Ábaco..................................................................................................................................................................................................................................................................Nomogram

Abaque / Nomografía / Nomogramm / 计算图表 / Номограмма / Nomogramma /

Representação gráfica composta de várias linhas, com diferentes escalas, dispostas de tal maneira, que conectando os valores conhecidos sobre duas linhas um valor desconhecido pode ser lido no ponto de intersecção com outra linha. Um ábaco típico têm três escalas. Duas escalas representam os valores conhecidos. A outra escala é a escala onde o resultado pode ser determinado. As escalas podem ser lineares ou logarítmicas*. Sinónimo de Nomograma.

Ver: " Curva Logística "
&
" Lei de Hubbert "
&
" Janela de Maturação "

Nesta figura, na parte superior direita, um ábaco ou nomograma, como certos geocientistas lhe chamam, é, basicamente, um gráfico que serve para representar equações, com várias variáveis, num plano. Este tipo de representação reduz o cálculo das soluções a uma simples leitura efectuada no ábaco. Neste exemplo, isto quer dizer, que se conhecermos os valores de A (no eixo das abcissas, isto é, a coordenada horizontal, que serve para fixar um ponto num plano) e de B (no eixo das ordenadas, ou seja, a coordenada vertical, que neste caso, serve para fixar um ponto no sistema de coordenadas cartesiano), podemos determinar o valor C unindo os valores de A e B. A maior parte dos ábacos tem um sistema de coordenadas diferente do sistema cartesiano. Os ábacos são muito utilizados na pesquiza petrolífera, onde determinadas propriedades, como a porosidade de uma rocha-reservatório (rocha com características de porosidade e permeabilidade, que permitem a acumulação e circulação de hidrocarbonetos e água) pode ser determinada de maneira indirecta, a partir de valores de outras propriedades medidos nas diagrafias eléctricas. A porosidade de uma rocha-reservatório, que depende, principalmente do : (i) Grau de enterramento, o qual determina, em parte, a compactação ; (ii) Regime térmico e (iii) Percolação de fluídos, pode ser determinada de maneira directa a partir dos testemunhos de sondagem. O ábaco principal desta figura ("Tamanho do Campo Petrolífero" versus "Ordenadação ou Ranking" têm escalas logarítmicas. Ele mostra, de maneira evidente, que a distribuição do tamanho dos campos petrolíferos (mais ou menos, 95% dos campos do mundo) é parabólica (poucos campos gigantes e muitos campos pequenos) e que a soma das reservas atingiu, praticamente, o seu máximo, o que quer dizer que, no inicio do milénio, o pico do petróleo (pico de produção de petróleo)** já não estava muito longe.

(*) O logaritmo é um expoente que nós damos a um número de referência, chamado base, para exprimir um determinado número. Por exemplo, 2 é o logaritmo de 100 na base 10, uma vez que 102 (dez ao quadrado) é igual a 100. Quando o número 10 é utilizado como base, o expoente é um logaritmo comum. Os logaritmos naturais utilizam o número 2,718...., ou seja « e », como base. Este número que é utilizado em todas os ramos da ciência é o valor alcançado numa unidade de tempo por uma unidade de quantidade que cresce sempre a uma taxa igual a ela mesmo. Por exemplo: uma galinha que no dia 1 de Janeiro pese 1 kg e que cresça com uma taxa igual ao seu próprio peso (quando pesa 1,2 kg ela engorda à taxa de 1,2 kg por ano), ao fim de um ano pesara 2,718... kg = e kg. Uma escala logarítmica é uma escala de medição que usa o logaritmo de uma quantidade física em vez da própria quantidade. Uma escala logarítmica simples mostra divisões igualmente espaçadas no eixo vertical de um gráfico marcado com 1, 10, 100, 1000, etc.

(**) Quando o pico de produção de petróleo de um campo é atingido, pode dizer-se que, mais ou menos, metade das reservas já foram produzidas e que o preço da produção aumentará rapidamente. Da mesma maneira, quando a soma global das reservas descobertas não aumenta de maneira significativa, pode dizer-se, que não há praticamente mais campos significativos por descobrir.

Abissal ........................................................................................................................................................................................................................................................................Abyssal

Abyssal / Abisal / Abyssal / 深海的 / Глубоководный / Abissale /

Ambiente sedimentar ou morfologia do fundo do mar caracterizada por uma lâmina de água superior, em geral, a 3500 metros.

Ver: " Batial "
&
" Ambiente Sedimentar "
&
" Lâmina de Água de Plataforma "

Função da lâmina de água e em direcção do mar, como ilustrado nesta figura, vários ambientes sedimentares marinhos, com lâminas de água diferentes, podem reconhecer-se: (i) Litoral ; (ii) Nerítico ; (iii) Batial ; (iv) Abissal e (v) Hadal. Para a maioria dos geocientistas, o ambiente litoral é limitado entre o nível máximo da maré alta (preiamar) e o nível mínimo da maré baixa (baixamar). O limite entre o ambiente batial e abissal varia segundo os geocientistas. Na carta ilustrada no canto inferior esquerdo desta figura, adivinha-se, mais ou menos, a distribuição espacial global do ambiente abissal, cuja profundidade de água é, aqui, admitida como variando entre 3500 e 5000 metros. A profundidade de água não pode ser, correctamente, determinada nas linhas sísmicas convencionais, isto é, nas linhas sísmicas em tempo mas, unicamente, nas suas versões em profundidade, cuja obtenção requere um tratamento especial e, sobretudo, o conhecimento, mais exacto possível das velocidades de intervalo (é por isso que as linhas sísmicas em profundidade são caras e pouco disponíveis). Uma variação abrupta da profundidade água, que é frequentemente visível nas linhas sísmicas dos offshores, como ilustrado, aqui, por uma autotraço de uma linha sísmica regional do offshore Este de Bornéu (Estreito de Makassar). Efectivamente, uma variação abrupta da lâmina de água induz um artefacto ou engano sísmico muito importante, que modifica, substancialmente, a morfologia do fundo do mar e a geometria dos reflectores subjacentes. Isto pode constatar-se comparando o autotraço de versão tempo (em cima) com o autotraço da versão profundidade (em baixo) ilustrados nesta figura. As ondas sísmicas viajam mais lentamente dentro da água, que através dos sedimentos. A velocidades das ondas sísmicas dentro de água varia entre 1,4 e 1,5 km/s, enquanto que dentro de arenitos do Terciário, por exemplo, ela varia entre 2,0 e 2,5 km/s*. Os diferentes limites propostos para os ambientes marinhos não têm nenhuma implicação geológica ou sedimentar. Certos ambientes podem ser subdivididos. O ambiente batial pode subdividir-se em: (a) Batial Superior ; (b) Batial Médio e (c) Batial Inferior. O ambiente hadal, que é caracterizado por uma lâmina de água superior à do ambiente abissal, existe, sobretudo, nas margens continentais convergentes, quando uma placa litosférica oceânica mergulha sob uma placa litosférica continental formando, uma zona de subducção de tipo-B ou zona de Benioff (chamada também zona Wadati-Benioff). É neste ambiente, muito profundo, que se localizam as fossas oceânicas, nas quais, o fundo do mar pode ultrapassar 6 km de profundidade, o que induz anomalias gravitacionais negativas. As fossas oceânicas são, em geral, mais ou menos, paralelas à costa **. Na estratigrafia sequencial, o ambiente abissal é, basicamente, o domínio do grupo de cortejos sedimentares de nível baixo do mar (acrónimo CNB) e, particularmente, do seu subgrupo inferior, quer isto dizer, dos cones submarinos de bacia (CSB). Os cones submarinos de talude (CST), que formam o subgrupo médio do grupo de cortejos de nível baixo (CNB), podem estar presentes, mas, normalmente, eles depositam-se sob uma lâmina de água mais pequena na parte inferior do ambiente batial (ao redor da ruptura de inclinação inferior do talude continental). Dentro de um ciclo-sequência (ciclo estratigráfico induzido por um ciclo eustático de 3a ordem, cuja duração varia entre 0,5 e 3-5 My) os sedimentos distais das progradações, mais jovens, quer do prisma de nível baixo (PNB), que forma subgrupo superior dos cortejos de nível baixo, quer do prisma de nível alto (PNA) depositam-se, em geral, no ambiente abissal, em particular, quando a geometria dos prismas é muito progradante. Os intervalos sedimentares de água profunda do prisma de nível baixo (PNB) e do prisma de nível alto (PNA) correlacionam-se, a montante e em tempo, com depósitos de água pouco profunda depositados ao longo da mesma linha cronostratigráfica (linha tempo ao longo da qual se depositam diferentes sistemas de deposição síncronos e geneticamente ligados, quer isto dizer, que se um sistema de deposição não se deposita, os outros, em geral, também não se depositam). Pode dizer-se, grosseiramente, que ao longo de uma linha cronostratigráfica se deposita um paraciclo-sequência formado por um ou vários cortejos sedimentares, sem esquecer que a deposição se faz, sobretudo, durante o período de estabilidade do nível do mar relativo (nível do mar, local, referenciado a qualquer ponto fixo da superfície terrestre que, geralmente, é o fundo do mar) que ocorre depois de uma subida do nível do mar relativo, ou seja, depois de uma ingressão marinha.

(*) A velocidade das ondas sísmicas varia entre 2,0 e 6,0 km/s nos calcários (função da idade) ; entre 2,5 e 6,5 km/s nas dolomites ; entre 4,5 e 5,0 km/s no sal ; entre 4 e 6,5 km/s na anidrite ; entre 2,0 e 3,5 km/s no gesso ; entre 5,5 e 6,0 km/s no granito ; entre 1,3 e 1,4 km/s no petróleo e ela é cerca de 0,3 km/s no ar.

(**) A costa é a zona limite entre a terra e o mar que se encontra, permanentemente, submetida a transformações induzidas quer pela acção abrasiva das vagas,  quer pelas correntes litorais e de maré e, igualmente, pelas variações do nível do mar relativo (não confundir com o nível do mar absoluto).

Ablação...................................................................................................................................................................................................................................................................Ablation

Ablation / Ablación / Ablation, Abschmelzung / 消融 / Абляция (вымывание) / Ablazione /

Processo pelo qual, num ambiente sedimentar glacial, debaixo da linha da neve, o gelo de um glaciar desaparece, principalmente, por evaporação e fusão. Além da evaporação e fusão, a erosão pelo vento e a glaciofracturação são, igualmente, considerados mecanismos importantes da ablação. O termo ablação aplica-se, também, a toda a perda de neve e gelo de um icebergue.

Ver: "Glaciar "
&
" Linha de Neve "
&
" Campo de Neve "

A glaciofracturação (fracturação de uma massa de gelo, quer seja de um glaciar, icebergue ou plataforma de gelo) e a erosão são, provavelmente, os mecanismos mais importantes da ablação, a qual é controlada pela insolação*, como a teoria astronómica dos paleoclimas o sugere (ciclos de Milankovitch). A evaporação e sublimação (transição de uma fase sólida para uma fase gasosa sem passar pela fase intermediária líquida) desempenharam sempre (em termos geológicos), um papel muito importante na fusão das calotas de gelo e glaciares. Foram elas  que permitiram, entre outras coisas, que uma grande parte dos continentes setentrionais, como o norte do Canadá e Europa, fosse recentemente (tempo geológico) utilizada como área de residência humana. Aqueles que pensam que as mudanças climáticas, ablação, adelgaçamento dos glaciares e mares de gelo, assim como o aumento da quantidade de CO2 na atmosfera, são uma consequência directa e exclusiva da actividade humana mostram uma ignorância total da Geologia. Muito antes que homem existisse à superfície da Terra, as mudanças climáticas, o adelgaçamento e espessamento dos glaciares e as variações do teor de CO2** na atmosfera, existiram sempre na história geológica. Os planos de estratificação das rochas sedimentares correspondem a mudanças climáticas, assim como as moreias terminais e de recessão sublinham o adelgaçamento e espessamento (avanço) dos glaciares. Não esqueça que um glaciar é uma corrente de gelo. Ele existe, unicamente, enquanto houver escoamento, isto é, enquanto a acumulação e ablação se equilibram. Quando a ablação é maior do que a acumulação, um glaciar continua a escoar-se costa abaixo, mas adelgaça-se. Sem mudanças climáticas as variações glacioeustáticas não existiriam e a análise sequencial também não, uma vez que a ciclicidade dos depósitos sedimentares, que é controlada pela eustasia, estaria ausente.

(*) Número de horas durante o período considerado (dia, mês, ano, século, etc.) em que ocorre radiação solar directa, isto é, proveniente do disco solar sem sofrer nem reflexão nem absorcão (Dicionário da Porto Editora).

(**) No Carbonífero Inicial, a concentração de CO2 era, mais ou menos, de 1500 ppm, mas no Carbonífero Médio ela caiu para 320 ppm (a concentração actual é de, mais ou menos, 380 ppm, ou seja, 0,038%). Nos últimos 600 My, unicamente, no Carbonífero e Quaternário, é que a concentração de CO2 na atmosfera foi inferior a 400 ppm. No passado geológico, houve sempre uma maior concentração de CO2 na atmosfera do que actualmente. Durante o Jurássico, a concentração era de 1800 ppm (4 vezes maior do que hoje). Concentrações de 7000 ppm foram as encontradas no Câmbrico. No Ordovícico Tardio, as glaciações foram abundantes, com uma concentração de CO2 de 12 vezes a concentração actual.

