: (i) Uma corrente desemboca de um vale estreito a montante de um vale muito mais largo ; (ii) Uma corrente é tributária e desagua na corrente principal ; (iii) O constrangimento do vale desaparece de maneira abrupta ou (iv) O gradiente da corrente diminui rapidamente. Um cone aluvial é mais íngreme próximo da boca do vale; o seu ponto mais alto aponta rio acima e mergulha de maneira convexa para jusante, à medida que o gradiente diminui (AGI, 1999).

Ver: " Aluvial "
&
" Linha de Baía "
&
Ambiente de Deposição

Figura 153 (Cone Aluvial, terminando num corpo de água) - Tal como mostrado, nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do offshore de Angola, a influência de depósitos fluviais nos depósitos de águas profundas é sugerida pela configuração de certos reflectores sísmicos a partir dos quais a maioria dos geocientistas reconhece um delta aluvial ou delta tipo Gilbert (*). Certos vales cavados da costa da Ligúria (NE da Itália), conectados com os canhões submarinos, induzidos pela profunda erosão fluvial provocada pela descida do nível do mar absoluto ou eustático (nível do mar global referenciado ao centro da Terra ou a um satélite) que ocorreu durante o Messiniano. No Pliocénico, os vales foram inundados pelo mar e transformados em rias. O preenchimento deste vales cavados atingiu cerca de 500 m. O fundo dos vales é, localmente, pavimentado por restos finos de depósitos subaéreos, cobertos abruptamente por margas (até 150 m de espessura), por cima dos quais um certo número de deltas de tipo Gilbert (ricos em conglomerados) se depositaram preenchendo uma grande parte dos vales cavados. A espessura destes deltas, que alternam com intervalos margosos (20-30 metros), têm uma espessura que varia entre 50 e 250 metros, cujas camadas inclinadas atingem 15° - 25° de inclinação. Este deltas são caracterizados por alta taxa de subida do nível do mar absoluto, depois da fase de incisão, e por uma predominância de processos de escoamentos de massa e avalanches de detritos na primeira fase de progradação, seguidos, nas fases posteriores pela progradação dos deltas, com o depósito de camadas inclinadas e estratificadas ao longo do talude do delta, onde predominam escoamentos por inércia e turbidez. Na tentativa de interpretação geológica ilustrada nesta figura, a superfície de erosão (a vermelho), isto é, a discordância marca o limite entre dois ciclos estratigráficos. Esta superfície de erosão, que é reconhecida pela truncatura dos reflectores subjacentes e, também, pelos biséis de agradação e progradação, que caracterizam as terminações dos reflectores sobrejacentes, foi induzida por uma descida do nível do mar relativo (nível do mar local referenciado a qualquer ponto da superfície terrestre que ele seja o fundo do mar ou a base dos sedimentos), que pôs o nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia (condições geológicas de nível baixo). Provavelmente, esta descida do nível do mar relativo foi exagerada pelo levantamento do Sudoeste da África durante o Terciário Terminal. De facto, na região da bacia geográfica do Congo, onde a linha sísmica original foi tirada, os dados sísmicos sugerem um levantamento entre 1 500 e 2 000 metros. Esta descida do nível do mar relativo (resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático e da tectónica), exumou a antiga plataforma (se ela existia) e também a parte superior dos canhões submarinos presentes no talude continental superior, o que significa que, talvez, uma grande parte da erosão, visível na parte central desta tentativa de interpretação, existia já antes da descida do nível do mar relativo, e que teria sido feita pela acção erosiva de um canhão submarino, provavelmente, associado a um antecessor do rio Congo. O limite superior deste canhão e a orientação da linha sísmica desta tentativa de interpretação, é mostrado à direita da figura. Pode-se supor que durante o período de descida do nível do mar relativo, quando a linha da costa (mais ou menos a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição) estava mais baixa do que o rebordo da bacia, uma corrente fluvial carregada de sedimentos aluviais entrou, directamente, na parte submersa do canhão depositando, sob uma profundidade de água, relativamente, importante, um delta aluvial terminando no mar ou de tipo Gilbert (leque aluvial estrato e granocrescente para cima que prograda num corpo de água profundo e de energia relativamente fraca). A geometria dos reflectores, que fossilizam o canhão submarino (geometria sigmóide ou S ao revés) é característica das linhas cronostratigráficas dos aparelhos deltaicos, que são compostos de camadas basais (base do prodelta e turbiditos proximais), camadas frontais (prodelta) e camadas superiores (planície deltaica e frente de delta). Por outras palavras, neste tipo de cone aluvial terminando no mar, as terminações dos reflectores de tipo bisel de progradação são óbvias no limite inferior, assim como os biséis de agradação. Biséis superiores por sem depósito e por truncatura caracterizam um preenchimento do canhão por progradações, respectivamente sigmóides e oblíquas.

(*) Delta do rio, formado por um corpo sedimentar em forma de cunha, cujas camadas superiores são, relativamente, finas e sub-horizontais, com longas camadas inclinadas que progradam a partir da desembocadura do rio e camadas inferiores finas e sub-horizontais. Os deltas tipo Gilbert formam-se com frequência nos lagos, em particular, quando a densidade da água do rio é, mais ou menos, igual à densidade da água do lago, mas podem desenvolver-se, igualmente, no mar quando a linha de baía não está muito longe da linha da costa.

Cone de Dejecção Submarino..................................................................................Submarine fan, Submarine delta

Cône de déjection sous-marin / Cono de deyección submarino / Schwemmkegel U-Boot / 冲积扇潜艇, 海底扇 / Подводный конус выноса / Cono alluvionale sottomarino

Cone sedimentar, constituído por sedimentos provenientes do continente e depositado no fundo do mar, em água profunda, ou seja, em geral, na base do talude continental. Morfologicamente, um cone de dejecção submarino é semelhante a um cone aluvial, mas o seu o ápice está localizado na boca de um canhão submarino que foi cavado no talude continental.

Ver: " Delta Submarino "
&
" Cone Submarino do Talude "
&
" Nível Baixo (do mar)"

Figura 154 (Cone de Dejecção Submarino) - Como ilustrado nesta figura, em geral, os canhões submarinos, com os quais cones de dejecção estão associados, têm perfis muito íngremes com paredes muito altas. Os desmoronamentos das paredes são frequentes. Ao longo dos canhões, a passagem, para a planície abissal, de correntes de turbidez (correntes-mãe dos depósitos turbidíticos) é muito frequente. Quando uma corrente de turbidez (corrente densa e estratificada com sedimentos em suspensão provocada por processo de avalanche subaquática) atinge a base de um canhão submarino, a ruptura do gradiente e o confinamento da corrente provocam o depósito do material transportado, quer em tracção (transporte feito por arrasto (*) e por rolamento), quer em suspensão). As partículas mais finas são depositadas mais longe, à medida que a corrente de turbidez desacelera. Efectivamente, nos ambientes sedimentares de talude, que eles sejam continentais ou lagunares com um gradiente topográfico acentuado, a forte erosão dos canhões submarinos e no talude, induzida por uma descida significativa do nível do mar relativo (nível do mar local referenciado a qualquer ponto da superfície terrestre que ele seja o fundo do mar ou a base dos sedimentos) podem destabilizar o rebordo da bacia e provocar uma brusca ruptura com um importante deslizamento sedimentar, que avança relevo abaixo como um fluxo gravitário subaquoso, cuja base é, normalmente, laminar e a porção superior é, altamente, turbulenta. Um tal escoamento gravitário desloca-se, geralmente, em grande velocidade como uma massa turva de sedimentos de vários dimensões que vão ser depositados de maneira gradual e/ou rítmica função das forças hidráulica dessas correntes, quer preenchendo os canhões submarinos quer em lobos proximais na base do talude, formando cones de dejecção submarinos, os quais na estratigrafia sequencial, podem corresponder a cones submarinos de bacia (CSB) ou a cones submarinos de talude (CST). Os sedimentos que formam um cone de dejecção submarino (**) depositam-se em sucessivos lóbulos arenosos, dentro dos quais o material mais grosseiro se deposita na base e o material mais fino no topo. Nos cones de dejecção submarinos formam-se vales, em geral, pouco profundos, mas com diques marginais naturais turbidíticos, que permitem a passagem das correntes mais recentes. Para jusante, os vales ramificam-se em canais distributivos submarinos, os quais servem para distribuir os sedimentos da corrente de turbidez por todo o cone. As migrações laterais dos canais distributivos são muito frequentes. Os cones de dejecção submarinos podem coalescer, lateralmente, e formar a parte inferior do sopé continental (neste caso eles correspondem aos cones submarinos de talude). Os cones de dejecção submarinos podem formar-se quer em condições geológicas de nível alto do mar, devido a uma instabilidade do rebordo da bacia, inundações e cheias dos rios, quer em condições geológicas de nível baixo, quando nível do mar está mais baixo que o rebordo da bacia (modelo de E. Mutti para certos cones submarinos turbidíticos). A formação dos cones de dejecção submarinos não necessita um aumento do espaço disponível para os sedimentos (subida do nível do mar relativo), uma vez que o ambiente sedimentar no qual eles se depositam tem uma lâmina de água suficiente grande. Muitos dos vales profundos dos cones de dejecção submarinos não são induzidos por erosão. Eles são associados às zonas de sem depósito entre dos diques marginais naturais turbidíticos. Quando uma corrente turbidítica atinge a planície abissal, ela desacelera e começa a depositar os sedimentos que ela transporta. Começam por depositar-se depositam lóbulos, mais ou menos, simétricos de cada lado de uma zona de sem depósito, ao longo da qual os sedimentos menos densos ou de tamanho mais pequeno continuam mais para o largo. Se correntes turbidíticas posteriores desaceleram perto da zona de sem depósito, elas vão utiliza-la para se escoarem e para transbordar por cima dos diques marginais naturais já depositados. Se mais correntes turbidíticas utilizam esta mesma zona de sem depósito, as correntes vão ser, mais ou menos, canalizadas e o seu transbordo aumenta a geometria canalizante da zona de sem depósito que começa pouco a pouco a tomar a forma de um vale.

(*) O transporte é feito por arrasto, quando o deslocamento dos grão é subparalelo e rente à interface sedimento / fluido e assim, como no transporte por saltação, o contacto entre os grãos pode provocar pôr em movimento novos grãos por empurrão.

(**) Um cone de dejecção não submarino ou, simplesmente, cone dejecção (também denominado, leque aluvial ou cone aluvial) é um depósito de material detrítico, mal selecionado e pouco trabalhado, que se forma no sopé das montanhas onde os talvegues dos vales encontram uma área plana, quase sempre coincidente com uma planície aluvial ou uma área lacustre.

Cone Fluvioglaciar ..........................................................................................................................................................................................................................Outwash

Cône fluvio-glaciaire / Cono fluvio-glaciar / Cone glaziofluviale / 锥冰水 / Флювиогляциальный конус выноса / Cono fluvioglaciali, Dilavamento glaciale

Cone sedimentar, formado por camadas de areia, areão e cascalho, depositado pela água de fusão de um glaciar. Os termos fluvial e fluvioglaciar são, frequentemente, permutáveis. Durante as glaciações do Quaternário, quando o nível do mar era cerca de uma centena de metros mais baixo do que actualmente, havia muita água retida nos glaciares. Quando começou o degelo, criaram-se correntes que transportaram para jusante os sedimentos retidos, previamente, nos glaciares. São estes sedimentos que se vão depositar, mais tarde, sob a forma de cones fluvioglaciários.

Ver: " Glacioeustasia "
&
" Deposição Fluvial "
&
" Moreia "

Figura 155 (Cone Fluvioglaciário) - Os cones fluvioglaciários são os depósitos glaciários de maiores dimensões. São eles que fornecem a maior quantidade de material para ser transportado pelo vento. Um cone fluvioglaciário é caracterizado por: (i) Sedimentos depositados pela água de fusão de um glaciar ; (ii) Camadas, mais ou menos, estratificadas de areia, cascalho e partículas mais finas, como limo e argila ; (iii) Uma sedimentação pró-glaciária e glaciária (em contacto com o gelo) ; (iv) Planícies fluvioglaciárias ; (v) Eskers ou seja longas e estreitas rides de areia e cascalho mais ou menos estratificadas, formadas em túneis sob os glaciares (quando um glaciar retrograda, os materiais que ela transporta depositam-se nos túneis situados na base do glaciar onde correm rios sub-glaciários ; (vi) Kames, quer isto dizer, montes baixos irregulares, isolados ou não, formados de areia ou cascalho estratificado, que são formados por sedimentos mobilizados por rios entrelaçados, que podem estar presente na superfície do glaciar, e que se depositam, em seguida, numa depressão à superfície de um glaciar em fase de retrogradação e se encontram-se no solo depois da fusão completa do glaciar ; (vii) Drumlins, que são quer pequenas moreias medianas depositados durante um curto período de estagnação do glaciar durante a fase de retrogradação, quer o preenchimento de uma incisão longitudinal do glaciar formada por uma corrente de água que se escoa à superfície do glaciar ; (viii) Deltas, etc. Junto do glaciar, a espessura de um cone fluvioglaciário pode ser superior a 100 metros, enquanto que a sua extensão pode atingir mais de 1 000 quilómetros. Um glaciar é uma corrente de gelo que se desloca costa abaixo provocando erosão e sedimentação glaciar. Quando um glaciar se espessa, a frente do glaciar prograda para jusante. Quando um glaciar se adelgaça a frente do glaciar retrograda. É incorrecto dizer que um glaciar recua. Um glaciar não tem uma marcha atrás como um automóvel. Ele só pode avançar costa abaixo pela acção da gravidade, mas pode, obviamente, adelgaçar-se quando a ablação é superior à acumulação. Os cones fluvioglaciários induzidos pelo degelo da glaciação Würm (entre 1,6 Ma e 10 ka) têm uma extensão superior a 1 100 km. Nas regiões montanhosas, os cones fluvioglaciários são alongados e os depósitos são, mais ou menos, planares, que muitos geocientistas chamam cortejos de vale. Ao contrário, nas regiões pouco acidentadas, os cones fluvioglaciários formam largas planícies, chamadas planícies fluvioglaciárias. Os cones fluvioglaciários podem ser escavados por marmitas de erosão ou dissecados por correntes de degelo. Nas planícies glaciárias, onde as correntes entrançadas (ou anastomosadas) são predominantes, os depósitos com sedimentação entrecruzada e granulometria variadas são muito frequentes. Em geral, um talude, mais ou menos, suave permite que o material mais grosseiro se deposite perto do glaciar e que o material mais fino seja transportado mais para jusante. Os calhaus estriados são relativamente raros, uma vez que as estrias são desgastadas durante o transporte. Nesta fotografia, o cone fluvioglaciário foi, profundamente, escavado por uma arroio consequente (pequena correntes de água, não permanente, que segue a inclinação da pendente, neste caso do cone fluvioglaciário) induzida pela fusão do pequeno glaciar visível vertente acima do cone fluvioglaciário. A erosão induzida por esta pequena corrente de água, não permanente, é, tipicamente, fluvial. Ela é tanto maior quanto maior é o desnível da corrente. Obviamente, ela é maior na parte alta do cone fluvioglaciário. Na parte baixa predomina a acumulação e sedimentação dos materiais arrancados e transportados. Todavia, como este arroio é afluente do rio Ródano (*), a maior parte das acumulações que lhe são associados foram, em grande parte, erodidas pelo rio principal. Estes arroios ou regatos (pequenas correntes de água não permanente) são muito comuns nas margens do Ródano. Os seus leitos têm, por vezes, grandes desníveis, que no período da fusão da neve, isto é, quando o caudal da corrente é significativo, dão origem à rápidos e cachoeiras que as populações locais utilizam para a produção de energia eléctrica.

(*) O rio Ródano nasce a uma altitude de 2209 metros no glaciar do Ródano, nos alpes suíços, no extremo Este do cantão do Valais. O seu curso superior corre através de um vale glaciário entre os Alpes de Berna, ao norte e os Alpes do Valais (Alpes Peninos), ao sul, para desaguar no Lago de Genebra. Do outro lado do lago, o rio Ródano entra em a França, começando o seu curso médio, correndo para Oeste, ao longo do sopé ocidental dos Alpes até Lyon, que a maior cidade ao longo de seu curso. Em seguida, ele corre para o Sul, entre os Alpes e do Maciço Central. Perto de Arles, o Ródano divide em dois ramos principais: (i) O Grande Ródano para Este e (ii) O Pequeno Ródano a Oeste, entre os quis se forma o vasto delta da Camarga, antes de desaguar no mar Mediterrâneo, no Golfo Lyon.

Cone Submarino de Bacia................................................................................................................................................................Basin Floor Fan

Cône sous-marin de bassin / Cono submarino de cuenca / Beckenboden Fan, Cone U Boot - Becken / 锥海底盆地 / Донный конус выноса бассейна / Cono sottomarino di bacino

Depósito turbidítico, que dentro de um ciclo sequência, se localiza na parte mais profunda da bacia. A sobreposição, mais ou menos, vertical de vários cones submarinos de bacia formam o subgrupo de cortejos de nível baixo, que os geocientistas chamam cones submarinos de bacia (CSB). Os cones submarinos de bacia são, facilmente, reconhecidos não só pela sua posição estratigráfica, mas, igualmente, pela sua geometria sub-horizontal. Nos registos eléctricos, os cones submarinos da bacia têm, em geral, uma morfologia cilíndrica e os limites superior e inferior são abruptos.

Ver: " Turbiditos "
&
" Descida do Nível do Mar Relativo "
&
Cone Submarino do Talude

Figura 156 (Cone Submarino de Bacia) - Emiliano Mutti (1985) propôs um modelo geológico para certos lóbulos turbidíticos de bacia (submarinos) um pouco diferente do modelo proposto por P. Vail (1977). No modelo de Mutti, como ilustrado nesta figura, os cones turbidíticos de bacia podem depositar-se durante períodos geológicos de nível alto do mar (quando o nível do mar relativo (*) está acima do rebordo da bacia) em associação com rupturas, por deslizamento, produzidas na parte superior do talude continental, mas, também, durante períodos geológicos de nível baixo (nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia). Para Vail, os cones submarinos da bacia (CSB) depositam-se, unicamente, durante condições geológicas de nível baixo e em associação com uma descida significativa do nível do mar relativo. Para Mutti, quando uma ruptura e deslizamento, do rebordo da bacia afecta uma grande quantidade de material, as correntes de turbidez (correntes densas e estratificadas com sedimentos em suspensão provocada por processo de avalanche subaquática), assim criadas, são muito competentes (transportam muito material) e viajam através do talude continental sem deposição significativa. Unicamente, depósitos residuais grosseiros se depositam nas anomalias batimétricas negativas (produzidas por erosão submarina do talude continental) quando a fase mais densa, por acção da gravidade, vence a energia da corrente e se deposita no fundo do mar ou seja, sedimenta. A grande maioria dos sedimentos deposita-se na planície abissal sob a forma de espessos e estratificados lóbulos, chamados cones submarinos de bacia (CSB). Como esquematizado nesta figura, nas secções geológicas ou nas linhas sísmicas regionais longitudinais (paralelas ao acarreio sedimentar regional), os cones submarinos de bacia (CSB) repousam por biséis de agradação marinhos contra uma paraconformidade correlativa em água profunda que, em geral, correlaciona, a montante, com a discordância inferior basal do ciclo sequência ao qual eles pertencem. Para Vail, uma discordância é sempre induzida por uma descida significativa do nível do mar relativo, quer isto dizer, uma descida do nível do mar relativo que põe o nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia do ciclo estratigráfico precedente. A idade da discordância é, naturalmente, dada pela idade do hiato mais pequeno, entre os dois ciclos sequência, isto é, pela idade dos cones submarinos de bacia associados. Todavia, como todo o material de uma corrente turbidítica é transportado. A idade dos cones submarinos de bacia, unicamente, pode ser aproximada pela idade da camada argilosa pelágica (camada E, no modelo de Bouma) que se deposita entre cada camada turbidítica e cujas partículas se depositam por decantação através a coluna de água. Os cones submarinos de bacia de P. Vail, correspondem no modelo de Mutti, aos turbiditos de tipo I, os quais podem estar conectados ou não aos depósitos aos turbiditos de tipo II (mais ou menos, aos cones submarinos de talude de Vail). Os turbiditos de tipo I (Grandes Sistemas Turbidíticos, GST) são caracterizados por uma grande zona de sem deposição, e / ou por depósitos residuais entre o talude continental e a parte mais proximal da planície abissal. As outras características geológicas principais são: (i) A principal zona de deposição está localizada na planície abissal ; (ii) A maior parte dos arenitos ocorre em lóbulos não-canalizados e alongados na área externa do sistema ; (iii) As rochas-reservatório arenosas potenciais têm uma geometria tabular com dezenas de quilómetros de extensão ; (iv) A espessura dos estratos individuais varia entre 0,5 e 2 metros ; (v) A espessura de cada lobo, geralmente varia entre 3-15 m de espessura ; (vi) A espessura total de cada sistema pode atingir 50-100 m com uma relação areia / argilito (“Net / Gross” ao redor) de 50% ; (vii) Cada lóbulo tem a espessura das camas, mas lateralmente, para jusante, muda para depósitos muito menos espessos de grão fino ; (vii) Grandes armadilhas morfológicas, com fecho em quatro direcções se formam em associação com estes depósitos. Num grande sistema Turbidítico (GST), como ilustrado, existe uma zona transferência importante entre o rebordo da bacia e a área proximal da planície abissal. Localmente, na zona de transferência, depósitos residuais grosseiros e caóticos preenchem as anomalias erosivas mais profundas. Na parte superior do sistema, o rebordo da bacia, que corresponde, mais ou menos, à linha costeira, pode estar localizado numa ruptura do talude induzida por deslizamento.

(*) Na estratigrafia sequencial, quando se fala de variações do nível do mar (subidas ou descidas) tem que se precisar se se está a falar do nível do mar absoluto ou eustático, o qual é global e referenciado a um ponto fixo que, em geral, é o centro da Terra ou se se está a falar do nível do mar relativo, o qual é local e referenciado quer ao fundo do mar quer à base dos sedimentos ou seja ao topo da crusta continental. Obviamente o nível do mar relativo é o resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático e da tectónica (subsidência ou levantamento).

Cone Submarino de Talude.................................................................................................................................................................................Slope Fan

Cône sous-marin de talus / Cono submarino de talud / Submarine Kegel Hang, Hang Fan / 潜艇锥坡 / Подводный конус выноса склона / Cono sottomarino di scarpata continentale

Depósito turbidítico, que dentro de um ciclo sequência se localiza na parte inferior do talude continental por cima dos lóbulos turbidíticos da bacia e debaixo do prisma de nível baixo (quando o ciclo sequência é completo). A sobreposição, mais ou menos, progradante de vários cones submarinos de talude formam o subgrupo de cortejos de nível baixo, que os geocientistas chamam cones submarinos de talude (CST). Diversos sistemas de depósito se podem reconhecer nos cones submarinos do talude: (i) Avental ; (ii) Depósitos de Transbordo ; (iii) Preenchimentos de Canais ou de Depressões Submarinas ; (iv) Argilitos (rochas argilosas) de Abandono ; (v) Envelope Pelágico e (vi) Diques Marginais Naturais, etc.

Ver: " Turbiditos "
&
" Descida do Nível do Mar Relativo "
&
Cone Submarino da Bacia

Figura 157 (Cone Submarino de Talude) - Esta figura ilustra uma tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma a linha sísmica do offshore da Namíbia, o qual corresponde a sobreposição de três tipos de bacias da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980), as quais de baixo para cima são: (i) Uma Cintura Dobrada do Paleozóico ; (ii) Bacias de tipo rife de idade Jurássico Tardio / Cretácico Inicial e (iii) Uma Margem Divergente de tipo Atlântico de idade Mesozóico / Cenozóico. Nesta tentativa de interpretação, na parte superior da margem divergente, um ciclo sequência incompleto, limitado entre duas discordâncias (linhas onduladas em vermelho) é, perfeitamente, visível entre os intervalos sedimentares coloridos em verde (intervalo superior) e acastanhado (intervalo inferior). Neste ciclo sequência incompleto, induzido por um ciclo eustático de 3a ordem, cuja duração varia entre 0,5 e 3-5 My, o grupo de cortejos de nível alto (CNA), isto é, o conjunto dos subgrupos de cortejos sedimentares que formam intervalo transgressivo (IT) e o prisma de nível alto (PNA) não se depositaram. Em contrapartida, todos os subgrupos do grupo de cortejos de nível baixo (CNB) estão representados, quer isto dizer que: (i) Os Cones Submarinos de Bacia (CSB), coloridos em amarelo ; (ii) Os Cones Submarinos de Talude (CST), coloridos em violeta e (iii) O Prisma de Nível Baixo (PNB), colorido em castanho claro, estão presentes. As discordâncias que limitam, este ciclo estratigráfico, dito ciclo sequência, reconhecem-se, facilmente, pelas relações geométricas entre os reflectores, pelas terminações dos reflectores e pelos preenchimentos de um canhão submarino e de um vale cavado. O canhão submarino formou-se na parte superior do talude continental a quando da descida do nível do mar relativo (nível do mar local e referenciado quer ao fundo do mar quer à base dos sedimentos ou seja ao topo da crusta continental e que é o resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático e da tectónica), que induziu a superfície de erosão (discordância) que limita, superiormente, o ciclo sequência considerado. Este canhão, que é cortado duas vezes pela linha sísmica, foi preenchido por sedimentos, provavelmente, de fácies argilosa (tendo em conta a morfologia côncava do limite superior do preenchimento) depositados durante o prisma de nível baixo (PNB) do ciclo sequência sobrejacente. O vale cavado formou-se a quando da descida do nível do mar relativo responsável da discordância inferior do ciclo sequência incompleto. O vale cavado que está localizado a montante do rebordo da bacia foi entalho nos sedimentos do prisma de nível alto (PNA) do ciclo sequência precedente, provavelmente sedimentos de planície costeira. O preenchimento do vale cavado fez durante a deposição da parte terminal do prisma de nível baixo (PNB) do ciclo sequência considerado, isto é, do ciclo sequência incompleto. O subgrupo médio do grupo de cortejos de nível baixo (CNB), isto é, os cones submarinos de talude (CST) estão sublinhados, nesta tentativa de interpretação, por uma cor violeta. Este cones submarinos, que têm uma morfologia semelhante as asas de gaivota em voo (“gull wings” de P. Vail) marcam, provavelmente, um período de erosão, mas um colapso ou desmoronamento do rebordo da bacia (modelo de E. Mutti) não pode ser excluído. Na realidade, a combinação da subsidência e do o nível do mar absoluto ou eustático (nível do mar global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite) pode ter criado uma descida do nível do mar relativo, que exumou a antiga plataforma continental (a bacia pode não ter plataforma) transformando-a numa planície costeira uma vez que o nível do mar ficou mais baixo do que o rebordo da bacia. Nestas condições, os sedimentos são transportados por correntes de turbidez para as partes profundas da bacia formando cones submarinos de bacia (CSB), que são, rapidamente (tempo geológico), fossilizados por cones submarinos de talude (CST), desde que o o nível do mar relativo se estabilizou ou começou, já, a subir. Neste ciclo sequência incompleto, na parte distal das progradações do prisma de nível baixo (PNB), anomalias sedimentares (turbiditos tipo telhado de ripas) são, facilmente, reconhecidas. Estes depósitos turbidíticos, cuja morfologia progradante é muito inclinada e em revezamento (com as ripas num telhado), estão associados a deslizamentos e rupturas do rebordo continental, o qual em condições geológica de nível baixo, coincide, grosseiramente, com a linha costa e com o rebordo continental.

