Halocinese (tectónica)....................................................................................................................................................................................................................Halokinesis
Halocinèse / Halocinesia, Tectónica salina / Salztektonik / 盐构造 / Соляная тектоника / Tettonica del sale/
Forma de tectónica salífera na qual o fluxo do sal é, unicamente, devido à sua flutuabilidade, ou seja, devido à libertação da energia potencial de gravidade. Em outras palavras, a halocinese é induzida pelo fluxo (lateral e vertical) dos níveis evaporíticos na ausência de qualquer pressão tectónica lateral significativa, isto é, na ausência de um regime tectónico de compressivo. Deformação do sal devido unicamente ao contraste de densidade entre o sal (o sal não se compacta) e os sedimentos na ausência de todo vector tectónico (σt = 0)
Ver: « Descarregamento por erosão »
Hemera (biocron)..................................................................................................................................................................................................................................................Hemera
Héméra / Hémera / Hemera / ヘーメラー / Гемера / Emera/
Caso particular de biocron (distribuição vertical de espécies características dentro de uma zona), que é a duração de desenvolvimento máximo ou acme de uma espécie ou de outro taxón ou da biozona de apogeu.
Ver: «Biocron»
Hemipelágico (sedimento)..............................................................................................................................................................................................Hemipelagic
Hemipélagique (sédiment) / Hemipelágico (sedimento) / Hemipelagischen Sediment / 半深海沉积物 / Гемипелагические осадки / Sedimenti hemipelagic /
Sedimento marinho de transição entre os sedimentos pelágicos finos e terrígenos grosseiros, como a vasa negra (sedimento marinho, de origem orgânica, abissal, formado, principalmente, por carapaças siliciosas de diatomáceas, ou cochas de foraminíferos). Segundo certos geocientistas, os sedimentos hemipelágicos têm mais de 5% de grãos biogénicos e cerca de 40% de material terrígeno siltico. Outros pensam, que pelo menos 25% dos sedimentos hemipelágicos têm dimensões superiores a 5 micrómetros e que eles são de origem terrígena, vulcânica ou nerítica. Em geral, os sedimentos hemipelágicos depositam-se perto das margens continentais.
Ver : « Ambiente Sedimenetar »
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« Abissal »
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«Cone Submarino de Bacia »
Figura 353 (Hemipelágico, sedimento) - A sedimentação pelágica implica a ausência de uma influência de sedimentos terrígenos. Ela corresponde a uma deposição lenta, grão a grão de material produzido, bioquimicamente, nas águas superficiais, que se caracteriza uma sedimentação pelágica por numerosos hiatos, superfícies endurecidas, presença pelotas fecais, laminações a pequena escala, ciclos de estratificação de cré e marga, marcas da ondulação ("ripples marks"), etc. A sedimentação hemipelágica refere-se a estes sedimentos mas com uma influência do material de grão fino terrígeno, ela caracteriza-se por uma redeposição de sedimentos por correntes turbidítica ou correntes submarinas. Para certos geocientistas, os sedimentos hemipelágicos são os que se depositam na plataforma e talude continental. Em geral, eles acumulam-se, rapidamente, e não reagem, quimicamente, com a água do mar, o que permite que os grãos conservem as características das áreas em que eles se formaram. Assim, os sedimentos hemipelágicos depositados perto dos recifes contém abundante material carbonatado, assim como, os depositados perto de vulcões contém muitas cinzas vulcânicas. Para outros geocientistas, como, por exemplo, Bates & Jackson (1987), um sedimento hemipelágico é um sedimento de água profunda que contém uma pequena quantidade de material terrígeno e restos de organismos pelágicos. A génese dos sedimentos hemipelágicos é, muitas vezes, associada a processos de redeposição e incluem material mais fino, pelítico, das correntes turbidíticas que se espalham na planície abissal próximo do sopé continental. Como dizem certos geocientistas, os depósitos hemipelágicos são, na realidade, depósitos pelágicos impuros. Obviamente, é sempre útil precisar em que sentido o termo hemipelágico é utilizado. Ao contrário dos sedimentos hemipelágicos, os pelágicos depositam-se na planície abissal a grande distância dos continentes, isto é, longe dos aportes terrígenos grosseiros e das correntes de turbidez, a partir das quais se depositam os cones submarinos de talude e os cones submarinos de bacia (relativamente próximo dos continentes, uma vez que os sedimentos que os compõem são de origem terrígena). Como nestas áreas, poucos sedimentos clásticos atingem o fundo oceânico, os depósitos pelágicos são, principalmente, formados por constituintes biogénicos, como, os restos dos esqueletos de organismos marinhos. Quando as águas da superfície do mar são férteis em radiolários (organismos unicelulares, colonizadores de habitats aquáticos marinhos e planctónicos, que do ponto de vista da cadeia alimentar, são herbívoros consumidores primários ou produtores quando em associação simbiótica com algas microscópicas), carbonato de cálcio (dos foraminíferos, das algas cocolitoforídas (*) e dos moluscos pterópodes (com apêndices semelhantes a asas para a locomoção), opala (das diatomáceas), eles podem encontra-se nos sedimentos pelágicos. Na tentativa de interpretação geológica de autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do offshore Sul da Costa Rica, o intervalo sísmico constituído por pelos sedimentos hemipelágicos (intervalo superior) é muito mais transparente (praticamente sem reflectores) do que o intervalo subjacente, o qual é constituído por sedimentos pelágicos depositados acima de um soco de natureza basáltica, que não é outra coisa que a crusta oceânica. A fotografia ilustra a alternância de calcários e argilitos da formação dos argilitos de Bowland, na ilha de Man (Scarlett Point), os quais são, muitas vezes, considerados como depósitos hemipelágicos. De facto, na Ilha de Man e no norte de Lancashire, a sucessão do Asbiano ao Brigantiano (na estratigrafia britânica (**), o Viseano é subdividido em cinco subestágios, que de baixo para cima: (i) Chadiano ; (ii) Arundiano ; (iii) Holkeriano ; (iv) Asbiano e (v) Brigantiano) é, em grande parte constituída de fácies de prodelta ou basal, com intercalações de argilito negros, hemipelágicos e turbiditos calcários e ela é incluída na formação argilosa de Bowland. No sul da Ilha de Man, a parte mais baixa do Asbiano desta formação inclui o Membro do Ponto de Scarlett, onde a argila hemipelágica é intercalada com sedimentos de grãos mais grosseiros, incluindo grandes olistolitos (***) de carbonato recifal, introduzido por correntes de turbidez e deslizamentos submarinos da margem da plataforma para o norte.