Abrasão..............................................................................................................................................................................................................................................................Abrasion

Abrasion / Abrasión / Abrasion, Abtragung / 磨蚀 / Абразия (истирание) / Abrasione /

Raspagem mecânica de uma superfície rochosa por fricção (atrito) entre as rochas e as partículas sedimentares transportadas pelos agentes erosivos (vento, cursos de água, glaciares, ondas do mar, gravidade, etc.). O resultado da fricção é a formação de detritos ou restos de rochas, que são os resíduos que se desorganizaram por atrito.

Ver: " Erosão "
&
" Glaciar "
&
" Restos de Rochas "

A grande maioria das ilhotas do offshore norte de Berwick (norte da Escócia) são rochas "moutonnées", isto é, rochas com uma morfologia semelhante à do dorso de uma ovelha*. Esta morfologia, que é, fortemente, assimétrica, é o resultado de uma importante ablação criada pelo movimento costa abaixo de uma enorme massa de gelo. A assimetria das rochas "moutonnées" é, facilmente, visível na fotografia e no esquema ilustrados nesta figura. A parte mais escarpada sublinha o arrancamento de blocos do substrato rochoso, pelo movimento do gelo. Ela indica o sentido e, em parte, a direcção do movimento da massa de gelo. A direcção do deslocamento é mais fácil de deduzir pelo declive, relativamente, contínuo, do dorso da rocha "moutonnée". No esquema da parte inferior desta figura, ao longo do dorso de uma rocha "moutonnée", que corresponde a um substrato rochoso, mais ou menos, bem polido, existe uma série de estruturas, resultantes da abrasão, que indicam de maneira, mais ou menos, precisa a direcção e sentido do movimento do glaciar: (i) Estrias Glaciárias**, que se encontram em rochas de idades muitos diferentes e que, por isso, permitiram aos geocientistas de reconhecer na história geológica, períodos frios e quentes, isto é, as mudanças climáticas ; (ii) Fracturas Conchoidais ; (iii) Fracturas ; (iv) Traços de Goivas e (v) Lúnulas glaciárias, etc. As lúnulas glaciárias não têm nada a ver com as lúnulas tectónicas, que se formam, com muita frequência, nos planos de estratificação, em particular nos intervalos estratigráficos carbonatados e que sublinham o deslocamento de camada a camada, em particular, quando as rochas são encurtadas (submetidas a um regime tectónico compressivo, σ1 vertical). As lúnulas glaciares, estão associadas a uma abrasão induzida pelo peso e escoamento de uma massa de gelo, no qual o atrito mecânico dos seixos e fragmentos de rocha transportados pelo gelo deixa estrias nas superfícies rochosas lisas e polidas. As lúnulas tectónicas são induzidas pelo peso e deslocamento, em direcção do ápice dos anticlinais, da camada sobrejacente, a quando de um encurtamento (compressão) sedimentar. A montante de uma rocha "moutonnée", a abrasão, por fricção, do glaciar é, relativamente, uniforme.

(*) A origem da expressão "moutonnée" e particularmente de "rocha moutonnée" não tem nada a ver a morfologia em dorso de ovelha, mas sim com a morfologia lisa e polida das perucas utilizadas pela aristocracia do século XVIII. Foi o geólogo suíço Horace-Bénédict de Saussure, que pela primeira vez, em 1786, utilizou a expressão "rocha moutonnée", por analogia com as perucas à moda nessa época em França, as quais eram alisadas com gordura de ovelha (daí o termo "moutonnée") para manter o cabelo do qual elas foram feitas.

(**) A cartografia das estrias glaciárias permite facilmente de localizar, no campo, o centro das calotas glaciárias. Na região do Nisservatn (Telemark, Noruega), por exemplo, onde um dos autores deste glossário fez a sua tese de doutoramento, o centro da antiga calota glaciária foi deduzido pela divergência das estrias glaciárias. Por outro lado, o deslocamento vertical das estrias sublinha uma importante neotectónica induzida, principalmente, pelo levantamento isostático na sequência da fusão do gelo depositado durante a última glaciação.

Abrupto (de berma)...............................................................................................................................................................................................................Beach Scarp

Abrupt de la plage / Escarpa (de playa) / Strand Böschung / 海滩崖 / Откос пляжа (береговой уступ) / Brusco dalla spiaggia /

Escarpa entre dois patamares ou bermas de praia consecutivas. Cada degrau de praia é formado por um patamar (berma) e um abrupto (rampa). Os degraus de praia são, particularmente, frequentes nos arredores do limite superior (à montante) da praia-média. Um grande abrupto (escarpa de praia) existe entre a praia-baixa e a praia-média em associação com o ponto de inflexão, que é o limite jusante da praia-média. Para certos geocientistas, o conjunto da praia-baixa e da praia-média forma a praia propriamente dita. Os abruptos de praia sugerem os níveis de preiamar viva e morta.

Ver: " Ruptura costeira "
&
" Praia "
&
" Intervalo Transgressivo "

A nomenclatura dos elementos geológicos que formam a morfologia do litoral, o qual, para a maior parte dos geocientistas, é a porção da região marinha que abrange a zona atingida pela preiamar e baixamar e cuja extensão espacial depende do declive da costa, está resumida neste modelo geológico. Os abruptos de praia ou abruptos de berma (como, indicado pelo número 7 no esquema ilustrado nesta figura) sublinham o limite superior da praia propriamente dita, a qual corresponde à parte inferior do espraiado ou estrão (espaço entre os limites atingidos pelas marés vivas). Na fotografia (canto superior direito desta figura), a pequena falésia marca a escarpa de praia (número 10 no modelo geológico). O abrupto de praia, localizado na parte interna da praia-média é mal visível nesta fotografia. A área a montante da escarpa de praia (10 neste modelo), limitada entre a linha de deflexão (9), no topo, e o crescente de praia (8), na base, corresponde, mais ou menos, à praia-média, a qual pode ser considerada como uma grande berma de praia definida entre a linha de deflexão (9) e o abrupto de praia (7). Tendo em conta as suas dimensões, pode dizer-se que os abruptos de praia, obviamente, não são visíveis nas linhas sísmicas convencionais (migradas ou não migradas). As dimensões dos abruptos são sempre inferiores à resolução sísmica que, em geral, é superior a 20-30 metros. Quando numa tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica, o/a geocientista, que fez a interpretação, propõe, dentro de um ciclo-sequência, um abrupto de praia, ele está, provavelmente, a confundir um abrupto de praia com a linha da costa ou com o rebordo continental*. Da mesma maneira, as diferentes bermas de praia (5), que limitam, grosseiramente, a praia-média da praia-alta, também não são visíveis nas linhas sísmicas convencionais. Quando elas são propostas numa tentativa de interpretação, o mais provável é que o/a geocientista, responsável da tentativa de interpretação, as confundiu com a retrogradação (sucessão para montante) das diferentes posições da ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição (equivalente, mais ou menos, à linha da costa, sobretudo nas linhas sísmicas), a qual é, particularmente, bem visível dentro do intervalo transgressivo (IT) de um ciclo-sequência ou seja dentro do subgrupo inferior do grupo de cortejos sedimentares de nível alto (CNA). Quando o nível do mar relativo sobe (paraciclo eustático ou ingressão marinha), a linha da costa e a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição são deslocadas para o continente, o que induz a formação de uma superfície ravinamento na topografia pré-existente. É fundamental não confundir nível do mar relativo como o nível do mar absoluto ou eustático. O primeiro é referenciado a qualquer ponto fixo da superfície terrestre, que pode ser o topo da crusta continental (base dos sedimentos) ou o fundo do mar. O segundo, é o nível do mar global referenciado ao centro da Terra ou a um satélite. O nível do mar relativo é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto e da tectónica (levantamento ou subsidência). Durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que segue uma ingressão marinha, gradualmente, a ruptura costeira e a linha da costa (em geral, grosseiramente coincidentes) deslocam-se para jusante (para o mar), uma vez que há deposição e progradação ou, por outras palavras, uma vez que há uma regressão sedimentar. Todavia, elas não alcançam as posições que ocupavam antes da subida do nível do mar relativo, visto que o acarreio terrígeno diminui, devido à inundação do continente (aumento da extensão da plataforma continental). Uma nova subida do nível do mar relativo, desloca, de novo, a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição para montante e uma nova superfície de ravinamento se forma sobre os sedimentos depositados antes. Esta história repete-se até que a subida do nível do mar relativo seja em desaceleração (ingressão marinha mais pequena que a precedente), o que induz o início da deposição do prisma de nível alto (PNA). Assim, pode dizer-se que dentro de um ciclo-sequência, o intervalo transgressivo (IT) cria uma geometria retrogradante que não deve ser confundida com os degraus (3) e abruptos de praia (7) que sublinham, grosso modo, os níveis de preiamar viva e preiamar morta.

(*) Dentro de um ciclo-sequência, durante o depósito do grupo de cortejos de nível baixo (CNB), como a bacia não tem plataforma, os sedimentos depositam na base ou no talude continental. Assim, o rebordo da bacia, que corresponde ao limite superior do talude continental, encontra-se no ciclo-sequência anterior (último rebordo continental do ciclo-sequência precedente). Durante o depósito do grupo de cortejos sedimentares de nível alto (CNA), como a bacia tem uma plataforma continental (intervalo transgressivo e 1a fase de desenvolvimento do prisma de nível alto), o rebordo da bacia corresponde ao limite superior do talude continental, quer isto, corresponde ao rebordo continental.

Acarreio Sedimentar.........................................................................................................................................................................Sediment Supply

Apport sédimentaire / Aporte sedimentario / Sedimentversorgung / 沉积物供给 / Осадочный нанос / Apporto solido /

Quantidade de partículas sólidas transportadas, em geral, por uma combinação da força da gravidade e/ou escoamento de um fluído, para os ambientes de deposição. O acarreio sedimentar é um dos parâmetros que controla os sistemas de deposição. As partículas sedimentares quando depositas formam os sedimentos. Sinónimo de Acarreio Terrígeno e Aporte Sedimentar.

Ver: " Ambiente Sedimentar "
&
" Erosão"
&
" Fluxo Granular "

Esta figura ilustra de maneira esquemática a influência do acarreio sedimentar num sistema de deposição deltaico. Assumindo que todos os outros parâmetros, que controlam um sistema de deposição, isto é, a eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático), a tectónica, o clima, etc., são constantes, a influência do acarreio sedimentar reconhece-se pelos deslocamentos da linha da costa ou da ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, as quais, nas linhas sísmicas podem ser tomadas como coincidentes. Quando o acarreio sedimentar é fraco (esquema superior), como é o caso nas áreas entre os canais distributivos ou distribuidores de um edifício deltaico, para uma série de subidas do nível do mar relativo (as ingressões marinhas tem sempre a mesma amplitude*), sem descidas do nível do mar relativo entre elas, ou seja, para uma série de paraciclos-eustáticos cada vez mais importantes, a linha da costa, com o tempo, desloca-se, globalmente, em direcção do continente. Todavia, no fim de cada ingressão marinha (acréscimo de uma ingressão marinha composta) há um período, mais ou menos, longo de estabilidade do nível do mar relativo durante o qual há deposição à medida que a linha da costa se desloca para o mar. Contudo, como o aporte terrígeno é fraco, a progradação da linha da costa não atinge a posição que ela tinha antes da ingressão marinha. Quando o acarreio sedimentar é forte, como é o caso em frente dos canais distributivos, para a mesma série de subidas do nível do mar relativo (sem descidas do nível do mar relativo entre elas), durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois de cada paraciclo-eustático, a agradação costeira (distância entre o os biséis de agradação costeiros associados) é a mesma que no caso anterior. Todavia, a linha da costa desloca-se para o mar, isto é, ela prograda. Neste caso, as regressões sedimentares são cada vez mais importantes, o que, globalmente, cria um geometria progradante. No terceiro caso (o acarreio sedimentar equilibra a subida do nível do mar relativo), que é pouco frequente, o acarreio sedimentar é tal, que para a mesma série de paraciclos-eustáticos, quer isto dizer, para a mesma agradação costeira, a linha da costa mantém-se, mais ou menos, na mesma posição. Neste caso, não há nem retrogradação (regressões sedimentares cada vez mais pequenas) nem progradação (regressões sedimentares cada vez mais importantes), mas uma estabilização da posição da linha da costa, visto que o acarreio sedimentar equilibra a subida do nível do mar relativo, que corresponde à soma das agradações costeiras dos paraciclos-sequência (conjunto das ingressões marinhas). Quando um/ uma geocientista diz que durante uma “transgressão” a linha da costa se desloca para o continente, ele está a cometer um pequeno erro de linguagem. O conjunto de ingressões marinhas cada vez mais importantes (paraciclos-eustáticos) e das regressões sedimentares cada vez mais pequenas associadas (paraciclos-sequência) foi, colectivamente, chamado transgressões e não transgressão por Cesare Emiliani, em 1992. Em português, uma transgressão é uma invasão gradual do mar sobre as terras (Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa) ou seja, uma ingressão marinha, o que não tem nada a vez com os sedimentos. Os sedimentos costeiros não se depositam durante as subidas do nível do mar relativo, mas durante os períodos de estabilidade do nível do mar relativo entre elas. Todos os depósitos costeiros progradam (para o mar, por definição). Não há sedimentos que vêm do mar (excepção aos transportados pelas correntes litorais). À medida que o nível do mar relativo sobe em aceleração (ingressões marinhas cada vez mais importantes), a extensão espacial da plataforma continental aumenta, uma vez que a linha da costa se desloca para o continente. Um tal deslocamento diminui, normalmente, o acarreio sedimentar tornando-o, por vezes, insuficiente para que durante a deposição, a linha da costa possa atingir a posição que ela tinha antes da subida do mar relativo precedente. Assumindo que o acarreio sedimentar é constante, pode dizer-se que : (i) Quando há aumento da taxa de criação de espaço disponível para os sedimentos (acomodação), ou seja, quando as ingressões marinhas são cada vez mais importantes, há retrogradação e os paraciclos-sequência (depositados durante os períodos de estabilidade do nível do mar relativo), são cada vez mais espessos ou seja, estratocrescentes para cima ; (ii) Quando não há nenhuma alteração da taxa de criação de espaço de disponível (acomodação), a posição da linha da costa mantém-se estável (mais ou menos no mesmo sítio) e a espessura dos paraciclos-sequência é, mais ou menos, constante ; (iii) Quando há uma diminuição da taxa de criação do espaço disponível, há progradação da linha da costa e a espessura dos paraciclos-sequência diminui, que dizer que eles são estratodecrescentes para cima.