Configuração Clinoforma Mamelonada................................Hummocky Clinoform Configuration

Configuration clinoforme mamelonnée / Configuración clinoforme mamelonada / Hügelige clinoform Konfiguration / 丘状clinoform配置 / Клиноформный холмистый рельеф / Configurazione clinoforme pustolosa (ruvida), Configurazione clinoforme hummocky

Conjunto de reflectores sísmicos, mais ou menos, descontínuos e ondulados, frequentemente, com inclinação oposta, interpretados, muitas vezes, como estratos associados a depósitos turbidíticos, geralmente de talude (preenchimento de canais, depressões e diques marginais naturais).

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
Cone Submarino do Talude

Figura 158 Configuração Clinoforma Mamelonada) - O offshore de Camarão, como a grande maioria dos offshores do Oeste da África, corresponde a sobreposição de três tipos de bacias sedimentares de idade diferente da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980), que de baixo para cima são: (i) Cintura dobrada do Paleozóico ou Soco Pré-Câmbrico ; (ii) Bacias de tipo rifte de idade Jurássico Tardio / Cretácico Inicial e (iii) Margem divergente tipo Atlântico cuja idade se estende desde o Cretácico Inicial até o Presente. As bacias de tipo rifte, que correspondem ao alongamento do pequeno supercontinente Gondwana, são anteriores a ruptura da litosfera que individualizou a placa litosférica Africana da placa litosférica da América do Sul. Isto quer dizer, que estas bacias e, particularmente, as mais distais (mais próximas da zona de ruptura) foram, em grande parte, fossilizadas pelos derrames de lava que se escoavam dos centros de expansão para os cratões (Africa e América do Sul), à medida que o alastramento vulcânico subaéreos prosseguia. Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma a linha sísmica do offshore convencional (profundidade inferior a 200 metros) do Camarão, o espesso intervalo sedimentar, entre 1,8 e 3,1 segundos (t.w.t.), parte superior do intervalo colorido em rosa, tem uma configuração interna mamelonada ou, mais ou menos, ondulada, enquanto que a configuração interna do intervalo subjacente tem uma configuração, mais ou menos, paralela ondulada. Os intervalos que limitam o intervalo rosa, (intervalos azul e verde) têm configurações internas são, mais ou menos paralelas o que contrasta com a configuração interna do intervalo rosa, no qual os reflectores sísmicos inclinam quer para o Oeste quer para o Este de uma maneira que, à primeira vista, parece caótica. Nos anos 70, a grande maioria dos geocientistas das companhias petrolíferas, que trabalharam nesta área e que procuravam sobretudo armadilhas anticlinais, interpretaram, por vezes, as clinoformas com vergência oposta deste tipo de configuração como anticlinais. Todavia, as estruturas definidas por estes reflectores não podem ser explicadas pela tectónica (extensiva ou compressiva), o que quer dizer que os sedimentos não foram, de maneira significativa, nem encurtados nem alargados. Existe, unicamente, um modelo sedimentológico que as pode explicar, de maneira satisfatório (difícil de refutar) isto é, um conjunto de diques marginais naturais turbidíticos (depósitos de transbordo) e de preenchimentos de canais / depressões (“channel levee complexes” dos geocientistas da “Exploration Production Research” da Exxon). Na terminologia de P. Vail, pode dizer-se que o intervalo rosa é, principalmente, formado estruturas em asas de gaivota (em voo) e que ele corresponde a um sistema de deposição de cones submarinos de talude (CST). Efectivamente, a quando uma descida significativa do nível do mar relativo (resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático, que é o nível do mar global, referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica), os biséis de agradação costeiros são deslocados para o mar e para baixo (agradação negativa) e a antiga plataforma continental (se ela existir) é exumada e exposta aos agentes da erosão. A linha da costa desloca-se para o mar. Durante a descida do nível do mar relativo, a desembocadura dos rios é deslocada para o mar e o perfil de equilíbrio provisório dos rios é rompido. Em consequência formam-se correntes de turbidez que transportam um grande número de sedimentos para as partes mais profundas da bacia onde não existe, evidentemente, nenhum problema de acomodação (espaço disponível para os sedimentos) formando cones submarinos de bacia (CSB). Quando a taxa de descida do nível do mar relativo se estabiliza ou desde que o nível relativo do mar começa a subir, a capacidade de transporte das correntes turbidíticas diminui e desde que elas desaceleram, elas depositam sobre os cones submarinos de bacia, diques marginais naturais separados por uma zona de sem deposição ao longo da qual a parte (mais fina) é transportada mais para jusante pela porção da corrente, mais rápida, que passa entre os dois lóbulos. As correntes de turbidez seguintes vão utilizar a depressão entre os diques marginais naturais já depositados, quer isto dizer, que elas são, parcialmente, canalizadas, ao mesmo tempo que depositam, por transbordo, outros diques marginais por cima dos precedentes, etc. É esta geometria de deposição, que num corte geológico ou linha sísmica perpendicular à direcção regional do aporte terrígeno, cria uma configuração clinoforma mamelonada.

Config. Complexa Sigmóide Oblíqua (reflectores)......................Complex sigmoid-oblique config.

Configuração complexa sigmóide oblíqua / Configuración compleja sigmóide oblícua / Komplexe Sigmoid-schräge Konfiguration / 复杂S型倾斜架构 / Комплексная Сигмообразно-наклонная схема / Configurazione Complesso sigmoidale-obliquo /

Caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação das partes medianas das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente.

Ver: " Configuração Sigmóide "

Configuração Convergente (reflectores)............................................Convergent Reflection Configuration

Configuration convergente / Configuración convergente / Konvergente Reflexion Konfiguration / 收敛反射配置 / Схема сходящихся отражений / Configurazione convergente (riflessioni)

Conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos que se adelgaçam lateralmente em direcção da bacia. Este tipo de geometria pode desenvolver-se em qualquer lugar dentro de um ciclo sequência. Esta configuração não deve ser confundida com a terminação dos biséis de agradação ao longo de uma discordância.

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
" Subsidência Compensatória "

Figura 159 (Configuração Convergente, reflectores) - O offshore de Angola, quer seja a bacia geográfica do Kwanza ou do Congo, como a grande maioria dos offshores do Oeste da África, corresponde a sobreposição de três tipos de bacias sedimentares, de idade diferente, da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980), que de baixo para cima são: (i) Cintura Dobrada do Paleozóico, mais ou menos aplanada, ou Soco Pré-Câmbrico ; (ii) Bacias de tipo rifte de idade Jurássico Tardio / Cretácico Inicial e (iii) Margem divergente tipo Atlântico cuja idade se estende desde o Cretácico Inicial até o Presente. As bacias de tipo rifte, formadas durante o alongamento do pequeno supercontinente Gondwana, correspondem, quase sempre, a hemigrabens com a falha de bordadura inclinada para o mar (*), estão separadas da margem divergente pela discordância de ruptura la litosfera, que sublinha a ruptura do Gondwana. As bacias de tipo rifte mais distais, isto é, as mais próxima da zona de ruptura, são fossilizadas por derrames vulcânicos subaéreos que se escoam dos centros de expansão para as placas litosféricas individualizadas (placa Africana e placa da América do Sul). Isto quer dizer que os SDRs (acrónimo de “Seaward Dipping Reflectors” dos geocientistas anglo-saxões) ou seja os derrames de lava não só se adelgaçam para o continente, mas inclinam para o mar (devido a sobrecarga dos escoamentos mais recentes). Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do offshore profundo de Angola, onde a tectónica salífera (halocinese) é muito intensa, os intervalos sedimentares com uma configuração interna convergente são predominantes. A convergência dos reflectores, dentro de um intervalo sedimentar, em direcção ao mar implica, necessariamente, uma divergência em direcção do continente, antes do seu biselamento contra uma discordância. Assim, é importante precisar a direcção da convergência. Nesta tentativa de interpretação, a convergência dos reflectores sísmicos, os quais correspondem a linhas cronostratigráficas (planos de estratificação ou interfaces entre pacotes de camadas) é, praticamente, sempre em direcção de domos salíferos de segunda geração (enraizados num nível de sal alóctone). Com efeito, acima do limite das bacias de tipo rifte (visíveis na parte inferior da interpretação), isto é, acima da discordância associada à ruptura da litosfera do Gondwana, que aqui é sublinhada pela base do intervalo amarelo (parte inferior direita), depositou-se um intervalo evaporítico, relativamente, espesso. O intervalo salífero (em violeta) sob a acção do seu próprio peso e do peso dos sedimentos sobrejacentes, destabilizou-se e escoou-se, pouco a pouco, lateral e verticalmente (a densidade do sal é, mais ou menos, constante em profundidade, o que quer dizer que o sal não se compacta). Tendo em conta que, teoricamente, o sal, cuja densidade 2,15-2,17 g/cm3 não varia em profundidade, e que ele se torna plástico sob uma pressão vertical de ± 110 bars (unidade de pressão equivale a 105 Pa), pode dizer que a espessura inicial do horizonte evaporítico ultrapassava os 500 metros. O escoamento lateral do sal induz sempre uma subsidência compensatória (subsidência local induzida pelo fluxo ou evacuação de um intervalo móvel, que se desenvolve em associação com a halocinese e com a argilocinese) e um alargamento dos sedimentos da cobertura salífera. É por isso todas as estruturas induzidas pela sal têm sempre falhas normais associadas, uma vez que a uma única maneira de alargar os sedimentos é por falhas normais (é por isso que uma falha normal vertical é uma impossibilidade física uma vez que ela nem alarga nem encurta os sedimentos). Nas áreas em que a espessura do sal diminuiu, devido ao escoamento, ela criou, localmente, mais espaço disponível para os sedimentos (acomodação), o qual quando preenchido, aumenta, localmente, a espessura do intervalo sedimentar e, naturalmente, produz uma configuração interna convergente em direcção da área em que a espessura do sal se manteve, mais ou menos, constante. Da mesma maneira, pode dizer-se, que a configuração interna do intervalo é divergente em direcção da área em que a espessura do sal diminuiu. Estas configurações internas existem sempre nos intervalos que preenchem as bacias induzidas pela evacuação do sal (ou minibacias como denominadas pelos geocientistas anglo-saxões), as quais são limitadas, a toda a sua volta, por estrutura salíferas, como ilustrado na parte superior esquerda desta tentativa de interpretação.

(*) Este facto é muito importante para diferenciar os sedimentos que preenchem as bacias de tipo rifte dos escoamentos de lava. Os sedimentos das bacias de tipo rifte, geralmente, inclinam para o continente, enquanto que os escoamentos de lava inclinam sempre para o mar. Por outras palavras, quando numa tentativa de interpretação de uma linha sísmica de uma margem Atlântica divergente, o geocientista interpretou reflectores inclinados para o mar como sedimentos de uma bacia de tipo rifte, a probabilidade que ele se tenha engano (“errare humanum est”) é muito grande : a interpretação tem que ser testada ou seja, critica.

Configuração dos Estratos.............................................................................................................................................................Stratal Patterns

Configuration des strates / Configuración de los estratos / Konfiguration der Schichten / 地层的配置 / Схема пластов / Configurazione di strati

Geometria dos estratos dentro de uma dada unidade estratigráfica. A configuração traduz os processos de depósito e deformações tectónicas tardias. É importante distinguir a geometria sedimentar (configuração interna) da terminação dos estratos. A primeira permite interpretar os ambientes geológicos, a segunda permite definir as discordâncias.

Ver: " Configuração dos Reflectores "
&
" Sismostratigrafia "
&
" Ambiente Sedimentar "

Figura 160 (Configuração dos Estratos) - A maioria das configurações geométricas dos estratos (ou das reflexões cronostratigráficas) está ilustrada neste esquema, no qual dois ciclos estratigráficos ditos ciclos sequência (incompletos) estão representados. O ciclo sequência inferior é constituído pelo grupo de cortejos sedimentares de nível alto, ou seja, pelos subgrupos de cortejos sedimentares que formam o intervalo transgressivo (IT), colorido em verde, e o prisma de nível alto (PNA), colorido em laranja. O intervalo transgressivo (IT) que tem, globalmente, uma geometria retrogradante é separado do prima de nível alto (PNA), cuja geometria é progradante, por uma superfície de base das progradações. Ao longo desta superfície, o hiato por sem deposição aumenta para o mar. Estes subgrupos de cortejos sedimentares são formados paraciclos sequência induzidos por ingressões marinhas (subidas do nível do mar relativo, o qual é local e referenciado quer ao fundo do mar quer a base dos sedimentos e é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático, quer isto dizer do nível do mar global referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica) sem que entre elas exista um descida do nível do mar relativo. Todavia, nenhuma sedimentação ocorre durante as ingressões marinhas ou paraciclos eustáticos como elas são, por vezes, denominadas, de maneira um pouco abusiva (*), na estratigrafia sequencial. O ciclo sequência superior, que também é incompleto, é constituído, principalmente, pelo grupo de cortejos sedimentares de nível baixo (CNB), no qual se podem pôr em evidência três subgrupos de cortejos que formam: (i) Cones submarinos de bacia (CSB), intervalo, colorido em amarelo ; (ii) Cones submarinos de talude (CST), intervalo colorido em castanho claro e (iii) Prisma de nível baixo (PNB), colorido em violeta. Um intervalo transgressivo (IT) pouco espesso culmina o ciclo sequência superior. O ciclo sequência inferior mostra de maneira clara que intervalo transgressivo (IT) corresponde a conjunto das ingressões marinhas cada vez mais importantes e regressões sedimentares (paraciclos sequência) cada vez mais pequenas associadas, os quais, colectivamente, criam uma retrogradação da linha da costa, que certos geocientista denominam de maneira imprópria transgressão. De facto, Cesare Emiliani (não confundir com Emiliano Mutti) chamou ao conjunto retrogradante das ingressões marinhas cada vez mais importantes e das regressões sedimentares cada vez mais pequenas, transgressões (não transgressão). Poderia mesmo dizer-se, que dentro de um ciclo sequência, uma transgressão sedimentar de 3a ordem é um conjunto de regressões sedimentares de 3a ordem cada vez mais pequenas. O ciclo superior, sugere que: (a) O lóbulo turbidítico que corresponde aos cones submarinos de bacia (CSB) tem, em geral, uma configuração interna paralela ; (b) Os diques marginais naturais, que fazem parte dos cones submarinos de talude (CST), têm uma configuração mamelonada onde as estruturas em asa de gaivota são predominantes (diques marginais naturais e preenchimento das depressões entre eles ou canais submarinos) ; (c) O prisma de nível baixo (PNB), que por definição é progradante, fossiliza a discordância basal do ciclo e preenche os canhões associados directa ou indirectamente com discordância (superfície de erosão) ; (d) Depósitos de deslizamento podem encontra-se na base do talude continental, definido pelo prisma de nível baixo ; (e) Os vales cavados criados pela descida significativa do nível do mar relativo, responsável pela superfície de erosão que criou a discordância (limite do ciclo-sequência), são preenchidos por sedimentos da parte superior do prima de nível baixo (PNB) ; (f) O intervalo transgressivo (IT) implica, globalmente, uma retrogradação da ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição (mais ou menos a linha da costa) e (g) As progradações sigmóides são, sobretudo, frequentes nos subgrupos de cortejos progradantes, isto é, nos prisma de nível baixo (PNB) e nos prismas de nível alto (PNA), enquanto que nos cones submarinos de talude (CST) as progradações complexas, com polaridade oposta, são, quase sempre, preponderantes (asas de gaivota de P. Vail). A discordância que limita os ciclos sequência passa lateralmente e em profundidade (mais ou menos ao nível dos cones submarinos de talude) a uma paraconformidade correlativa, sobre a qual se depositam os cones submarinos de bacia (CSB).

(*) Na realidade, um paraciclo eustático deveria designar um acréscimo de subida do nível do mar absoluto ou eustático e não do nível do mar relativo. Um conjunto de paraciclos eustáticos forma um ciclo eustático de 3a ordem, o qual designa um ciclo do nível do mar relativo e não do nível do mar absoluto ou eustático. De maneira correcta, o termo eustático deve ser aplicado a qualquer evento associado com o nível do mar absoluto ou eustático e não com o nível do mar relativo.

Configuração em Montículos (reflectores)......................................................Mound Reflection Configuration

Configuration emonticulaire / Configuración monticular / Mound Reflexion Konfiguration, Buckelschicht Konfiguration (Reflektoren) / 丘反射配置 / Схема холмистых отражений / Configurazione in pali ammucchiati (riflettori)

Conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que formam anomalias topográficas ou protuberâncias sedimentares acima do nível de base. Esta geometria é típica das construções orgânicas (recifes, por exemplo) e vulcânicas e pode, igualmente, ser encontrada em associação com os cortejos sedimentares turbidíticos.

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
" Recife "

Figura 161 (Configuração em Montículos, reflectores) - O offshore da Indonésia e, particularmente, o offshore Este da ilha de Natuna corresponde a sobreposição de três tipos de bacias da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980) de idade diferente, que de baixo para cima são: (i) Cintura Dobrada do Mesozóico ou Soco Pré-Câmbrico ; (ii) Bacia Interna ao Arco de idade Mesozóico /Cenozóico, na qual duas fases tectónicosedimentares se podem pôr em evidencia: a) A Fase de Riftização, caracterizada por uma subsidência diferencial e b) A Fase de Abatimento, caracterizada por uma subsidência térmica e (iii) Margem Divergente tipo não Atlântico de idade recente, que se formou desde que a ruptura da litosfera ocorreu dentro da bacia interna ao arco, a qual criou uma mar marginal (Mar sul da China). Nesta tentativa de interpretação geológica de um auto traço de um detalhe de uma linha sísmica regional do offshore Este da ilha de Natuna, anomalias sedimentares com uma geometria monticular (em forma de montículo) são, perfeitamente, visíveis no topo de um intervalo transgressivo (colorido em azul) da fase de abatimento. Esta tentativa de interpretação sugere, fortemente, que a área onde a linha sísmica foi tirada pertence a uma bacia sedimentar localizada atrás de um arco vulcânico (bacia interna ao arco), isto é, dentro da megassutura Mesozóico / Cenozóica. Na realidade, a fase de rifting ou fase de extensão, desenvolvida em associação com uma regime tectónico extensivo, está enfatizada, aqui, pela presença de falhas normais contemporâneas do depósito dos sedimentos que preenchem bacias de tipo rifte, as quais se desenvolveram em consequência do alongamento de um substrato Paleozóico (cadeia de montanhas aplanadas). Por cima desta fase de rifting (alongamento) e, provavelmente, em associação com uma subsidência térmica, formou-se uma bacia tipo cratónico (fase de abatimento) que é, basicamente, constituída por um intervalo sedimentar transgressivo (provavelmente formada por um ou vários subciclos de invasão continental, induzidos ciclos eustáticos de 2a ordem, cuja duração varia entre 3-5 e 50 My) caracterizado por uma configuração interna, mais ou menos, paralela, a qual traduz uma agradação predominante em relação à progradação e que está associada a uma subida do nível do mar relativo (nível do mar local e referenciado quer ao fundo do mar quer a base dos sedimentos e que é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático, quer isto dizer do nível do mar global referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica) em aceleração. Por cima desta bacia e depois da ruptura la litosfera depositou-se uma margem divergente não Atlântica (margem desenvolvida num contexto, globalmente, compressivo). Esta margem divergente é caracterizada por uma configuração interna, ligeiramente, divergente em direcção da parte profunda da bacia, isto é, caracterizada por uma configuração interna na qual a progradação é mais importante do que a agradação (subida do nível do mar relativo, provavelmente, em desaceleração). As anomalias sedimentares carbonatadas em forma de montículo, que se desenvolveram-se no topo da fase de abatimento da bacia interna ao arco, quando a plataforma continental era muito extensa e a lâmina de água, relativamente, pequena, sugerem que, a partir de certa altura, a taxa de subida do nível do mar relativo era, mais ou menos, compensada pela taxa de crescimento das construções orgânicas, o que permitiu uma estabilidade da profundidade de água e, assim, a formação de recifes. A grande maioria dos carbonatos monticulares depositados na fase transgressiva correspondem, basicamente, a carbonatos de compensação, uma vez que a taxa de acomodação era compensada pela taxa de deposição. Este tipo de carbonatos contrasta com os carbonatos de recuperação, os quais estão associados a subidas do nível do mar relativo em aceleração seguida de uma subida relativa lenta. No seguimento da subida rápida do nível do mar relativo, a acumulação de carbonato diminui devido ao aumento da profundidade de água, sem que por tanto a formação de material carbonatado cesse. Como, depois, a taxa da subida relativa do nível de mar diminui, a plataforma carbonatada constrói-se eficazmente (verticalmente). Se a taxa de acumulação for maior do que a taxa da subida do nível de mar relativa, a formação de carbonato tornar-se-á cada vez mais eficiente. Com a continuação deste processo, a acumulação na plataforma carbonatada recuperará o aumento inicial brusco da profundidade até que a profundidade de máxima produção de carbonato seja restabelecida. Quando a taxa de produção e acumulação sã grandes, a acomodação pode tornar-se insuficiente e desta maneira a progradação lateral (para jusante) da plataforma torna-se imperativa. É provavelmente. o que se observa no montículo mais oriental des interpretação.

Configuração Oblíqua (reflectores)..............................................................................Oblique Reflection Configuration

Configuration oblique / Configuración oblícua / Oblique Reflexion Konfiguration / 斜反射结构 / Схема наклонных отражений / Configurazione obliquo (riflessioni)

Neste padrão, os reflectores sísmicos ou os estratos associados, têm uma inclinação para jusante a qual, muitas vezes, é decrescente para a base (configuração oblíqua tangente).

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
Regressão Marinha

Figura 162 (Configuração Oblíqua, reflectores) - Como sugerido nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica regional do offshore Oeste da Austrália, os intervalos sedimentares com uma configuração interna oblíqua, correspondem às progradações dos taludes continentais da fase transgressiva da margem divergente de tipo Atlântico (ciclo de invasão continental pós-Pangeia, induzido pelo segundo ciclo eustático de 1a ordem do Fanerozóico) que recobre as bacias de tipo rifte (não visíveis nesta tentativa). Função da escala, os taludes podem ser continentais, como neste caso, ou deltaicos quando a altura das progradações não ultrapassa os 50-60 m (não confundir um delta, que corresponde a um cortejo sedimentar induzido por paraciclo eustático e depositado durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois da ingressão marinha) com um edifício deltaico que é uma sobreposição de deltas do mesmo subgrupo de cortejos sedimentares, mas que podem estar associados a ciclos sequência diferentes. Existem falsas configurações internas oblíquas. Se a parte superior de um intervalo com uma configuração interna sigmóide, isto é, com agradação (deposição vertical) e progradação (deposição lateral) for erodida (mais ou menos, no momento de deposição), as terminações superiores dos reflectores deixam de ser biséis somitais (por sem deposição) e passam a ser biséis superiores por erosão, e a configuração interna torna-se, aparentemente, oblíqua. Quando se interpreta, em termos geológicos, uma configuração interna, esta tem que ser original (configuração contemporânea da deposição) e não resultante da tectónica ou da erosão. Nesta tentativa de interpretação, se o intervalo progradante indicado pela grande flecha vermelha, for interpretado como tendo uma configuração oblíqua original (interpretação A) ou uma configuração sigmóide (interpretação B) na qual os biséis de somitais (de deposição) foram erodidos, estas duas interpretações implicam histórias geológicas diferentes. No primeiro caso, o intervalo depositou-se durante um período de estabilização do nível do mar relativo (nível do mar local referenciado quer à base dos sedimentos ou ao fundo do mar) e o acarreio terrígeno foi obrigado a depositar-se no talude continental antes que, no seguimento de uma nova subida do nível do mar relativo, se depositasse por cima um novo ciclo sequência (ciclo estratigráfico induzido por um ciclo eustático de 3a ordem, cuja duração varia entre 0,5 e 3-5 My), que o fossilizou. No segundo caso, a história geológica pode resumir-se da seguinte maneira: (i) Em associação com várias ingressões marinhas (paraciclos eustáticos) depositaram-se, durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois de cada ingressão marinha) paraciclos sequência com uma configuração interna sigmóide (deposição vertical e lateral) ; (ii) Depois, uma descida significativa do nível do mar relativo, deslocou para jusante e para baixo a linha da costa e os biséis de agradação costeiros exumando a plataforma (se ela existia) e a planície costeira, as quais foram, parcialmente, erodidas criando uma superfície de erosão, isto é, uma discordância ; (iii) Finalmente, uma nova ingressão marinha (subida significativa do nível do mar relativo) inundou a planície costeira o que permitiu o depósito de um novo ciclo estratigráfico, provavelmente, um ciclo sequência (note que os subgrupos inferiores do grupo de cortejos sedimentares de nível baixo, ou seja, os cones submarinos de bacia (CSB) e os cones submarinos de talude (CST) se depositam durante a descida do nível do mar relativo). Nos esquemas (em baixo à esquerda, desta figura) sugerem que uma configuração oblíqua, isto é, sem agradação significativa, pode ser: A) Tangencial, quando os biséis de progradação são falsos (eles horizontalizam e continuam na parte profunda da bacia como unidades estratigráficas independentes que, muitas vezes, são tão finas que não são visíveis nas linhas sísmicas) e B) Paralela, quando os biséis de progradação são bem marcados e sem se adelgaçarem contra o limite inferior. Estas dois tipos de configurações oblíquas sugerem, que as fácies arenosas se localizam base das progradações quando estas são tangenciais e no topo das progradações oblíquas paralelas. Isto é, particularmente, verdadeiro à escala dos taludes deltaicos (altura, quase sempre, inferior 100 metros) e pode dizer-se que os turbiditos proximais estão associados a progradações oblíquas tangenciais, enquanto que os cordões litorais estão associados a progradações oblíquas paralelas (delta de Woodbine, campo petrolífero de East Texas).