(*) Distinguem-se das outras algas por possuírem uma carapaça constituída por cerca de 30 escamas de calcite chamadas cocólitos (± 3 μm, 3 × 10-6 m, 3 micrómetros), que são responsáveis pela deposição de cerca de 1,5 milhões de toneladas de calcite nos oceanos em cada ano.
(**) http://earthwise.bgs.ac.uk/index.php/Southern_‘Dinantian’_successions,_Carboniferous,_Northern_England.
(***) Corpos rochosos de sedimentos consolidados, geralmente, de grandes dimensões, que se encontram dentro de uma sucessão sedimentar no seguimento de um deslizamento gravitário ao longo do talude continental de uma bacia sedimentar
Hemipelagito.....................................................................................................................................................................................................................................Hemipelagite
Hemipélagite / Hemipelagito / Hemipelagite (Tiefsee Schlamm) / Hemipelagite(深海泥) / Гемипелагит / Hemipelagite (fango marino profondo) /
Depósito de lama de alto mar, no qual mais de 25% da fração das partículas são mais grossas que 5 micra e que é de origem terrígena, vulcânica ou nerítica.
Ver : « Hipopicnal (fluxo) »
Hiato...................................................................................................................................................................................................................................................................................................Hiatus
Hiatus / Hiato / Hiatus, Pause / 或裂孔 / Разрыв (расщелина) / Iato /
Intervalo de tempo geológico, que num determinado lugar de uma superfície estratigráfica, não é representado por estratos. Se o hiato abrange um intervalo de tempo geológico significativo, ele pode corresponder a uma discordância. Um hiato por sem depósito é definido por biséis (agradação, progradação e somitais) nas suas posições originais e caracteriza um intervalo de tempo durante o qual não houve depósito. Um hiato por erosão é caracterizado por truncaturas. Um hiato por erosão caracteriza o tempo geológico dos estratos que foram erodidos e não a idade da erosão.
Ver: « Sedimentação Lateral »
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« Lacuna »
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« Discordância »
Figura 354 (Hiato) - Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do Mar Cáspio podem reconhecer-se vários tipos de hiato. Além do hiato associado à discordância (sublinhada em vermelho), que corresponde a uma superfície de erosão, induzida por uma descida significativa do nível do mar relativo, que separa dois ciclos estratigráficos, provavelmente, ciclos sequência, existem outros hiatos que não estão associados com uma erosão significativa, mas com uma ausência de deposição. Nesta tentativa de interpretação, as discordâncias (existem várias, mas uma só foi colorida em vermelho) não estão reforçadas pela tectónica (os reflectores que elas separam são, muitas vezes, mais ou menos concordantes). Elas estão representadas por horizontes coloridos em brancos à excepção da discordância sublinhada por uma linha vermelha ondulada. Os reflectores que esta discordância separa não são paralelos entre eles, quer isto dizer, que ela é a única (neste autotraço) em que a descida do nível do mar relativo que a criou é bem visível (sublinhada por superfícies sísmicas que enfatizam a erosão). Embora uma discordância corresponda a uma superfície de erosão, esta, nas linhas sísmicas, reconhece-se, facilmente, unicamente, quando ela foi reforçada pela tectónica ou em lugares particulares, nos quais os sedimentos subjacentes foram removidos por uma corrente rejuvenescida. Com efeito, a erosão associada com as discordâncias (não reforçadas, que muitos geocientistas chamam discordância crípticas) é reconhecida, localmente, como, por exemplo, pelos preenchimentos de vales cavados, perto do rebordo da bacia ou, no talude continental superior, pelo preenchimento de canhões submarinos, onde, muitas vezes, eles se formam. Uma vez que, um geocientista reconhece, localmente, a superfície de erosão (preenchimentos de vales cavados ou canhões submarinos) associada a uma descida significativa do nível do mar relativo, ele pode, praticamente, prolongá-la, para montante e para jusante, seguindo a primeira linha cronostratigráfica que não foi afectada pela erosão das correntes. Uma tal superfície será o limite inferior de um novo ciclo estratigráfico. Na realidade, não só os sedimentos subjacentes a um vale cavado são, em parte, erodidos, o