(*) Quando as ingressões marinhas tem a mesma amplitude, o nível do mar relativo sobe a velocidade constante (os paraciclos-eustáticos têm a mesma magnitude).

Acarreio Terrígeno.................................................................................................................................................................................Sediment Supply

Apport sédimentaire / Aporte sedimentario / Sedimentversorgung / 沉积物供给 / Осадочный нанос / Apporto solido /

Um dos quatro factores que controlam a geometria dos ciclos estratigráficos e, em particular, dos ciclos-sequência. Os outros três factores principais são: (i) Tectónica ; (ii) Eustasia e (iii) Clima. A interacção entre a tectónica (subsidência ou levantamento do fundo do mar) e a eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático) gera as mudanças do nível do mar relativo, as quais controlam o espaço disponível para os sedimentos (acomodação). O acarreio terrígeno determina quanto do espaço disponível é preenchido. Sinónimo de Acarreio Sedimentar e Aporte Sedimentar.

Ver: " Acomodação "
&
" Regressão (marinha) "
&
" Transgressão (ingressão marinha)"

Quando a relação entre a taxa de criação de espaço disponível para os sedimentos (acomodação) e a taxa de sedimentação é superior a 1 (> 1), os depósitos têm, globalmente, uma geometria progradante e têm um padrão grano e estratocrescente para cima. Eles formam regressões sedimentares cada vez mais importantes. Ao contrário, quando a relação entre a taxa de criação de espaço disponível (acção combinada da tectónica e da eustasia) e a taxa de sedimentação é inferior a 1 (< 1), os sedimentos depositados têm, globalmente, uma geometria retrogradante. Eles formam transgressões sedimentares, isto é, um conjunto de ingressões marinhas cada vez mais importantes e regressões sedimentares associadas cada vez mais pequenas, com um padrão sedimentar grano e estratodecrescente para cima. Quando dentro de um ciclo-sequência, o acarreio sedimentar é constante, uma série de subidas do nível do mar relativo* em aceleração (ingressões marinhas cada vez mais importantes, que correspondem aos segmentos crescentes e côncavos da curva das variações do nível do mar relativo) desenvolve transgressões sedimentares. Globalmente, a linha da costa desloca-se para o continente à medida que a plataforma continental aumenta**. Ao contrário, para uma subida do nível do mar relativo em desaceleração (conjunto de ingressões marinhas cada vez menos importantes), a linha da costa desloca-se para o mar e a extensão da plataforma continental aumenta, progressivamente (segmento da curva das variações do nível do mar relativo crescente e convexo). É o que os/as geocientistas chamam uma regressão sedimentar. Por outras palavras: (i) Quando o aporte terrígeno é suficiente para que a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição se desloque para o mar, desenvolve-se uma regressão sedimentar ; (ii) Quando o acarreio sedimentar não é suficiente produzem-se regressões sedimentares cada vez mais pequenas que, colectivamente, formam transgressões sedimentares. Em ambas as situações, uma criação de espaço disponível para os sedimentos, induzida por uma subida do nível do mar relativo, é necessária. Dentro de um ciclo-sequência, para haver deposição a montante do rebordo da bacia, o nível do mar relativo tem que subir, ou seja, o espaço disponível para os sedimentos tem que aumentar. Todavia, durante as transgressões sedimentares, as subidas do nível do mar relativo são em aceleração, enquanto que durante as regressões sedimentares as subidas relativas do nível do mar são em desaceleração. A cada subida do nível do mar relativo em aceleração, a linha da costa desloca-se para o continente o que aumenta a extensão espacial da plataforma continental. Com o aumento da extensão da plataforma continental, o acarreio terrígeno disponível não é, normalmente, suficiente para que um determinado paraciclo-sequência seja maior que o precedente. No caso das regressões sedimentares, é o contrário. Há sempre mais acarreio sedimentar do que é necessário para preencher o espaço disponível, o que obriga os depósitos costeiros a progradar reduzindo a extensão da plataforma à medida que o nível do mar relativo sobe em desaceleração. Resumindo: (i) Um conjunto de paraciclos-sequência retrogradantes e estratocrescentes para cima resulta de um aumento da taxa de criação de espaço de disponível para cada paraciclo-sequência superior a do acarreio constante de sedimentos ; (ii) Um conjunto de paraciclos-sequência retrogradante, no qual cada paraciclo tem um espessura constante (ingressões marinhas de importância mais ou menos, constante) resulta de uma taxa constante de aumento no espaço de acomodação entre parasequências, mas com uma diminuição da taxa de acarreio sedimentar ; (iii) Um conjunto de paraciclos-sequência agradantes (posição da linha da costa, mais ou menos, constante) resulta de um equilíbrio entre a taxa de acarreio sedimentar e a taxa de aumento da acomodação ; (iv) Um conjunto de paraciclos sequência progradante e estrato decrescentes, par cima, resulta de uma taxa de criação de espaço disponível entre os paraciclos sequência menor do que a taxa constante de acarreio sedimentar (se os paraciclos são estratocrescentes as ingressões são cada vez maiores) ; (v) Um conjunto de paraciclos-sequência progradantes sem agradação resulta de um espaço disponível constante e um acarreio sedimentar continuo ; (vi) Um conjunto de paraciclos-sequência progradantes com uma agradação negativa da linha da costa (regressão forçada) resulta de uma diminuição da taxa de criação de acomodação, mais ou menos, constante.

(*) Nível do mar local e referenciado a qualquer ponto fixo da superfície terrestre, que é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático, o qual é global referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica (subsidência ou levantamento).

(**) O rebordo continental coincide com a linha da costa durante a 2a fase de desenvolvimento do prisma de nível alto (PNA), isto é, particularmente verdadeiro nas linhas sísmicas. Todavia, tendo em linha de conta a resolução sísmica, uma bacia sem plataforma continental, pode na realidade ter uma plataforma continental com uma coluna de água inferior inferior à resolução sísmica. O rebordo da bacia é o rebordo continental quando a bacia tem uma plataforma continental.

Acção das vagas (mar agitado, limite máximo)........................................................................Major Storm Wave Base

Limite maximale d'action des vagues de tempête / Límite máximo de acción de olas de tormenta / Aktion der Wellen (Seegang, Höchstgrenze) / 最大风浪行动 / Максимальное действие штормовых волн / Limite massimo di azione di onde di tempesta /

Quando a acção erosiva das ondas do mar atinge cerca de 50 m ou mais de profundidade de água, o que acontece, sobretudo, durante as fortes tempestades.

Ver: « Acção das Vagas (mar mediamente agitado) »
&
« Nível de Base (de deposição) »
&
« Turbiditos »

Quando o mar está muito agitado, a profundidade da acção erosiva das vagas é tão grande que os sedimentos de uma vasta área do fundo do mar são postos em suspensão tornando-o muito lamacento, como se pode constatar nesta fotografia aérea do Mar Vermelho. A mancha acastanhada que se observa na parte oeste do Mar Vermelho, não deve ser interpretada como nuvens, as quais correspondem, aqui, às manchas brancas. Ela é devido à forte carga sedimentar que o mar tinha no momento em que a fotografia foi tirada. A escala do fenómeno aqui ilustrado é elucidativa do impacto da acção erosiva das vagas quando o mar está muito agitado. Esta acção pode explicar a formação de certas correntes turbidíticas durante períodos geológicos de nível alto do mar (quando o nível do mar relativo está acima do rebordo da bacia, o qual corresponde ao rebordo continental, quando a bacia tem plataforma continental e durante o depósito da 2a fase de desenvolvimento do prisma de nível alto, PNA). Dentro de um ciclo-sequência, induzido por um ciclo eustático de 3a ordem, cuja duração varia entre 0,5 e 3-5 My (milhões de anos), durante o depósito do prisma de nível alto (PNA), mesmo se no início a bacia tem uma plataforma continental (o rebordo da bacia é o rebordo continental), a partir de um determinado momento, a bacia sedimentar não têm mais plataforma continental, uma vez que o rebordo continental coincide, mais ou menos, com a linha da costa (a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição e o rebordo continental são, praticamente, coincidentes). Nestas condições, quando o mar está muito agitado, a acção das vagas erode e remobiliza os depósitos costeiros, contribuindo à formação de correntes de gravidade (correntes de turbidez, que se tornam, mais ou menos, opacas devido as partículas em suspensão), as quais transportam os sedimentos para a planície abissal via o talude continental. Função da quantidade de sedimentos transportados pelas correntes de gravidade, vários tipos de sistemas turbidíticos podem depositar-se no talude inferior e na planície abissal. Emiliano Mutti (1995) considera três tipos de turbiditos principais: (i) Turbiditos de Tipo 1 ; (ii) Turbiditos de Tipo 2 e (iii) Turbiditos de Tipo 3. A quantidade de material arenoso transportado pelas correntes diminui dos turbiditos de Tipo 1 para os turbiditos de Tipo 3. Peter Vail (1988) considera, unicamente, dois tipos de depósitos turbidíticos: (a) Cones Submarinos de Talude (CST) e (b) Cones Submarinos de Bacia (CSB). A grande diferença entre o modelo de P. Vail e o modelo de E. Mutti é que Vail considera, que dentro de um ciclo-sequência, os turbiditos se depositam, unicamente, durante períodos de nível baixo do mar (quando o nível do mar relativo está mais baixo do que o rebordo da bacia) o que não é o caso de E. Mutti. Para P. Vail, os turbiditos estão sempre associados a descidas significativas do nível do mar relativo, isto é, a superfícies de erosão, consideradas como discordâncias (limites de ciclos estratigráficos). Mutti pensa, provavelmente com razão, que os depósitos turbidíticos não são restritos à condições de nível baixo do mar e que eles se podem depositar, igualmente, durante períodos de nível alto, em particular, em associação com fortes tempestades, grandes cheias de rios importantes (subidas rápidas e acentuadas do nível de água com inundações por transbordamento) ou em associação com rupturas (deslizamentos gravitários) do rebordo continental e do talude continental superior. Os depósitos turbidíticos, quer eles sejam associados a condições geológicas de baixo ou alto nível do mar, são os únicos sistemas de deposição que não requerem um aumento de espaço disponível para os sedimentos (acomodação), isto é, eles não requerem uma subida do nível do mar relativo. Quando se fala de nível do mar, deve-se sempre precisar se ele é absoluto (eustático) ou relativo*. O primeiro é global e referenciado a um ponto fixo terrestre (em geral o centro da Terra) ou a um satélite artificial da Terra. O segundo, ou seja, o nível do mar relativo é, local, e referenciado quer ao topo da crusta continental (em geral, a base dos sedimentos) quer ao fundo do mar. O nível do mar absoluto é o resultado da combinação da: i) Tectonicoeustasia que é controlada pela variação do volume das bacias oceânicas em associação com alastramento oceânico no seguimento da ruptura dos supercontinentes ; (ii) Glacioeustasia, que é controlada pela variação de volume de água dos oceanos função da quantidade de gelo (assumindo que a quantidade de água sob todas as suas formas é constante desde a formação da Terra, há cerca de 4,5 Ga) ; (iii) Geoidaleustasia que é controlada pela distribuição da água dos oceanos causada pelas variações do campo da gravidade terrestre e (iv) Aumento estérico do nível do mar ou dilatação térmica dos oceanos, que é controlado pelo aumento da temperatura dos oceanos. O nível do mar relativo é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático e da tectónica (subsidência ou levantamento).

(*) Quando a comunicação social ou um político fala de uma subida do nível do mar sem precisar se ela é do nível do mar relativo ou absoluto, é porque ele quer fazer passar uma falsa mensagem ou porque ele é totalmente ignorante. A "célebre" subida o nível do mar das regiões costeiras de Al Gore, é uma subida do nível do mar relativo e não do nível do mar absoluto (eustático). Ela é induzida por um abaixamento do fundo do mar provocado pelo peso das habitações ou por um excesso de depósito (caso das regiões deltaicas), o que não tem nada  a ver com um eventual aumento do teor de CO2 ou da temperatura.

Acção das vagas (mar agitado, limite médio)..........................................................................................Average Storm Wave

Limite moyenne d'action des vagues de tempête / Acción de olas (mar agitado) / Aktion der Wellen (raue See, Durchschnittsgrenze ) / 平均风浪限制行动 / Средний предел действия штормовых волн / Limite medio di azione di onde di tempesta /

Quando a acção erosiva das vagas (ondas do mar) atinge a profundidade de, mais ou menos, 30 metros, o que quer dizer, que a distância entre duas vagas sucessivas (distância entre duas cristas ou duas cavas consecutivas) é cerca de 60 metros, ou seja, metade do comprimento de onda.