Configuração Oblíqua-Paralela (reflectores)..............................................Oblique Parallel Configuration

Configuration oblique-parallèle / Configuración oblícua-paralela / Oblique parallelen Konfiguration / 斜平行配置 / Схема наклонно-параллельных отражений / Configurazione obliquo-parallelo (riflettori)

Conjunto de reflectores sísmicos com um padrão paralelo oblíquo. Padrão no qual, os reflectores ou estratos, mais ou menos, paralelos, terminam a jusante com uma inclinação relativamente importante.

Ver:" Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
" Tampão Argiloso "

Figura 163 (Configuração Oblíqua Paralela, reflectores) - Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do Golfo do México, o intervalo interpretado como uma barra de meandro (depósito de sedimentos arqueado, geralmente formada de areia, localizado ao longo das bordos interiores convexos dos meandros de uma corrente de água e que progradam para o leito da corrente à medida que este migra) tem uma configuração interna oblíqua paralela. As terminações superiores dos reflectores são biséis somitais (sem deposição) e as terminações inferiores são biséis de progradação. Além disso, os reflectores são paralelos entre si e nenhuma agradação significativa é visível (toda a deposição se faz, lateralmente, em direcção do banco côncavo do meandro). A configuração interna da barra de meandro contrasta com a geometria dos diferentes tampões argilosos, os quais correspondem aos preenchimentos sucessivos do canal fluvial durante períodos de abandono. Neste caso particular, a presença de três tampões argilosos, sugere que a corrente abandonou o seu canal de maneira intermitente, pelo menos três, antes de o abandonar definitivamente. Quando a corrente abandona o seu leito principal, forma-se um lago de meandro abandono, no fundo do qual se depositam, principalmente, por decantação sedimentos argilosos que, por vezes, são ricos em matéria orgânica. O período de abandono pode ser, mais ou menos, longo, antes que a corrente retome a sua trajectória original. Obviamente, o meandro ilustrado nesta tentativa de interpretação é um meandro livre ou divagante (*) que tem a sua origem na dinâmica do próprio curso de água. Quando os meandros são independentes do traçado do vale (depressão da superfície terrestre, alongada, relativamente estreita e inclinada onde o rio se escoa) no qual se pode distinguir vários sectores : (a) A cabeceira ; (b) Os flanco ou ladeiras ; (c) O talvegue (linha variável que se encontra no meio da junção mais profunda de um vale ou de um rio, a qual, naturalmente, varia com o tempo) e (d) A desembocadura. As margens afectadas vão sendo deslocadas, continuamente, na direcção do curso do rio e os arcos de meandro ampliam-se. Este tipo de meandro contrasta com o meandro encaixado, no qual as curvas do rio coincidem o traçado topográfico do rio, como é o caso do rio Douro, em particular na área do vinho do Porto. A história geológica deduzida desta tentativa de interpretação pode, eventualmente, resumir-se da seguinte maneira: (i) Uma descida significativa do nível do mar relativo (nível do mar local e referenciado quer ao fundo do mar quer a base dos sedimentos e que é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático, quer isto dizer do nível do mar global referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica), deslocou, para o mar e para baixo, os biséis de agradação costeiros, o que exumou a antiga plataforma continental (se esta existir) e levantou (relativamente ao nível do mar) a planície costeira ; (ii) O perfil de equilíbrio provisório dos rios foi rompido, o que os obrigou a escavar mais os seus leitos para estabelecerem um novo equilíbrio provisório ; (iii) Os terrenos exumados sob a acção dos agentes da erosão foram parcialmente erodidos criando uma discordância, que mais tarde, foi fossilizada quando o nível relativo do mar subiu ; (iv) A montante da ruptura da superfície de deposição, a qual corresponde, aproximadamente, à linha da costa, isto é, no prisma costeiro (**) (conjunto dos sedimentos com a forma de cunha que se prolonga para o continente por biséis de agradação sobre a topografia pré-existente que se acumula na planície costeira durante a progradação da linha da costa), os rios, que perderam muita competência e capacidade, escoam-se em direcção da linha da costa por meandros mais ou menos apertados ; (v) A superfície de erosão da base dos meandros pode, mas nem sempre, corresponder, indirectamente, a discordância criada pela descida do nível do mar relativo ; (vi) Na parte convexa do meandro, onde a velocidade é mais pequena, os escoamentos secundários transportam os sedimentos por tracção e saltação, depositam-os formando uma barra de meandro, que é principalmente constituída por progradações oblíquas paralelas. Note a que a escala vertical deste autotraço não é em segundos, mas em décimas de segundo.

(*) Em geomorfologia consideram-se dois tipos de meandros: (i) Meandro livres ou divagantes serpenteia numa planície constituída de materiais mais ou menos móveis e (ii) Meandros de vale que segue, mais ou menos, a geometria do vale, o que quer dizer, que o vale serpenteia ele mesmo descrevendo meandros.

(**) O limite, a montante, do prisma costeiro é a linha de baía.

Configuração Oblíqua-Tangente........................................................................Tangential Parallel Configuration

Configuration oblique-tangente / Configuración oblícua-tangente / Tangentiale schräge Konfiguration / 切线斜配置 / Наклонно-касательная конфигурация / Configurazione obliquo-tangente

Neste padrão, os reflectores sísmicos ou os estratos associados têm uma inclinação decrescente para a base.

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
Regressão Marinha

Figura 164 Configuração Oblíqua Tangente, reflectores)- Nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do offshore convencional do Camarão (lâmina de água inferior a 200 metros), os intervalos superiores, sublinhados pelas flechas, exibem, em certas partes, uma configuração interna oblíqua tangente (intervalos coloridos em castanho claro). Esta configuração é muita mais bem marcada no intervalo sul do que no intervalo norte. Dentro de cada um destes intervalos existem progradações oblíquas paralelas, mas na extremidade oriental do intervalo norte, existe mesmo várias progradações sigmóides. A diferenciação entre todos estes tipos de progradações que, teoricamente, definem a configuração interna de um intervalo sedimentar, pode fazer-se da seguinte maneira : (i) Numa progradação sigmóide, existem três segmentos (segmento horizontal superior, segmento inclinado para o mar e segmento horizontal inferior), uma vez que existe agradação (deposição vertical) e progradação (deposição lateral) ; (ii) Numa progradação oblíqua paralela, existe, unicamente, o segmento inclinado para o mar, uma vez que só existe deposição lateral, isto é, progradação ; (iii) Numa progradação oblíqua tangente, existem, unicamente, os dois segmentos inferiores, quer isto dizer, o segmento inclinado para o mar (talude continental neste exemplo) e o segmento horizontal inferior, uma vez que existe deposição lateral (progradação) e vertical (agradação, por vezes, enfatizada por depósitos turbidíticos) na base da progradação. Em termos de estratigrafia sequencial, pode dizer-se que uma progradação sigmóide é limitada, no topo, por biséis somitais (ou superiores) de deposição e, na base, por biséis de progradação ou por biséis de progradação falsos, enquanto que uma progradação oblíqua paralela é limitada, no topo, por biséis de somitais por sem deposição ou por truncatura, e na base, por biséis de progradação. Uma progradação oblíqua tangente é limitada, no topo, por biséis somitais, que podem ser o resultado de uma sem deposição ou de uma erosão e, na base, por biséis de progradação falsos, nos quais, os reflectores ou os estratos, na base, se horizontalizam e continuam par jusante como unidades estratigráficas independentes que, muitas vezes, são tão pouco espessa que não se reconhecem nas linhas sísmica (quando a espessura é inferior a resolução sísmica, a qual varia, em geral, varia entre 20 e 40 metros). Quando a espessura entre dois biséis de progradação falsos aumenta na parte distal (segmento inferior horizontal), o depósito de turbidíticos é prováveis. O espesso intervalo sísmico, debaixo de, mais ou menos, 1,8 segundos tempo duplo (t.w.t.), que tem na parte superior uma configuração interna mamelonada ou ondulada, corresponde, provavelmente, a uma sobreposição de ciclos sequência ou subciclos de invasão continental incompletos formados sobretudo por cones submarinos de talude, os quais, geometricamente, são caracterizados por estruturas sedimentares que os geocientistas das companhias petrolíferas chamam asas de gaivota (em voo). Nesta figura estão ilustradas, de maneira esquemática as principais configurações internas progradantes dos intervalos sísmicos: (i) Sigmóide, as progradações têm uma geometria de um S ao revés, o que quer dizer, que a inclinação nas partes superiores e inferiores é, relativamente, fraca, enquanto que na parte mediana é muito mais forte ; (ii) Oblíqua Tangente, neste padrão, os reflectores sísmicos ou os estratos associados, têm uma inclinação decrescente para a base; (iii) Oblíqua Paralela, conjunto de reflectores sísmicos com um padrão paralelo / oblíquo, ou seja, conjunto no qual os estratos terminam a jusante com uma inclinação relativamente importante ; (iv) Sigmóide / Oblíqua, caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação das partes medianas das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente ; (v) Em Telhado de Ripas, o arranjo dos reflectores, ou dos estratos associados, é progradante, todavia, como a unidade sedimentar é pouco espessa, as progradações são oblíquas e quase deitadas parecendo que se revezam umas após as outras e (vi) Mamelonada ou ondulada, conjunto de reflectores sísmicos, mais ou menos, descontínuos e, frequentemente, com inclinações opostas, interpretados como estratos associados a depósitos turbidíticos, geralmente, turbiditos do talude (diques marginais naturais turbidíticos e preenchimentos das depressões entre eles ou dos canais, em caso de erosão evidente, por onde passaram as correntes).

Configuração Paralela.........................................................................................................................................................Parallel Configuration

Configuration parallèle / Configuración paralela / Parallele Konfiguration并行配置 / Параллельная конфигурация / Configurazione parallelo

Conjunto de reflectores sísmicos interpretados como estratos depositados, mais ou menos, paralelamente. As relações geométricas são determinadas no momento de depósito, isto é, sempre antes dos sedimentos serem, eventualmente, deformados.

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
" Abissal "

Figura 165 Configuração Paralela, reflectores) - No campo ou numa linha sísmica, uma configuração paralela tem que ser observada em todas as direcções. Por outro lado, ela é sempre referenciada ao momento de deposição. Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do offshore profundo do mar das Caraíbas, o intervalo sedimentar mais recente (verde claro) tem uma configuração interna paralela, que se reconhece-se também na linha sísmica perpendicular. Este intervalo repousa em discordância (os biséis de agradação são, perfeitamente, visíveis) sobre um intervalo que, também, tem uma configuração interna paralela. Por sua vez, este intervalo (colorido em amarelo) repousa sobre um substrato (deformado pela tectónica e colorido em verde), que também exibe uma configuração interna paralela. Todos os reflectores sísmicos visíveis nesta tentativa de interpretação são linhas cronostratigráficas. As discordâncias (linhas onduladas em vermelho) não estão sublinhadas por nenhum horizonte sísmico. Elas são deduzidas das superfícies sísmicas (definidas pela terminação dos reflectores) que caracterizam as superfícies de erosão, isto é pelas superfícies de agradação e de truncatura. Uma linha cronostratigráfica é, em geral, constituída por três segmentos: (i) Segmento Horizontal Superior ; (ii) Segmento Inclinado para o mar e (iii) Segmento Horizontal Inferior. O segmento horizontal superior representa os sedimentos depositados em água pouco profunda (em geral sedimentos de plataforma). O segmento inclinado para o mar representa os sedimentos de talude, quer ele seja continental ou deltaico, o que depende, principalmente, da escala vertical (interpretação geológica é dependente da escala do observado e das expectativas do observador). A altura de um talude deltaico varia entre 20 e 50 metros (uma sobreposição de deltas, o que os geocientistas chamam um edifício deltaico, pode atingir milhares de metros, enquanto que a altura de um talude continental é sempre superior a 200 metros). Obviamente, quando a altura de uma progradação é entre 100 e 300 metros, outros elementos são necessários para decidir se o talude deve ser associado a um delta ou não. O segmento horizontal inferior representa sedimentos depositados em água profunda. Nesta tentativa de interpretação, é evidente que o primeiro intervalo (mais recente, colorido en amarelo), é formado por depósitos de água profunda (pelágicos ou turbidíticos). Ao contrário, é provável que o intervalo mais antigo (colorido em castanho), que foi encurtado (dobrado e falhado por falhas inversas) corresponda a depósitos de plataforma (água pouco profunda). O intervalo intermediário (colorido em verde), que tem uma configuração paralela e que, também, foi ligeiramente encurtado, é constituído por sedimentos que se depositaram em água profunda. Assim, existe uma discordância, isto é, uma superfície de erosão (reforçada pela tectónica) entre o intervalo mais antigo e o intermediário. Uma discordância existe dentro do intervalo verde, junto a falha inversa (biseis de agradação, provavelmente costeiros são evidentes). A discordância entre o intervalo intermediário e o mais recente (também reforçada pela tectónica), sugere que a fase tectónica compressiva esteve activa até ao início de depósito recente (amarelo). Diferentes tipos de configurações internas estão esquematicamente ilustrados nesta figura. (i) Paralela, conjunto de reflectores sísmicos interpretados como estratos depositados paralelamente ; (ii) Subparalela, conjunto de reflectores sísmicos interpretados como estratos depositados, mais ou menos, paralelamente ; (iii) Oblíqua Tangente, os reflectores sísmicos ou os estratos associados, têm uma inclinação decrescente para a base ; (iv) Paralela Ondulada, quando os reflectores são ondulados, mas ou menos, paralelos ; (v) Divergente, quando os reflectores se afastam uns dos outros ; (vi) Oblíqua paralela, conjunto de reflectores sísmicos com um padrão paralelo / oblíquo, ou seja, conjunto no qual os estratos terminam a jusante com uma inclinação relativamente importante ; (vii) Convergente ; (viii) Sigmóide ; (ix) Complexa Sigmóide / Oblíqua ; (x) Sem Reflexões, ausência de reflexões sísmicas, o que traduz intervalos sísmicos quer homogéneos, quer não estratificados, quer muito deformados ou ainda intervalos com uma inclinação muito forte ; (xi) Monticular Mamelonada, conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que formam anomalias topográficas ou protuberâncias sedimentares acima do nível de base, típica das construções orgânicas e vulcânicas , (xii) Em Telha do de Ripas, quando os reflectores são progradantes mais muito deitados que se revezam umas após os outros ; (xiii) Caótica, com reflectores desordenados ; (xiv) Mamilar conjunto de reflectores com uma geometria global em forma de mamilo e (xv) Preenchimento, conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que preenchem as anomalias topográficas negativas dos estratos subjacentes.

Configuração de Preenchimento (reflectores)........................................Fill Seismic Reflection Config.

Configuration de remplissage / Configuración de relleno / Füllen Sie reflexionsseismischen Konfiguration / 填写地震反射结构 / Картина осадочного заполнения на разрезах МОВ / Configurazione di riempimento (riflettori)

Conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que preenchem anomalias topográficas negativas dos estratos subjacentes. Os reflectores subjacentes podem ser truncados ou concordantes com o preenchimento, o qual pode ser classificado em relação aos estratos subjacentes ou em relação à sua própria geometria.

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
" Vale Cavado (inciso) "

Figura 166 Configuração de Preenchimento, reflectores) - Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do offshore Norte de Angola), os preenchimento das anomalias de erosão criadas por canhões submarinos antigos são bem visíveis. Os sucessivos biséis de agradação, na direcção NO-SE, que fossilizam as superfícies de erosão são evidentes. Estes biséis, numa primeira fase, têm que ser considerados como aparentes. Nada diz que eles existem na direcção perpendicular. Nas linhas sísmicas de direcção NO-SE, isto é, quase perpendicular à linha da costa, a configuração interna dos preenchimentos é divergente em direcção à parte central das anomalias. Contudo, ela é aparente uma vez que a linha sísmica é, mais ou menos, paralela ao acarreio terrígeno. As relações geométricas e a configuração interna dos preenchimentos observadas nesta linha não se verificam nas linhas perpendiculares, as quais são, praticamente, paralelas ao aporte terrígeno. Nas linhas paralelas ao aporte terrígeno, é fácil de constatar que as terminações inferiores dos reflectores sísmicos, que preenchem as anomalias, são biséis de progradação, o que corrobora a hipótese, a priori, de que as relações geométricas sugeridas nesta tentativa de interpretação não são reais, mas aparentes. Da mesma maneira, a configuração interna divergente é também aparente. Segundo a direcção do transporte sedimentar (ao longo da qual as relações geométricas e as terminações dos reflectores são verdadeiras) a configuração interna dos preenchimentos é, praticamente, paralela. Uma tal configuração sugere que o preenchimento se fez em retrogradação (no sentido inverso de um preenchimento natural), isto é, de baixo para cima e para trás, por biséis de agradação, à medida que o talude continental era fossilizado quer por depósitos de nível baixo quer por depósitos de nível alto do mar ou, em outros termos, quer por biséis de agradação marinhos, quer por biséis de agradação costeiros, que sublinham uma subida do nível do mar relativo. As falhas normais com vergência (inclinação) oposta, visíveis no substrato (sedimentar), sugerem que a localização dos canhões submarinos parece ter sido, pelo menos parcialmente, induzida por uma tectónica en extensão (alongamento). É importante ter em conta que durante o Terciário Tardio, esta área sofreu um importante levantamento, cuja amplitude ultrapassou 1 500 metros. Este levantamento não foi induzido por um regime tectónico compressivo, quer isto dizer que os sedimentos não estão encurtados, mas ao contrário alongados (σ1 vertical). A inclinação para Oeste dos reflectores do substrato sedimentar não refuta a conjectura de um tal levantamento, ao contrário, ela parece corrobora-lo. Os tipos mais correntes de configuração interna dos intervalos sísmicos estão ilustrados esquematicamente no canto inferior direito des figura Diferentes tipos de configurações internas estão esquematicamente ilustrados nesta figura: (i) Paralela, conjunto de reflectores sísmicos interpretados como estratos depositados paralelamente ; (ii) Subparalela, quando ondulações dos reflectores são visíveis dentro de uma configuração interna paralela ; (iii) Oblíqua Tangente, os reflectores sísmicos ou os estratos associados, têm uma inclinação decrescente para a base ; (iv) Paralela Ondulada, conjunto de reflectores sísmicos ondulados, mas paralelos entre si ; (v) Divergente, conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que se espessam lateralmente em direcção da bacia ; (vi) Oblíqua paralela, conjunto de reflectores sísmicos com um padrão paralelo / oblíquo, ou seja, conjunto no qual os estratos terminam a jusante com uma inclinação relativamente importante ; (vii) Convergente, conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que se adelgaçam lateralmente em direcção da bacia ; (viii) Sigmóide, progradações com uma geometria de um S ao revés, ou seja, que a inclinação nas partes superiores e inferiores é, relativamente, fraca, enquanto que na parte mediana é muito mais forte ; (ix) Complexa Sigmóide / Oblíqua, caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação das partes medianas das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente ; (x) Sem Reflexões, ausência de reflexões sísmicas, o que traduz intervalos sísmicos quer homogéneos, quer não estratificados, quer muito deformados ou ainda intervalos com uma inclinação muito forte ; (xi) Monticular Mamelonada, quando conjunto os formam anomalias topográficas ou protuberâncias sedimentares acima do nível de base, como nas construções orgânicas e vulcânicas ; (xii) Em Telha de Ripas, progradações são oblíquas e quase deitadas que se revezam umas após as outras ; (xiii) Caótica com reflectores desordenados ; (xiv) Mamilar, conjunto de progradações em forma de mamilo e (xv) Preenchimento, conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que preenchem as anomalias topográficas negativas dos estratos subjacentes.

Configuração Progradante (reflectores)..............................................................Progradational Configuration

Configuration progradante / Configuración progradante / Progradierender Konfiguration / progradational 配置 / Проградационная конфигурация / Configurazione progradazionale

Conjunto de reflectores sísmicos interpretados como estratos com uma geometria progradante, por vezes, associada a intervalos regressivos (IT) de um ciclo sequência.

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
" Subciclo de Invasão Continental "

Figura 167 (Configuração Progradante, reflectores) - Uma configuração progradante é uma expressão muito geral na medida em que uma configuração oblíqua, sigmóide, oblíqua tangencial, etc., são todas progradantes, quer isto dizer, que a ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição (que nas linhas sísmicas corresponde, praticamente, a linha da costa) se desloca para o mar. Isto é o que, geralmente, acontece, dentro de um ciclo sequência, durante há deposição no prisma de nível baixo (PNB), ou durante a 2a fase da deposição do prisma de nível alto (PNA) (*). O deslocamento para o mar dos depósitos costeiros pode ser feito para cima, ou seja, com uma agradação positiva, ou para baixo com uma agradação negativa. No primeiro caso há continuidade de sedimentação (subida do nível do mar relativo (**)), enquanto que no segundo não. O segundo caso está associado a uma descida significativa do nível do mar relativo, que pôs o nível do mar relativo mais baixo do que o rebordo da bacia, o que exumou a plataforma continental (se a bacia tinha uma) e a parte superior do talude continental, criando uma superfície de erosão, isto é, uma discordância. Quando dentro de um ciclo sequência, a bacia não tem plataforma continental, a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição (mais ou menos, a linha da costa) dos intervalos progradantes (globalmente regressivos), corresponde, praticamente, ao rebordo continental, o qual coincide, praticamente, com a linha da costa. Nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do offshore Oeste da Austrália, pelos menos, seis intervalos progradantes, separados por discordâncias (descidas significativas do nível do mar relativo, ou seja, do nível do mar referenciado ao fundo do mar ou à base dos sedimentos) foram reconhecidas acima de um substrato, o qual tem uma configuração interna paralela. Estes intervalos progradantes correspondem, provavelmente, a subciclos de invasão continental depositados durante ciclos eustáticos de 2a ordem (tempo de duração entre 3-5 e 50 My). Isto quer dizer, que dentro de cada um destes intervalos, existe uma ou várias descidas do nível do mar relativo que obrigaram os biséis de agradação costeiros a deslocarem-se para o mar. Por conseguinte, um ou vários ciclos estratigráficos de ordem superior (ciclos sequência) podem existir dentro de cada subciclo de invasão continental. De maneira geral, os reflectores sísmicos visíveis dentro destes intervalos correspondem a progradações sigmóides, uma vez que os três segmentos que as formam são bem representados. O segmento horizontal superior representa depósitos de água pouco profunda (depósitos de plataforma). O segmento inclinado para o mar corresponde a depósitos de talude (talude continental, tendo em linha de conta a escala vertical da linha sísmica). O segmento horizontal inferior corresponde a depósitos de água profunda que podem ser de origem turbidítica ou pelágicos. Tome em linha de conta, em particular nos três intervalos sísmicos superiores, o artefacto sísmico introduzido pela abrupta variação da lâmina de água (passagem da plataforma ao talude continental). Nestes intervalos, a geometria sigmóide dos reflectores é, em grande parte, aparente, uma vez que ela induzida, em grande parte, pela variação lateral de velocidade de intervalo (água para sedimentos). As principais configurações internas progradantes dos intervalos sísmicos estão esquematizadas : (i) Sigmóide, as progradações têm uma geometria de um S ao revés, o que quer dizer, que a inclinação nas partes superiores e inferiores é, relativamente, fraca, enquanto que na parte mediana é muito mais forte ; (ii) Oblíqua Tangente, neste padrão, os reflectores sísmicos ou os estratos associados, têm uma inclinação decrescente para a base; (iii) Oblíqua Paralela, conjunto de reflectores sísmicos com um padrão paralelo / oblíquo, no qual os estratos terminam a jusante com uma inclinação relativamente importante ; (iv) Sigmóide / Oblíqua, caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação das partes medianas das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente ; (v) Em Telhado de Ripas, o arranjo dos reflectores onde as progradações são oblíquas e quase deitadas parecendo que se revezam umas após as outras e (vi) Mamelonada ou ondulada, conjunto de reflectores sísmicos com inclinações opostas, interpretados como estratos associados a depósitos turbidíticos de talude (diques marginais naturais turbidíticos e preenchimentos das depressões entre eles ou dos canais, em caso de erosão evidente, por onde passaram as correntes).

(*) Durante a 1a fase da deposição do prisma de nível alto (PNA) a bacia tem uma plataforma continental (a linha da costa está posicionada montante do rebordo da bacia, que enfatiza o rebordo continental), enquanto que durante a 2a fase a bacia não têm plataforma continental, uma vez que ela foi totalmente fossilizada pelas progradações.

(**) O que excluiu automaticamente o depósitos, dentro do ciclo sequência considerado, de cortejos sedimentares descendentes ou seja de regressões forçadas.

Configuração dos Reflectores................................................................................................................Reflection Configuration

Configuration des réflecteurs / Configuración de los reflectores / Reflections Konfiguration反思配置 / Рисунок на разрезах MOB / Configurazione di riflessioni

Relações geométricas entre os reflectores sísmicos, interpretados como estratos responsáveis pelas reflexões. A geometria dos reflectores sísmicos pode ser muito variada. Os tipos mais, frequentemente, encontrados nas linhas sísmicas são:

1) Convergente - conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que se adelgaçam lateralmente em direcção da bacia. Este tipo de geometria pode desenvolver-se em qualquer lugar dentro de um ciclo sequência. Não deve ser confundido com os biséis de agradação ao longo das discordâncias.