que cria biséis superiores por truncatura, mas também os sedimentos que o preenchem depositam-se por quer biséis de agradação quer por biséis de progradação. Ao nível dos ciclos sequência, perto do rebordo da bacia é, geralmente, fácil de reconhecer os biséis de agradação do prisma de nível baixo (PNB) contra os sedimentos do ciclo sequência subjacente (biséis somitais por truncatura), que a superfície de erosão (discordância) separa. As terminações dos reflectores sísmicos subjacentes a um canhão submarino enfatizam, na maior parte dos casos, a erosão associada a descida do nível do mar relativo. O mesmo sucede com a terminações dos reflectores induzidos pelos sedimentos que preenchem os canhões submarinos. Nesta tentativa de interpretação, por exemplo, reconhece-se o preenchimento progradante de um vale cavado (o intervalo colorido em verde é, provavelmente, o intervalo transgressivo, uma vez que a sua geometria parece, globalmente, ser retrogradante) que foi coberto por um intervalo progradante, que fossiliza um hiato de sem deposição. Tudo isto quer dizer, que o vale cavado está longe do rebordo da bacia, uma vez que os sedimentos que o preenchem não pertencem ao prisma de nível baixo. Efectivamente, quando um vale cavado se forma, relativamente, próximo do rebordo da bacia, ele é, em geral, preenchido ao mesmo tempo que se deposita a parte superior do prisma de nível baixo (PNB), uma vez que o nível do mar antes de inundar a planície costeira inunda os vales cavados mais distais. Não devemos esquecer que um hiato por erosão corresponde ao tempo geológico dos estratos que foram removidos pela erosão e não ao tempo durante o qual a erosão ocorreu, quer isto dizer, se em associação com uma descida significativa do nível do mar relativo, que ocorreu durante o Oligocénico Tardio, um rio cavou um vale dentro dos sedimentos do Cretácico, o hiato por erosão não é Oligocénico, mas Cretácico (são os sedimentos do Cretácico que faltam e não os sedimentos do Oligocénico). As rochas acima de uma discordância reforçada pela tectónica são mais jovens do que as rochas abaixo (a menos que a sequência tenha sido invertida), assim ela representa o tempo durante o qual nenhum sedimento foi preservado em uma região. O registro local desse intervalo de tempo pode encontra-se nas áreas onde a discordância é críptica, uma vez que a erosão se faz em lugares privilegiados ao longo dos cursos de água. O intervalo de tempo geológico não representado é o que os geocientistas chamam hiato.
Hiato de Deposição.................................................................................................................................................................................Depositional Hiatus
Hiatus de déposition / Hiato de depositación / Ablagerungsbedingungen Hiatus / 沉积间断 / Осадочный разрез / Iato deposizionale /
Intervalo de tempo de sem deposição como, por exemplo, o intervalo de tempo durante o qual, num determinado ponto, não houve deposição entre um episódio transgressivo e regressivo de um ciclo sequência (o hiato aumenta para jusante). Sinónimo de Hiato sem deposição que é uma expressão mais correcta. As relações geométricas associadas com um hiato de sem deposição são: (i) Biséis de Agradação ; (ii) Superfícies Basais de Progradação e (iii) Biséis Somitais. Este hiato traduz o intervalo de tempo geológico durante o qual nenhum estrato se depositou na superfície de depósito.
Ver: « Hiato »
&
« Discordância »
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« Superfície da Base das Progradações »
Figura 355 (Hiato de Deposição) - Nesta tentativa de interpretação geológica de um detalhe de um a linha sísmica do Norte do Mar Cáspio, é fácil identificar que um intervalo sísmico progradante (colorido em amarelo), com uma configuração complexa do tipo sigmóide oblíqua (agradação e progradação), fossiliza um intervalo transgressivo (colorido em verde), cuja configuração interna parece paralela, mas na realidade é retrogradante (noutras linhas sísmicas). Este intervalo progradante pode ser subdividido, pelo menos, em dois ciclos estratigráficos, uma vez que um óbvio bisel de agradação costeiro, existe dentro dele, o que permite de pôr em evidência uma descida significativa do nível do mar relativo. O mesmo se reconhece na tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica da depressão do Norte do Cáucaso ilustrada na parte superior esquerda desta figura, na qual o intervalo progradante mais profundo (colorido em castanho escuro) repousa sobre o intervalo subjacente (colorido em azul) por biseis de progradação. O limite entre estes dois intervalos sísmicos corresponde a uma superfície da base das progradações principais, a qual marca um hiato sem deposição (designado também, por certos geocientistas como hiato de deposição). No máximo do episódio transgressivo, a linha da costa encontrava-se, provavelmente, a várias dezenas, ver mesmo centenas, de quilómetros a Este da área aqui interpretada, isto é, deslocada em direcção do continente. Nessa altura, a plataforma continental era muito grande e as condições geológicas eram de nível alto (nível do mar mais alto do que o rebordo da bacia). Próximo do rebordo da bacia, as condições geológicas não só eram de nível alto do mar, mas também de bacia afamada, uma vez que a taxa de sedimentação aí é era, necessariamente, muito pequena. Todavia, nas partes mais proximais da plataforma, isto é, junto do continente, a taxa de sedimentação era, mais ou menos, normal. Na realidade pode dizer-se que ao nível dos ciclos de invasão continental (associados a ciclos eustáticos de 1a ordem, cuja duração é superior a 50 My, desde que o nível do mar absoluto ou eustático (nível do mar global referenciado a um ponto fixo, como, por exemplo o centro da Terra ou a um satélite) começou a descer, uma vez que o volume das bacias oceânicas começou a aumentar, devido à actividade das zonas de subducção de tipo B (Benioff) e às colisões entre as placas litosféricas (zonas de subducção de tipo A ou de Ampferer), a linha da costa começou a deslocar-se, lentamente, para o mar, à medida que os sedimentos se depositavam como uma geometria progradante. Como ilustrado nestas tentativas, os biséis de progradação do intervalo progradante fossilizaram, pouco a pouco, o hiato sem deposição entre os dois intervalos. Este hiato aumenta com a distância à linha da costa, o que quer dizer, que ele atinge o seu acme no máximo da ingressão marinha. Por outras palavras, a diferença de idade entre os sedimentos regressivos (progradantes) e transgressivos (retrogradantes) atravessados num poço de pesquisa, localizado longe da linha da costa (no momento da ingressão máxima) é muito maior do que a diferença de idade entre os mesmos sedimentos quando o poço de pesquisa é localizado mais a montante (mais próximo da costa). A idade da grande maioria dos eventos geológicos, como, por exemplo, a idade de uma discordância (superfície de erosão induzida por uma descida do nível do mar relativo ou seja do nível do mar, local, referenciado à base dos sedimentos ou ao fundo mar) é dada pelo hiato mínimo (mais próximo de uma continuidade de sedimentação) associado com essa superfície. É por isso que a idade mais provável (o que em geologia que dizer a idade mais difícil de refutar) de uma discordância é dada pela idade dos cones submarinos de bacia, induzidos pela descida do nível do mar relativo responsável da superfície da superfície de erosão que caracteriza a discordância. A idade dos cones submarinos de bacia, pode ser dada, mais ou menos correctamente, em termos geológicos, pela idade dos argilitos pelágicos depositados entre os lóbulos turbidíticos. Na realidade, os lóbulos turbidíticos são considerados, geologicamente, instantâneos (horas ou dias), enquanto que o tempo de deposição dos argilitos pelágicos que os separam as camadas arenosas pode ser de dezenas de milhares de anos. Um lóbulo turbidítico é constituído por um estrato (ou camada) com um grande continuidade lateral, grano crescente para cima, com marcas de ondulação, marcas de base de camada, turboglifos e marcas de objectos e uma camada argilosa pelágica (camada E de Bouma). Cada lóbulo turbidítico (camada arenosa e argilosa) é depositado como um único evento, no qual as variações d energia do escoamento gravitário confere à camada feições típicas.
Hiato sem Deposição............................................................................................................................................................Nondepositional Hiatus
Hiatus de non-déposition / Hiato de no-depositación / Non-Ablagerungsbedingungen Hiatus / 非沉积间断 / Неосадочный разрез / Iato non deposizionale /
Hiato associado às superfícies geológicas caracterizadas por uma ausência de deposição. As relações geométricas associadas com um hiato sem deposição são: (i) Biséis de Agradação; (ii) Superfícies Basais de Progradação e (iii) Biséis Somitais. Este hiato traduz o intervalo de tempo geológico durante o qual nenhum estrato se depositou na superfície de depósito. Sinónimo de Hiato de Deposição.