Ver: « Acção das Vagas (mar agitado, limilite máximo) »
&
« Nível de Base (de deposição) »
&
« Variação Do Nível do Mar Relativo »

Quando o mar está agitado, como ilustrado nestas fotografias, ele é, em geral, muito lamacento, visto que ele contém muito material em suspensão arrancado, principalmente, ao fundo do mar pela acção erosiva das vagas. Como nestes exemplos, o comprimento de onda das vagas (distância entre duas cristas ou duas cavas sucessivas) é, mais ou menos, de 40 m, pode dizer-se, que acção erosiva atinge uma profundidade de cerca de 20 m. De facto, num determinado ponto, a profundidade da acção erosiva das vagas é, aproximadamente, metade do comprimento de onda das vagas. A velocidade das ondas varia com a profundidade do fundo mar. Ela corresponde, na realidade, a uma velocidade de fase (velocidade com que um ponto, caracterizado por uma determinada fase numa onda periódica simples, se desloca no espaço). A distinção entre as vagas e a ondulação (deformação da superfície da água dos mares, oceanos o grandes lagos devido a propagação das ondas) é bastante delicada. Grosseiramente, pode-se dizer que a ondulação é uma oscilação de perfil, sensivelmente, sinusoidal, muito regular, ligada a uma depressão móvel, e que se propaga sobre distâncias muito longas, ou seja, principalmente, nos grandes oceanos. Ao contrário, as vagas, que representam o que o certos pescadores portugueses chamam "mar de vento" são oscilações formadas in situ sob a influência de um vento local, à condição que este exceda 1,5 a 2 metros por segundo. As partículas da superfície da água posta em movimento por atrito do vento seguem circunferências, num plano vertical orientado segundo eixo do vento. Estas partículas superficiais transmitem, por fricção, um certo movimento às partículas de água subjacentes, mas o diâmetro dos círculos descritos por elas diminui, exponencialmente, com a profundidade. Fora da zona de rebentação das ondas não são as partículas de água que se movem, mas as cristas e as cavas das ondas, quer isto dizer, a fase da superfície da água (pense ao movimento de um objecto que flutua no mar). A área de rebentação e a zona onde as ondas de oscilação (propagam-se apenas, verticalmente, quando a profundidade é igual ou superior ao comprimento da onda) se transformam em ondas de translação (propagam-se horizontalmente, desde que a lâmina de água é inferior a metade do comprimento da onda). Em termos de estratigrafia sequencial, pode dizer-se, que a acção erosiva das vagas é responsável das superfícies de ravinamento criadas, principalmente, durante os paraciclos-eustáticos que induzem o depósito do intervalo transgressivo (IT) de um ciclo-sequência. Dentro de um ciclo-sequência, o mecanismo de formação de tais superfícies de de ravinamento pode resumir-se da seguinte maneira: (i) Durante o depósito do prisma de nível baixo (PNB) de um ciclo-sequência, os biseis de agradação, embora costeiros, fossilizam o talude continental do ciclo-sequência precedente, uma vez que a bacia não tem plataforma continental, o que quer dizer, que linha da costa, durante o prisma de nível baixo (PNB), não enfatiza um verdadeiro rebordo continental ; (ii) Desde que nível do mar relativo sobe em aceleração, a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição individualiza-se deslocando-se para o continente (ingressão marinha) ; (iii) Uma tal deslocamento da linha da costa inicia uma plataforma continental com uma lâmina de água equivalente à subida do nível do mar relativo ao mesmo tempo que individualiza, a jusante, um novo rebordo da bacia, que corresponde rebordo da plataforma ; (iv) Durante a subida do nível do mar relativo, que aqui é em aceleração, a acção erosiva das vagas produz no fundo do mar uma superfície de ravinamento (pequena erosão) que, mais tarde, é, progressivamente, fossilizada pelos sedimentos que se depositam durante a fase de estabilidade do nível do mar, que ocorre depois da ingressão marinha, isto é, à medida que a linha da costa se desloca para o mar ; (v) A progradação da ruptura costeira e dos sedimentos costeiros associados termina com uma nova subida do nível do mar relativo, em aceleração, que desloca a linha da costa, outra vez, em direcção do continente, criando uma nova superfície de ravinamento ; (vi) Uma novo período de estabilidade do nível do mar relativo se segue ao paraciclo-eustático (não há descida do nível do mar relativo entre os paraciclos-eustáticos), o qual permite de novo deposição, o que obriga a linha da costa a deslocar-se para o mar e assim por diante… até que a nova subida do nível do mar relativo seja em desaceleração (início do prisma de nível alto do ciclo-sequência). O nível do mar é absoluto ou eustático, quando ele é referenciado ao centro da Terra e relativo quando ele referenciado a um qualquer da superfície terrestre, o qual pode ser a base dos sedimentos (topo da crusta continental) ou o fundo mar. O nível do mar relativo é o resultado da combinação do nível do mar absoluto e da tectónica (subsidência ou levantamento)

Acção das vagas (mar calmo)..........................................................................................................................Fair Weather Wave Base

Limite d'action des vagues de beau temps / Acción de olas (mar calmo) / Aktion der Wellen (ruhige See) / 波行动的限制(宁静的海)/ Предел волнового воздействия (спокойное море) / Limite di azione delle onde (mare calmo) /

Quando a acção erosiva das ondas do mar atinge, mais ou menos, a profundidade de 10 metros. Este nível corresponde, aproximadamente, à posição da ruptura (ou quebra) costeira de inclinação da superfície de deposição.

Ver:« Acção das Vagas (mar agitado, limilite máximo) »
&
« Ruptura Costeira (Superfície de Deposição) »
&
« Acção das Vagas (mar muito agitado) »

Quando o mar está calmo, como ilustrado nesta fotografia da praia de Bells, próximo de Melbourne (Austrália), ele é pouco ondulado e o nível de acção erosiva das vagas atinge apenas 5 - 10 m de profundidade. Nestas condições, o mar é, em geral, relativamente límpido, uma vez que a banda do fundo do mar afectada pela acção das ondas é, geralmente, constituída por areia, mais ou menos, grossa. Na falésia ou arriba de praia, visível nesta fotografia, diferentes patamares se podem pôr em evidência na praia propriamente dita (praia-média e praia-baixa). As correntes da ressaca (conjunto da corrente de afluxo e de refluxo para certos geocientistas) são bem visíveis. O promontório ou falésia, isto é, a escarpa íngreme, à beira mar, formada pela acção da erosão marinha e a plataforma de abrasão (região, mais ou menos, aplainada pela acção da vagas) são, facilmente, reconhecidas na parte Norte da costa, embora ela seja mais evidente na fotografia da costa do Algarve (Portugal). A velocidade das ondas do mar é função do comprimento de onda das vagas (L). Quando a profundidade do fundo do mar é maior do que o comprimento de onda, a velocidade é dada por v = (gL / 2π)1/2 = 1,56 L1/2. Se a profundidade do mar (h) é mais pequena do que o comprimento de onda, a velocidade das ondas é dada por v= (g x h)1/2. Quando o mar é calmo, como neste exemplo, a acção das vagas, corresponde, principalmente, a uma lavagem dos sedimentos arenosos e grosseiros do fundo do mar, o quer isto dizer, que não há formação de um superfície de ravinamento, a qual corresponde a uma superfície de erosão submarina na plataforma. Ao contrário das outras superfícies de erosão, as superfícies de ravinamento não estão associadas a descidas do nível do mar relativo, como as discordâncias, mas a subidas do nível do mar relativo (ingressões marinhas). Elas são, sobretudo, associadas aos paraciclos-eustáticos, que induzem o depósito do intervalo transgressivo (IT) de um ciclo-sequência, os quais deslocam para o continente as sucessivas rupturas costeiras de inclinação da superfície de deposição. Em nenhum caso, as superfícies de ravinamento podem ser interpretadas como discordâncias, as quais na estratigrafia sequencial, limitam os pacotes sedimentares depositados durante os ciclos eustáticos. As superfícies de ravinamento podem, facilmente, pôr-se em evidência no campo, pelo estudo das relações geométricas entre os planos de estratificação, mas nas linhas sísmicas elas são difíceis de reconhecer directamente (elas podem ser, unicamente, prognosticadas dentro de um ciclo-sequência, uma vez que elas correspondem aos limites entre os diferentes cortejos sedimentares). Só as discordâncias (superfícies de erosão induzidas por descidas significativas do nível do mar relativo) são visíveis nos dados sísmicos, sobretudo na parte superior do talude continental (preenchimentos de canhões submarinos) e a montante do rebordo da bacia (preenchimento de vales cavados). Na ausência de um reforço das relações geométricas pela tectónica (formação de discordâncias angulares) e de preenchimentos de canhões submarinos e vales cavados, unicamente, o reconhecimento de biséis de agradação verdadeiros (costeiros ou marinhos) permite a identificação dos limites entre os ciclos estratigráficos. É por isso, que na estratigrafia sequencial, as tentativas de interpretação geológica das linhas sísmicas regionais, que ilustram as diferentes províncias fisiográficas (planície costeira, plataforma continental, talude continental e planície abissal) são fundamentais. Quando se fala do nível do mar, deve-se sempre precisar-se se trata do nível do mar absoluto (também chamado nível do mar eustático) ou do nível do mar relativo. O primeiro é global e referenciado a um ponto fixo terrestre (em geral o centro da Terra) ou a um satélite artificial da Terra (actualmente, as medidas do nível do mar absoluto são determinadas a partir dos satélites). O segundo, ou seja, o nível do mar relativo é local e referenciado quer ao topo da crusta continental (em geral, a base dos sedimentos) quer ao fundo do mar. O nível do mar absoluto sobe ou desce em função da: i) Tectonicoeustasia (variação do volume das bacias oceânicas em associação com alastramento oceânico no seguimento da ruptura dos supercontinentes) ; (ii) Glacioeustasia (variação de volume de água dos oceanos função da quantidade de gelo, assumindo que a quantidade de água sob todas as suas formas é constante desde a formação da Terra, há cerca de 4,5 Ga) ; (iii) Geoidaleustasia (distribuição da água dos oceanos causada pelas variações do campo da gravidade terrestre e (iv) Aumento estérico do nível do mar ou dilatação térmica dos oceanos, que é controlado pelo aumento da temperatura dos oceanos. O nível do mar relativo sobe ou desce função da acção combinada do nível do mar absoluto (eustasia) e da tectónica (levantamento ou subsidência).

Achafalaia (lóbulo deltaico)........................................................................................................................................................................................Achafalaya

Achafalaya (lobe deltaïque) / Achafalaya / Achafalaya / Achafalaya / Атчафалая / Achafalaya /

Um dos lóbulos do delta do Mississípi. Durante a construção do edifício deltaico do Mississípi vários lóbulos deltaicos se desenvolveram: (a) Maringoiun ; (b) Teche ; (c) St. Bernardo; (d) Lafourche ; (e) Achafalaya e (vi) O lóbulo actual. Estes lóbulos são a consequência do efeito de pêndulo descrito por G. Dally, no delta do Niger. Este conceito pressupõem que desde que um curso de água deposita um lóbulo, em frente da sua desembocadura, em geral, o espaço disponível para os sedimentos (acomodação) torna-se insuficiente e, naturalmente, o acarreio sedimentar é desviado para um dos flancos do lóbulo depositado, onde há mais espaço disponível.

Ver: " Biostratigrafia "
&
" Biozona "
&
" Fóssil Característico "