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Sismostratigrafia "
&
" Ambiente Sedimentar "

A grande maioria dos diferentes tipos de configurações internas encontrada nos intervalos sísmicos pode observar-se no autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do offshore do Uruguay, estão ilustrado nesta figura: (i) Configuração Paralela, quando os reflectores sísmicos interpretados como grupos estratos são paralelos ; (ii) Configuração Subparalela, quando ondulações dos reflectores são visíveis dentro de uma configuração interna paralela ; (iii) Configuração Oblíqua Tangente, quando os reflectores têm uma inclinação decrescente para a base ; (iv) Configuração Paralela Ondulada, quando os reflectores sísmicos são ondulados, mas paralelos entre si ; (v) Configuração Divergente, quando os reflectores sísmicos se espessam, lateralmente, em direcção da bacia ; (vi) Configuração Oblíqua Paralela, quando reflectores sísmicos têm um padrão paralelo / oblíquo, ou seja, quando eles terminam a jusante com uma inclinação, relativamente, importante ; (vii) Configuração Convergente, quando os reflectores sísmicos, interpretados como estratos, se adelgaçam, lateralmente, em direcção da bacia ; (viii) Configuração Sigmóide, quando as progradações têm uma geometria de um S ao revés, ou seja, quando a inclinação nas partes superiores e inferiores é, relativamente, pequena, enquanto que na parte mediana é muito mais forte ; (ix) Configuração Complexa Sigmóide / Oblíqua, que é caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação da parte mediana das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente ; (x) Configuração Sem Reflexões, quando há ausência de reflexões, o que traduz intervalos sísmicos quer homogéneos, quer não estratificados, quer muito deformados ou intervalos com uma inclinação muito forte ; (xi) Configuração Monticular Mamelonada, quando os reflectores formam anomalias topográficas ou protuberâncias sedimentares acima do nível de base, como nas construções orgânicas e vulcânicas ; (xii) Configuração Em Telha de Ripas, as progradações são oblíquas e quase deitadas que se revezam umas após as outras ; (xiii) Configuração Caótica, quando os reflectores se dispõem de maneira desordenada ; (xiv) Configuração Mamilar, conjunto de progradações em forma de mamilo e (xv) Configuração de Preenchimento, conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que preenchem as anomalias topográficas negativas dos estratos subjacentes. Nas linhas sísmicas, os tipos de configurações internas dos intervalos sísmicos compostos por reflectores cronostratigráficos (os únicos que se podem interpretar como interfaces sedimentares) são muito variados. Entre os casos extremos, que são, praticamente, as configurações internas ditas paralelas e caóticas há toda uma série de configurações intermediárias. Entre uma configuração sigmóide e oblíqua, quer esta seja paralela ou tangente, diversas configurações intermediárias podem existir. Da mesma maneira, numa configuração complexa, muitas vezes, a geometria sigmóide é preponderante, mas outras vezes é a geometria oblíqua que é preponderante. O significado das diferentes configurações pode ser interpretado, quer em termos de agradação e progradação, quer em termos de energia de deposição, quer mesmo em termos de ambiente sedimentar. Assim, por exemplo, uma configuração monticular ou mamelonada está, muitas vezes, associada com sistemas turbidíticos de talude (cones submarinos de talude), enquanto que uma configuração paralela é muito frequente quer nos depósitos da plataforma continental, quer profundos, em particular, nos cones submarinos de bacia. Da mesma maneira, pode dizer-se que as configurações progradantes, quer elas sejam oblíquas complexas ou sigmóides, caracterizam os taludes, os quais função da escala, podem ser interpretados como continentais ou deltaicos. O altura do talude de um delta (prodelta), raramente, ultrapassa os 20-50 m. Uma configuração interna mamilar, localizada perto da ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, quer esta coincida ou não com a ruptura continental (bacia sem ou com plataforma continental), corresponde quase sempre a uma construção recifal. Uma configuração interna em telhado de ripas, quando associada a um intervalo sedimentar profundo, pode corresponder a depósitos turbidíticos da base do talude continental induzidos por correntes de turbidez criadas, a maior parte das vezes, por deslizamentos e rupturas dos sedimentos do rebordo ou do talude continental (em condições nível baixo ou alto do mar). Esta mesma configuração quando associada a depósitos de plataforma, corresponde, quase sempre, a turbiditos proximais depositados na base dos prodeltas, por correntes de turbidez promovidas pela ruptura da frente de delta, quando o ângulo do talude deltaico atinge o ângulo crítico. Uma configuração mamelonada, com uma geometria semelhante à das asas de uma gaivota em voo, isto é, com biséis de progradação apontando em direcções opostas, é sempre associada a cones submarinos de talude. As progradações, isto é, as asas, correspondem aos diques marginais naturais turbidíticos, enquanto que as depressões entre as asas, correspondem aos preenchimentos do que muitos geocientistas chamam, de maneira abusiva, canais turbidíticos.

2) Divergente - conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que se espessam lateralmente em direcção da bacia. Este variação de espessura é, frequentemente, acompanhada de uma fissão dos reflectores, a qual não deve ser interpretada como uma discordância fossilizada por biséis de agradação.

3) Preenchimento - conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que se espessam lateralmente em direcção da bacia. Este variação de espessura é, frequentemente, acompanhada de uma fissão dos reflectores, a qual não deve ser interpretada como uma discordância fossilizada por biséis de agradação.

4) Transparente - ausência de reflexões sísmicas, o que traduz intervalos sísmicos quer homogéneos (sem contraste de impedância acústica), quer não estratificados, quer muito deformados ou ainda intervalos com uma inclinação muito forte.

5) Ondulada - conjunto de reflectores sísmicos, mais ou menos, descontínuos e, frequentemente, com inclinação oposta, interpretados como estratos associados a depósitos turbidíticos, geralmente, turbiditos do talude (diques marginais naturais e preenchimentos das depressões entre eles).

6) Monticular - conjunto de reflectores sísmicos, interpretados como estratos, que formam anomalias topográficas ou protuberâncias sedimentares acima do nível de base. Esta geometria é típica das construções orgânicas (recifes, etc.) e vulcânicas. Ela pode, igualmente, encontrar-se associada aos cortejos sedimentares turbidíticos.

7) Paralela - conjunto de reflectores sísmicos interpretados como estratos depositados paralelamente.

8) Progradante - conjunto de reflectores sísmicos interpretados como estratos com uma geometria progradante que, por vezes, está associada a intervalos regressivos.

9) Oblíqua-Paralela - conjunto de reflectores sísmicos com um padrão paralelo / oblíquo, ou seja, conjunto no qual os estratos terminam a jusante com uma inclinação relativamente importante.

10) Oblíqua-Tangente - neste padrão, os reflectores sísmicos ou os estratos associados, têm uma inclinação decrescente para a base.

11) Em Telhado de ripas - como o nome indica, nesta configuração o arranjo dos reflectores, ou dos estratos associados, é progradante. Todavia, como a unidade sedimentar é pouco espessa, as progradações são oblíquas e quase deitadas parecendo que se revezam umas após as outras.

12) Sigmóide - Neste arranjo, as progradações têm uma geometria de um S ao revés, o que quer dizer, que a inclinação nas partes superiores e inferiores é, relativamente, fraca, enquanto que na parte mediana é muito mais forte. O mesmo se passa com a espessura. A espessura entre dois reflectores é máxima no ponto de inflexão da progradação.

Configuração Sigmóide...................................................................................................................................................Sigmoid Configuration

Configuration sigmoïde / Configuración sigmóide / Sigmoid-Konfiguration / 乙状结肠配置 / Сигмообразная схема / Configurazione sigmoidale

Neste padrão, as progradações têm uma geometria em S ao revés, o que quer dizer, que a inclinação nas partes superiores e inferiores é, relativamente, fraca, enquanto que na parte mediana é muito mais forte. O mesmo se passa com a espessura. Entre dois reflectores consecutivos, a espessura é máxima no ponto de inflexão da progradação.

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
" Superfície da Base das Progradações "

Figura 169 (Configuração Sigmóide, reflectores) - O offshore de Moçambique corresponde à sobreposição de três bacias da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980), que de baixo para cima são : (i) Soco ou Cintura Dobrado do Paleozóico ; (ii) Bacias de tipo rifte de idade Jurássico Tardio / Cretácico Tardio e (iii) Margem Divergente tipo Atlântico desde o Cretácico Inicial até ao Presente. Dentro da margem divergente, que corresponde ao ciclo de invasão continental que foi induzida pelo ciclo eustático de 1a ordem pós-Pangeia, duas fases estratigráficas se podem reconhecer com relativa facilidade. Na base, a fase transgressiva ou agradante que, globalmente, tem uma geometria retrogradante, a qual é recoberta por uma fase regressiva caracterizada por uma geometria progradante que é, facilmente, reconhecida nas linhas sísmicas. Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de uma linha sísmica regional deste offshore, a fase transgressiva do ciclo de invasão continental pós-Pangeia, exibe, basicamente, uma configuração interna sigmóide. A grande maioria das linhas cronostratigráficas (reflexões sísmicas) têm uma geometria sigmóide ou em forma de S ao revés. Cada uma dessa linhas cronostratigráficas é constituída por três segmentos: (i) Um segmento sub-horizontal superior, onde os sedimentos se depositam sob uma pequena profundidade de água (depósitos de plataforma) ; (ii) Um segmento inclinado para o mar, onde os sedimentos de talude continental são preponderantes e (iii) Um segmento sub-horizontal profundo, onde os sedimentos se depositam sob profundidades de água superiores às do talude continental. Muitas vezes, entre o segmento superior horizontal e o segmento inclinado para o mar, isto é, próximo do rebordo continental (coincidente, por vezes, com o rebordo da bacia) depositam-se sedimentos de alta energia, como construções orgânicas, se as condições ambientais o permitem. Por vezes, a bacia não tem plataforma continental. Em tais condições, o rebordo da bacia corresponde, praticamente, ao rebordo continental e à linha da costa, a qual sublinha o rebordo da planície costeira. Nesta tentativa de interpretação, as configurações progradantes são frequentes, sobretudo, na fase regressiva do ciclo invasão continental da margem. A geometria progradante é muito evidente no intervalo superior, uma vez que ela está exagerada pelo artefacto sísmico induzido pela forte variação da profundidade de água, que provoca um enterramento excessivo dos reflectores sísmicos onde a lâmina de água é maior. Acima da superfície da base das progradações (máximo de inundação do Mesozóico / Cenozóico, limite inferior da fase regressiva do ciclo de invasão continental pós-Pangeia) os reflectores são progradações sigmóides. Tome nota que o artefacto sísmico induzido pela mudança abrupta da profundidade de água, se manifesta até à base da linha sísmica. Assim, em termos geológicos, isto é, numa versão em profundidade, a geometria da superfície de base das progradações é, praticamente, sub-horizontal ou mesmo inclinada para o continente, o que muda completamente a geometria da margem. As principais configurações internas progradantes dos intervalos sísmicos estão esquematizadas no canto inferior esquerdo desta figura: (i) Configuração Sigmóide, as progradações têm uma geometria de um S ao revés, o que quer dizer, que a inclinação nas partes superiores e inferiores é, relativamente, pequena, enquanto que na parte mediana é muito mais forte ; (ii) Configuração Oblíqua Tangente, neste padrão, os reflectores sísmicos têm uma inclinação decrescente para a base; (iii) Configuração Oblíqua Paralela, conjunto de reflectores sísmicos com um padrão paralelo / oblíquo, no qual as progradações terminam, a jusante, com uma inclinação, relativamente, importante ; (iv) Configuração Sigmóide / Oblíqua, que é um caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação das partes medianas das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente ; (v) Configuração em Telhado de Ripas, quando as progradações são oblíquas e quase deitadas parecendo que se revezam umas após as outras e (vi) Configuração Mamelonada ou Ondulada, conjunto de reflectores sísmicos com inclinações opostas, interpretados como estratos associados a depósitos turbidíticos de talude (diques marginais naturais turbidíticos e preenchimentos das depressões entre eles ou dos canais, em caso de erosão evidente, por onde passaram as correntes).

Config. Sigmóide Oblíqua Complexa..................................Complex Sigmoid Oblique Configuration

Configuration sigmóide oblique complexe / Configuración compleja sigmóide oblícua / Komplexe Sigmoid-schräge Konfiguration / 复杂乙状肠-斜配置 / Комплексная Сигмообразно-наклонная схема / Configurazione Complesso sigmoidale-obliquo

Caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação das partes medianas das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
Regressão Marinha

Figura 170 (Configuração Sigmóide Oblíqua Complexa) - O onshore NO do mar Cáspio corresponde na classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980) a um cintura dobrada, a qual é o resultado da colisão de duas margens divergentes de tipo Atlântico. Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de uma linha sísmica regional deste onshore, progradações complexas e tangenciais oblíquas são, facilmente, reconhecidas. Teoricamente, este tipo de progradações pode ser interpretado como superfícies clinoformas constituídas pela acumulação lateral de um certo número de estratos oblíquos que terminam, a montante, por biséis somitais (por sem deposição ou por erosão) e a jusante (em direcção de um antigo mar) por biséis de progradação. Certas progradações não exibem nenhuma agradação (progradações oblíquas puras) e terminam, a jusante, de maneira abrupta (praticamente sem o segmento inferior). Isto quer dizer, que as progradações são constituídas, unicamente, pelo segmento oblíquo que corresponde, tendo em linha de conta a escala, a um talude continental. Na estratigrafia sequencial, costuma dizer-se que um intervalo sedimentar progradante tem um configuração interna complexa, quando as progradações oblíquas e sigmóides alternam de uma maneira, mais ou menos, desordenada. Como se pode constatar, nesta tentativa de interpretação, existem dois intervalos sedimentares principais com este tipo de configuração interna. Estes intervalos são separados por intervalos sedimentares de espessura, mais ou menos, constante e com uma configuração interna paralela (não representada nesta tentativa). Cada um destes intervalos progradantes representa o deslocamento para o Norte (intervalo superior) e para o Sul (intervalo inferior) do talude continental de duas margens divergentes continentais com polaridades (inclinações) opostas. Em cada um destes intervalos existem vários limites de ciclos estratigráficos, quer isto dizer, várias discordâncias induzidas por descidas significativas do nível do mar relativo que deslocaram para o largo e para baixo os biséis de agradação costeiros (agradação negativa). Em consequência da colisão entre as margens divergentes, o mar que exista entre elas fechou-se pouco a pouco, à medida que as duas margens continentais (placas litosféricas diferentes) se aproximavam uma da outra. Finalmente, quando as duas placas entraram em colisão, o mar fechou-se completamente. O mar entre as margens era o Mar de Tétis, que correspondia a um enorme golfo do supercontinente Pangeia que separava duas grandes massas continentais, o pequeno supercontinente Laurasia, ao Norte, e o pequeno supercontinente Gondwana (*), ao Sul. Como na tectónica das placas a energia cinética não desempenha nenhum papel importante, o termo colisão, aqui utilizado, tem um significado muito diferente do utilizado na linguagem corrente. Os sedimentos das placas litosféricas são deformados porque perderam resistência à deformação e não porque esbarram uns contra os outros (como o choque entre dois automóveis no qual a energia cinética é transformada em energia de deformação. Ao longo de uma placa, os esforços efetivos são constante, é a resistência dos sedimentos à deformação que varia. As principais configurações internas progradantes dos intervalos sísmicos estão esquematizadas no canto inferior esquerdo desta figura : (i) Configuração Sigmóide, as progradações têm uma geometria de um S ao revés, o que quer dizer, que a inclinação nas partes superiores e inferiores é, relativamente, pequena, enquanto que na parte mediana é muito mais forte ; (ii) Configuração Oblíqua Tangente, neste padrão, os reflectores sísmicos têm uma inclinação decrescente para a base; (iii) Configuração Oblíqua Paralela, conjunto de reflectores sísmicos com um padrão paralelo / oblíquo, no qual as progradações terminam, a jusante, com uma inclinação, relativamente, importante ; (iv) Configuração Sigmóide / Oblíqua, que é um caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação das partes medianas das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente ; (v) Configuração em Telhado de Ripas, quando as progradações são oblíquas e quase deitadas parecendo que se revezam umas após as outras e (vi) Configuração Mamelonada ou Ondulada, conjunto de reflectores sísmicos com inclinações opostas, interpretados como estratos associados a depósitos turbidíticos de talude (diques marginais naturais turbidíticos e preenchimentos das depressões entre eles ou dos canais, em caso de erosão evidente, por onde passaram as correntes).

(*) Nas reconstituições palinspáticas das massas continentais, os geocientistas costumam considerar os supercontinentes, que designar grandes agrupamentos de terra que abrangem a maioria das terras emersas do planeta Terra, tais como Vaalbara, Kenorland, Columbia, Rodínia, Pannotia, Pangeia. Os supercontinentes são constituídos por pequenos supercontinentes, como o Laurasia ou o Gondwana. Os pequenos supercontinentes são constituídos por continentes, como o Báltica ou o Sibéria.

Configuração em Telhado de Ripas..........................................................................................Shingled Configuration

Configuration de toiture en bardeaux / Configuración en tejado de ripias / Geschuppt Konfiguration / 鹅卵石配置 / Схема плиточной структуры / Configurazione di scandole, Configurazione di tegole canadesi

Como o nome indica, nesta configuração o arranjo dos reflectores ou dos estratos associados, é progradante. Todavia, como a unidade sedimentar é pouco espessa, as progradações são oblíquas e quase deitadas parecendo que se revezam umas após as outras.

Ver: " Configuração dos Estratos "
&
" Configuração dos Reflectores "
&
Turbiditos

Nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do offshore Oeste da Austrália, configurações internas em telhado de ripas Figura 171 (Configuração em Telhado de Ripas, reflectores) - Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do offshore Oeste da Austrália, configurações internas em telhado de ripas existem em dois intervalos, um dos quais corresponde, provavelmente, a depósitos turbidíticos profundos e o outro a depósitos deltaicos. Este offshore corresponde à sobreposição de dois tipos de bacias da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980): (i) Bacias do tipo rifte (em geral demigrabens) desenvolvidas durante um fase de riftização (alongamento dos sedimentos caracterizada por uma subsidência diferencial) e (ii) Uma margem continental divergente do tipo Atlântico, associada a uma subsidência térmica, e formada por uma fase sedimentar transgressiva basal, a qual é fossilizada, isto é, coberta por uma fase regressiva superior. A discordância associada com a ruptura da litosfera do pequeno supercontinente Gondwana (BUU) é a discordância inferior (à volta de 2,2 segundos t.w.t.). A discordância superior é uma discordância interna à fase regressiva. Ela não marca o limite entre a fase transgressiva e regressiva da margem continental divergente, o qual, provavelmente, corresponde ao topo do intervalo sísmico colorido em verde, que fossilizou (completamente) o vale cavado ou canhão submarino, que sublinha a discordância. Na base da fase transgressiva, imediatamente, acima da discordância associada à ruptura do pequeno supercontinente Gondwana (discordância inferior), durante condições geológicas de nível baixo do mar, depositou-se um intervalo (PNB) com uma configuração interna que pode ser considerada como em telhado de ripas (sobretudo nos segmentos basais). Este intervalo foi atravessado por um poço de pesquisa que corroborou a presença de rochas-reservatório em lóbulos turbidíticos no segmento basal das progradações do prisma de nível baixo (PNB). No intervalo superior, próximo do fundo mar, a configuração interna em telhado de ripas é mais típica, não só porque o intervalo é menos espesso, mas também porque as progradações são mais oblíquas. A fácies é arenosa e, provavelmente, ela correspondem a cordões litorais de um delta desenvolvido em associação com as ondas do mar. É possível que dentro da margem divergente, a discordância superior limite dois ciclo sequência. O ciclo sequência inferior, limitado pela discordância da ruptura de litosfera e pela discordância superior, é nesta área da bacia, composto, de baixo para cima, pelo (i) Prisma de nível baixo (PNB) ; (ii) Intervalo transgressivo (IT) e (iii) Prisma de nível alto (PNA). A configuração interna do prisma de nível baixo é progradante, do tipo em telhado de ripas, com biséis somitais ou superiores por sem deposição e, na base, com biséis de progradação falsos, uma vez que muitos dos intervalos entre as s da linhas cronostratigráficas continuam para o largo como unidades estratigráficas, mais ou menos, independentes. Os principais tipos de configurações internas encontrada nos intervalos sísmicos, estão ilustrado nesta figura: (i) Configuração Paralela, quando os reflectores sísmicos são paralelos entre eles ; (ii) Configuração Subparalela, quando ondulações dos reflectores são visíveis dentro de uma configuração interna paralela ; (iii) Configuração Oblíqua Tangente, quando os reflectores têm uma inclinação decrescente para a base ; (iv) Configuração Paralela Ondulada, quando os reflectores sísmicos são ondulados, mas paralelos entre si ; (v) Configuração Divergente, quando os reflectores se espessam, lateralmente, em direcção da bacia ; (vi) Configuração Oblíqua Paralela, quando reflectores têm um padrão paralelo / oblíquo, ou seja, quando eles terminam a jusante com uma inclinação importante ; (vii) Configuração Convergente, quando os reflectores se adelgaçam, lateralmente, em direcção da bacia ; (viii) Configuração Sigmóide, quando as progradações têm uma geometria de um S ao revés ; (ix) Configuração Complexa Sigmóide / Oblíqua, que é caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação da parte mediana das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente ; (x) Configuração Sem Reflexões, quando há ausência de reflexões ; (xi) Configuração Monticular Mamelonada, quando os reflectores formam anomalias topográficas acima do nível de base, como nas construções orgânicas e vulcânicas ; (xii) Configuração Em Telha de Ripas, quando os reflectores são oblíquas e quase deitados uns sobre os outros ; (xiii) Configuração Caótica, quando os reflectores se dispõem de maneira desordenada ; (xiv) Configuração Mamilar, quando o conjunto dos reflectores tem uma forma de mamilo e (xv) Configuração de Preenchimento, quando os reflectores preenchem anomalias topográficas negativas dos estratos subjacentes.

Conforme......................................................................................................................................................................................................................................................Conformable

Conforme / Conforme / Konforme / 顺应性 / Соответствующий / Conforme, Continuo

Relação geométrica entre duas camadas ou intervalos sísmicos, quando não há evidência de erosão ou hiato, o que não quer dizer que não haja uma discordância (superfície de erosão) entre elas. Sinónimo de Concordante.

Ver: " Concordante "
&
" Concordância "
&
" Agradação "

Figura 172 (Conforme) - O onshore da ilha de Sumatra (Indonésia) corresponde à sobreposição de várias bacias da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980). De baixo para cima, numa linha sísmica regional deste onshore, podem reconhecer-se: (i) Um soco de idade Mesozóico ou uma Cintura Dobrada ; (ii) Uma bacia interna ao arco, formada por duas fases tectonicosedimentares. Na base, a fase de riftização ou de alargamento, caracterizada por uma subsidência diferencial, a qual é recoberta pela fase de abatimento (fase de “sag” dos geocientistas anglo-saxões) que é caracterizada por uma subsidência térmica. Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica deste onshore, unicamente o soco ou embasamento e os sedimentos da fase de abatimento (fase de afundamento de certos geocientistas) são visíveis. Os três intervalos sedimentares depositados acima de um soco (granito-gnaisse ou cadeia de montanhas) têm todos uma configuração interna paralela. Este tipo de configuração sugere, que os sedimentos, que a caracterizam, foram depositados quer numa plataforma continental (profundidade de água < 200 m), quer em água profunda. Como o soco aflora a Este desta linha sísmica, o mais provável é que os três intervalos sedimentares tenham sido depositados em água pouco profunda. As linhas sísmicas no prolongamento da linha desta tentativa de interpretação sugerem a presença de um talude continental inclinando para Oeste. Tendo em linha de conta as configurações internas destes três intervalos, os limites entre eles são concordantes (neste sector da bacia). Eles correspondem a discordâncias, isto é, a superfícies de erosão. Todavia, quando uma discordância não é reforçada pela tectónica, a superfície de erosão é, unicamente, evidente nos arredores do rebordo da bacia, quer ele seja ou não coincidente com o rebordo continental, É aí que se formam os canhões submarinos a quando de uma descida significativa do nível do mar relativo. A montante do rebordo da bacia, que corresponde, por vezes, ao limite entre o talude e a plataforma continental, as superfícies de erosão reconhecem-se, unicamente, quando preenchimentos de vales cavados estão presentes. Nesta tentativa, os limites entre os intervalos considerados (provavelmente subciclos de invasão continental) são conformes. Lateralmente, eles correlacionam com discordâncias evidentes, que o geocientista, que fez a tentativa de interpretação, identificou quer junto do rebordo continental (canhões submarinos e biséis somitais) quer pela evidência de preenchimentos de vales cavados. Na estratigrafia sequencial, que se baseia na identificação e cartografia das discordâncias, o estudo das relações geométricas entre os reflectores, nos arredores do rebordo da bacia, é primordial. As linhas sísmicas que mostram os taludes continentais dos diferentes intervalos sedimentares são as que permitem tentativas de interpretação mais coerentes. Para certos geocientistas uma descontinuidade designa uma transição ou contacto entre intervalos quer com densidades diferentes, como é o caso da descontinuidade de Mohorocovici, quer com diferentes fácies sedimentares ou entre intervalos separados por um hiato (ausência de deposição importante). Isto quer dizer, que existem vários tipos de descontinuidades: (1) Descontinuidade Estratigráficas ; 2- Descontinuidade Sedimentares ; 3- Descontinuidade Litológicas ; 4- Descontinuidade Tectónicas, etc., Dentro das descontinuidades litológicas, que são as mais importantes na estratigrafia sequencial, podem reconhecer-se as: (i) Descontinuidades Litológicas Concordantes, quando há continuidade entre os intervalos sucessivos ; (ii) Descontinuidades Litológicas Paraconformes ou, simplesmente, Paraconformidades, quando não há diferença de atitude entre os intervalos sobrepostos, mas há um hiato por ausência de deposição importante entre eles ; (iii) Descontinuidades Litológicas Não Conformes ou, simplesmente, Não Conformidades (que certos autores chamam Discordâncias Heterolíticas), quando há um contacto entre um intervalo sedimentar e um corpo ígneo mais antigo ; (iv) Descontinuidades Litológicas Desconformes ou Desconformidades, quando as camadas dos intervalos são paralelas de um e de outro lado da superfície de contacto a qual não é conforme com a estratificação regional ; (v) As Descontinuidades Litológicas Discordantes ou Discordâncias quando os dois intervalos estão separados por uma superfície de erosão induzida por uma descida do nível do mar relativo ; (vi) As Descontinuidades Litológicas Discordantes Reforçadas ou Discordâncias Reforçadas pela Tectónica, quando os sedimentos do intervalo sobrejacente a uma discordância foram deformados pela tectónica (encurtados ou alargados) ; (vii) Descontinuidades Litológicas s Intrusivas, quando um corpo ígneo atravessa uma série sedimentar ; (viii) Descontinuidade Litológicas Mecânicas, quando elas são induzidas por falhas, etc. (https://estpal13.wordpress.com/2013/06/04/ descontinuidades-sedimentares-e-estratigraficas/)

Conformidade.......................................................................................................................................................................................................................................Conformity

Conformité / Conformidad / Konformität / 一致性 / Согласие (согласное напластование) / Conformità

Termo usado para indicar que não há nenhuma evidência física de erosão ou de sem depósito ao longo da superfície que separa os estratos mais novos do intervalo formado de estratos mais antigos.