Ver: « Hiato »
&
« Discordância »
&
« Superfície da Base das Progradações »
Figura 356 (Hiato sem Deposição) - De um modo geral, um hiato é uma ruptura ou interrupção na continuidade do registro geológico, como a ausência numa sequência estratigráfica de rochas que, normalmente, deveriam estar presentes, mas nunca foram depositadas ou foram erodidas antes da deposição das camadas sobrejacentes (R. Bates & J. Jackson, 1980). Um hiato sem deposição é muitas vezes considerado como o valor temporal de um episódio de não deposição ou de não deposição e erosão juntos (*). Estes esquemas ilustram diferentes casos de um hiato sem deposição (hiato de deposição para certos geocientistas) em ambientes sedimentares diferentes. A determinação das relações geométricas entre os estratos (ou reflectores sísmicos cronostratigráficos) e as configurações internas dos intervalos separados pelo hiato é muito importante, uma vez que elas podem definir superfícies da base das progradações ou superfícies de terminação dos biséis de agradação, as quais, evidentemente, traduzem histórias geológicas diferentes. No primeiro esquema (1), os sucessivos biséis de progradação (ambiente subaquático) definem uma superfície da base das progradações de um intervalo sedimentar regressivo (**) que fossiliza um hiato sem deposição, o qual aumenta para jusante (para o mar). As terminações superiores dos reflectores deste mesmo intervalo regressivo (ou progradante) definem uma superfície de terminação de biséis somitais (ambiente subaéreo), a qual pode ser ter sido produzida por uma discordância, isto é, por uma descida significativa do nível do mar relativo (superfície de erosão) ou por uma zona de transferência (zona através da qual os sedimentos são transportados sem se depositarem). Na primeira hipótese, o hiato é de erosão, mas na segunda, o hiato é por sem deposição. No segundo esquema (2), as terminações superiores dos reflectores do intervalo progradante (ou regressivo) não são visíveis, por conseguinte, unicamente, o hiato inferior associado à superfície da base das progradações é significativo. O hiato é de sem deposição, uma vez que o intervalo é progradante. É por isso que na estratigrafia sequencial, as superfícies da base das progradações (ambiente subaquático) não são limites dos ciclos estratigráficos, visto que elas não são induzidas por uma descida significativa do nível do mar relativo. Elas não são superfícies de erosão. Todavia, elas podem coincidir com o limite de um ciclo estratigráfico (ciclo sequência ou não), na parte muito distal da bacia, quando as progradações tardias do prisma de nível alto (PNA) podem terminar, directamente, sobre os sedimentos do ciclo estratigráfico subjacente. O terceiro esquema (3) traduz um caso particular, no qual o levantamento (não necessariamente associado a um encurtamento regional (***)) dos sedimentos conformes inferiores não foi suficiente, pelo menos localmente, para os colocar num ambiente subaéreo, o que quer dizer, que eles, praticamente, não foram erodidos. Por outro lado, os biséis de agradação do ciclo sobrejacente fossilizam um hiato de sem deposição e não um hiato de erosão. Os biséis de agradação são, neste caso, biséis de agradação distais que se depositaram num ambiente subaquático. É importante não esquecer que, na estratigrafia sequencial, para haver discordância tem que haver erosão e que para haver erosão os sedimentos têm que ser expostos aos agentes erosivos e que para isso o nível do mar relativo tem que descer abaixo do rebordo da bacia (que, geralmente, está localizado a montante do rebordo continental, quando a bacia tem uma plataforma continental.
(*) Para muitos geocientistas, isto não significa, necessariamente, que nada ocorreu durante tal época mas, simplesmente, que nada foi preservado no registo estratigráfico, o que não é a mesma coisa. Se for verdade, que 80% ou mais de actividade sedimentar de um dado momento e num dado lugar não é registada (lei de Pareto), então pode dizer-se que há um hiato porque, nesse lugar e nessa época, não há material sedimentar que os geocientistas possam estudar, o que não significa que não significa que mas haja material suficiente para ser estudado, noutro lugar. Estas lacunas temporais podem ser grandes (de 0 até Gy). Elas sugerem que pode haver um deposição desprezível ou uma contínua erosão num determinado local.
(**) A expressão intervalo sedimentar regressivo é um pouco redundante. Quase todos os depósitos clásticos são, por definição progradantes, particularmente os depósitos marinhos embora, por vezes, a inclinação das progradações sejam tão pequena, que a larga escala (escala das linhas sísmicas, por exemplo) parecem sub-horizontais. Dentro de um ciclo sequência, por exemplo, salvo os cones submarinos de bacia (CSB) e de talude (CST), que se depositam durante descidas significativas do nível do mar relativo, todos os outros subgrupos de cortejos sedimentares se depositam, durante os períodos de estabilidade do nível do mar relativo, a medida que a linha da costa se desloca para o mar e para cima (progradação e agradação).
(***) O levantamento de uma estrutura salífera diapírica, por exemplo, levanta o sedimentos sobrejacentes, mas não os encurta. Ao contrário, os sedimentos sobrejacentes são alargados, mais ou menos, por falhas normais induzidas por um regime tectónico, local, caracterizado por um elipsóide dos esforços efectivos com σ1 vertical e σ2 = σ3 horizontais e perpendiculares entre si.
Hiato por Erosão......................................................................................................................................................................................................Erosional Hiatus
Hiato por erosão / Hiato por erosión / Erosion-Hiatus / 侵蚀间断 / Эрозионный перерыв / Iato erosivi /
Intervalo total do tempo geológico, que, num determinado lugar, não é representado por estratos ao longo de uma superfície estratigráfica (cronostratigráfica). Se o hiato abranger um intervalo de tempo geológico que pode ser medido correctamente, a superfície estratigráfica corresponde a uma discordância. Um hiato por erosão é sempre associado a estratos, mais ou menos, truncados. O hiato corresponde ao tempo geológico dos estratos que foram removidos pela erosão e não ao tempo em que a erosão ocorreu.