O lóbulo deltaico de Atchafalaya (Mississípi) é um delta moderno, que se tornou um delta subaquoso, cerca de 1952 e que adquiriu características subaéreas, mais ou menos, em 1973. Canais distributivos alongados, abandonos e bifurcações de canais são típicos deste lóbulo deltaico. Os ambientes de sedimentação actuais são semelhantes aos de um subdelta e aos dos depósitos de transbordo. Um subdelta não é outra coisa, que um delta secundário induzido por derrames de fendas, quer isto dizer, por um leque sedimentar formado quando uma corrente de água rompe os seus diques marginais naturais e deposita os sedimentos numa planície de inundação. Os sistemas de deposição incluem (i) barras de desembocadura ; (ii) barras distais ; (iii) canais distributivos ; (iv) diques marginais naturais e  (v) planícies de algas perifíticas (que vivem no perifíton, o qual é representado por uma fina camada ou biofilme de alguns milímetros, que actua na interface entre o substrato e a água circundante). Estes ambientes de deposição fazem parte do mais recente subgrupo de cortejo sedimentares de nível alto, o qual parece ter-se formado há cerca de 1500 anos. Cada um dos complexos deltaicos, induzidos pelos deslocamentos laterais do leito do rio (efeito de pêndulo), abrange uma área de cerca de 30000 km2 e tem uma espessura média de cerca de 35 metros. O delta Atchafalaya é o mais jovem dos grandes complexos deltaicos que existem, actualmente, no litoral da Luisiana. Dentro deste complexo, 12 subdeltas, pelo menos,  se formaram durante os últimos 4000 anos (Holocénico). O edifício deltaico do Mississípi é um exemplo típico de um conjunto de deltas digitados, que foi construído, sobretudo, pelo aluvião depositado pelo rio Mississípi ao entrar no Golfo do México. Ele corresponde à sobreposição progradante de um grande número de deltas com uma espessura média de 30-50 m. Assim, como um arranha-céu é uma sobreposição de andares com uma altura média de, mais ou menos, 2,40 metros, um edifício deltaico é uma sobreposição de deltas, cuja espessura média é cerca de 30-50 metros. Em termos de estratigrafia sequencial, um delta é um cortejo sedimentar  formada, principalmente, por quatro sistemas de deposição (litologia e fauna associada), que de montante para jusante são: (a) Siltitos e Argilitos da planície deltaica ; (b) Areias, por vezes, carbonatadas de frente de delta ; (c) Argilitos do prodelta e (d) Argilitos, por vezes, com leques arenosos turbidíticos (turbiditos proximais) da base do prodelta. Estes sistemas de deposição são síncronos e, geneticamente, associados. Isto quer dizer, que se um sistema de deposição não se deposita, em geral, os outros sistemas também não se depositam. Se as camadas inclinadas, para o mar, de um delta (prodelta) não se depositam, num dos outros sistemas sedimentares se deposita igualmente. Um edifício deltaico é um conjunto, mais ou menos, progradante de cortejos sedimentares de idade diferente que, em geral, formam um subgrupo de cortejos sedimentares que pode pertencer a um ou vários ciclos-sequência. O edifício deltaico do Mississípi é caracterizado por: (1) Uma fraca acção das ondas ; (2) Uma quantidade de areia transportada para a praia inferior à areia dispersa no offshore pelas tempestades ; (3) Uma diferença entre a baixamar e a preiamar de cerca de 30 cm, a qual é suficiente para ter um papel importante na sedimentação, uma vez que a inclinação do delta é muito pequena ; (4) Uma forte subsidência, induzida pela compactação* dos sedimentos (30-60 cm / 100 anos). Desde há 7000 anos, os processos de sedimentação deslocaram a linha da costa, para jusante, entre 30 e 80 quilómetros. Várias vezes (mais ou menos, todos os 1000 anos), a corrente principal do rio Mississípi mudou de leito o que criou vários lóbulos deltaicos importantes (cada um parece ter sido iniciado pela captura da corrente principal por um dos seus distributivos): (a) Maringoiun ; (b) Teche ; (c) St. Bernardo ; (d) Lafourche ; (e) Achafalaya e (vi) O actual. O efeito de pêndulo pode também ter sido a causa de certos deslocamento laterais, que criaram ingressões marinhas locais, que não devem ser confundidos com as duas grandes ingressões marinhas que ocorreram nesta região criadas pela glacioeustasia, ou seja: (A) A Ingressão Salobra, quando lagos, baías e lagunas cobriram os sedimentos aluviais da planície deltaica e (B) A Ingressão Marinha, quando a pré-praia dos cordões litorais avançou para o continente. A primeira fez-se, praticamente, sem ravinamento, o qual, na ingressão marinha (B) é muito importante.

(*) A compactação dos sedimentos pode apresentar-se sob dois aspectos: (i) Químico e (ii) Mecânico. A compactação química engloba a dissolução de minerais sob pressão. A compactação mecânica não engloba processos químicos, mas aspectos físicos, como mudança no empacotamento intergranular (diminuição da porosidade da permeabilidade) e a deformação ou quebra de grãos individuais.

Acme (auge, climax).............................................................................................................................................................................................................................................Acme

Acmé / Acme / Höhepunkt / 頂點 / Высшая точка / Acme

O mais alto nível ou grau atingido. O mais alto estágio de desenvolvimento. Em topografia, o acme é o ponto de uma superfície que tem a mais alta elevação em relação a todos os pontos, imediatamente, adjacentes. Em biostratigrafia, o acme (zona de acme, zona de abundância ou zona de pico) é a área de um intervalo estratigráfico, limitada entre a primeira e a última aparição de determinado táxon (numa determinada área), onde o táxon fóssil alcança um nível máximo de abundância. Em biologia, um táxon é cada um dos grupos ou divisões que se utiliza na sistemática biológica para dividir os indivíduos, incluindo género, família, ordem e subordem.

Ver: " Biostratigrafia "
&
" Biozona "
&
" Fóssil Característico "

O termo acme pode ser utilizado em diferentes contextos, mas sempre para designar um alto nível ou estágio de desenvolvimento (apogeu, auge, culminância ou clímax). Topograficamente, como ilustrado pela imagem Google Earth desta fotografia, pode dizer-se que, na cintura dobrada dos Alpes, o pico do Monte Branco é o acme dos Alpes, assim como o pico do Monte Evereste (Pico de Qomolangma), na cintura dobrada dos Himalaias, é o acme do mundo. Da mesma maneira, pode dizer-se, que a fossa oceânica das Marianas, localizada na parte Oeste do Oceano Pacífico, a Este das ilhas Mariana, é o acme da profundidade do mar. Uma fossa oceânica sublinha, numa margem continental convergente, a depressão entre uma placa descendente oceânica e a placa cavalgante quer esta seja de natureza continental ou oceânica. O acme topográfico de cada cadeia ou cintura montanhosa dobrada é, muitas vezes, associado a uma zona de subducção de tipo-A (subducção de Ampferer), enquanto que o acme das fossas oceânicas é sempre associado a uma zona de subducção de tipo-B (subducção de Benioff). Numa zona de subducção de tipo-A, a placa litosférica descendente é sempre de natureza continental, enquanto que numa zona de subducção de tipo-B, a placa descendente é sempre oceânica. Por essa razão, o mecanismo de subducção numa zona de subducção de tipo Ampferer (tipo-A) é muito diferente do que uma zona de subducção de tipo-B (também chamada zona de subducção Wadati-Benioff), uma vez que é muito difícil de fazer mergulhar uma material pouco denso num material de densidade igual ou maior. Na biostratigrafia (ramo da geologia que se ordena a sucessão das rochas sedimentares de acordo com o seu conteúdo paleontológico), como ilustrado no canto inferior esquerdo desta figura, a zona de acme de um táxon* é a zona de máximo desenvolvimento do taxón, entre os limites superior e inferior do taxón. Cada taxón, isto é, cada entidade que agrupa todos os organismos vivos que têm em comum certas características taxonómica ou diagnósticas bem definida, tem sempre uma zona acme, ou seja, uma zona de desenvolvimento máximo entre o limite de aparição e de desaparecimento do táxon. Por exemplo, os Euripterídeos, que são os maiores artrópodes (filo de animais invertebrados que possuem exoesqueleto rígido e vários pares de apêndices articulados, cujo número varia de acordo com a classe) da história Terra, uma vez que eles tinham, mais ou menos, 250 centímetros de comprimento, quando adultos, extinguiram-se há cerca de 250 milhões de anos, no fim do Pérmico. Eles tiveram o seu acme durante o Silúrico e Devónico. Como os fósseis destes escorpiões gigantes se encontram desde o Ordovícico até ao Pérmico, é permitido pensar que eles viveram, mais ou menos, entre 505 e 248 milhões de anos atrás (escala tempo de Harland et al. 1982). Na curva eustática (curva das variações do nível do mar eustático ou absoluto referenciado ao centro da Terra) construída a partir dos biséis de agradação costeiros reconhecidos nas linhas sísmicas regionais e, em particular, nas linhas regionais das margens divergentes (de tipo Atlântico ou não Atlântico), pode dizer-se que : (i) Durante o Paleozóico (ciclo eustático de 1a ordem mais antigo do Fanerozóico), o acme eustático ocorreu no Câmbrico-Ordovícico e (ii) Durante Mesozóico-Cenozóico, que corresponde segundo ciclo eustático de 1a ordem do Fanerozóico, o acme eustático ocorreu durante o Cenomaniano-Turoniano. Foi durante este períodos de nível alto do mar (nível do mar mais alto do que o rebordo do ciclo de invasão continental pós-Pangeia), que o nível do mar ingressou ou invadiu a maior parte dos continentes. Tais ingressões marinhas deslocaram a linha da costa para o continente desenvolvendo, nas partes distais das plataformas continentais, zonas de subalimentação. Estas zonas de fraca taxa de sedimentação, quando influenciadas por correntes marinhas frias ascendentes (ricas em oxigénio e nutrimentos) favoreceram a formação e a preservação da matéria orgânica. Foi nestas zonas de subalimentação que se depositaram rochas argilosas ricas em matéria orgânica, isto é, as rochas-mãe marinhas principais que geraram cerca de 60% das reservas mundiais de hidrocarbonetos (petróleo e gás), tendo em linha de conta que muitas rochas-mãe foram erodidas durante o acme da orogenia Hercínica.

(*) Taxón é o singular de taxa. Todavia, alguns geocientistas de língua portuguesa utilizam taxons ou taxones como plural de táxon. Especialistas da língua portuguesa (http://www.iac.sp.gov.br/publicacoes/agronomico/pdf/542_42_pv2_manihot.pdf) dizem que: “Táxon, de plural taxa (neutro) é grego latinizado (classe) e tem o sentido do “binómio” em sistemática entre os autores de língua inglesa, que também usam a palavra “binomial” para designar não somente o nosso taxonómico, como para se referir ao binómio a±b em matemática. Em português, pode-se, certamente, continuar adoptar táxon (singular) e taxa(plural)”.

Acomodação (sedimentação marinha)........................................................................Accommodation, Space Available

Accommodation / Acomodación / Unterkunft / 可用空间 / Жилое помещение (размещение) / Accomodamento

Espaço disponível para os sedimentos entre o fundo e nível de mar. As variações do espaço disponível são induzidas por mudanças do nível do mar relativo, ou seja, pelos efeitos combinados da: (i) Tectónica (subsidência ou levantamento) ; (ii) Eustasia (tendo em conta as variações do nível do mar induzidas pela precessão e excentricidade) e (iii) Espessura dos sedimentos depositados e não, unicamente, pelas as variações eustáticas (variações do nível do mar, global, referenciadas ao centro da Terra ou a um satélite radar).

Ver: " Mudança do Nível do Mar Relativo "
&
" Lâmina de Água de Plataforma "
&
" Ciclo Estratigráfico "

A acomodação ou espaço disponível para os sedimentos varia com as mudanças do nível do mar relativo. Dentro de um ciclo-sequência, a jusante da linha da costa, a acomodação é marinha, enquanto que a montante da linha da costa, que é, mais ou menos, a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, a acomodação é subaérea (esquema superior desta figura). Quando há uma subida do nível do mar relativo, a lâmina de água aumenta e, em geral, há deposição (sobretudo a montante da ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição), durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois de cada paraciclo eustático ou seja, depois de cada ingressão marinha. Ao contrário, quando há uma descida do nível do mar relativo, a lâmina de água diminui e, em geral, há erosão ou um deslocamento forçado para o mar e para baixo, dos depósitos costeiros (regressão sedimentar forçada), sobretudo, a montante do rebordo da bacia. A erosão ocorre quando a descida do nível do mar relativo é significativa e põe o nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia, que é o rebordo continental durante o intervalo transgressivo (IT) e durante a parte inicial do prisma de nível alto (PNA), ou seja, durante o grupo de cortejos sedimentares de nível alto (CNA). Uma regressão forçada (depósito dos sistemas de deposição descendentes, na terminologia inicial de P. Vail) ocorre quando a descida do nível do mar relativo é insuficiente para exumar a plataforma continental e pôr o nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia. Dentro de um ciclo estratigráfico e, particularmente, dentro de um ciclo-sequência não confunda, o rebordo da bacia que, em geral, corresponde ao rebordo continental com a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, a qual corresponde, grosseiramente, à linha da costa. Durante o depósito dos subgrupos de cortejos de nível baixo (cones submarinos de bacia, cones submarinos de talude e prisma de nível baixo) o rebordo continental da bacia, é o último rebordo continental do ciclo-sequência precedente e os sedimentos depositam-se contra o talude continental. Com excepção dos sistemas de deposição turbidítica, ou seja, exceptuando os cones submarinos de bacia(CSB) e os cones submarinos de talude (CST), que se depositam, segundo P. Vail, quando o nível do mar relativo desce de maneira significativa, isto é, quando a plataforma continental (se ela existia) e a parte superior du talude continental são exumadas, todos os outros subgrupos de cortejos sedimentares, que compõem um ciclo-sequência, se depositam durante os períodos de estabilidade do nível do mar que seguem as ingressões marinhas. ou seja, as subidas do nível do mar relativo. O nível do mar que pode ser relativo e absoluto (eustático) pode subir ou descer em aceleração ou em desaceleração. O nível do mar relativo é local e referenciado a um ponto qualquer da superfície terrestre que, em geral, é o topo da crusta continental (base dos sedimentos) ou o fundo do mar. Ao contrário, o nível do mar absoluto ou eustático é global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite. Num ciclo-sequência, quando o nível do mar relativo sobe em aceleração depositam-se: (i) O prisma de nível baixo (PNB) e (ii) O intervalo transgressivo (IT). Quando ele sobe em desaceleração deposita-se o prisma de nível alto (PNA). Além da acomodação, os outros parâmetros que controlam os sistemas de deposição são: (i) Eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático) ; (ii) Tectónica (subsidência ou levantamento) ; (iii) Acarreio sedimentar e (iv) Clima. O clima é muito importante. As mudanças climáticas são uma realidade que existe desde que a Terra se formou há cerca de 4,5 Ga. Numa coluna sedimentar, toda a alternância entre uma camada ou grupo de camadas de areia e uma camada ou grupo de camadas de argilito (rocha formada de partículas de argila) ou de calcários, é uma consequência, directa ou indirecta, de uma mudança climática, que implica, pelo menos, uma subida do nível do mar relativo (combinação do nível do mar absoluto e da tectónica). Uma discordância (superfície de erosão), que separa os ciclos estratigráficos, os quais são induzidos por ciclos eustáticos, é, muitas vezes, induzida pela glacioeustasia, em particular, quando ela limita ciclos-sequência (induzidos por ciclos eustáticos de 3a ordem, cuja duração varia entre 0,5 e 3-5 My). Entre os paraciclos-sequência (depositados em associação com as ingressões marinhas que caracterizam os paraciclos eustáticos) não há discordâncias, isto é, não há descidas do nível do mar relativo. Os paraciclos-sequência são limitados por superfícies de inundação e de ravinamento. Dentro de um ciclo-sequência, a jusante do rebordo continental, quer ele coincida ou não com o rebordo da bacia, a acomodação (espaço disponível para os sedimentos) é suficiente para a deposição de cones submarinos, aventais sedimentares, depósitos pelágicos (profundidade de água superior a 1000 m) e hemipelágicos (profundidade de água entre 200 e 1000 m).