Ver: " Concordante "
&
" Concordância "
&
" Agradação "

Figura 173 (Conformidade) - Neste afloramento (a escala é dada pelo geocientista que observa o intervalo sedimentar inferior) vê-se, perfeitamente, uma discordância reforçada pela tectónica (discordância angular) entre o intervalo inferior e o médio que têm litologias (fácies) diferentes. Os intervalos superior e médio, que são constituídos por uma série de camadas, mais ou menos, paralelas, são conformes entre eles. Eles são separados (neste lugar, mas não noutros) por uma conformidade que, grosso modo, é paralela aos planos de estratificação dos dois intervalos. Como uma discordância é a uma superfície de erosão, induzida por uma descida do nível do mar relativo, ela corresponde a um hiato que é, relativamente, importante. Ao contrário, uma conformidade ou os planos de estratificação, ilustrados neste afloramento, também correspondem a uma superfície de erosão, mas o hiato é muito pequeno. É por isso que quando uma discordância não é reforçada pela tectónica, o que é o caso mais frequente, a diferenciação entre discordância e conformidade é subtil, uma vez que a avaliação do hiato (tempo de exposição) é muito difícil. Na estratigrafia sequencial todas as discordâncias são induzidas pelas descidas do nível do mar relativo (nível do mar local referenciado ao fundo do mar ou à base des sedimentos que é o resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático e de uma subsidência ou levantamento) e não pela tectónica. Em primeiro lugar, excepto, talvez, nas bacias de antepaís, as variações do nível do mar relativo são muito mais rápidas que as variações tectónicas, o que quer dizer que a ciclicidade dos sistemas de deposição é dade pela eustasia e não pela tectónica. Em segundo lugar, um levantamento tectónico, quer ele seja induzido por ume regime tectónico compressivo ou extensivo (diápiros de sal por exemplo), não implica, necessariamente, uma erosão. Para que haja erosão, os sedimentos têm que emergir, isto é, têm que ser ser expostos aos agentes erosivos (água, vento, gelo, etc.). Para isso tem que haver uma descida significativa do nível do mar relativo. Assim pode dizer-se que uma discordância, que corresponde a uma superfície de erosão, é induzida por uma descida significativa do nível do mar relativo que desloca, para o mar e para baixo, os biséis de agradação costeiros. Um tal deslocamento exume a plataforma continental (se ela existir), transformando-a numa planície costeira exposta aos agentes da erosão. A idade de uma discordância corresponde à idade da descida do nível relativo do mar. Assim, a melhor maneira de datar as discordâncias é determinar a idade dos cones submarinos de bacia que se depositam de maneira quase instantânea (em termos geológicos), durante as descidas do nível do mar relativo e não durante as subidas como é o caso de todos os outros cortejos sedimentares. Local ou regionalmente, a tectónica (em geral compressiva) pode reforçar (por exageração das relações geométricas) uma discordância (induzida pelas variações do nível domar) e transformá-la numa discordância reforçada tectonicamente, que certos geocientistas chamam discordância angular. No que diz respeito à terminologia utilizada para designar uma transição ou contacto entre intervalos sedimentares com diferentes fácies ou entre intervalos separados por um hiato (ausência de deposição significativa), o termo descontinuidade é muitas vezes utilizado. Contudo, ele também é usado para designar uma transição ou contacto entre intervalos geológicos com densidades diferentes, como, por exemplo, a descontinuidade de Mohorovičić (Moho) ou a descontinuidade de Conrad. Isto quer dizer que na Geologia existem existem vários tipos de descontinuidades: (1) Descontinuidade Estratigráficas ; 2- Descontinuidade Sedimentares ; 3- Descontinuidade Litológicas ; 4- Descontinuidade Tectónicas, etc., Dentro das descontinuidades litológicas se podem, ainda, considerar : (i) Descontinuidades Litológicas Concordantes, quando há continuidade entre os intervalos sucessivos ; (ii) Descontinuidades Estratigráficas Paraconformes ou Paraconformidades, quando não há diferença de atitude entre os intervalos sobrepostos, mas há um hiato por ausência de deposição importante entre eles ; (iii) Descontinuidades Litológicas Não Conformes ou Não Conformidades, quando há um contacto entre um intervalo sedimentar e um corpo ígneo mais antigo ; (iv) Descontinuidades Litológicas Desconformes ou Desconformidades, quando as camadas dos intervalos são paralelas de um e de outro lado da superfície de contacto a qual não é conforme com a estratificação regional ; (v) Descontinuidades Litológicas Discordantes ou Discordâncias quando os dois intervalos estão separados por uma superfície de erosão (descida do nível do mar relativo ; (vi) As Descontinuidades Litológicas Discordantes Reforçadas ou Discordâncias Reforçadas pela Tectónica, quando os sedimentos do intervalo sobrejacente a uma discordância foram deformados pela tectónica ; (vii) Descontinuidades Litológicas Intrusivas, quando um corpo ígneo atravessa uma série sedimentar ; (viii) Descontinuidade Litológicas Mecânicas, quando elas são induzidas por falhas, etc.

Conformidade Correlativa...................................................................................................................................Correlative Conformity

Conformité corrélative / Conformidad correlativa / Korrelative Übereinstimmung / 相关整合 / Коррелятивное согласное напластование / Conformità correlabili, Conformità correlativi

Superfície que correlaciona lateralmente (a jusante) com uma discordância. Esta correlação é muito importante, visto que permite datar a discordância (onde há continuidade de sedimentação ou onde o hiato mais pequeno). A superfície em questão encontra-se na base dos sedimentos depositados durante uma descida do nível do mar relativo de um ciclo sequência (talude continental inferior ou planície abissal).

Ver: " Discordância "
&
" Limite do Ciclo Sequência "
&
" Concordante "

Figura 174 (Conformidade Correlativa ou paraconformidade correlativa) - Como ilustrado nesta figura, as discordâncias são superfícies de erosão, induzidas por descidas significativas do nível do mar relativo, que limitam os ciclos estratigráficos, e em particular os ciclos sequência, os quais podem ser considerados como os blocos de construção da estratigrafia sequencial. Quando as discordâncias não estão reforçadas pela tectónica, elas só se reconhecem nos arredores do rebordo da bacia, onde a erosão é significativa. Na realidade, é na parte superior do talude continental, próximo do rebordo continental (quer a bacia tenha uma plataforma continental ou não), que se desenvolvem os canhões submarinos e onde os biséis de agradação costeiros do ciclo sequência sobrejacente, que fossilizam a discordância superior do ciclo sequência inferior, são mais evidentes. A montante do rebordo da bacia, as discordâncias correspondem, praticamente, a descontinuidades estratigráficas paraconformes ou paraconformidades, uma vez que não há diferença de atitude entre os intervalos sobrepostos, mas há um hiato por ausência de deposição importante entre eles. Todavia, muitos geocientistas utilizam, de maneira um pouco abusiva, o termo conformidade correlativa, uma vez que uma conformidade é uma descontinuidade estratigráfica concordante, visto que há continuidade entre os intervalos sucessivos. Nestas condições, ou seja, a montante do rebordo da bacia, a identificação de uma discordância é dependente do reconhecimento de preenchimentos de vales cavados que permitem de pôr em evidência a erosão induzida pela descida do nível do mar relativo (nível do mar local referenciado ao fundo do mar ou à base des sedimentos que é o resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático e de uma subsidência ou levantamento). A jusante do rebordo da bacia, nos ambientes profundos, a erosão associada a uma descida significativa do nível do mar relativo quase não existe. Por isso, na base do talude continental e na planície abissal, o limite de um ciclo sequência, que a montante é uma discordância, é uma paraconformidade ou conformidade correlativa (em termos de cronostratigrafia) em água profunda da discordância reconhecida a montante. Na estratigrafia sequencial, a montante do rebordo da bacia, isto é, na plataforma continental ou na planície costeira, função das condições geológicas, as superfícies da base das progradações não fossilizam as discordâncias. Unicamente, em água muito profundas, quer isto dizer, nas partes distais de uma bacia sedimentar, é que, por exemplo, a superfície de base das progradações do prisma de nível alto (PNA) ou a superfície de base das progradações do prisma de nível baixo (PNB) podem, eventualmente, fossilizar o limite inferior de um ciclo sequência. Unicamente os biséis superiores (por sem deposição ou por erosão) do prisma de nível alto (subgrupo superior do grupo de cortejos sedimentares de nível alto) podem sugerir uma discordância e caracterizar um limite de ciclo estratigráfico. Os biséis superiores do prisma de nível baixo (subgrupo superior do grupo de cortejos de nível baixo, CNB) enfatizam uma superfície de inundação, em geral, a primeira superfície transgressiva (induzida por uma ingressão marinha em aceleração, isto é, mais importante que a ingressão marinha precedente). Neste esquema, que é muito exagerado verticalmente, é interessante, notar que a configuração interna dos cones submarinos de bacia (CSB) é, mais ou menos, paralela sub-horizontal. Ao contrário, a configuração dos contornitos, que não são outra coisa que à redeposição dos sedimentos arrancados aos cones submarinos de bacia pelas correntes de contorno, é paralela oblíqua e que a inclinação pode atingir 15°-20° (o que certos poços de pesquisa do petróleo corroboraram, e evidenciaram uma ausência de matriz argilosa e uma quantidade anormal de minerais pesados). Sobre esta assunto, é bom relembrar que na Geologia existem existem vários tipos de descontinuidades (contacto entre intervalos sedimentares com fácies ou densidades diferentes ou separados por um hiato: (1) Estratigráficas ; 2- Sedimentares ; 3- Litológicas ; 4- Tectónicas, etc., Dentro das descontinuidades litológicas podem diferenciar-se : (i) As Concordantes, quando há continuidade entre os intervalos sucessivos ; (ii) As Paraconformes ou Paraconformidades, quando não há diferença de atitude entre os intervalos sobrepostos, mas há um hiato por ausência de deposição importante entre eles ; (iii) Não Conformes ou Não Conformidades, quando há um contacto entre um intervalo sedimentar e um corpo ígneo mais antigo ; (iv) Desconformes ou Desconformidades, quando as camadas dos intervalos são paralelas de um e de outro lado da superfície de contacto a qual não é conforme com a estratificação regional ; (v) Discordantes ou Discordâncias quando os dois intervalos estão separados por uma superfície de erosão (descida do nível do mar relativo ; (vi) As Discordantes Reforçadas os pela tectónica, quando os sedimentos do intervalo sobrejacente a uma discordância foram deformados pela tectónica ; (vii) Intrusivas, quando um corpo ígneo atravessa uma série sedimentar ; (viii) Mecânicas, quando elas são induzidas por falhas, etc.

Conjunto de Parassequências.........................................................................................................................................Parasequence Set

Sucession de paraséquences / Conjunto de parasequencias / Parasequenz Set / 准层序继承 / Комплекс парасеквенций / Successione di parasequences

Parassequências (periódicas) com geometria retrogradante que compõem os intervalos transgressivos (IT). Van Wagonner não limita a utilização deste termo a um subgrupo de cortejos sedimentares específico. Ele utiliza-o também para designar as parassequências com geometria progradante de um prisma de nível alto (CNA) ou de um prisma de nível baixo (PNB). A expressão paraciclos sequência, utilizada neste glossário, é muito menos confusa que parassequências, quer ela sejam periódicas ou episódicas.

Ver: " Ciclo de Invasão Continental "
&
« Ciclo Parasequência »
&
"Ciclo Estratigráfico"

Figura 175 (Conjunto de Parassequências, sucessão de paraciclos sequência) - Tome em linha de conta, que em português, como aliás, também, em inglês, o termo parassequência não é muito correcto e deve, sempre que possível, ser substituído por paraciclo sequência. Ao nível hierárquico de um ciclo sequência, uma parassequência está associada a paraciclo eustático (ingressão marinha, ou seja, um subida do nível do mar relativo sem que que seja seguida por uma descida do nível do mar relativo) e não a um ciclo eustático (variações do nível do mar relativo limitadas entre duas descidas significativas do nível do mar relativo). Isto quer dizer, que um paraciclo sequência é depositado durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois uma subida do nível do mar relativo (ingressão marinha) e que entre os paraciclos eustáticos não há nenhuma descida do nível do mar relativo. Um conjunto de paraciclos sequência, que inicialmente os geocientistas da Exxon chamaram conjunto de parassequências, corresponde um subgrupo de cortejos sedimentares, durante os quais o nível do mar relativo sobe sempre. Dentro de um ciclo sequência, o nível relativo do mar sobe em aceleração durante os intervalos transgressivos (IT) e durante prisma de nível baixo (PNB) e, em desaceleração durante no prisma de alto nível (PNA). Por outras palavras, não há nenhuma descida do nível do mar relativo entre cada paraciclo sequência. Isto quer dizer, que um conjunto de paraciclos sequência não é induzido por um ciclo eustático, mas faz parte de um ciclo eustático, donde a designação de paraciclo. Como ilustrado nesta tentativa de interpretação geológica de um detalhe de uma linha sísmica do offshore da Somália, que corresponde a uma margem divergente tipo Atlântico que recobre bacias de tipo rifte, a ciclicidade das variações do nível do mar relativo é, aqui, dada pelo ciclo sequência, limitado entre a discordância (linha ondulada azul) e o fundo do mar. Neste ciclo sequência incompleto, uma vez que os subgrupos do grupo de cortejos de nível baixo (CNB) não são visíveis (mas estão presente a Este desta linha sísmica), de cima para baixo, reconhecem-se, facilmente: (i) O preenchimento de um vale cavado (Pvc), colorido em amarelo, que sublinha a superfície de erosão induzida pela descida do nível do mar relativo e que se preencheu durante o depósito da parte superior do prisma de nível baixo (PNB), o qual não é visível nesta tentativa, mas bem desenvolvido a Este da linha sísmica ; (ii) Um intervalo transgressivo (IT), o qual é composto pela sobreposição de três paraciclos sequência, induzidos por três subidas sucessivas do nível do mar relativo (sem descidas relativas entre elas, mas com períodos de estabilidade do nível do mar durante os quais se depositam os sedimentos) e (iii) Um prisma de nível alto (PNA) caracterizado por uma geometria progradante que contrasta com a geometria retrogradante do intervalo transgressivo. A geometria retrogradante do intervalo transgressivo corresponde à sobreposição vertical de três paraciclos sequência progradantes, mas cada vez menos extensos, induzidos por três ingressões marinhas cada vez mais importantes (subidas do nível do mar relativo em aceleração). A amplitude da progradação dos paraciclos sequência do intervalo transgressivo diminui para cima, uma vez que a cada subida do nível do mar relativo, a extensão da plataforma continental aumenta. Um tal aumento diminui, necessariamente, o acarreio terrígeno, que se torna insuficiente para que a linha de ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição de cada paraciclo sequência (mais ou menos a linha da costa), progrida mais do que a do paraciclo sequência anterior. O conjunto das ingressões marinhas e regressões sedimentares por elas induzidas, que formam um intervalo transgressivo de um ciclo sequência corresponde ao que certos geocientistas chamam, colectivamente, transgressões sedimentares, mas que podem também ser chamadas transgressões sedimentares de 3a ordem, o que permite precisar o nível hierárquico da interpretação e a qual é o nível do mar relativo considerado. Uma superfície de base das progradações existe entre o intervalo transgressivo (IT) e o prisma de nível alto (PNA). Como ilustrado no esquema geológico e nos resultados das diagrafia eléctricas, pode dizer-se que uma subida do nível do mar relativo corresponde a uma sucessão de ingressões marinhas e dos paraciclos sequência associados (regressões sedimentares). Todavia, as ingressões marinhas podem ser em aceleração, quer isto dizer cada vez mais importantes ou cada vez mais pequenas. No primeiro caso, os paraciclos sequência (regressões sedimentares cada vez mais pequenas) formam um intervalo transgressivo, enquanto que no segundo eles formam um prisma quer de nível baixo quer de nível alto (regressões sedimentares cada vez mais importantes).

Conodontes (fóssil).............................................................................................................................................................................................................................Conodontes

Conodonte / Conodonte / Conodonte / コノドント / Конодонты / Conodonta

Classe de cordados marinhos extintos, que durante muitos anos foram conhecidos, unicamente, a partir de microfósseis dentiformes de poucos milímetros. Apesar da sua abundância, eles foram sempre encontrados de forma isolada, nunca associados aos fósseis do animal que os possuíam. Encontram-se no registro fóssil desde Câmbrico Médio até à base do Jurássico.

Ver: " Biostratigrafia"

Constrangimento (dorsais oceânica).........................................................................................................................................Ridge-Push

Poussée due aux dorsales océaniques / Constreñimiento (por las dorsales oceánicas) / Schub durch ozeanischen Rücken / 推力由于洋脊 / Давление горных хребтов / Spinta dovuta alla dorsali oceaniche

Pressão exercida pelas dorsais oceânicas e placas litosféricas descendentes, e que associadaa: (i) À compressão horizontal resultante das diferenças de elevação entre o centro de expansão oceânico e o fundo oceânico e (ii) Aos efeitos de tensão de uma placa litosférica oceânica originados pelo movimento descendente ao longo de uma zona de subducção de Benioff.

Ver: « Zona de Subducção »
&
« Teoria da Tectónica das Placas »
&
« Subdução do Tipo-A (Ampferer) »

Figura 176 (Constrangimento, dorsais oceânicas) - O offshore distal do Nigéria (profundidade de água superior a, mais ou menos, 2 000 metros) corresponde a uma margem divergente de tipo Atlântico da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980), a qual recobre, directamente, a custa oceânica. A Este desta área, na parte proximal da margem divergente, as bacias de tipo rifte, que alongaram a litosfera do pequeno supercontinente Gondwana, são visíveis debaixo da margem, assim como as enormes estruturas antiformas, associadas às falhas normais, curvas, que caracterizam o alongamento (extensão), costa abaixo, da margem divergente. Na parte profunda deste offshore, mas a Este da linha sísmica do autotraço desta tentativa de interpretação, existem falhas inversas importantes que inclinam para o continente e que são a contrapartida do alongamento para o mar induzido pelas falhas normais curvilíneas do offshore convencional (profundidade de água inferior a 200 m). Estas falhas inversas (encurtamento) estão em perfeita continuidade com as falhais normais curvilíneas (alongamento). Por outras palavras, estas falhas, que em carta, têm uma geometria, mais ou menos, arqueada, têm, na parte superior um movimento relativo normal (falha normal) e que na parte inferior um movimento relativo inverso (falhas inversa), são o que certos geocientistas chamam falhas lístricas (do grego “listron” que significa pá), porque ela tem um movimento semelhante ao movimento que se faz quando se utiliza uma pá (descendente e ascendente). Este tipo de falhas caracteriza as rupturas de deslizamento na qual o encurtamento criado pela parte inferior da falha compensa a extensão (alongamento) criada na parte superior. Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de uma linha sísmica regional deste offshore, as estruturas compressivas (anticlinais cilíndricos e falhas inversas), com polaridade para o continente, isto é, que inclinam para Oeste, não correspondem, de maneira nenhuma, às falhas inversas (parte inferior das falhas lístricas) que compensam extensão que ocorreu no talude continental médio / superior deste offshore, uma vez que as falhas inversas de compensação inclinam para o continente ou seja para NE. As falhas ilustradas nesta tentativa de interpretação, que migram, em sequência (*), para o continente explicam-se, facilmente, como o resultado de um encurtamento sedimentar produzido por um constrangimento provocado pela altitude da dorsal média do Atlântico Sul. Estas estruturas, que estão localizadas a dezenas de quilómetros a Oeste das estruturas compressivas da base do talude continental, não podem ser explicadas como uma contrapartida da extensão (ou seja, do alongamento sedimentar) que ocorreu a montante, na plataforma e talude continental. As estruturas compressivas que se formaram em contrapartida da extensão, que caracteriza a plataforma continental e talude superior, exibem uma polaridade Oeste. Os planos de falha das falhas inversas e planos axiais dos anticlinais associados ao regime tectónico compressivo local (contrapartida do regime em extensão da plataforma e talude continental) inclinam em direcção do continente e não em direcção da dorsal médio oceânica, como é o caso das estruturas ilustradas nesta tentativa de interpretação. Embora, estas estruturas, que afectam o fundo do mar, isto é, que são muitos recentes, uma vez que o regime compressivo que as originou ainda está activo, formem armadilhas estruturais de grandes dimensões, elas não são bons objectivos para a pesquisa petrolífera, uma vez, (i) o subsistema petrolífero gerador principal da região (rochas-mãe) está ausente (ele encontra-se muito mais a Este dos cavalgamentos frontais) e que (ii) As rochas-reservatório, provavelmente, também estão ausentes (a coluna sedimentar é aqui quase, totalmente, constituída por sedimentos argilosos). De qualquer maneira, como a probabilidade de descoberta de hidrocarbonetos numa bacia sedimentar, depende da probabilidade de presença de cinco factores petrolíferos: (i) Rocha-mãe ; (ii) Rocha-reservatório ; (iii) Armadilha ; (iv) Alimentação / Migração ; (v) Retenção, a ausência do subsistema petrolífero gerador (probabilidade 0) é um parâmetro "mortal", uma vez que 1 x 1 x 1 x 1 x 0 é sempre igual a zero (a probabilidade de descoberta é o produto da probabilidade dos parâmetros petrolíferos).

(*) Uma migração das falhas em sequência, quer dizer, que a idade da falhas diminui à medida que elas se afastam da dorsal média oceânica ou, por outras palavras, as falhas mais recentes são as mais próximas do sopé continental.

Construção deltaica (edifício deltaico)....................................................................................................................Deltaic construction

Accumulation deltaïque / Construcción deltaica / Delta Akkumulation / 三角洲建造 / Дельтообразное накопление / Costruzione deltizia /

Acumulação sedimentar num mar ou lago, muitas vezes triangular, mais ou menos, proeminente e, normalmente, associada com a foz de um rio. A espessura de uma construção deltaica pode ser muito importante, uma vez que ela é uma sobreposição vertical de deltas, cuja espessura, raramente, atinge 60 metros. Não confunda uma construção ou edifício deltaico com um delta.