Ver: « Hiato »
&
« Discordância »
&
« Truncatura »
Figura 357 (Hiato por Erosão) - Na tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do offshore da Indonésia, a discordância entre os sedimentos do Paleozóico e do Neogénico é evidente. Esta discordância que, localmente, foi reforçada pela tectónica (discordância angular), criou um hiato por erosão muito grande, uma vez que ela separa sedimentos de idade muito diferente. Pode dizer que na área em que esta linha sísmica for tirada, o hiato é de cerca de 210 My, isto é, o tempo geológico dos estratos que foram, eventualmente, removidos pela erosão. Todavia, é, provável, que uma parte deste hiato corresponda a um hiato por sem deposição. O mesmo sucede na tentativa de interpretação do autotraço de um linha sísmica do Mar Negro, na qual a discordância principal (em vermelho) está reforçada pela tectónica. O carregamento dos cavalgamentos da cintura dobrada parece ter sido o principal responsável discordância de base da bacia de antepaís, a qual, neste exemplo particular, é enfatizada pelos biséis de agradação das terminações dos sedimentos da antefossa que são, grosseiramente, concordantes com a discordância. A presença de diques vulcânicos na parte Sul da linha sísmica sugere um soco, altamente, intrudido, o que anuncia uma possível oceanização da bacia. Nestas tentativas de interpretação é necessário não esquecer que: (i) Uma discordância (reforçada ou não) sublinha sempre uma superfície de erosão (pelo menos na Estratigrafia Sequencial) ; (ii) Uma superfície de erosão é induzida por uma descida significativa do nível do mar relativo, isto é, do nível do mar, local, referenciado à base dos sedimentos ou ao fundo do mar, que põe o nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia, que é o rebordo continental quando as condições geológicas são de nível alto, ou seja quando a bacia tem uma plataforma (*) ; (iii) A descida significativa do nível do mar relativo é induzida pela acção combinada da eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático, que é o nível do mar, global, referenciado ao centro da Terra ou um satélite) e tectónica (subsidência, durante um regime tectónico em extensão ou levantamento, em geral, induzido por um regime tectónico em compressão) ; (iv) A eustasia é, praticamente, sempre preponderante, pelo menos no que diz respeito à ciclicidade da coluna estratigráfica ; (v) As variações do nível do mar absoluto são, em geral, mais rápidas do que as variações tectónicas ; (vi) Dentro de um ciclo tectónico há vários ciclos eustáticos de diferentes ordens temporais (comprimentos de onda tempo), isto é, várias descidas do nível do mar eustático e relativo, e por conseguinte, várias discordâncias ; (vii) As descidas significativas do nível do mar relativo criam superfícies de erosão crípticas ; (vii) A erosão se faz, sobretudo, em associação com a destabilização dos cursos de água e, por isso, ela só é evidente em lugares privilegiados (vales cavados, canhões submarinos, talude continental) ; (viii) Uma discordância é sempre um limite entre dois ciclos estratigráficos ; (vii) O hiato por erosão é dado pelo intervalo de tempo geológico equivalente ao estratos erodidos ; (viii) A idade da discordância (idade da descida do nível do mar relativo) é dada pela idade dos turbiditos associados à descida do nível do mar relativo que a criou, ou seja, a idade do hiato sem deposição mais pequeno entre os sedimentos subjacentes e sobrejacentes à discordância. Obviamente, os resultados micropaleontológicos de um poço de pesquisa perfurado na área reconhecida por estas linhas sísmicas não são suficientes para datar as discordâncias (superfícies de erosão coloridas em vermelho). Tudo o que os resultados micropalentológicos desses poços podem dizer é que as idades serão posterior ao Paleozóico e anterior ao Neogénico (para o autotraço da linha da Indonésia) e posterior ao Mesozóico e anterior ao Neogénico (para o autotraço da linha do Mar Negro). Todavia, se um geocientista diz, por exemplo, que a idade da discordância do autotraço da linha da Indonésia é de, mais ou menos, 60 Ma (Daniano), é porque ele sabe, que na mesma área, um poço de pesquisa reconheceu, por cima de sedimentos do Paleozóico, um intervalo sedimentar turbidítico (cones submarinos de bacia) e que os argilitos pelágicos, entre as camadas turbidíticas arenosas foram datados de, mais ou menos, 60 Ma. Em todos os outros casos, a idade da discordância é uma simples hipótese baseada num eventual correlação com a curva dos dos biséis de agradação propostas por Jan Hardenbol et al. (1998).
(*) Dentro de um ciclo sequência, durante a 2a fase de desenvolvimento do prisma de nível alto (PNA), quando a bacia não tem plataforma continental, uma vez a linha da costa coincide com o rebordo continental, o rebordo da bacia continua a ser o rebordo continental.
Hiato Marinho..........................................................................................................................................................................................................................Marine Hiatus
Hiatus marin / Hiato marino / Marine-Hiatus / 海洋间断 / Морская расщелина / Iato marino /
Hiato num ambiente sedimentar marinho. Este tipo de hiato é, quase sempre, por sem deposição, uma vez que a erosão submarina é, em geral, local, embora ela possa estar associada, a montante, com uma superfície de erosão regional, isto é, com uma discordância.