Acomodação Potencial..............................................................................................................................Potential Accommodation

Accommodation potentielle / Acomodación potencial / Mögliche Akkommodation / 潜在可用空间 / Потенциальное размещение / Accomodamento potenziale /

Espaço, potencialmente, disponível para os sedimentos criado variações do nível do mar relativo (nível do mar local referenciado a um ponto qualquer da superfície terrestre, quer seja o fundo do mar ou a base dos sedimentos). O nível do mar relativo é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático, que é global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica.

Ver: " Mudança do Nível do Mar Relativo "
&
" Lâmina de Água de Plataforma "
&
" Ciclo Estratigráfico "

O espaço disponível para os sedimentos ou acomodação, em particular, a montante do rebordo continental, é o resultado da combinação da curva eustática (curva das variações do nível do mar absoluto ou eustático, como a representada a vermelho nesta figura) e da subsidência (em amarelo no diagrama). Neste exemplo, o nível do mar absoluto ou eustático subiu, em desaceleração, cerca de 30 metros, entre 16 Ma e 1,2 Ma (milhões de anos atrás), para depois descer, cerca de 60 metros, até há 400 ka (mil anos atrás). No início, ele desceu em aceleração, até 800 ka e, depois, em desaceleração, até 400 ka, para depois subir (cerca de 30 metros), em aceleração, até hoje (0 ka). Quando a geometria da curva das variações do nível do mar, quer ele seja relativo ou absoluto é crescente (1a derivada positiva) e côncava (2a derivada positiva), o nível do mar sobe em aceleração (as ingressões marinhas são cada vez mais importantes). Quando a geometria é crescente e convexa, o nível do mar sobe em desaceleração (1a derivada* positiva e 2a derivada negativa). Quando a geometria da curva é decrescente e convexa (1a derivada negativa e 2a derivada negativa), o nível do mar desce em aceleração. Quando a geometria da curva das variações do nível do mar é decrescente e côncava (1a derivada negativa e 2a derivada positiva), o nível do mar desce em desaceleração. A subsidência do rebordo continental aumenta, com o tempo, para o mar de maneira, mais ou menos, linear (como no modelo de deposição de EPR, ou seja, no modelo de “Exploration Production Research” da Exxon). O nível do mar de referência (en azul tracejado) é horizontal. Quando o nível eustático (nível do mar absoluto) sobe (acomodação positiva), o espaço criado na plataforma pela eustasia é aumentado pelo espaço criado pela subsidência. Quando o nível eustático desce (acomodação negativa), o espaço disponível para os sedimentos criado pela subsidência (acomodação positiva) é diminuído do valor negativo da acomodação induzido pela descida eustática. Uma diminuição do espaço disponível para os sedimentos induz erosão. Todavia, é importante considerar se a bacia sedimentar (ciclo estratigráfico considerado) tem uma plataforma continental ou não. No caso de uma bacia com plataforma (quando a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, grosseiramente, a linha da costa está a montante do rebordo continental, que neste caso coincide com o rebordo da bacia), uma subida do nível do mar relativo cria ou aumenta o espaço disponível para os sedimentos (acomodação). Neste caso, haverá deposição função do acarreio sedimentar, durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois de uma ingressão marinha (paraciclo eustático). Se o acarreio sedimentar for suficiente, todo o espaço disponível criado será preenchido e a lâmina de água de deposição manter-se-à, mais ou menos, constante. Se o acarreio sedimentar não for suficiente, para preencher todo o espaço disponível para os sedimentos criado pela subida do nível do mar relativo, haverá deposição, mas a lâmina de água aumentará. Quando a bacia não tem plataforma continental, a linha da costa (mais ou menos a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, sobretudo nas linhas sísmicas) coincide, grosseiramente, com o limite superior do talude continental, o qual marca o rebordo continental. Neste caso, várias hipóteses são possíveis : (a) Se o espaço disponível, criado pela subida do nível do mar relativo, for todo preenchido, a lâmina de água resta nula ; (b) Se espaço disponível não for todo preenchido, forma-se uma lâmina de água ou a lâmina de água aumenta ; (c) Se o espaço disponível é insuficiente, uma parte do acarreio sedimentar depositar-se-á, directamente, no sector superior do talude continental. A acomodação subaérea (ver o esquema superior desta figura) é, para muitos geocientistas, o espaço disponível para os sedimentos fluviais quando a linha baía (limite interno do prisma costeiro de Posamentier e Vail, que inclui depósitos fluviais e de água pouco profunda) migra rio abaixo, na sequência de uma descida do nível do mar relativo. Ela é definida pelo espaço entre o velhos e os novos perfis provisórios de equilíbrio dos rios. Não esqueça que, geralmente, os geocientistas consideram dois níveis do mar: (i) Nível do mar absoluto ou eustático, quando o nível do mar é global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite e (ii) Nível do mar relativo, quando o nível do mar é local e referenciado a um ponto da superfície terrestre que, em geral, é o topo da crusta continental (base dos sedimentos) ou o fundo do mar. Quando o nível do mar é referenciado, localmente, a um ponto do fundo do mar, desde que há uma variação da lateral da lâmina de água (profundidade de água), como, por exemplo, a induzida por uma construção recifal, certos geocientistas falam de descida (local) do nível do mar relativo.

(*) Lembramos que em termos matemáticos que quando um recta inclina para a direita, diz-se que ela tem uma inclinação negativa e que quando ela inclina para a esquerda que ela tem uma inclinação é positiva. A derivada de um ponto (a) de uma curva f (x) é dada pela tangente a esse ponto (a). A derivada de um ponto (a) dessa curva é positiva se a tangente inclina para a esquerda e nesse caso a curva é crescente. Ao contrário, a derivada do ponto (a) é negativa se a tangente nesse ponto (a) inclina para a direita. Nesse caso a curva é decrescente. Resumindo: (i) se f'(a)>0 (primeira derivado no ponto a é positiva), então a curva f(x) é crescente em x=a ; (ii) se f'(a)<0, então a curva  f(x) é decrescente em x=a ; (iii) Por outro lado, se a f''(a)<0 (segunda derivada no ponto é a positiva), então f(x) é convexa em x=a e se f"(a)<0, então f(x) é côncava em x=a.

Acontecimento, Evento (geológico)..................................................................................................................................................................Event

Événement (géologique) / Acontecimiento (geológico) / Geologische Ereignis / 地质事件 / Геологическое событие / Evento geologic

Tudo o que pode suceder e contribuir para a história da Terra. Os acontecimentos geológicos podem ser: (i) Regulares (um cada 100 anos) ; (2) Comuns (um cada 1000 anos) ; (iii) Recorrentes (um cada 1 x 106 anos) ; (iv) Ocasionais (um cada 10 x 106 anos) e (v) Raros (um cada 1 x109 anos). Um acontecimento geológico raro, à escala humana, é um evento comum nos registos estratigráficos.

Ver: « Ciclo Estratigráfico »
&
« Integralidade Sedimentar »
&
« Tempo Geológico »

Para definir quantitativamente o conceito de evento geológico, como um terramoto, uma subida do nível do mar relativo (ingressão marinha), uma erupção vulcânica ou um deslizamento, Gretener (1967) utilizou um jogo de dados. Como um evento natural depende, quase sempre, da ocorrência simultânea de vários factores, a probabilidade de ocorrência de um tal evento é o produto das probabilidades de ocorrência dos diferentes factores. A formação de uma acumulação de petróleo, por exemplo, depende, principalmente, de cinco parâmetros: (i) Rocha-Mãe ; (ii) Armadilha ; (iii) Maturação da Matéria Orgânica das rochas-mãe potenciais ; (iv) Idade da Migração dos hidrocarbonetos em relação a idade de formação da armadilha e (v) Retenção. A probabilidade de descobrir uma acumulação petrolífera (económica ou não) é o produto das probabilidades desses cinco parâmetros. Se a probabilidade de um parâmetro for zero (0), a probabilidade de descoberta será zero (0). Se o parâmetro Rocha-Mãe (presença e maturação da matéria orgânica) for zero (0), isto é, se não existe uma rocha-mãe na região capaz de gerar hidrocarbonetos, o estudo dos outros parâmetros petrolíferos é inútil. É por isso que muitos geocientistas consideram o parâmetro Rocha-Mãe como um parâmetro petrolífero assassino ("Killer Parameter"). Num jogo de dados octaedros (as suas oito faces são triângulos e estão numeradas de 1 a 8), a probabilidade de sair 8 vezes a face 6, quando se lançam todos os dados (oito dados) é de 1 em 2 x 106 de lançamentos. Todavia, quando o número de lançamentos aumenta, a probabilidade de obter um lançamento com oito faces 6 aumenta, também. Teoricamente, como ilustrado nesta figura, há 95% de probabilidade de obter, pelo menos uma vez, oito (8) faces com o número seis num total de cerca de 5 milhões de lançamentos e 95% de probabilidade de não obter, pelo menos uma vez, nenhuma face com o número seis em 13 lançamentos. Tudo isto quer dizer que: (i) À escala humana (tempo de 2-3 gerações), uma pequena probabilidade de ocorrência de um certo evento geológico, é considerada como uma impossibilidade, embora não exista nenhuma lei natural que impeça esse evento de acontecer e (ii) O que é, praticamente, impossível, à escala humana (uma colisão de um asteróide com a Terra, por exemplo) é, unicamente, pouco provável à escala geológica. Para bem compreender o significado e a importância de um acontecimento ou evento geológico, é, igualmente, importante não esquecer que um sistema estratigráfico, como o Silúrico, é ocasional e incompleto. Ele têm numerosas lacunas (períodos sem deposição ou de erosão), o que quer dizer que, em geral, os sistemas estratigráficos não traduzem o intervalo do tempo geológico equivalente, mas, unicamente, o tempo durante o qual ocorreu deposição. A completude sedimentar de um intervalo estratigráfico, que certos geocientistas chamam integralidade sedimentar (razão entre o tempo real de deposição e o tempo total do intervalo) e a preservação de um depósito são elementos importantes. Todos os geocientistas sabem que a completude sedimentar de uma camada turbidítica é, mais ou menos, de 1, enquanto que a de um argilito pelágico é, largamente, inferior 1. Uma laminação de um depósito de praia deposita-se, mais ou menos, em um segundo. Uma camada de estratificação cruzada (camada HCS), característica dos depósitos de tempestade, deposita-se em poucos minutos. Uma camada turbidítica deposita-se em poucas horas. Os depósitos de inundação, como os Scablands do Canadá (depósitos e erosões associadas às inundações provocadas pela ruptura da retenção dos lagos localizados atrás dos glaciares do Pliocénico- Pleistocénico), depositam-se em algumas semanas. As varvas glaciárias depositam-se em um ano. Um centímetro de sedimentos pelágicos deposita-se em cerca de 103 anos. Um subciclo de invasão continental deposita-se entre 10 e 20 x 106 anos. Um ciclo de invasão continental deposita-se em 100 e 200 x 106 anos. Imaginemos um intervalo estratigráfico composto por 100 camadas de turbiditos e argilitos pelágicos, onde cada camada turbidítica tem uma espessura de 10 cm e cada camada pelágica tem uma espessura de 5 cm. A espessura total será de 1500 cm. Uma vez que a velocidade média de deposição dos argilitos pelágicos é de mais ou menos, 5 cm / 1000 anos e as correntes turbidíticas são eventos estratigráficos instantâneos, podemos dizer: (i) O tempo de depósito total é de 100 ky ; (ii) A frequência das correntes turbidíticas é de 1 ky ; (iii) Dois terços do intervalo sedimentar foram depositados por eventos instantâneos cuja frequência é de um evento por mil anos ; Em 10 milhões de anos, 10 mil eventos geologicamente instantâneos podem depositar uma seção de 1500 metros de espessura.

Acreção (litosfera, linha da costa)................................................................................................................................................................................Accretion

Accrétion / Acreción / Anlagerung, Zuwachs / 增加 / Аккреция (нанос смытой породы) / Accrezione

Processo pelo qual material terrestre é adicionado a uma placa litosférica ou a um continente. O material adicionado pode ser sedimentar, vulcânico (subaéreo ou oceânico) ou ígneo. Dois tipos de acreção são possíveis: (i) Acreção associada com a tectónica das placas litosféricas e (ii) Acreção associada com a evolução da linha da costa (gradual aumento de terreno, no litoral, devido ao acarreio fluvial, à acção das marés, das correntes ou do vento), e à acumulação de depósitos aluviais.