Ver: " Clinoforma"

Contexto de Bacia...............................................................................................................................................................................................................Basin Setting

Contexte de bassin / Contexto de cuenca / Becken Einstellung / 流域设置 / Положение бассейна / Contesto del bacino /

Quando o nível do mar está mais baixo do que o rebordo da bacia ou muito próximo deste, o que sucede durante o grupo de cortejos sedimentares de nível baixo ou durante o depósito da 2a fase de desenvolvimento do prisma de nível alto (PNA). Neste contexto geológico, a linha da costa coincide com o limite superior do talude continental (rebordo continental). Numa bacia sedimentar sem plataforma continental, três contextos geológicos são possíveis: (i) Contexto de Bacia ou de Mar Profundo, quando o limite entre a planície costeira e o talude é bem marcado ; (ii) Contexto de Rampa (passagem gradual), quando ele é mal marcado e (iii) Contexto em Falha de Crescimento, quando o limite entre a planície costeira e o talude continental é enfatizado por uma falha de crescimento

Ver: " Bacia (sedimentar) "
&
" Ciclo Sequência "
&
" Cortejo Sedimentar "

Figura 177 (Contexto de Bacia Abrupto, modelo) - Quando no nível do mar relativo está mais baixo do que o rebordo da bacia (*), isto é, em condições geológicas de nível baixo (do mar), depois da deposição dos cones submarino de bacia (CSB) e dos cones submarinos de talude (CST), que se depositam durante a descida do nível do mar relativo, a linha da costa, que é, mais ou menos, coincidente com a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, durante a deposição do prisma de nível baixo (PNB) coincide, praticamente, com o rebordo da planície costeira do prisma de nível baixo. Todavia, a cada ingressão marinha, a linha da costa é deslocada para o continente mas, em seguida, desde que a sedimentação retoma, durante o período de estabilidade do nível do mar relativo (nível do mar local referenciado ao fundo do mar ou à base des sedimentos que é o resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático, o qual é global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e de uma subsidência ou levantamento), que ocorre depois de cada ingressão marinha, a linha da costa progradar para o mar. Contudo, ela ultrapassa a posição que ela tinha no paraciclo sequência anterior, uma vez que a taxa de acarreio sedimentar é maior do que a taxa de criação de espaço disponível para aos sedimentos (acomodação). Nesta condições geológicas, três contextos se podem diferenciar: (i) Contexto de Bacia Abrupto ; (ii) Contexto de Bacia em Falha de Crescimento e (iii) Contexto de Bacia em Rampa. No contexto geológico de bacia abrupto, como ilustrado neste esquema, a passagem da planície costeira (planície à montante da linha da costa, formada, obviamente, por terrenos baixos e, mais ou menos, planos, próximos ao nível do mar e com com baixa densidade de drenagem) para a planície abissal é feita por um talude continental abrupto. O limite entre a planície costeira e a bacia é bem marcado, não só durante o subgrupo superior do grupo de cortejo de nível baixo (CNB), mas também durante os subgrupos inferiores (CST e CSB). Durante o grupo de cortejos de nível baixo (CNB), a bacia não tem plataforma (ou é muito reduzida) e o rebordo da bacia é o último rebordo do ciclo sequência precedente. O grupo de cortejos de nível baixo, como ilustrado acima, é formado por três subgrupos, que de baixo para cima são: (1) Cones Submarinos de Bacia (CSB), por vezes, com contornitas associadas ; (2) Cones Submarinos de Talude (CST), com os complexos canais / diques marginais naturais (“asas de gaivota” de P. Vail) e (3) Prisma de Nível Baixo (PNB), no qual, por vezes, se depositam lóbulos turbidíticos na base das progradações (turbiditos em telhado de ripas). Os vales cavados criados durante a descida do nível do mar relativa, que marca o início de um novo ciclo sequência, são preenchidos, em geral, por sedimentos, mais ou menos, grosseiros durante a subida do nível do mar relativo, que controla o depósito da parte superior do prisma de baixo nível (PNB). No fim do prisma de nível baixo (PNB), a quando da primeira superfície de inundação (início do intervalo transgressivo, IT), o limite superior do talude continental marca o novo rebordo da bacia, uma vez que se forma uma plataforma continental. Na realidade, o rebordo de uma bacia pode corresponder ou não, à ruptura costeira da superfície de deposição (mais ou menos a linha da costa). Tudo depende se a bacia tem, ou não, uma plataforma continental. Durante o intervalo transgressivo de um ciclo sequência, este tipo de contexto de bacia desaparece, uma vez que se forma uma plataforma continental à medida que o nível do mar relativo sobe em aceleração. Durante o depósito do prisma de nível alto (PNA), a partir de uma determinada altura (quando a plataforma continental desaparece, 2a fase de desenvolvimento do PNA), a linha da costa é, mais ou menos, coincidente com a ruptura continental e a morfologia da bacia é semelhante à de um contexto de bacia abrupto do grupo de cortejos de nível baixo (CNB). É com este contexto de bacia, que os depósitos turbiditos do modelo de P. Vail (associados com uma descida significativa do nível do mar) são bem desenvolvidos, isto é, os cones submarinos de bacia e de talude. Igualmente, os lóbulos turbidíticos depositados na base do prisma de nível baixo (turbiditos em telhado de ripas), na sequência de instabilidades e rupturas do rebordo continental são, em geral, quase sempre presentes. Todavia, muitas vezes, a fácies destes turbiditos, que depende da fácies do rebordo continental, é argilosa, o que dificulta o seu reconhecimento (a ausência de compactação diferencial não favoriza a detecção das anomalias sedimentares).

(*) Dentro de um ciclo sequência, ou seja ao nível hierárquico dos ciclos eustáticos de 3a ordem, o rebordo da bacia é o nome dado ao rebordo continental, quando a bacia tem uma plataforma continental, isto é durante o intervalo transgressivo (IT) e durante a 1a fase de desenvolvimento do prisma de nível alto (PNA). Quando a bacia não tem plataforma, ou seja durante o grupo de cortejos sedimentares de nível baixo (CNB), o rebordo da bacia é o último continental do ciclo sequência precedente. Durante a 2a fase de desenvolvimento do prisma do nível alto (PNA), como a bacia não tem plataforma continental, o rebordo da bacia é o rebordo que continental, o qual é, grosso modo coincidente com a linha da costa.

Contexto de Bacia (abrupto).......................................................................................................................................................Deep Water Setting

Context de bassin (abrupt) / Contexto de cuenca (abrupto) / Tiefes Wasser - Einstellung / 深水设置 / Углубление бассейна / Contesto del bacino (ripido)

Morfologia de um ciclo estratigráfico, em condições geológicas de nível baixo, caracterizada por uma passagem da planície costeira ao talude continental marcada por um aumento significativo e, raramente gradual, da profundidade de água. Este tipo de morfologia é típico dos períodos em que uma bacia sedimentar não tem plataforma continental, ou seja, durante o grupo de cortejos sedimentares de nível baixo e da 2a fase de desenvolvimento do prisma de nível alto, quando a linha da costa (ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição) coincide, mais ou menos, com o rebordo continental (topo do talude continental).

Ver: " Contexto de Bacia "
&
" Ciclo Sequência "
&
" Cortejo Sedimentar "

Figura 178 (Contexto de Bacia Abrupto, exemplo) - Os offshores da Índia (Oeste e Este) correspondem à sobreposição de três bacias da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980), que de baixo para cima são: (i) Soco ou Cintura de Montanhas Dobradas do Paleozóico (pequeno supercontinente Gondwana) ; (ii) Bacias de Tipo Rifte do Jurássico Tardio / Cretácico Inicial, que correspondem ao alargamento do Gondwana, antes da ruptura da litosfera e (iii) Margem divergente de tipo Atlântico, cuja idade vai desde o Cretácico Inicial até ao Presente. Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de uma linha sísmica regional do offshore Oeste, pode dizer-se que, a esta escala, um contexto de bacia abrupto (contexto de água profunda, para certos geocientistas) existiu sempre, depois da ruptura do supercontinente Pangeia e, particularmente, durante o período de nível baixo do mar, que caracteriza intervalo sísmico colorido em violeta. A discordância associada à ruptura da litosfera (BUU), separa as bacias de tipo rifte (anteriores a ruptura da litosfera), preenchidas, principalmente, por sedimentos não marinhos, da margem continental divergente (tipo Atlântico), a qual é constituída, fundamentalmente, por sedimentos marinhos e parálicos (originados próximo do litoral e que compreendem, quase sempre, intercalações de sedimentos marinhos). Na margem divergente, os períodos durante o quais a bacia tinha uma plataforma continental (episódios transgressivos) são, relativamente, espessos e podem pôr-se em evidência facilmente (intervalo colorido em verde). Este intervalo é limitado entre duas discordâncias, coloridas em vermelho, sendo a discordância inferior a discordância da ruptura da litosfera (discordância BUU). Este espesso intervalo sísmico, cuja geometria é, basicamente, agradante, corresponde a fase transgressiva do ciclo de invasão continental pós-Pangeia, é, provavelmente constituído por vários subciclos de invasão continental dentro dos quais os ciclos sequência (induzidos por ciclos eustáticos de 3a ordem) são, praticamente, impossíveis de pôr em evidencia a esta escala. Todavia pode dizer-se que durante estes episódios, a linha da costa (mais ou menos, a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição) estava muito afastada, a montante, do rebordo da bacia de maneira que a passagem da planície costeira para o rebordo da bacia era gradual, embora o talude continental (passagem para a planície abissal) fosse muito marcado. A descida do nível do mar relativo responsável da formação da discordância superior, pôs o nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia criando condições geológicas de nível baixo, com um contexto de bacia abrupto, durante o qual se depositou o intervalo sísmico colorido em violeta. Este intervalo que, globalmente, tem uma configuração interna de preenchimento, parece corresponder a uma sucessão vertical de subciclos de invasão continental ou de ciclos sequência incompletos, nos quais os subgrupos de cortejos de nível baixo são, largamente predominantes, ou seja, um grande predomínio dos cones submarinos de bacia (CSB), cones submarinos de talude (CST) e prisma de nível baixo (PNB). Este intervalo de nível baixo é subjacente a um intervalo de nível alto com uma geometria progradante bem marcada (intervalo colorido em amarelo alaranjado). Durante os períodos regressivos de nível alto do mar (prismas de nível alto), que a esta escala, largamente, predominantes, a linha da costa coincidia quase sempre, ou a partir de uma certa altura da evolução dos prismas de nível alto (2a fase da evolução), com o rebordo da continental, o que quer dizer, que a planície costeira era contígua ao talude continental superior (bacia sem tem plataforma). Tenha em linha de conta não só a resolução sísmica (uma plataforma continental com uma altura de água inferior a 50 metros não se pode pôr em evidência neste tipo de linhas sísmicas), mas também o artefacto sísmico induzido pela mudança abrupta da profundidade de água entre a plataforma e o talude continental. Quando o nível do mar é baixo, como é o caso durante o intervalo violeta desta tentativa de interpretação, o contexto da bacia é abrupto. A passagem da planície costeira à planície abissal (sem plataforma continental) faz-se por um talude continental bastante íngreme (lâmina de água aumenta muito rapidamente), o que, evidentemente, favorece os depósitos de água profunda e, particularmente, os sistemas de deposição turbidítica, como os cones submarinos de bacia (CSB) e de talude (CST). Em outros termos, quando o contexto da bacia é abrupto, depósitos turbidíticos existem, muito provavelmente, nas partes profundas da bacia.

Contexto de Bacia (falha de crescimento).............................................................................................................Growth fault setting

Contexte de bassin (faille de croissance) / Contexto de cuenca (falla de crecimiento) / Becken Kontext (Wachstum Störung) / 流域范围内(生长断层) / Внешнее окружение конседиментационного разлома (пример) / Contesto di bacino (faglie dirette listriche con crescita)

Quando o limite entre a planície planície costeira e o talude continental é marcado por uma falha de crescimento, a qual, por definição é contemporânea da sedimentação. Como é o movimento relativo dos blocos falhados (superior e inferior da falha de crescimento) que cria, a maior parte do espaço disponível para os sedimentos (acomodação), a espessura dos diferentes pacotes sedimentares (cones submarinos de bacia, cones submarinos de talude e prisma de nível baixo) depositados sobre o bloco falhado superior aumenta em direcção do plano de falha.

Ver: " Bacia (sedimentar) "
&
" Ciclo Sequência "
&
" Cortejo Sedimentar "

Figura 179 (Contexto de Bacia em Falha de Crescimento) - Quando no nível do mar relativo (*), isto é, quando o nível do mar local, referenciado à base dos sedimentos (topo da crusta continental) ou ao fundo do mar, está mais baixo do que o rebordo da bacia, isto é, em condições geológicas de nível baixo (do mar), a linha da costa, que é, mais ou menos, coincidente com a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição (sobretudo nas linhas sísmica), sobrepõe-se, praticamente, ao rebordo continental (limite superior do talude continental). Nesta condições, dentro de um ciclo sequência, num contexto de bacia em de falha de crescimento, o nível do mar está sempre mais baixo que o rebordo da bacia (o último rebordo da bacia do ciclo sequência precedente, como ilustrado nesta figura). Com efeito, o último rebordo da bacia do ciclo sequência precedente é enfatizado por uma falha de crescimento. Este rebordo e a falha de crescimento mantêm-se, mais ou menos, na mesma posição durante o depósito do grupo de cortejos de nível baixo do ciclo sequência considerado (ciclo sequência que tem como limite inferior a discordância, sublinhada pelo plano de falha da falha de crescimento induzida pela descida do nível do mar relativo). Em profundidade, o plano de falha da falha de crescimento horizontaliza-se, rapidamente, função da curvatura do traço da falha (mais o traço da falha, na superfície do terreno, é curvo mais alto se horizontaliza o plano de falha em profundidade). Por outro lado, numa falha normal por crescimento, que é contemporânea da sedimentação, o movimento relativo ao longo do plano de falha cria uma subsidência diferencial que aumenta em direcção do plano de falha. Isto quer dizer, que o espaço disponível para os sedimentos (acomodação) aumenta em direcção do plano de falha. É por isso que os intervalos sedimentares depositados no bloco falhado superior (bloco descendente), aumentam de espessura em direcção do plano de falha. Por outras palavras, os subgrupos do grupo de cortejos de nível baixo (CNB) isto é: (i) Os cones submarinos de bacia (CSB) ; (ii) Os cones submarinos de talude (CST) e (iii) O prisma de nível baixo (PNB), que se depositam no tecto da falha de crescimento espessam-se contra o plano de falha (em direcção do continente). Como indicado neste esquema, a montante do rebordo da bacia, que nesta condições coincide, mais ou menos, com a linha da costa, uma vez que a bacia não tem plataforma continental, os vales cavados ou incisos, formados durante a descida do nível do mar relativo, que criou a discordância que limita os dois ciclos sequência, são preenchidos por sedimentos grosseiros, que se depositaram ao mesmo tempo que os sedimentos depositados na parte superior do prisma de nível baixo (PNB). Os cones submarinos de bacia (CSB) e os cones submarinos e talude (CST) depositam-se durante a descida do nível do mar relativo (provavelmente, também induzida pela formação e movimento da falha), enquanto que os primas de nível baixo (PNB) se depositam quando o nível do mar relativo (nível do mar local referenciado ao fundo do mar ou à base des sedimentos que é o resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático, o qual é global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e de uma subsidência ou levantamento) começa a subir. No bloco falhado descendente (tecto da falha), a evolução da linha da costa (mais ou menos, a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição), durante o depósito do prisma de nível baixo (PNB), pode-se prognosticar, facilmente, pela cartografia dos biséis somitais (superiores) por sem deposição, como ilustrado neste esquema geológico. Desde que a falha de crescimento deixa de ser activa, a subida do nível do mar relativo cria a 1a superfície transgressiva que é o resultado de uma ingressão marinha em aceleração, quer isto dizer, uma ingressão marinha mais importante que a precedente. Como consequência da ingressão marinha, a linha da costa é deslocada para montante, em direcção do continente, o que cria, na topografia pré-existente, uma superfície de ravinamento e a formação de uma plataforma continental ao mesmo tempo que o rebordo continental passa a funcionar como o novo rebordo da bacia. Nestas condições, o nível relativo do mar é mais alto do que o rebordo da bacia e as condições geológicas tornam-se de nível alto (do mar). A sedimentação retoma durante o período de estabilidade do nível do mar relativo, que ocorre depois da ingressão marinha, a qual vai deslocar, pouco a pouco, a linha da costa para o mar, mas sem atingir a posição que ela tinha antes da primeira transgressão marina em aceleração, ou seja, a posição da linha da costa no fim do prisma de de nível baixo (PNB) do ciclo sequência considerado. A linha da costa é deslocada globalmente para o continente (retrogradação).

(*) O nível do mar relativo é o resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático (referenciado ao centro da Terra ou a um satélite) e da tectónica (subsidência ou levantamento)

Contexto de Bacia (rampa)..................................................................................................................................................................................Ramp Setting

Contexte de bassin (rampe) / Contexto de cuenca (rampa) / Ramp Kontext / 坡道的设置 / Внешнее окружение бассейна (платформа) / Contesto di bacino (rampa)

Como no contexto de bacia abrupto (mar profundo) e de falha de crescimento, o contexto de bacia dito de rampa ocorre durante condições geológicas de nível baixo, quer isto dizer, que o nível do mar está mais baixo do que o rebordo da bacia. A quando de uma descida do nível do mar relativo significativa, pode acontecer, que ao nível da discordância inferior de um ciclo sequência, o limite entre a planície costeira e talude continental seja, praticamente, imperceptível, o que significa, que o limite superior do talude continental é difícil de localizar.

Ver: " Bacia (sedimentar) "
&
" Ciclo Sequência "
&
" Cortejo Sedimentar "

Figura 180 (Contexto de Bacia em Rampa) - Dentro de um ciclo sequência, isto é, dentro de um ciclo estratigráfico, induzido por um ciclo eustático de 3a ordem, cuja duração varia entre 0,5 e 3-5 My, quando no nível do mar relativo está mais baixo do que o rebordo da bacia, isto é, em condições geológicas de nível baixo (do mar), a linha da costa, que é, mais ou menos, equivalente à ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, coincide, praticamente, com o rebordo da planície costeira do prisma de nível baixo (*). Nesta condições geológicas, três contextos de bacia se podem diferenciar: (i) Contexto de Bacia Abrupto ; (ii) Contexto de Bacia em Falha de Crescimento e (iii) Contexto de Bacia em Rampa. Num contexto de bacia em rampa, por definição a bacia não tem plataforma e como ilustrado neste esquema, o limite inferior do ciclo sequência, ou seja, a discordância inferior tem uma morfologia e uma inclinação para jusante, de tal maneira, pouco marcada que o limite entre a última ruptura de inclinação entre a planície costeira e o talude continental do ciclo sequência anterIor (colorido em castanho escuro) é muito difícil de marcar. No início do ciclo sequência (durante o depósito dos cones submarinos de bacia e de talude), a linha da costa coincidia, grosso modo, como o último rebordo da bacia do ciclo sequência precedente. Contudo, desde que o prisma de baixo nível (PNB) começou a depositar-se, a linha da costa passou a localizar-se entre a planície costeira e o talude superior deste subgrupo de cortejos sedimentares. Todavia, durante o grupo de cortejos de nível baixo (CNB) de um ciclo sequência, o rebordo da bacia é sempre o último rebordo do ciclo sequência precedente. O novo rebordo da bacia aparece, unicamente, no dim do depósito do prisma de nível baixo (PNB), a quando da 1a superfície transgressiva, que marca o início do depósito do intervalo transgressivo (IT) do grupo de cortejos sedimentares de nível alto (CNA) (**). A 1a superfície transgressiva é induzida pela primeira ingressão marinha (paraciclo eustático) em aceleração, quer isto dizer, mais importante que a precedente. Até a individualização do novo rebordo da bacia, há uma transição gradual da planície costeira para a planície profunda, que neste caso particular, não é uma verdadeira planície abissal, via um talude continental muito marcado, como se pode deduzir desta figura, tendo em conta que o esquema geológico, embora sem escala, está muito exagerado verticalmente. Na realidade, nas linhas sísmica, num tal contexto de bacia, os diferentes subgrupos de cortejos sedimentares de nível baixo são difíceis de pôr em evidência. Como num contexto de rampa, a profundidade de água varia, mais ou menos, entre 30 e 300 metros, obviamente, os cones submarinos de bacia (CSB) e de talude (CST), assim como o prisma de nível baixo (PNB), os quais, colectivamente, formam o grupo de cortejos de nível baixo CNB) são pouco desenvolvidos e, a maior parte das vezes, eles estão debaixo da resolução sísmica (não visíveis nas linhas sísmicas). Unicamente a parte superior do prisma de nível baixo (PNB), que é constituída por sedimentos grosseiros, se reconhece, com frequência. Durante o prisma de nível baixo, à medida que o nível relativo do mar (nível do mar local referenciado ao fundo do mar ou à base des sedimentos que é o resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático, o qual é global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e de uma subsidência ou levantamento) sobe, a linha da costa (bacia sem plataforma) prograda para o mar (deposição lateral que implica progradação) e para cima (deposição vertical). À medida que os sedimentos se depositam, eles fossilizam, por biséis de agradação, a discordância (limite inferior do ciclo sequência), fazendo desaparecer, pouco a pouco, rampa. Desde que os sedimentos do prisma de nível baixo se depositam, o contexto de rampa desaparece, pouco a pouco, e é, finalmente, substituído por um contexto de bacia abrupto desde da 1a superfície transgressiva (início do intervalo transgressivo, IT, do ciclo sequência), uma vez que a linha da costa se desloca para o continente, o que cria, automaticamente, uma plataforma continental. O contexto de rampa é frequente nas bacias sedimentares salíferas com uma halocinese significativa (movimentos dos evaporitos, quando σt = 0, devido a diferença de densidade com as outras rochas cuja densidade aumenta em profundidade o que não é o caso do sal) e, em particular, quando existem horizontes salíferos alóctones. Um escoamento lateral do sal produz uma subsidência compensatória que, por vezes, induz condições de bacia em rampa com taludes continentais pouco inclinados na continuação da planície costeira.

(*) Neste caso não se fala de rebordo da bacia, que é o nome que os geocientistas dão ao rebordo continental quando a bacia tem uma plataforma continental (durante o intervalo transgressivo e durante a 1a fase de desenvolvimento do prisma de de nível alto de um ciclo sequência).

(**) Não confunda o grupo de cortejos de nível alto, cujo acrónimo é CNA, com o prisma de nível alto (PNA), que é o subgrupo superior do grupo de cortejos de nível alto (CNA). O subgrupo inferior é o intervalo transgressivo (IT).

Contornita..........................................................................................................................................................................................................................................................Contourite

Contourite / Contornita / Contourite / Contourite, 概要 / Контурит / Conturiti

Depósito de água profunda associado com os cones submarinos de bacia e, geneticamente, induzidos por correntes de contorno criadas pela força de Coriolis. Litologicamente, os contornitos são formados por pacotes espessos de areia fina (sem matriz argilosa), com geometria progradante e uma inclinação ascendente (biséis superiores ascendentes). Certos geocientistas, como Bouma, chamaram contornitas às estruturas de mar profundo (preenchimentos de canais por um aporte lateral), encontradas no fliche da Suíça, as quais são caracterizadas por uma abundância, significativa, de minerais pesados, como zircão, allanite, etc.

Ver: " Cortejo Sedimentar "
&
" Cone Submarino da Bacia "
&
" Corrente de Contorno "

Figura 181 (Contornita) - Vários tipos de depósitos turbidíticos estão associados com o grupo de cortejos de nível baixo (CNB). No subgrupo inferior, isto é, nos cones submarinos de bacia (CST), normalmente, podem pôr-se em evidencia os seguintes sistemas de deposição: (i) Turbiditos profundos amalgamados ; (ii) Turbiditos não amalgamados ; (iii) Lóbulos planares ; (iv) Preenchimentos de depressões ou de canais ; (v) Turbiditos de bacia finamente estratificados e (vi) Contornitas. Como sugerido neste esquema, os lóbulos dos cones submarinos de bacia podem ser erodidos, por correntes profundas (correntes de contorno (*), por exemplo, que um tipo particular de correntes abissais, unidirecionais, quase em equilíbrio geostrófico e muito controladas pela topografia, uma vez que a sua energia cinética é atenuada pelo atrito, on que cria um esforço exógeno no fundo do mar). O material erodido por essas correntes pode ser re-depositado, por vezes, não muito longe, sob a forma de contornitos. As contornitas diferenciam-se, facilmente, dos cones submarinos de bacia (CSB) não só pela sua geometria mas, e sobretudo, pela fácies e estrutura interna. A litologia é arenosa, mas sem matriz argilosa, o que não é o caso dos níveis de areia dos cones submarinos de bacia (CSB). Por outro lado, as contornitas são muito ricos em minerais pesados, como allanite, zircão, granadas, etc., razão pela qual eles são, por vezes, minerados (**). A configuração interna dos cones submarinos de bacia é, mais ou menos, paralela (sub-horizontal), enquanto que a dos contornitos é inclinada, por vezes, com valores que podem atingir 15°. No subgrupo médio do grupo de cortejos de nível baixo, isto é, nos cones submarinos de talude (CST), podem-se reconhecer: (a) Depósitos de transbordo (diques marginais naturais turbidíticos) ; (b) Rochas argilosas distais de transbordo e (c) Canais (erosão) ou depressões entre os diques marginais (sem erosão), os quais podem ser preenchidos quer por areia quer por argila, assim como (d) Preenchimentos de canhões e (e) Blocos deslizados. O termo canal é aqui utilizado no sentido geométrico e não genético. Muitas vezes, certos “canais” não são criados por uma erosão, induzida pelas correntes turbidítica, mas por uma ausência de deposição, o que é o caso das depressões entre os diques marginais naturais turbidíticos. Quando um canal ou depressão é preenchida por areia, a morfologia do preenchimento torna-se biconvexa por compactação diferencial. Ao contrário, quando a fácies é argilosa, a morfologia inicial torna-se convexa / côncava (côncava no limite superior). No subgrupo superior do grupos de cortejos de nível baixo, isto é, no prisma de nível baixo nível (PNB), na base das progradações, encontram-se, por vezes, turbiditos com geometria em telhado em ripas (note que o esquema geológico ilustrado nesta figura, que não tem escala, é muito exagerado verticalmente). A discordância que limita, inferiormente, um ciclo sequência (neste esquema está ilustrado, unicamente, o cortejo de nível baixo) só é evidente até, mais ou menos, ao nível dos cones submarinos de talude. Para jusante, ela passa a uma paraconformidade correlativa, uma vez não há diferença de atitude entre os intervalos sobrepostos, mas há um hiato por ausência de deposição importante entre eles. Lembremos que em estratigrafia sequencial dentro das descontinuidades litológicas podem diferenciar-se: (i) Concordantes, quando há continuidade entre os intervalos sucessivos ; (ii) As Paraconformes ou Paraconformidades, quando não há diferença de atitude entre os intervalos sobrepostos, mas há um hiato por ausência de deposição importante entre eles ; (iii) Não Conformes ou Não Conformidades, quando há um contacto entre um intervalo sedimentar e um corpo ígneo mais antigo ; (iv) Desconformes ou Desconformidades, quando as camadas dos intervalos são paralelas de um e de outro lado da superfície de contacto a qual não é conforme com a estratificação regional ; (v) Discordantes ou Discordâncias quando os dois intervalos estão separados por uma superfície de erosão (descida do nível do mar relativo ; (vi) Discordantes Reforçadas os pela tectónica, quando os sedimentos do intervalo sobrejacente a uma discordância foram deformados pela tectónica ; (vii) Intrusivas, quando um corpo ígneo atravessa uma série sedimentar ; (viii) Mecânicas, quando elas são induzidas por falhas.

(*) Correntes de fundo associadas ao movimento relativo de corpos de água induzido que por diferenças de densidade, em função de variação na temperatura e salinidade. A velocidade destas correntes pode ser correlacionada com a intensidade do gradiente de densidade. Existem registros de correntes de contorno com velocidades de até mesmo 3ms-1, como no Golfo de Cádiz (Espanha). A interação destas correntes com a morfologia do fundo aumenta ou diminui a sua velocidade, o que quer dizer que elas são muito afectadas pela topografia do fundo oceânico, que lhe confere características erosivas e de deposição As correntes de fundo, juntamente com o controle estrutural sindeposicional, são os principais factores que podem influenciar e modificar os depósitos turbidíticos. (http://www.academia.edu/22282645/Contornitos_e_as_correntes_de_fundo)

(**) Sobre este assunto é interessante assinalar que quando A. Bouma, nos ano 60, estudou o fliche dos Alpes suíços, ele já chamava “contornitas” aos preenchimentos arenosos, sem matriz argilosa, ricos em minerais pesados (minerados pelos camponeses suíços), que ele interpretava como canais turbidíticos preenchidos por um acarreio sedimentar lateral.