Ver: « Hiato »
&
« Discordância »
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« Superfície da Base das Progradações »
Figura 358 (Hiato Marinho) - O offshore de Angola corresponde à sobreposição de várias bacias da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980). Na maior parte das linhas sísmicas regionais, acima de um soco que, a maior parte das vezes, corresponde a um conjunto de rochas graníticas do Pré-Câmbrico ou a uma cintura de montanhas dobradas e aplanadas, é possível reconhecer, de baixo par cima, as bacias seguintes: (i) Bacias de tipo rifte que, como o seu nome sugere, são estruturas em extensão (demigrabens) de idade Jurássico Tardio / Cretácico Inferior, que se desenvolveram durante o alongamento do pequeno supercontinente Gondwana, as quais são cobertas por (ii) Uma margem divergente de tipo Atlantico de idade Mesozóico / Cenozóico. A bacias de tipo rifte, que estão preenchidas por sedimentos não marinhos e, muitas vezes lacustres, são anteriores à ruptura da litosfera do pequeno supercontinente. A margem divergente começa por uma acreção vulcânica subaérea (escoamentos de lava que inclinam e se espessam para o mar em direcção dos centros de alastramento), antes que o alastramento passe a ser oceânico com a formação da crusta oceânica (diques vulcânicos com toldo e lavas em travesseiro). Na estratigrafia sequencial, ela corresponde ao ciclo de invasão continental pós-Pangeia (induzido pelo segundo ciclo eustático de 1a ordem do Fanerozóico), dentro do qual duas fases tectónico-sedimentares podem ser reconhecida: (a) Fase transgressiva, de geometria retrogradante, depositada durante a subida do nível do mar absoluto ou eustático (nível do mar global referenciado ao centro da Terra ou a um satélite e (b) Fase regressiva, de geometria progradante, depositada durante a descida do nível do mar absoluto ou eustático. Esta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica deste offshore ilustra um enorme hiato marinho, entre a fase transgressiva e regressiva do ciclo de invasão continental pós-Pangeia, o qual, por definição, aumenta em direcção da bacia. O hiato mínimo ao longo da superfície de base das progradações marca a idade de máxima da ingressão marinha do Cretácico (91,5 Ma, Cenomaniano / Turoniano). A história geológica sugerida por esta tentativa de interpretação é, provavelmente, a seguinte : (i) A crusta litosférica do supercontinente Pangeia foi alongada por um regime tectónico extensivo por falhas normais que criaram bacias de tipo rifte (demigrabens preenchidos por sedimentos não marinhos com vergência oposta) ; (ii) A partir de um determinado momento (quando a espessura da litosfera, por adelgaçamento e injecção de material vulcânico atinge uma espessura de cerca de 10-15 quilómetros), a litosfera não pode mais alongar-se, por falhas normais e, assim, ela rompe-se, por excesso de injecções do manto sublitosférico, individualizando duas grandes placas litosférica (África e América do Sul) ; (iii) A ruptura da litosfera do supercontinente iniciou uma expansão ou alastramento vulcânico (formação de crusta subaérea e depois oceânica nova e do proto-oceano Atlântico Sul) ; (iv) Nas margens dos novos continentes depositou-se, por cima das bacias de tipo-rifte e do soco do pequeno supercontinente Gondwana (parte Sul do supercontinente Pangeia), uma margem continental divergente em associação com um ciclo eustático de 1a ordem, o qual foi o responsável do depósito do ciclo de invasão continental pós-Pangeia ; (v) Este ciclo estratigráfico é formado por duas grandes fases tectónico-estratigráficas: a fase transgressiva e a fase regressiva ; (vi) A fase inferior é a transgressiva, que foi induzida por uma subida do nível do mar eustático provocada pela expansão oceânica (tectonicoeustasia) e, em particular, pela formação de montanhas oceânicas (dorsais oceânicas), que reduziram o volume das bacias oceânicas (a quantidade de água sob todas as suas formas é considerada como constante desde o início da formação da Terra há cerca de 4.5 Ga) ; (vii) Durante a subida do nível do mar absoluto, a linha da costa, assim como os centros de deposição costeiros, globalmente deslocaram-se, pouco a pouco, para o continente ; (viii) Desde que o nível do mar eustático começou a descer, a linha da costa iniciou o seu deslocamento para jusante, fossilizando, progressivamente, a superfície de inundação máxima do Cretácico, a qual sublinha um enorme hiato marinho sem deposição. Nesta tentativa de interpretação é importante reconhecer a desarmonia tectónica induzida pelo horizonte salífero, perto da base da margem divergente. Acima da desarmonia tectónica, os intervalos sedimentares foram deformados (alongados) pela halocinese (σt = 0, ou seja, vector tectónico nulo) e pela tectónica salífera (σt < 0, isto é, quando o vector tectónico é negativo, tracção), enquanto que os intervalos subjacentes à desarmonia não estão deformados de maneira significativa.
Hiperpicnal (fluxo).......................................................................................................................................................................................................................Hyperpycnal
Hyperpycnal / Hiperpicnal (flujo) / Hyperpycnal (Fluss) / Hyperpycnal (流) / Гиперпикнальный поток / Iperpicnal (flusso) /
Corrente de água que é mais densa do que o corpo de água na qual ela entra. Quando uma corrente hiperpicnal entra num corpo de água (oceano, lago, etc.), ela produz, geralmente, uma corrente de turbidez. O padrão de fluxo hiperpicnal é o de um jacto plano.
Ver: « Hipopicnal (fluxo) »
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« Jacto Plano »
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« Jacto Axial »
Hipopicnal (fluxo).............................................................................................................................................................................................................................Hypopycnal
Hypopicnal / Hipopicnal (flujo) / Hypopycnal (Fluss) / Hypopycnal (流) / Гипопикнальный поток / Ipopicnal (flusso) /
Fluxo de água que é mais menos denso do que a do corpo de água no qual ele entra (bacia de recepção). Ao entrar numa bacia de recepção, os sedimentos que transporta uma corrente hipopicnal dispersam-se à superfície da bacia, para, mais tarde, se depositarem, pouco a pouco, no fundo da bacia formando hemipelagitos (depósito profundo no qual mais de 25% da fracção das partículas tem um tamanho superior a 5 micrómetros). O padrão do fluxo é o de um jacto axial.