Ver: " Subducção de tipo-A "
&
" Barra de Meandro (fóssil) "
&
" Moreia "

Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço Canvas de uma linha sísmica do offshore da Namíbia (margem continental divergente tipo Atlântico depositada sobre bacias de tipo rifte ou sobre um soco Pré-Câmbrico ou Paleozóico), uma acreção lateral vulcânica (subaérea) seguida de uma acreção sedimentar clástica do Oeste do continente africano é, perfeitamente, visível. Antes dos resultados dos poços de pesquisa petrolífera perfurados nesta região, um dos quais foi localizado, praticamente, na linha sísmica deste autotraço, muitos geocientistas pensavam, que o intervalo sísmico inferior (em violeta nesta tentativa de interpretação), que é caracterizado por reflectores, mais ou menos, contínuos e inclinados para o mar (“SDR”, en inglês, acrónimo de "Seaward Dipping Reflector”), correspondia a uma bacia do tipo rifte e não à parte inferior da margem divergente do Este do Atlântico Sul. Os resultados dos poços corroboraram que a discordância (BUU), induzida pela ruptura do pequeno supercontinente Gondwana, a qual individualizou o continente africano, corresponde, localmente, à interface entre o soco (cadeia de montanhas do Paleozóico, mais ou menos, aplanada) e a base do intervalo vulcânico (“SDRs”) o qual é, basicamente, constituído por lavas subaéreas. Actualmente, a grande maioria dos geocientistas pensa que a história geológica, mais provável, desta área se pode resumir da maneira seguinte: (i) Alongamento do pequeno supercontinente Gondwana por um sistema de falhas normais e formação de bacias de tipo rifte do Jurássico Terminal-Cretácico Inicial, as quais têm não só uma geometria de demigraben mas, igualmente, uma vergência Este (as bacias de tipo rifte não são visíveis neste autotraço) ; (ii) Preenchimento das bacias de tipo rifte por sedimentos não-marinhos, dentro do quais se encontram intervalos sedimentares lacustres ricos em matéria orgânica (rochas-mãe potenciais), inclinando para Oeste, isto é, ao contrário da inclinação do intervalo violeta deste auto traço (SDRs, lavas subaéreas) ; (iii) Ruptura da litosfera do pequeno supercontinente Gondwana e individualização de duas placas litosféricas (placa da América do Sul e placa Africana) acompanhada de um importante derrame de lavas, em direcção das margens a partir de centros de expansão subaérea (vulcões e diques vulcânicos localizados ao longo da zona de ruptura) ; (iv) Acreção das margens por lavas subaéreas (alastramento vulcânico subaério), as quais se adelgaçam em direcção dos continentes à medida que elas se afastam dos centros de alastramento (vulcões) ; (v) Afundamento diferencial das margens em direcção do proto-oceano, formado entre elas, e início da acreção ou alastramento oceânico, ou seja, alastramento por formação de crusta oceânica seguida do depósito do prisma sedimentar. Como a escala vertical da linha sísmica original, assim como a do autotraço, é em tempo, a profundidade de água tem que ser corrigida para se obter um geometria da margem e sobretudo do fundo do mar mais próxima da realidade. Numa versão em profundidade da linha sísmica original, a geometria da margem será mais semelhante à de uma secção geológica convencional. Os reflectores sísmicos, sobretudo os da parte ocidental da linha sísmica, num autotraço em profundidade, inclinarão, muito menos, para Oeste do que é aqui ilustrado (em tempo). Eles podem mesmo inclinar para Este, sobretudo os mais profundos, como se observa, praticamente, em todas as linhas sísmicas regionais em profundidade dos offshores das margens divergentes (quer elas sejam de tipo Atlântico ou de tipo não Atlântico). Isto é, particularmente, verdadeiro, quando a profundidade da lâmina de água varia, de maneira abrupta, em direcção da planície abissal. Esta geometria, das margens divergentes de tipo Atlântico (contexto tectónico extensivo) ou de tipo não Atlântico (contexto tectónico compressivo) é, muitas vezes esquecida, por certos geocientistas, o que pode ter implicações desastrosas, em particular, na pesquisa petrolífera, onde a definição da armadilha, a apreciação ou avaliação da maturação da matéria orgânica das rochas-mãe potenciais, assim como a direcção de migração dos hidrocarbonetos são essenciais. A tentativa de interpretação proposta neste autotraço foi feita em subciclos de invasão continental, induzidos por ciclos eustáticos de 2a ordem, cuja duração varia entre 3-5 My e 50 My. Os subciclos de invasão continental considerados são limitados por discordâncias (SB. 68 Ma ; SB. 49,5 Ma ; SB. 30 Ma ; SB. 10,5 Ma e SB. 5,5 Ma), ou seja, por superfícies de erosão induzidas por descidas significativas do nível do mar relativo que puseram o nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia e que, localmente, criaram canhões submarinos importantes, como o visível ao nível da discordância SB. 30 Ma. Dentro de cada um dos subciclos de invasão continental considerados, vários ciclos-sequência podem ser individualizados.

Actualismo...............................................................................................................................................................................................................................................Actualism

Actualisme / Actualismo / Aktualismus / Actualism / Актуализм (актуалистический метод) / Attualismo /

Hipótese segundo a qual os processos geológicos que se exerceram no Passado se exercem ainda Actualmente. Esta hipótese, conhecida também por Uniformitarismo, é, muitas vezes, resumida pelo adágio : "O Presente é a chave do Passado". O actualismo, que é incompatível com certas crenças religiosas, em particular, com o Criacionismo, opõe-se ao catastrofismo. Sinónimo de Uniformitarismo.

Ver: " Catastrofismo (princípio) "
&
" Princípio Geológico "
&
" Princípio do Uniformitarismo

O conceito clássico de uma Terra jovem, avançado e sobretudo defendido, por certas comunidades religiosas, para quem a Terra é velha de unicamente cerca de 6000 anos, uma vez que Deus criou Adão no paraíso em 4004 anos antes de Cristo, foi totalmente refutado por uma série de métodos científicos, isto é, métodos testáveis pelo critério de falsificação Karl Popper (1934), o qual não é um critério de verdade, mas de cientificidade*. A descoberta do Tempo Geológico ou Tempo Profundo (segundo a expressão de McPheee, 1980) e da idade da Terra (mais ou menos 4,5 Ga) provocou uma imensa restrição à importância do homem e permitiu aos geocientistas de conceber a história da Terra de uma maneira, totalmente, diferente. Na realidade, com a imensidade do tempo geológico, processos e mecanismos tais como a erosão (desgaste das rochas e solos pelo vento e água), a sedimentação (depósito de sedimentos), o encurtamento sedimentar (levantamento por compressão), etc., puderam, perfeitamente, ter moldado a Terra e explicar a sua aparência actual. Esta hipótese defendida e resumida por Lyell pelo célebre slogan "O Presente é a chave do Passado" contém a ideia básica do Actualismo, isto é, da hipótese que a Terra foi moldada, de maneira gradual, por processos e forças que ainda actuam hoje. Esta teoria, que foi formulada, antes de Lyell, por Buffon**, contrasta com o Catastrofismo (Terra moldada por eventos únicos e catastróficos, tais como o Dilúvio ou uma colisão com um asteróide), está ilustrada nesta figura. Os meandros, os canais abandonados,as barras de meandro, etc, que hoje se observam na maior parte das planícies aluviais são descritos por modelos*** que podem ser utilizados, de maneira satisfatória, para descrever objectos geológicos antigos, como os da fotografia no canto inferior esquerdo.

(*)  A cientificidade para Karl Popper é algo que não pode ser verdade, que tem que ser ambíguo e que implica sempre uma refutação. Thomas Samuel Kuhn considera a cientificidade a melhor aproximação possível da verdade, enquanto que para Boaventura Sousa Santos (http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=135&doc=10200&IDML=2) é algo que posto ao serviço da humanidade pode ajudar a dar sentido à vida de cada um. Para certos geocientistas a cientificidade é a descrição tal e qual da realidade, enquanto para outros pode ser as teorias fantásticas resultantes da observação e correlação com determinados factos.

(**) Georges-Louis Leclerc (1707-1788), mais conhecido como conde de Buffon  foi precursor não só de Lamarck e de Darwin que o considerou como um dos primeiros a estudar, cientificamente, a origem das espécies, mas  também de Lyell. De facto, Buffon recusou-se  sempre a utilizar  utilizar de Dilúvio, que ele considerou como uma simples catástrofe, para explicar o relevo da Terra, o  qual, para  ele, só pode ser explicado por causas actualmente observáveis. Uma tal atitude quer dizer que Buffon foi um geocientista actualista como hoje se diz (https://halshs.archives-ouvertes.fr/hal-00945668/document). Da mesma maneira, como ele dizia que no estudo da historia natural existem dois obstáculos muito perigosos: (i) O de não possuir nenhum método e (ii) O de querer referir tudo a um sistema particular (https://www. mundodasmensagens.com/ frase/Tm8gZXN0/). Buffon pode ser considerado como um percursor de certas ideias de K. Popper ("A Teoria precede a Observação").

(**) A ideia de base um modelo, que ele seja geológico ou climático, é sempre a mesma: na ausência de uma compreensão completa de um fenómeno ou objecto, tenta-se dar uma descrição aproximada satisfatória.

Acumulação (sedimentar) ...................................................................................................................................................................................Aggradation

Aggradation / Agradación / Ablagerung / 沉積 / Аградация (намыв) / Aggradazione

Abandono e deposição de materiais transportados pelos agentes geodinâmicos. Aumento de altitude da superfície terrestre devido à deposição de sedimentos. A acumulação sedimentar ocorre em áreas onde o acarreio de sedimentos é maior do que a quantidade de material que o sistema é capaz de transportar. A acumulação sedimentar faz-se por biséis de agradação (acumulação vertical prepon-derante) ou por biséis de progradação (acumulação lateral preponderante). Quando na acumulação lateral, as progradações são oblíquas, praticamente, não há construção vertical, o que não é o caso quando as progradações são sigmóides (em forma de S ao revés). Sinónimo de Agradação.

Ver: " Deposição (clásticos) "
&
" Deposição Fluvial "
&
" Subida do Nível do Mar Relativo "

O conceito de acumulação está ilustrado nesta figura, quer pela fotografia, que representa um rio durante a estação seca, quer pelos esquemas geológicos de uma simulação de acumulação num ambiente glaciário. Teoricamente, para haver acumulação de sedimentos, isto é, para haver deposição, em geral, é necessário criar ou aumentar o espaço disponível para os sedimentos (acomodação marinha ou subaérea). Todavia nos sistemas turbidíticos e em particular nos sistemas de turbidíticos profundos, isto não é verdade, uma vez que, num ciclo-sequência, a jusante do rebordo continental (profundidade de água > 200 m) há espaço suficiente para a sedimentação. Nos sistemas de deposição marinha e, particularmente, a montante do rebordo continental, quer este corresponda ou não ao rebordo da bacia, o qual pode corresponder, mais ou menos, à linha da costa, a acumulação requer sempre criação ou aumento de espaço disponível para os sedimentos. Esta criação ou aumento faz-se por uma subida do nível do mar relativo ou seja por uma ingressão marinha (paraciclo-eustático), em resposta à acção combinada da eustasia* (nível do mar absoluto) e da tectónica (subsidência ou levantamento). O espaço assim criado, pode ser o resultado de: (i) Uma subida do nível do mar absoluto (eustasia) ; (ii) Uma descida do fundo do mar (subsidência) ou (iii) Uma combinação de (i) e (ii). O espaço disponível criado, a montante do rebordo da bacia, isto é, na plataforma (acomodação marinha) ou na planície costeira (acomodação subaérea), função do acarreio sedimentar, pode ser, totalmente preenchido ou não. Nos sistemas de deposição não-marinha, o princípio de criação de espaço disponível é, mais ou menos, o mesmo, mas os mecanismos são diferentes. No caso, ilustrado nesta fotografia, a acumulação dos diferentes intervalos sedimentares (três são, mais ou menos, evidentes) fez-se durante períodos de cheia de um curso de água (rio, ribeira, riacho, etc.). Desde que o nível da água da corrente subiu, o espaço disponível aumentou, o que permitia a deposição de vasa fluvial. Outros tipos de acumulação fluvial são possíveis, quer na planície de inundação, como ilustrado nos esquemas (fase 1 e 2), quer no leito, quer nos meandros das correntes. No primeiro caso, um período de cheia da corrente é necessário para que a água, carregada de sedimentos, transborde o leito e os diques marginais naturais para depositar os sedimentos na planície de inundação. A deposição no leito da corrente implica, para uma determinada competência de transporte da corrente, que o tamanho das partículas transportadas pela corrente seja suficiente para impedir todo transporte por arrastamento ou saltação (transporte de partículas que saltam de ponto a ponto, sendo, sucessivamente, soerguidas e impulsionadas pelo vento ou água em correntes turbilhonantes ou com variação de fluxo de energia intermediária entre a que permite suspensão e a que promove arrasto). A acumulação nos meandros obedece a uma simples perda da competência de transporte da corrente na parte côncava do meandro, onde a velocidade de escoamento é mais pequena. Numa acumulação marinha, uma subida do nível do mar relativo (ingressão marinha) é necessária para criar ou aumenta o espaço disponível para os sedimentos, o qual, mais tarde, é, parcial ou totalmente, preenchido durante a fase de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois de uma ingressão marinha, e que precede uma nova subida do nível do mar relativo. Uma ingressão marinha desloca a linha da costa para o continente, todavia, durante fase de equilíbrio do nível do mar relativo, a sedimentação retoma deslocando, pouco a pouco, a linha da costa de novo para o mar até que uma nova ingressão marinha ocorra. Dito de outra maneira, depois de cada ingressão marinha, uma regressão sedimentar se desenvolve até que uma nova ingressão marinha desloque, de novo, a linha da costa para o continente. Uma simulação de acumulação num ambiente glaciar, no qual períodos secos e húmidos alternam, está ilustrada na parte esquerda desta figura. A água proveniente do gelo dos glaciares cria leques aluviais, delta e lagos. Durante o primeiro período seco, a erosão cria sedimentos que são transportados, costa abaixo, para uma área que era, antes, rica em água. Durante o período húmido, os cursos de água transportam os sedimentos, rio abaixo, construindo deltas (em particular deltas de tipo Gilbert) e o fundo de um lago. No período seco subsequente (simulação inferior), a água desaparece. O leque aluvial (delta tipo Gilbert) e o fundo do lago ficam mais elevados devido à acumulação dos sedimentos transportados durante o período húmido anterior.