Controlo do Nível de Base ......................................................................................................................................................Base Level Control

Contrôle du niveau de base / Control de nivel de base / Base-Level-Steuerung, Steuern des Pegels des basischen / 准面控制 / Контроль уровня базиса эрозии / Controllo del livello di base /

Função do ambiente sedimentar, o nível de base de uma corrente e de deposição é controlado por vários factores: (i) Variações do nível do mar relativo (eustasia preponderante) ; (ii) Tectónica e (iii) Clima. A importância das mudanças do nível de base de uma corrente diminui para montante. Em rios importantes, como o Mississipi, os registos estratigráficos do Quaternário mostram que as variações do nível do mar relativo afectam a agradação e degradação até mais de 200 quilómetros a montante da desembocadura. A montante dessa área, as variações da descarga e fluxo terrígeno são, principalmente, induzidas pela tectónica e clima, o que quer dizer que, aí, as variações do nível do mar relativo são inoperantes.

Ver: " Nível de Base (de deposição) "
&
" Variação do Nível do Mar Relativo"
&
" Aporte Sedimentar "

Figura 182 (Controlo do Nível de Base, de uma corrente) - Nível de base de uma corrente é o ponto mais baixo da corrente para além do qual a corrente não consegue mais erodir, o que quer dizer que quando uma corrente atinge seu nível de base, a sua energia cinética é, praticamente, nula. Como ilustrado nesta figura o nível de base de uma corrente pode estar representado por: (i) Um lago, neste caso o nível de base é temporário ou (ii) O mar e neste caso o nível de base é definitivo. Ele está mais ou menos associado ao perfil longitudinal da corrente. Quando a corrente é jovem, o perfil corresponde uma linha côncava para acima que representa, mais ou menos, as irregularidades do leito da corrente, o que quer dizer que o perfil da corrente não está em equilíbrio uma vez que a corrente está, continuamente, a erodir. Quando a corrente atinge uma estágio de maturação, o seu perfil longitudinal é, relativamente, abrupto no sector superior da corrente. No sector médio é uma linha curva e côncava para, e termina junto da desembocadura por se horizontalizar. Teoricamente desde que uma corrente atinge o seu perfil longitudinal de equilíbrio a corrente não erode mais, o que muito geocientistas consideram uma utopia. Para eles um perfil de equilíbrio é sempre provisório. Sem grande erro, pode dizer-se que, em geral, o nível de base de uma corrente é, mais ou menos, o nível do mar. Na realidade, normalmente, ele é um pouco mais baixo devido à acção das vagas e correntes litorais. A continuação do nível de base para o continente define o nível final da desnudação (*). Contudo não se pode esquecer que o nível de base de uma corrente muda com a posição do nível do mar relativo (resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático, o qual é global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica). Dentro de um ciclo sequência, durante os episódios transgressivos, no seguimento das ingressões marinhas, o nível de base, globalmente, sobe o que dá mais espaço disponível para os sedimentos (acomodação). Quando o nível relativo do mar relativo (nível do mar, local, e referenciado a um ponto qualquer da superfície terrestre, que ele seja o fundo do mar ou a base dos sedimentos) desce ocorre o contrário, isto é, o nível de base das correntes desce, o que aumenta a área sujeita à erosão, o que implica, igualmente, um aumento, consideravelmente, do acarreio terrígeno, uma vez há retrabalhamento dos sedimentos depositados anteriormente. No continente, os processos de agradação e incisão das correntes são regulados, obviamente, pelos seus perfis de equilíbrio provisório. Como dito antes, perfil de equilíbrio de um rio nunca é definitivo, uma vez que o rio continua a aprofundar-se (há erosão a montante, uma vez que materiais são fornecidos à corrente). Como, com o tempo toda a bacia é erodida, a carga dos rios (quantidade de material transportado) se torna mais fraca. Pode imaginar-se um momento ideal no qual todo o transporte desaparece e a inclinação da corrente é, unicamente, suficiente para garantir o seu escoamento. Nestas condições ideais, a corrente atingiria o seu perfil de equilíbrio ideal ou definitivo. Como ilustrado no esquema superior des figura, o conceito de nível de base pode ser generalizado como a superfície de equilíbrio entre a erosão e sedimentação. Debaixo do nível de base, os continentes não são erodidos. Acima do nível de base, as bacias não são preenchidas. Erosão e deposição propendem para o nível de base. Desta maneira, o conceito de perfil de equilíbrio faz parte do conceito de nível de base. Pode dizer-se, que o nível de base de uma corrente é o ponto mais baixo em que ela pode ainda escoar-se e que, na maior parte das vezes, corresponde à sua desembocadura (não para Vail que considera que o nível de base de uma corrente é a linha de baía). Para os rios importantes, o nível do mar é o nível de base, da mesma maneira que um rio ou lago são os níveis de base de uma corrente tributária. Certos lagos, localizados a mais de 2 000 de altitude, são o nível de base de boa parte da drenagem dos Alpes suíços. Quando um rio é represado, um novo nível de base forma-se a monte da represa (o nível de base do rio sobe, o que reduz a velocidade da corrente e favorece a deposição). Quando a deposição atrás de uma represa atinge o seu máximo (a deposição cessou), o gradiente da superfície de deposição (inclinação) é metade da do canal ou leito inicial (antes do rio ser represado). Não confunda nível de base com “nível freático”, o qual é o nível superior a que se encontra a parte saturada da água do solo, o qual está à pressão atmosférica.

(*) Em geologia a desnudação é a redução da elevação e aplanamento das formas de relevo terrestre por um conjunto de processos geológicos que causam o desgaste da superfície da Terra devido ao movimento da água, gelo, vento e ondas do mar Processos geológicos endógenos como os vulcões, terremotos e a tectónica das placas litosféricas levantam e expõem a crusta continental aos processos exógenos de meteorização, erosão.

Convergência Interna...............................................................................................................................................................Internal convergence

Convergence interne / Convergencia interna / Interne Konvergenz / 内部收敛 / Внутреннее схождение / Convergenza interno /

Geometria na qual os estratos, ou reflectores sísmicos, convergem e se adelgaçam, lateralmente, em direcção da bacia. Este tipo de geometria, que pode desenvolver-se em qualquer lugar dentro de um ciclo sequência, não deve ser confundido com a dos biséis de agradação ao longo das discordâncias.

Ver: "Ciclo Estratigráfico"
&
" Variação do Nível do Mar Relativo"
&
" Configuração dos Reflectores "

Figura 183 (Convergência Interna) - Como se pode constatar nesta tentativa de interpretação geológica de um auto traço de um detalhe de uma linha sísmica do Golfo do México, a configuração interna dos intervalos sísmicos, em particular os intervalos coloridos em tonalidades castanhas claras, não é convergente em direcção da bacia (nem actualmente, nem no momento de deposição). A grande maioria destes intervalos aumentam de espessura para SSE e não para NNO. Pode dizer que a configuração interna destes intervalos é, actualmente, divergente para SSE. As terminações inferiores dos reflectores desses intervalos não podem ser consideradas como biséis de progradação. A espessura de um intervalo sedimentar, ou sísmico, entre dois biséis de progradação consecutivos começa por aumentar em direcção da bacia, atinge uma espessura máxima e, depois, diminui de espessura até desaparecer, por biselamento, na parte distal da bacia. Ora, não é isto que se vê nos os intervalos sísmicos considerados nesta tentativa de interpretação. Neste exemplo, as terminações dos reflectores destes intervalos correspondem a biséis de agradação que, mais tarde, isto é, depois da deposição, foram basculados (inclinados) em direcção do mar. Esta inclinação desenvolveu-se à medida que o horizonte salífero subjacente (colorido em violeta escuro) se escoava, lateralmente, de tal maneira, que os biséis de agradação se tornaram biséis de progradação aparentes. Surpreendentemente, durante vários anos, a linha sísmica original desta tentativa de interpretação foi utilizada, por muitos geocientistas, para ilustrar, dentro da fase transgressiva do ciclo de invasão continental pós-Pangeia, a progradação do rebordo da bacia dos subciclos de invasão continental durante o Cretácico. Uma tal utilização correspondia a uma abordagem científica verificacionista (*) que muitos geocientistas, de maneira errónea, adoptaram na interpretação geológica das linhas sísmicas do Golfo do México. Uma abordagem científica falsificacionista ou crítica mostrou, de maneira clara, que as terminações basais dos reflectores correspondiam a biséis de progradação aparentes e que a superfície de base das progradações aparentes, visível a cerca de 6 s de profundidade (t.w.t. ou seja tempo duplo), não corresponde a uma discordância. Ela sublinha uma desarmonia tectónica entre os intervalos infra e suprassalíferos, induzida pelo escoamento lateral do horizontal salífero, que ainda se pode ver nas extremidades desta tentativa de interpretação (intervalos coloridos em violeta escuro). De facto, é muito provável, que durante o Cretácico, na área onde hoje se observa uma sutura salífera (janela de sal ou uma espessura de sal inferior a resolução sísmica) existia uma intumescência salífera que, pouco a pouco, foi fossilizada pelos biséis de agradação dos sedimentos sobrejacentes, cujo depósito contribuiu ao escoamento lateral do sal, o que criou uma subsidência compensatória. Os outros tipos de configurações internas encontrados com frequência nas linhas sísmicas são : (i) Configuração Paralela, os reflectores sísmicos são paralelos entre si ; (ii) Configuração Subparalela, ondulações dos reflectores são visíveis dentro de uma configuração paralela ; (iii) Configuração Oblíqua Tangente, os reflectores têm uma inclinação decrescente para a base ; (iv) Configuração Paralela Ondulada, os reflectores são ondulados, mas paralelos entre si ; (v) Configuração Divergente, os reflectores se espessam, lateralmente, em direcção da bacia ; (vi) Configuração Oblíqua Paralela, os reflectores têm um padrão paralelo / oblíquo, eles terminam a jusante com uma inclinação importante ; (vii) Configuração Convergente, os reflectores se adelgaçam, lateralmente, em direcção da bacia ; (viii) Configuração Sigmóide, os reflectores têm uma geometria de um S ao revés ; (ix) Configuração Complexa Sigmóide / Oblíqua, que é caso particular da configuração sigmóide, no qual a inclinação da parte mediana das progradações é muito forte e a presença de biséis superiores por truncatura é frequente ; (x) Configuração Sem Reflexões, ausência de reflexões ; (xi) Configuração Monticular Mamelonada, os reflectores formam anomalias topográficas acima do nível de base, como nas construções orgânicas e vulcânicas ; (xii) Configuração Em Telha de Ripas, os reflectores são oblíquos e quase deitados uns sobre os outros ; (xiii) Configuração Caótica, os reflectores dispõem-se de maneira desordenada ; (xiv) Configuração Mamilar, os reflectores tem, globalmente, uma forma de mamilo e (xv) Configuração de Preenchimento, os reflectores preenchem anomalias topográficas negativas dos estratos subjacentes.

(*) O procedimento científico proposto por Popper é do tipo “modus tollens” (processo que nega em negando ou da negação do consequente): (i) Hipótese → consequência ; (ii) Não se corrobora a consequência ; (iii) Logo, a hipótese é falsificada. Uma teoria ou hipótese nunca é pode ser verificada, ela pode apenas, ser refutada. Uma tal perspectiva refutacionista ou falsificacionista é a maior crítica de Sir K. Popper ao procedimento indutivo, característico do método verificacionista. (por maior que seja o número de observações particulares, não há justificação lógica para a sua generalização a todos os casos).

Coral.......................................................................................................................................................................................................................................................................................................Coral

Coraux (corail) / Coral / Koral / 珊瑚 / Кораллы / Corallo

Organismo marinho da classe Anthozoa (filo dos Cnidários ou, mais popularmente, dos celenterados) como, por exemplo, a anémona do mar. Os corais vivem em colónias formadas por indivíduos semelhantes no meio de outras colónias formadas por indivíduos diferentes. Este grupos, que podem formar recifes de grandes dimensões, sobretudo nos oceanos equatoriais, têm a possibilidade de secretar carbonato de cálcio o que lhes permite de produzir um esqueleto muito resistente às ondas do mar.

Ver: " Deposição (de carbonatos) "
&
" Variação do Nível do Mar Relativo"
&
" Recife "

Figura 184 (Coral) - Coral é o nome vulgar dos celenterados ou cnidários da subordem dos madreporários, que se podem apresentar sob duas formas: (i) Pólipos ou (ii) Medusas. Os primeiros têm o corpo cilíndrico, geralmente, fixo por uma extremidade numa rocha, enquanto que a extremidade livre têm tentáculos em volta da boca. Os segundos têm o corpo em forma de um guarda-chuva, com tentáculos que se distribuem ao longo da margem do corpo, no centro do qual fica a boca. As medusas nadam livremente, embora, geralmente, de maneira limitada, ou são transportadas pelas correntes de água. Um coral (cabeça de coral), que muito gente pensa que é formado por um único indivíduo, é, na realidade, constituído por milhares de indivíduos, geneticamente, idênticos que os geocientistas chamam pólipos e cuja espessura é inferior ao centímetro. Ao fim de várias gerações, os pólipos deixam o seu esqueleto, o qual é característico para cada espécie. Normalmente, a cabeça do coral cresce por reprodução não sexual dos pólipos. Todavia, eles podem, também, reproduzir-se por ovulação com corais da mesma espécie pela libertação simultânea de gâmetas durante certas noites de luar intenso. Embora os corais tenham aparecido no Câmbrico, há cerca de 542 Ma, os seus fósseis são raros até ao Ordovícico, período em que os corais rugosos (Rugosa Rose) e tabulares se tornaram muito comuns. Em certas épocas geológicas, os corais foram muito abundantes, como hoje o são nos mares tropicais e transparentes de certas partes do mundo. Como os corais modernos, os antigos corais construíam recifes dos quais alguns se reconhecem ainda nas rochas sedimentares carbonatadas. Os corais não são restritos aos recifes. Corais solitários têm sido encontrados em rochas onde nunca foram encontrados recifes (como os Cyclocyathus que ocorrem na formação argilosa de Gault, na Inglaterra). Os recifes fósseis não são constituídos, totalmente, por corais. Algas, esponjas, e restos de equinodermes, braquiópodes, bivalves, gastrópodes e mesmo trilobites, que viviam nos recifes são, por vezes, preservados dentro deles. Muitos destes corais podem ser considerados como fósseis índices (que têm seu surgimento no início de um período geológico e sua extinção ao final do mesmo período), uma vez que eles permitem aos geocientistas de datar as rochas nos quais se encontram. Os recifes de coral são, geralmente, associados com os mares tropicais pouco profundos. No entanto, a exploração recente do fundo do oceânico utilizando métodos acústicos e submersíveis revelou, de maneira surpreendente, ecossistemas de corais em águas profundas quer na plataforma e talude continental, assim como nos montes submarinos e dorsais oceânicas. Os corais são, particularmente, sensíveis às mudanças climáticas. As mudanças de temperatura, mas também a poluição e as tempestades têm destruído muitos corais. O maior recife de coral da Europa, encontra-se em Portugal, no Algarve, ao largo da costa de Portimão (http://www.ins.pt/conteudo/430461/23/portugal-possui-o-maior-recife-de-coral-da-europa). É conhecido como “Renascimento do Oceano" e a forma como foi feito é surpreendente. Existem vários parques aquáticos situados pela Europa, mas no Algarve existe um especial, onde os visitantes só podem desfrutar da diversão com uma garrafa de oxigénio, óculos e roupa de mergulho. Para a criação deste recife artificial, foi necessário afundar quatro navios de guerra portugueses de forma deliberada e assim, conseguir as condições necessárias para a proliferação da vida marinha. Antes de serem afundados, estes navios foram totalmente limpos de todos os materiais nocivos e perigosos à vida marinha, ao ambiente e aos mergulhadores, Sempre visionado e acompanhado pelo “Canadian Artificial Reef Consultant” este foi um trabalho com 100% de garantias de sucesso e a sua localização foi escolhida, cuidadosamente, por ser uma zona de águas calmas e seguras para o mergulho, mantendo-se assim 300 dias por ano (pelo menos). Os recifes artificiais (*) ajudam na biodiversidade do mar, aumentam a capacidade pesqueira, protegem a costa das tempestades e da erosão e contribuem ainda para a valorização turística da região.

(*) Embora não existe uma definição universalmente aceite acerca do que é um recife artificial, na Europa foi possível encontrar um consenso entre aqueles que se dedicam ao estudo destes habitats artificiais, que define um recife artificial como "uma estrutura deliberadamente colocada no fundo do mar, totalmente submersa, que procura imitar algumas das características dos recifes naturais”. Assim podem considerar-se recife artificiais, estruturas tão diversas como: módulos de betão ou aço ; desperdícios industriais (como antigos navios, plataformas de extracção de petróleo, carcaças de automóveis, aviões e outros meios de transporte; e materiais de oportunidade de baixo custo, como ramos de árvore, bambu, pedra, etc.) http://www.oceanrevival.org/pt/projecto/recifes-artificias.html

Corrasão.....................................................................................................................................................................................................................................................................Corrasion

Corrasion / Corrasión, Cincelado / Korrasion, Abschleifen侵蚀 / Корразия / Corrasione

Desgaste das pequenas e finas partículas de uma rocha num rio ou no fundo do mar pela acção de fricção (abrasão) e seu colapso para o topo do substrato sedimentar. Em geral, a corrasão refere-se à erosão e transporte de uma corrente. A corrasão envolve o desgaste das partículas transportadas por uma corrente devido à acção do impacto e trituração.

Ver: " Erosão
&
" Corrente "
&
" Acção das vaga (mar agitado) "

Figura 185 (Corrasão) - O termo corrasão é utilizado para descrever a acção erosiva sobre as rochas pelas partículas sólidas transportadas pelo vento ou pela água e projectadas contras essas rochas. Igualmente, este termo aplica-se ao desgaste das superfícies rochosas na base de uma corrente de água quer um rio, mar ou glaciar pela acção de limagem, que muito geocientistas chamam abrasão, e a deposição dos detritos arrancados para formar taludes, mais ou menos, importantes, como acontece, na maior parte da base dos falésias. O termo abrasão designa mais a raspagem mecânica de uma superfície rochosa por atrito entre as rochas e as partículas em movimento durante o seu transporte pelo vento, glaciares, gravidade, correntes de água ou erosão. Após a fricção (a física, a fricção ou atrito é uma interacção que se opõe ao movimento relativo entre os dois sistemas em contacto), as partículas em movimento desalojam os detritos menos resistentes das paredes das rochas, as quais em parte podem ser dissolvidas. A intensidade da abrasão depende da dureza, concentração, velocidade e massa das partículas em movimento. Pode dizer-se que na maior parte das vezes, o termo corrasão refere-se à erosão por escoamento e transporte, isto é, o desgaste das superfícies rochosas quando a água, gelo ou vento se escoam sobre elas, produzido pelo impacto ou acção de trituração de partículas que ela transporta. As rochas em forma de cogumelo (*), como as ilustradas na fotografia em cima à esquerda, e que fazem parte das paisagens mais típicas que se encontram nos desertos, são o resultado característico de uma corrasão eólica. As formas mais típicas têm um pedúnculo estreito, entre a cabeça e o pé, que são muito mais largos. A eficiência máxima deste tipo de corrasão situa-se entre 1 e 1,50 m, que é a altura limite susceptível de ser atingida pela maior parte dos grãos de areia, que se deslocam por saltação sobre as superfícies rochosas. A corrasão diminui, progressivamente, para a base visto que a velocidade do vento diminui quando este se aproxima do solo. Em resumo : (i) A erosão eólica é a ação de destruição de rochas e relevos pelo vento ; (ii) A ação do vento é, especialmente, perceptível nas áreas onde os solos e rochas não são protegidas por uma cobertura vegetal, ou seja, nas regiões áridas e quentes e nas regiões muito frias ; (iii) O vento tem duas maneiras métodos de erodir: a) Por deflação (**), ele transporta os elementos finos das rochas depois de terem sido atacadas por desintegração mecânica e b) Por corrasão, quer dizer, ataque das rochas por arremessamento dos elementos sólidos transportados pelo vento (especialmente pelas areias formadas de quartzo muito duro) ; (iv) A corrosão é o processo de desgaste físico das rochas por impacto e/ou atrito de partículas transportadas pelo vento, água ou gelo ; (ii) Abrasão é o processo erosivo ou de desgaste das rochas por impacto e / ou atrito / fricção de partículas ou fragmentos carregados por correntes eólicas, glaciais, fluviais, marinhas, turbidíticas e pelo vai e vem das vagas ; (iii) A superfície das rochas atacadas por corrosão é brilhante com uma aparência oleosa, mas fosca ao microscópio ; (iv) As rochas compostas por estratos com dureza diferentes à erosão podem produzir cavidades, buracos, ranhuras e rochas em cogumelo ; (v) A corrasão dos seixos (fragmento mineral ou de rocha com um diâmetro maior do que 4 mm e menor do que 64 mm) pode produzir faces planas: tetraedros com uma base e três faces expostas aos ventos e mais, raramente, “dreikanters" (***) (uma base e duas faces alongadas) ; (vi) A deflação é a erosão pelo vento com a retirada superficial dos fragmentos mais finos, permanecendo, muitas vezes, uma camada de pedregulhos e seixos sobre a superfície erodida ; (vii) As dunas nos desertos ou nas praias são depósitos eólicos ; (viii) A corrosão associada à deflação, cria nas rochas formas e figuras típicas das regiões desérticas.

(*) Rochas em forma de cogumelo, também chamadas suportes da rocha ou blocos pedunculados são a forma rochosa resultante da erosão diferencial provocada pelo vento Algumas rochas, como os granitos, quando sujeitas à acção dos agentes de meteorização adquirem formas particulares. Os blocos pedunculados são mais finos na base do que no topo, fazendo lembrar cogumelos ou chapéus de chuva gigantes. Um vento que contenha areia no seu seio é um meio natural de corrasão eficaz pois o impacto de partículas a alta velocidade desgasta as superfícies sólidas.

(**) Deflação, em geologia, é a erosão por vento de material solto de áreas planas de sedimentos secos e não cimentados como os que ocorrem em desertos, leitos de lago seco, planícies de inundação e planícies de drenagem glacial. Partículas de argila e de silte são capturadas por turbilhões de vento e podem ser transportadas por centenas de quilómetros; que depois se depositam para formar depósitos de loess. As áreas locais sujeitas a deflação podem resultar em cavidades ou bacias por deflação, as quais podem variar de 3 m de diâmetro e menos de um metro de profundidade a vários quilómetros de diâmetro e várias centenas de metros de profundidade. Se uma área é erodida até nível freático, mais deflação é impedida a menos que o lençol freático também seja reduzido por evaporação. Alguns oásis no Sahara foram formados desta maneira e podem estar abaixo do nível do mar. Os depósitos de dunas são formados nos lados de sotavento das bacias das quais a areia foi soprada.

(***) Um “dreikanter” (termo alemão que significa “três lados") é um seixo em forma de piramidal com três lados esculpido pela acção de ventos (ventifacto).

Correlação.......................................................................................................................................................................................................................................................Correlation

Corrélation / Correlación / Korrelation / 相关 / Корреляция / Correlazione

Método de estabelecer a contemporaneidade (sincronismo) das rochas, intervalos sedimentares ou eventos geológicos de uma área, com as rochas, intervalos sedimentares ou eventos geológicos de outra área.

Ver: " Secção Geológica "
&
"Ciclo Estratigráfico"
&
" Cortejo Sedimentar "

Figura 186 (Correlação) - Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe a linha sísmica do onshore da Argélia, os resultados dos três poços de pesquisa petrolífera, perfurados nesta linha, permitem correlacionar as linhas cronostratigráficas, as discordâncias (superfícies de erosão), a ciclicidade dos sistemas de deposição e determinar as variações do nível do do mar absoluto ou eustático (nível do mar referenciado ao centro da Terra ou a um satélite). Mas atenção, uma abordagem científica é uma prática bem definida e muito exigente, na qual um certo número de coisas não se podem fazer, como, por exemplo, o facto de tomar correlações como relações de causa a efeito. O argumento que pretende que se um evento geológico A é correlacionado com um evento B, então o evento B é a causa de A, é evidentemente falso uma vez que qualquer correlação pode ser o produto de uma simples coincidência (*). Os poços de pesquisa permitem calibrar, em termos geológicos, as tentativas de interpretação. Todas a tentativas de interpretação geológica de uma linha sísmica tem que ser calibradas (datação dos intervalos sísmicos e discordância) e testadas (submetida a testes de refutação) pelos resultados dos poços. Se o resultado dos poços refutar uma tentativa de interpretação, outra tentativa de interpretação tem que ser proposta, a qual, por sua vez, tem que ser testada e assim de seguida. A abordagem científica proposta por K. Popper é uma abordagem que nega em negando ou da negação do consequente (do tipo “modus tollens”): (i) Toda hipótese tem uma consequência ; (ii) Se a consequência não é corroborada ; (iii) A hipótese é falsificada. Uma teoria ou hipótese nunca pode ser verificada, ela pode apenas, ser refutada. Uma tal perspectiva refutacionista ou falsificacionista é a grande crítica de K. Popper ao procedimento indutivo, característico do método verificacionista (por maior que seja o número de observações particulares, não há justificação lógica para a sua generalização a todos os casos). Neste sentido, a interpretação, em termos geológicos, de uma campanha sísmica, tirada numa determinada bacia sedimentar, é um tentativa de refutação das hipóteses ou conjecturas admitidas, a priori, pelo geocientista sobre essa bacia e não uma maneira de avançar hipóteses sobre essa bacia, uma vez que aquilo que um geocientista observa numa linha sísmica depende dos seus conhecimentos e das suas expectativas. Por isso, se diz na geologia do petróleo, que um geocientista apreende muito mais quando um poço de pesquisa é seco (refutação de uma hipótese) do que quando ele encontrou hidrocarbonetos (corroboração de uma hipótese), na medida em que quando o poço é seco, ele é obrigado a avançar uma nova hipótese ou conjectura que, provavelmente, será mais próximo da realidade. Nas linhas sísmicas regionais, a cronostratigrafia e ciclicidade podem ser, facilmente, reconhecidas utilizando: (i) O contexto geológico da área ; (ii) A identificação das discordâncias (superfícies de erosão, induzidas por descidas do nível do mar relativo) que limitam os ciclos estratigráficos ; (iii) Um nível hierárquico de interpretação adequado, quer isto dizer, que tipo de ciclos estratigráficos deve ser propostos na interpretação (ciclos sequência, subciclos de invasão continental ou ciclo de invasão continental) e (iv) A curva das variações do nível do mar relativo proposta por Vail (antiga curva dos biséis de agradação costeiros). Em seguida, a cronostratigrafia e a ciclicidade propostas na tentativa de interpretação têm que ser testadas pelos resultados dos poços de pesquisa e pelo estudo sequencial dos registos eléctricos, os quais podem corroborar ou refutar a interpretação, mas nunca a podem verificar, ou seja, que ela corresponde a realidade. Em ciência, refutação, validação e verificação não são sinónimos. Nesta tentativa de interpretação, os intervalos sísmicos interpretados como depósitos glaciários do Ordovícico Superior (glaciar 1 e 2) têm configurações internas muito diferentes das dos depósitos marinhos do Câmbrico / Ordovícico. As primeiras são bem marcadas e paralelas, enquanto que as segunda são caóticas (a continuidade dos reflectores é inexistente). As superfícies de erosão glaciária (discordâncias) que limitam ciclos glaciários aparecem aqui como discordâncias angulares, embora não tenham sido reforçadas pela tectónica. Os limites entre os intervalos marinhos do Silúrico e pós-Silúrico são discordâncias típicas induzidas, principalmente, pela eustasia.