Ver: « Hiperpicnal »
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« Jacto Plano »
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« Jacto Axial »
Figura 360 (Hipopicnal) - Quando a água de uma corrente carregada de sedimentos entra num outro corpo de água (bacia de recepção), três coisas podem acontecer: (i) A densidade da água do rio pode ser maior do que a densidade da água de recepção (fluxo hiperpicnal) ; (ii) A densidade da água do rio é igual à da água de recepção (fluxo homopicnal) e (iii) A densidade da água do rio é menor do que a densidade da água de recepção (fluxo hipopicnal). Quando o fluxo é hipopicnal, os sedimentos espalham-se à superfície da bacia de recepção e, gradualmente, depositam-se no fundo formando um hemipelagito (depósito de lama de alto mar, no qual mais de 25% da fração das partículas são mais grossas que 5 micra, cuja origem é (*) terrígena, vulcânica ou nerítica). Um escoamento hipopicnal cria-se quando um rio de água pouco densa que entra num corpo de água de alta densidade. Nestas condições, a água do rio, quando entra na bacia de recepção, escoa-se para o largo depositando, progressivamente, as fracções argilosas que ela transportava em suspensão formando, eventualmente, um prodelta. As partículas argilosas deixam de estar suspensas por floculação, isto é, pela aglutinação das partículas devido à criação, pela água do mar, de partículas carregadas negativa e positivamente. Em condição homopicnal, três tipos de jactos podem existir à frente de um canal distributário: (1) Jacto axial, sem atrito com o fundo do corpo de água receptor ; (2) Jacto plano, fluxo com grande velocidade entrando em uma bacia pouco profunda, sofrendo atrito com o fundo do corpo de água receptor ; (3) Pluma flutuante, a água aportada gera plumas (todavia, no começo, na entrada na bacia de recepção, o fluxo é governado por forças gravitacionais, o que pode sugerir um comportamento mais semelhante a jactos). Note que as plumas são fluxos com a flutuabilidade alimentada de maneira contínua, enquanto que os jactos são fluxos com a quantidade de movimento alimentada, continuamente, pela fonte (Crapper, 1977). A quantidade de movimento nos jactos permanece constante ao longo das linhas de fluxo centrais, em qualquer secção transversal, enquanto que nas plumas há um aumento gradual, mantendo, todavia, a flutuabilidade constante. Ambos fluxos se expandem lateralmente através da bacia de recepção. A diferença entre um jacto e uma pluma não tem nada a ver com a turbulência (escoamento de um fluido no qual as partículas, que o fluido transporta, se misturam de forma não linear, isto é, de forma caótica com grande agitação e redemoinhos, em oposição ao fluxo laminar, no qual a lei de Poiseuille não se aplica. De maneira geral, a lei de Poiseuille indica, de maneira teórica a relação entre a taxa de fluxo e a viscosidade do fluido, a diferença de pressão nas extremidades do um canal, o comprimento e o raio do canal. Esta relação é verificada experimentalmente nos canais de pequeno raio e é, frequentemente, utilizada nos viscosímetros porque diz, nomeadamente, que o fluxo é inversamente proporcional à viscosidade. (https://fr.wikipedia.org/wiki/Écoulement_de_Poiseuille). Ambos podem ter um comportamento turbulento ou laminar. Esta fotografia ilustra a desembocadura do rio Rusk no lago Mono que funciona como uma bacia de recepção. A corrente do rio é hipopicnal, o que quer dizer, que a densidade da água do lago Mono é maior do que a densidade da água do rio Rusk. Assim, quando o vale do rio é inundado pelo levantamento do nível do lago, a água doce do rio ao entrar no lago e flutua sobre a água do lago o que torna a área deltaica muito produtiva sob o ponto vista ecológico. Nesta fotografia o edifício deltaico construído pelas águas do rio Rusk é, perfeitamente, visível. Não confunda edifício deltaico com delta, uma vez que a espessura e um delta, raramente, ultrapassa 30-6o metros, enquanto que a espessura de um edifício deltaico, que a superposição, mais ou menos, vertical de muitos deltas, pode atingir milhares de metros.
(*) Para Bates & Jackson (1987), um sedimento hemipelágico é um sedimento de água profunda que contém uma pequena quantidade de material terrígeno e restos de organismos pelágicos. A génese dos sedimentos hemipelágicos é, muitas vezes, associada a processos de redeposição e incluem material mais fino, pelítico, das correntes turbidíticas que se espalham na planície abissal próximo do sopé continental. Os depósitos hemipelágicos são, na realidade, depósitos pelágicos impuros. É, é sempre útil precisar em que sentido o termo hemipelágico é utilizado. Ao contrário dos sedimentos hemipelágicos, os pelágicos depositam-se na planície abissal a grande distância dos continentes, isto é, longe dos aportes terrígenos grosseiros e das correntes de turbidez, a partir das quais se depositam os cones submarinos de talude e os cones submarinos de bacia (relativamente próximo dos continentes, uma vez que os sedimentos que os compõem são de origem terrígena).