(*) O aquecimento climático é a consequência directa do declínio da população de piratas como o prova o gráfico que mostra a correlação negativa entre a população de piratas e a temperatura média sobre a Terra” (F. Meynard, 2011- La Légende de l’Effet de Serre. Editions Favre SA. Lausanne. ISBN: 978-2-8289-1158-4

Corrente (córrego).......................................................................................................................................................................................................................Stream

Ruisseau / Arroyo / Bach / / Ручей / Ruscello

Curso de água que se escoa de maneira confinada, isto é, num leito definido por bancos laterais. Função da sua localização e de certas características, uma corrente pode referir-se a um ribeiro, riacho, torrente, canal, distributivo, rio, etc.

Ver: «Nível de Base (de deposição) "
&
« Deposição Fluvial »
&
« Linha de Baía »

Figura 187 (Corrente, córrego) - Uma corrente ou curso de água ou fluxo de água é qualquer corpo de água fluente, como rios, córregos, riachos, regatos, ribeiros, entre outros. Um rio é curso natural de água, normalmente de água doce que flui no sentido de um oceano, de um lago ou de outro rio. Um córrego é um sulco ou por onde corre bastante água, ou seja, um corpo d'água de pequeno porte menor que um riacho que desagua no mar ou num corpo hídrico. Um ribeiro é um curso de água, navegável ou não, maior do que regato ou riacho e menor do que um rio. Um ribeiro ou ribeira é um curso de água, menor do que um rio, que desemboca no oceano ou em outro curso (faz parte dos ambientes de água doce). Um riacho é um curso de água maior do que um regato e menor do que uma ribeiro. Também pode ser denominado arroio. Um regato é um curso de água pouco volumoso e não permanente. Uma torrente é um tipo de curso de água especial pois é caracterizado pelo sua impetuosidade e desnível. Um corgo é um caminho apertado entre montes no qual a água se pode escoar durante a estação das chuvas. Em Vila Real, onde um dos autores desse glossário nasceu, dizia-se, vamos ao corgo nadar, hoje diz-se, de maneira incorrecta, vamos ao rio Corgo nadar (o nome de vale passou a ser o nome do rio). Uma corrente, rio, córrego, etc., são fluxos de água que sob a acção da gravidade se escoam costa abaixo reduzindo a sua energia potencial, a qual varia no espaço e no tempo função do volume de água, gradiente do fluxo e geometria do seu leito. Numa corrente podem distinguir-se as seguintes partes: (i) Nascente (manancial), é o local onde se inicia um curso de água ou o ponto em que uma corrente emerge de um trajecto subterrâneo através de sedimentos pouco consolidados ou através de cavernas, sobretudo nas regiões calcárias, onde a carsificação é abundante (uma corrente pode ter um percurso subterrâneo mais ou menos longo) ; (ii) Fonte, é o lugar de onde brota água, continuamente, mas que não é a nascente da correntes (a nascente é a fonte que está mais a montante) ; (iii) Remontante, parte de uma corrente próxima da nascente (termo utilizado, principalmente, quando a corrente tem várias fontes) ; (iv) Confluência, é o ponto em que duas correntes se juntam (quando dois distributivos têm, aproximadamente, a mesma importância, a confluência diz-se que é um ponto de união) ; (v) Levada, é, em certas regiões, o segmento rectilíneo onde a corrente se escoa sem agitação (área propícia para a natação) ; (vi) Poça, é a área em que a corrente é mais profunda e se escoa mais devagar ; (vii) Baixio, é o segmento ou área onde a profundidade da água é mais pequena e mais turbulenta ; (viii) Canal ou leito, é a depressão, criada pela erosão, onde a corrente se escoa ; (ix) Planície de inundação, é a região adjacente à corrente que é sujeita a ser inundada quando a corrente transborda ; (x) Estação de Controlo, é o ponto de demarcação ao longo do trajecto da corrente utilizado como marca de referência e onde estão instalados os aparelhos de controlo ; (xi) Talvegue, é a secção longitudinal da corrente ou a linha que une o ponto mais baixo do canal a cada estágio desde a nascente até à embocadura ou seja a linha mediana da corrente onde os dois lados do vale se intersectam ; (xii) Perímetro húmido, é o ponto em que a superfície da corrente encontra as paredes do canal ; (xiii) Ruptura de Pendor, é o ponto do perfil da corrente em que há uma mudança brusca de inclinação do talvegue ; (xiv) Cascata, é a queda de água a partir de uma ruptura de pendor e (xv) Desembocadura, é o ponto em que a corrente se descarrega. Uma bacia hidrográfica ou bacia de drenagem de um curso de água refere-se ao conjunto do território e de rios afluentes que fazem a drenagem das águas para esse curso de água estrutural, que costuma desaguar num oceano. Uma bacia hidrográfica pode ser : (i) Exorreica, quando as águas drenam direta ou indiretamente para o mar ; (ii) Endorreica, quando as águas caem em um lago ou mar fechado ; (iii) Criptorreica, quando as águas desaguam no interior de rochas calcárias (são porosas), gerando lagos subterrâneos (grutas) ; (iv) Arreica, quando o rio seca em determinado momento do seu percurso ou quando suas águas se destinam a níveis freáticos. A rede de drenagem ou rede hidrográfica designa os sistemas naturais ou artificiais capazes de drenar água superficial, em geral proveniente das chuvas, que são compostos de canais conectados entre si, e a este conjunto de canais conectados dá-se o nome de rede de drenagem. As redes de drenagem podem ser artificiais ou naturais. Uma rede natural pode ser: dendrítica, rectangular, radial, centrípeta, paralela, cruzada, anelar, complexa, etc.

Corrente de Benguela..........................................................................................................................................................Benguela Current

Courant de Benguela / Corriente de Benguela / Benguelastrom / 本格拉洋流 / Бенгельское течение / Corrente di Benguela /

Corrente oceânica larga que se move para Norte e se forma na zona Este do giro oceânico do Atlântico Sul. Esta corrente que se estende desde o Cabo de Boa Esperança até à região de Benguela (Angola) à volta de 16° S, é induzida pelo vento alísio de Sudeste. Os ventos alísios são ventos superficiais que sopram, regularmente, entre o máximo de pressão subtropical e o mínimo equatorial, um no hemisfério norte (o de nordeste), outro no hemisfério sul o de sudoeste).

Ver: « Corrente Oceânica »

Corrente das Canárias.............................................................................................................................................................Canary Current

Courant des Canaries / Corriente de las Canarias / Canary Current / 加那利洋流 / Канарское течение / Corrente di Canarie /

Corrente de superfície impulsionada pelo vento que faz parte do giro do Atlântico Norte e que se escoa para Sudoeste até ao Senegal, onde ela se desvia para Oeste, para se juntar com Corrente Equatorial do Atlântico Norte.

Ver: « Corrente Oceânica »

Corrente de Contorno................................................................................................................................................................................Contour Current

Corrente de contorno / Corriente de contorno / Kontur Strom / 轮廓电流 / Контурное течение / Corrente di contorno

Corrente oceânica que se escoa segundo linhas isopicnicas (de igual densidade), mais ou menos, paralelamente aos contornos batimétricos. Corrente de água com a mesma densidade que flui ao longo dos contornos da parte inferior do talude continental e que é, muitas vezes, responsável pela deposição dos contornitos. Por vezes chamada Corrente Geostrófica.

Ver: " Efeito de Coriolis "
&
" Movimento de Ekman "
&
" Contornita "

Figura 188 (Corrente de Contorno) - As baixas pressões atmosféricas e as correntes oceânicas tendem a elevar de, mais ou menos, 1 metro a superfície do nível do mar. Ao contrário, as altas pressões atmosféricas e as correntes marinhas divergentes tendem a baixar o nível do mar de, mais ou menos, 1 metro. A água, que se escoa dos altos para os baixos não flui ao longo do declive máximo, mas ao longo de linhas de contorno (linhas que unem pontos de igual valor para um determinado parâmetro) do efeito de Coriolis (*). O efeito de Coriolis corresponde à mudança do curso de qualquer corpo em movimento sobre a superfície terrestre, para a direita, no hemisfério Norte e para a esquerda no hemisfério Sul, devido à direcção rotacional e da velocidade da Terra, a qual próximo do equador é de, mais ou menos, 1 666 km/h, mas que diminuiu em direcção aos pólos). A circulação vertical das correntes oceânicas pode ser induzida tanto pela (i) Acção dos ventos (ressurgência) ou (ii) Pelas diferenças de densidade da água do mar (circulação termohalina). Em certa regiões dos oceanos, a água pode mover-se, verticalmente, para a superfície ou para o fundo do mar como resultado da circulação superficial, dirigida pelos ventos que carrega a água para longe ou em direcção de essas regiões. Este fenómeno de ressurgência (“upwelling” dos autores anglo-saxões) é caracterizado pela ascensão de águas profunda, geralmente, frias e ricas em nutrientes, em determinadas regiões do oceano, que em consequência, têm, em geral, uma alta produtividade primária, o que pode, mais tarde, favorecer o desenvolvimento de rochas-mãe potenciais. Todavia, a grande parte da circulação vertical da água nos oceanos está, principalmente, relacionada com as mudanças de densidade das águas superficiais. Uma aumento de densidade pode ocorrer devido: a) Ao resfriamento da água ; b) Ao excesso de evaporação sobre a precipitação pluvial ou ainda : c) À formação de gelo e consequente aumento de salinidade das águas circunvizinhas. Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do Mar do Norte, é provável que as correntes de contorno, que se escoam ao largo dos sopés das margens continentais das bacias oceânicas e que, em geral, são, relativamente, estreitas e bem definidos, tenham sido as responsáveis da erosão parcial dos cones submarinos de bacia (CST) de determinados ciclos sequência e da redeposição dos sedimentos erodidos, não muito longe, sob a forma de contornitas. A discordância ou a paraconformidade correlativa (que correlaciona, a montante, com a discordância) na base dos cones submarinos de bacia (colorida em vermelho) está associada a uma descida significativa do nível do mar relativo (nível do mar local e referenciado a qualquer ponto da superfície terrestre que seja o fundo do mar ou a base dos sedimentos e que é o resultado da acção combinada do nível do mar eustático ou absoluto, que é o nível do mar global, referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica), que exumou a antiga plataforma continental, transformado-a numa planície costeira e que criou uma série de correntes de turbidez. São estas correntes que são responsáveis da deposição dos cones submarinos de bacia (CSB). Depois da deposição dos cones submarinos de bacia, a acção das correntes de contorno, que não se escoam ao longo das linhas de declive máximo, erodiram, parcialmente, os cones submarinos de bacia (superfície de erosão colorida em azul escuro). Os sedimentos libertados foram transportados pelas correntes de contorno. Os sedimentos mais grosseiros depositaram-se, outra vez, sob a forma estruturas sedimentares monticulares (contornitas), enquanto que a fracção argilosa continuou a ser transportada e dispersada ao longo da base do talude continental. As contornitas diferenciam-se dos cones submarinos de bacia (CSB) pela sua configuração interna paralela inclinada (inclinações de deposição superiores a 10-15°), enquanto que os cones submarinos de bacia têm uma configuração interna paralela, mais ou menos, sub-horizontal. Areias das contornitas não têm matriz argilosa, o que não é o caso das areias dos cones submarinos de bacia. Por outro lado, as contornitas são ricos em minerais pesados, como o zircão, allanite, granada, etc. Mais tarde, tanto os cones submarinos de bacia (CSB) como os contornitas foram fossilizados pelos sedimentos distais e profundos do prisma de nível baixo PNB), que começou a depositar-se desde que o nível relativo do mar começou a subir (em aceleração). Os cones submarinos de talude, que neste autotraço não são visíveis, depositaram-se Oeste da área onde a linha sísmica foi tirada.

(*) Foi no seu artigo “Sur les équations du mouvement relatif des systèmes de corps” (1835) que Gaspar-Gustave Coriolis descreveu, matematicamente, a força que deveria ter o seu nome - a força de Coriolis- que aparece como um componente adicional à força centrífuga, que também é uma força inercial sentida por um corpo em movimento relativo. Uma força inercial é força aparente que age sobre as massas quando elas são observadas a partir de referência não inercial ( as leis de Newton não são verificadas), ou seja, a partir de um ponto de vista em movimento acelerado (em translação ou em rotação).

Corrente de Escape (remoção) ...............................................................................................................................................................Flow-Stripping

Courant de débordement (turbiditos) / Corriente de desborde (turbiditas) / Überlauf Strom (Turbiditen) / 当前的溢出 (浊流) / Приливное течение / Corrente di traboccamento, Corrente di straripamento (torbiditi)

Corrente formada pela parte mais diluída (carregada de material fino) de uma corrente turbidítica que escapa do confinamento topográfico onde ela se escoa. O material transportado por este tipo de corrente deposita-se, em geral, não muito longe do ponto de desvio. Quando esta corrente se forma, ela causa um aumento da relação areia / argila da corrente turbidítica principal.

Ver: " Avulsão "
&
" Depósito de Transbordo "
&
" Cone Submarino do Talude "

Figura 189 (Corrente de Escape, remoção) - Uma corrente turbidítica ou de turbidez é um corrente de densidade subaquosa e turbulenta. A sua densidade é, principalmente, função dos sedimentos (*) que ela transporta por tracção (próximo ou no fundo de uma corrente, quer por rolamento, saltação ou escorregamento) e suspensão. O transporte por suspensão ocorre quando a intensidade de turbulência e a velocidade são maiores, do que a velocidade de deposição, o que quer dizer, que quanto maior for a velocidade de uma corrente, maior é sua capacidade de manter e transportar partículas em suspensão ou por outras palavras, as partículas susceptíveis de serem transportadas por suspensão são as menos densas, as mais pequenas e, as menos esféricas. A grande maioria dos geocientistas admite que uma corrente turbidítica transporta os grãos numa solução composta de água e sedimentos dispersos, mantidos em suspensão por turbulência (quando as partículas se misturam de forma não linear, em oposição ao escoamento laminar). As correntes turbidíticas podem ser provocadas por descidas significativas do nível do mar relativo (nível do mar local e referenciado a qualquer ponto da superfície terrestre que seja o fundo do mar ou a base dos sedimentos e que é o resultado da acção combinada do nível do mar eustático ou absoluto, que é o nível do mar global, referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica), tremores de terra, tempestades, rupturas do talude continental, avalanches subaquática, descarga de rios, etc. Uma vez postas em movimento, estas correntes escoam-se, por gravidade, talude abaixo. Elas podem afectar de maneira significativa a morfologia do fundo do mar, quer erodindo áreas importantes, quer criando canhões submarinos. Igualmente, elas podem, também, depositar enormes quantidades de sedimentos, geralmente, em um forma de leques, que os geocientistas subdividem em cones submarinos de bacia (CSB) e cones submarinos de talude (CST). O esquema geológico ilustrado nesta figura tenta explicar como é que uma corrente turbidítica de escape induz uma avulsão, isto é, uma mudança abrupta e violenta da trajectória da corrente quando ela abandona a anomalia onde ela se escoa (canal turbidítico ou depressão), para tomar um outro trajecto. Este tipo de corrente forma-se, sobretudo, nos cones submarinos de talude (CST) que, normalmente, se sobrepõem aos cones submarinos de bacia, (CSB) quando a corrente turbidítica principal é, mais ou menos, canalizada, pelo depósito dos diques marginais naturais (depósitos de transbordo). À medida que os depósitos de transbordo se depositam eles canalizam, pouco a pouco, as correntes turbidíticas, uma vez que entre os diques marginais naturais se forma uma depressão central, que as correntes turbidíticas seguintes vão utilizar para se escoar para as partes mais profundas da bacia. Com o tempo e mais deposição por transbordamento, a depressão central torna-se sinuosa, visto que a quantidade do material sedimentar transportada pelas correntes diminui. Por vezes, acontece que, na parte mais sinuosa da depressão, devido a alta densidade e velocidade das correntes turbidíticas, a parte mais diluída da corrente se escapa por cima do confinamento topográfico para depositar, uma parte do material argiloso que ela transporta, nas áreas mais baixas entre depósitos de transbordo dos cones submarinos de talude. Quanto uma corrente turbidítica de escape se forma, a corrente principal enriquece-se em areia e mais arenosos serão os lóbulos terminais. Depósitos associados com correntes de escape são muito frequentes, por exemplo, no offshore Monterey (Califórnia), mas também no offshore do Brasil (particularmente na bacia geográfica de Campos), nos quais lóbulos terminais associados formam armadilhas morfológicas importantes para os hidrocarbonetos e têm níveis de rochas-reservatório significativos. Sobre este assunto é importante não esquecer que para P. Vail os cones submarinos estão associados a correntes turbidíticas induzidas por descidas significativas do nível do mar relativo que originou a discordância. Todavia E. Mutti é menos restritivo. Ele considera que se podem formar correspondes turbidítica quando o nível do mar está mais alto que o rebordo da bacia (condições geológica de nível alto) em associação coma as cheias dos rios ou com rupturas por deslizamento do rebordo da bacia. Como ilustrado nestas linha sísmicas, as avulsões são, igualmente, frequentes nos sistemas de deposição fluvial. Todavia, ao contrário de uma corrente turbidítica, uma corrente fluvial necessita de ter um leito, o que implica que que mesmo os primeiros diques marginais naturais fluviais se depositam muito acima do leito ou álveo onde a corrente se escoa, enquanto que os primeiros diques marginais naturais turbidíticos se depositam ao mesmo nível da corrente.

(*) Todo os materiais originados por intemperismo e erosão de rochas e solos que são transportados por agentes geológicos como um rio, vento, gelo, correntes e que se acumula em locais baixos, (sopés de encostas, planícies aluviais ou mesmo grandes bacias sedimentares).

Corrente Geostrófica......................................................................................................................................................................Geostrophic Current

Courant géostrophique / Corriente geostrófica / Geostrophische Strömung / 地转流 / Геострофическое течение / Corrente geostrofico /

Fluxo oceânico no qual o gradiente de pressão é equilibrado pela força de Coriolis. No hemisfério Norte, a direcção de uma corrente geostrófica é paralela às linhas isobáricas (com a mesma pressão atmosférica), com a alta pressão para a direita do fluxo, e a alta pressão para a esquerda no hemisfério Sul.

Ver: « Corrente de contorno »

Corrente do Golfo......................................................................................................................................................................................................................Gulfstream

Courant du Golfe / Corriente del Golfo / Golfstrom / 墨西哥灣暖流 / Гольфстрим / Corrente del Golfo

Corrente oceânica que se inicia entre a Flórida e as Bahamas e que se dilui no Oceano Atlântico à longitude da Gronelândia. Ao largo da Flórida, ela é um autêntico rio, com uma largura entre 80 e 150 km e uma profundidade entre 800 e 1200 m. Ela move-se a uma velocidade de, mais ou menos, 2 m/s e os seus limites são visíveis a olho nu. Ela desloca-se, paralelamente à costa, até ao cabo de Hatteras, para depois, se dirigir para Este formando meandros que, pouco a pouco, se separam da corrente principal formando turbilhões, que têm um tempo de vida entre alguns dias e semanas. Estes turbilhões são o mecanismo principal do afrouxamento e diluição da corrente.

Ver: " Corrente "
&
" Efeito de Coriolis"
&
" Transporte de Ekman"

Figura 190 (Corrente do Golfo) - Embora, a corrente do Golfo seja uma corrente marinha quente de superfície que ladeia a costa Este dos USA, desde o Golfo do México até a parte nordeste do Oceano Atlântico, ela pode, também, ser considerada como uma corrente de densidade. Na realidade, à medida que ela se escoa para o Mar da Noruega, ela arrefece e, pouco a pouco, a sua salinidade aumenta. Na parte norte do Atlântico, alguns dos seus meandros soltam-se, pouco a pouco, da corrente principal para formar turbilhões, mais ou menos, importantes, que podem durar várias semanas. Quando a água da corrente do Golfo chega ao Mar da Noruega, ela sofre um arrefecimento brusco. Como ela já era, relativamente, densa, devido à sua forte salinidade, um tal arrefecimento aumenta ainda mais a sua densidade, o que é, largamente, suficiente para a transformar numa corrente descendente, que mergulha até às partes mais profundas da bacia oceânica. As águas salgadas e arrefecidas mergulham ao nível des altas latitudes do Atlântico Norte (Noruega, Groenlândia e Mar do Labrador) descem para o Sul, a profundidades entre 1 e 3 km, formando a água profundas Atlântico Norte. A ascensão destas águas faz-se, principalmente, por uma mistura vertical em todo o oceano. Estima-se que uma molécula de água gasta cerca de cerca de 1 000 -1 500 anos a fazer todo este circuito. Existem também regiões de formação de água densa no Oceano Antártico, ao nível níveis do mar de Ross e de Weddell (*). Na realidade, é difícil separar a circulação criada, unicamente, pelos gradientes de densidade, das outras fontes de movimento das massas de água, como, por exemplo, o vento e as ou marés . Para estudar essa circulação em grande escala, os geocientistas preferem um conceito melhor definido ou seja, a Circulação Meridional de Inversão ou MOC , que é o acrónimo de "Meridional Overturning Circulation" dos geocientistas anglo-saxões (**). Obviamente, a corrente do Golfo influencia muito o clima. Ela aquece de maneira significativa a parte Norte da Europa. Efectivamente, sem a corrente do Golfo, o Norte da Europa seria muito mais frio. Uma simples comparação entre as temperaturas invernais das cidades europeias e canadianas que se localizam, mais ou menos, à mesma latitude, é muito significativa. Em Madrid, que está à latitude de 50° N, a temperatura média em Janeiro é de 5° C, enquanto que em Edmonton, no Canada, que está à latitude 53° N, em Janeiro, a temperatura média de -15° C. No que diz respeito a origem da corrente do Golfo pode dizer-se: 1) A Corrente das Canárias, que tem a sua origem no promontório de Sagres escoa-se para o sul ao longo da costa africana ; 2) Ao Norte do Arquipélago de Cabo Verde, ela transforma-se na Corrente Equatorial do Norte ou dos Ventos Alísios (de SE), que atravessa o Atlântico paralelamente ao Equador (ao sul do Mar dos Sargaços) ; 3) Esta corrente interage com a costa do Nordeste da América do Sul e divide-se em dois ramos: um passa ao sul do Mar das Caraíbas e outro (chamado Correntes das Antilhas), flui para o norte e Este das Antilhas ; 4) É da junção destes dois ramos, ao norte do estreito da Flórida que se forma a Corrente do Golfo. Muitos antes da expedição de Juan Ponce de León, em 1512 e mesmo antes da viagem de Cristóvão Colombo (1492), a corrente do Golfo era já bem conhecida dos navegadores portugueses (1416-1434), que partiam de Lisboa em direcção à costa africana sem grande dificuldade seguindo a Corrente das Canárias. Todavia, para regressarem a Portugal tinham que fazer a volta do Mar dos Sargaços, isto é, afastavam-se da costa, para ocidente, aproveitando a Corrente Equatorial do Norte, localizada ao sul do Mar dos Sargaços, para ir apanhar, ao norte do mar dos Sargaços, a corrente que os levava aos Açores, isto é a Corrente do Golfo. Com esta técnica os navegadores portugueses continuavam a executar uma série de voltas cada vez mais largas fixando as actuais rotas marítimas convencionais: 1 - Volta da Mina ( actual Gana ) 2 - Volta dos Açores 3 - Volta do Mar dos Sargaços (http://afmata-tropicalia.blogspot.ch/2012/09/ descoberto-pelos-portugueses-ate-se.html). O mar dos Sargaços uma região alongada no meio do Atlântico Norte, com cerca de 1 100 km de largura e 3 200 km de comprimento e se estende de cerca de 70 º O a 40º O, e de 25º N a 35º N, cercada por correntes oceânicas. A oeste, é limitada pela corrente do Golfo ; ao norte, é circundada pela Corrente do Atlântico Norte ; a Este, é limitada pela Corrente das Canárias; e ao sul é circundado pela Corrente Equatorial do Atlântico Norte.

(*) Michèle Fieux, L'océan planétaire, ENSTA, 2010 (ISBN 978-2-7225-0915-3)

(**) Carl Wunsch, 2002- What Is the Thermohaline Circulation? , Science, vol. 298, 8 novembre 2002, p. 1179–1181.


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Ultima actualização : Junho, 2017