(*) O termo eustatismo é utilizado para exprimir as variações do nível do mar absoluto ou eustático e não para a curva das variações do nível do mar relativo. A eustasia traduz-se ao nível planetário por uma alteração do nível das águas do mar em relação ao centro da Terra, causada, principalmente, pelas variações do volume de água no oceano global (glacioeustasia), pelas variações do volume global das bacias oceânicas (tectonicoeustasia), pela distribuição da água dos oceanos causada pelas variações do campo da gravidade terrestre (geoidaleustasia) e pelo aumento da temperatura dos oceanos (aumento estérico do nível do mar ou dilatação térmica dos oceanos.

Acumulação Anómala Pobre (crescimento).......................................................Anomalous Accumulation

Accumulation anormale / Acumulación anómala (sedimentos) / Anomale Akkumulation / 异常加积accumulation / Аномальное накопление / Accumulazione anomalo /

Acumulação, geralmente, pouco espessa, caracterizada por uma taxa de sedimentação muito pequena (como, por exemplo, 1-10 mm de sedimentos por 1000 anos) de sedimentos hemipelágicos e pelágicos (quase sem influência terrígena). Muitas vezes, sinónimo de Secção Estratigráfica Condensada. Uma secção estratigráfica condensada deposita-se na parte distal da plataforma continental, talude ou planície abissal, durante os períodos de nível alto (do mar) e de máxima ingressão marinha (deslocamento para montante da linha da costa). Dentro de um ciclo-sequência, este tipo de secção estratigráficas está, quase sempre, associada com a superfície de base das progradações que limita o intervalo transgressivo (IT), do prisma de nível alto (PNA). As acumulações anómalas pobres contrastam com as acumulações anómalas ricas (anormalmente espessas) como as construções carbonatadas e lóbulos turbidíticos.

Ver “ Secção Estratigráfica Condensada

Acumulação Carbonatada (construção, estrutura)..............................................................Carbonate Buildup

Accummulation carbonatée / Acumulación carbonática / Karbonate Aufbau / 碳酸鹽建隆 / Карбонатная залежь / Accumulazione carbonato /

Expressão não genérica que designa qualquer corpo geológico carbonatado anómalo que se diferencia e que é mais espesso do que os equivalentes laterais e sedimentos sobrejacentes. Morfologicamente, uma acumulação carbonatada anómala é, quase sempre, mais alta do que nível de base de sedimentação. Quando o clima e o acarreio sedimentar são apropriados, as construções carbonatadas são muito frequentes no intervalo transgressivo (IT) dos ciclos-sequência, em particular, quando a taxa de subida do nível do mar relativo (em aceleração) compensa, mais ou menos, a taxa de construção das anomalias carbonatadas, o que mantém a lâmina de água, mais ou menos constante, e dentro da zona fótica.

Ver: " Recife "
&
" Coral "
&
" Deposição (carbonatos) "

O offshore Este de Bornéu, onde a linha sísmica deste autotraço Canvas foi tirada, corresponde, geologicamente, a uma margem divergente de tipo não-Atlântico, desenvolvida por cima de uma bacia interna ao arco, na qual se podem pôr em evidencia duas fases tectónico-sedimentares: (i) Fase de Alargamento (riftização), na base, que é caracterizada por uma subsidência diferencial e (ii) Fase de Abatimento, na parte superior, que é caracterizada por uma subsidência térmica. Nos ciclos-sequência que constituem a fase de abatimento, as construções carbonatadas* são frequentes. Esta tentativa de interpretação é proposta em ciclos-sequência, induzidos por ciclos eustáticos de 3a ordem, que têm uma duração entre 0,5 e 3-5 milhões de anos. Os limites entre os ciclos-sequência, como entre todos os outros ciclos estratigráficos (ciclos de invasão continental, subciclos de invasão continental, ciclos-sequência e ciclos de alta frequência) são discordâncias ou seja, superfícies de erosão criadas por descidas do nível do mar relativo, resultantes dos efeitos combinados da eustasia (nível do mar absoluto) e da tectónica (subsidência ou levantamento). Na parte proximal deste offshore, onde foi tirada a linha sísmica deste autotraço, dentro dos ciclos-sequência apenas o intervalo transgressivo (IT) e o prisma de nível alto (PNA), assim como o prisma de nível baixo (PNB) se depositaram. Os outros subgrupos do grupo de cortejos de nível baixo (CNB), isto é, os cones submarinos de bacia (CSB) e os cones submarinos de talude (CST) são visíveis, unicamente, a Este desta região, na parte mais profunda dos ciclos-sequência. Nesta tentativa de interpretação, a grande maioria das construções carbonatadas desenvolveram-se dentro dos intervalos transgressivos (IT) dos ciclos-sequência, que correspondem a transgressões sedimentares, ou seja, a um conjunto de ingressões marinhas cada vez mais importantes (subidas do nível do mar relativo em aceleração) e de regressões sedimentares cada vez mais pequenas. Desde que o nível do mar relativo subiu (em aceleração) e inundou a topografia pré-existente (planície costeira do prisma de nível baixo subjacente colorido em violeta nesta tentativa de interpretação), formou-se uma plataforma continental que aumentou, progressivamente, à medida que as subidas do nível do mar relativo se sucederam. Entre as subidas do nível do mar relativo, que correspondem a paraciclos eustáticos, não há descidas do nível do mar relativo, mas um período de estabilidade do nível do mar. A sedimentação ocorre, fundamentalmente, durante as fases de estabilidade do nível do mar relativo entre os paraciclos eustáticos, embora, certas construções recifais possam crescer durante as ingressões marinhas. Em certas partes da plataforma continental, especialmente perto do rebordo da bacia, a taxa de subida do nível do mar relativo foi tal que permitiu a construção de carbonatos, visto que a lâmina de água se manteve, mais ou menos, constante. Certos geocientistas consideram as construções carbonatadas do intervalo transgressivo como carbonatos de compensação, uma vez que eles se depositam durante subidas contínuas e lentas do nível do mar relativo, de maneira que o espaço disponível para os sedimentos criado, pela acção conjunta da eustasia e da tectónica (subsidência ou levantamento), é, completamente, preenchido pelo material carbonatado recém-formado. Pode dizer-se que o depósito dos carbonatos de compensação compensa a subida do nível do mar relativo. Este tipo de construções carbonatadas do intervalo transgressivo (carbonatos de compensação) contrasta com os carbonatos de recuperação do prisma de nível alto (PNA), nos quais as progradações são, particularmente, características porque o carbonato é derramado para o talude ou para a bacia, uma vez que sua produção excede a taxa ou criação do espaço disponível (acomodação). A estabilidade da profundidade da água é uma condição, sina que non, para que as estruturas orgânicas carbonatadas de compensação continuem a crescer durante a 1a fase de desenvolvimento do prisma de nível alto (quando a linha da costa ainda está a montante do rebordo continental, ou seja, enquanto a bacia ainda tem uma plataforma continental). Se a altura de água ultrapassar a profundidade da zona fótica a produção de carbonato cessa.

(*) Corpos circunscritos de carbonato com um relevo topográfico acima dos sedimentos laterais equivalentes que, normalmente são mais fino, e diferente dos depósitos circundantes e sobrejacentes. Os recifes são construções carbonatadas que podem manter o seu crescimento na zona de rebentação das ondas. A resistência às ondas dos recifes, que varia de um ambiente para outro, depende: (i) Da cimentação inorgânica do espato (variedade de calcite) num ambiente submarino ou subaéreo ; (ii) Da construção orgânica de estruturas esqueléticas rígidas ou não ; (iii) Da ligação de sedimentos por esteiras de algas ; (iv) Dos organismos enraizados, etc. As construções carbonatadas podem classificar-se na base da composição dos seus constituintes e do tipo de revestimento dos constituintes esqueléticos, quando esses constituintes são dominantes.

Acumulação Estival (de uma varva) ....................................................................................................Summer Accumulation

Accumulation estivale / Acumulación estival / Sommer Anhäufung / 夏季積累 / Летнее накопление / Accumulo di stato (a varva) /

Deposição de sedimentos no fundo de um lago, em geral, pró-glaciar, durante o verão, ou seja, quando os canais distributivos não estão gelados e podem transportar sedimentos para o lago.

Ver: " Varva "
&
" Acumulação Invernal (de uma varva) "
&
" Lago Pró-glaciar "

Uma estratificação rítmica*, na qual horizontes paralelos, com composições litológicas diferentes, alternam, é perfeitamente ilustrada, nesta fotografia (afloramento na margem oeste do lago Michigan, nos EUA), pelas varvas induzidas pelas variações climáticas associadas às estações do ano. A sedimentação nos lagos pró-glaciares é muito diferente no verão e no inverno. Os sedimentos grosseiros, que são mais claros, depositam-se durante o verão. Durante o inverno, quando os canais distributivos e a superfície dos lagos está geladas, unicamente, os sedimentos mais finos, que são mais escuros (ricos em matéria orgânica) se depositam, no fundo do lago, uma vez que o aporte terrígeno (acarreio sedimentar) é muito fraco. Pode dizer-se que uma varva representa a sedimentação anual, que é constituída por um par de horizontes : (i) Um espesso e claro, que corresponde a acumulação estival e (ii) Outro formado por sedimentos mais finos e escuros, que correspondem à acumulação invernal. Quando uma tal alternância é visível (pouco enterramento e uma fraca diagénese), ela permite a datação correcta das varvas, desde que se disponha de um ponto de referência recente ou antigo. As camadas de gelo de uma calota de gelo, glaciar ou de mar de gelo correspondem, também a uma estratificação rítmica da neve. A datação das camadas de gelo, indispensável ao estudo dos gazes contidos nas bolhas dos testemunhos de gelo, que está, actualmente, muito na moda, é mais difícil do que a datação das varvas. Se a datação do gelo é fácil, quando se vêm as variações anuais, ela é muito mais difícil quando as variações anuais não são detectáveis em profundidade. Neste caso, uma série de hipóteses sobre a compactação e a acumulação do gelo, assim como uma calibração a pontos de referência (erupções vulcânicas conhecidas, por exemplo) ou a medidas cosmogónicas, é necessária. Se as datações do gelo são afectadas de muitas imprecisões, as medidas de temperatura deduzidas das variações isotópicas** do hidrogénio ou do oxigénio da água também o são. A climatologia moderna (estudo do clima, das suas variações e do seu impacto sobre diversas actividades humanas ou não) que é caracterizada por um número muito grande de observações directas feitas durante um período de tempo muito pequeno, é um mau indicador das mudanças climáticas***. Ao contrário, a paleoclimatologia (estudo dos climas do passado a partir dos registros que eles deixaram nos sedimentos, gelo, madeira, etc.) é um bom indicador das mudanças climáticas, embora o número de observações seja muito limitado. O conhecimento do passado climático é uma função inversa da sua antiguidade (J-P Vigneau, 2005, Climatologie, Armand Colin). A meteorologia estuda a evolução do tempo que faz a curto prazo, enquanto que  climatologia o estuda a longo prazo. O clima é, em geral, definido para um intervalo de tempo arbitrário de 30 anos que é, mais ou menos, ajustado segundo as mudanças climáticas que se desejam pôr em evidência e dos métodos estatísticos utilizados para esse fim (A. Foucault, 2016- Climatologie et Paleoclimatologie, Dunod, ISBN 978-2-10-75460-1). Toda geografia dos climas é baseada no cálculo de médias das situações e dos elementos medidos, que não são outra coisa  que comodidades didácticas que caricaturam a realidade. Em matéria de clima, como em muitas outras, a sociedade não gosta das mudanças, em particular, das mudanças climáticas que existem desde que a Terra se formou à cerca de 4,5 Ga.

(*) Em termos gerais, a expressão sedimentação rítmica ou cíclica, como dizem certos geocientistas refere-se a uma repetição numa sucessão de unidades rochosas que são organizadas de uma maneira particular. Contudo, para outros, a sedimentação rítmica é tão abrangente que pode incluir toda a sedimentação e por isso não tem significação especial ("Essentially, all deposition is cyclic or rhytmic" W. H. Twenhofel, Priciples of Sedimentation, 1939). Para alguns/algumas geocientistas, ela sugere generalizações significativas, a partir de uma aparente desordem,  que formam a base de interpretações genéticas.

(**) A influência do efeito glacial e térmico na razão isotópica do oxigénio dos carbonatos é ainda hoje objecto de discussões. César Emiliani, que foi o primeiro (1952) a evidenciar os estágios isotópicos no Quaternário pensava  que o efeito térmico era mais importante que o efeito glacial. Todavia, actualmente, a maioria dos geocientistas pensa o contrário. Parece que as variações isotópicas determinadas nos carbonatos dos foraminíferos ao longo do Quaternário, 2/3 seriam uma consequência do efeito glacial e unicamente 1/3 devidas à temperatura. Esta conjectura é baseada, principalmente, na correlação entre  as curvas isotópicas dos foraminíferos benticos profundos e as dos pelágicos. Se a temperatura fosse o parâmetro dominante deveria haver uma discrepância temporal entre o registo dos foraminíferos pelágicos, que vivem nas camadas superficiais do oceano e, assim, imediatamente sensíveis às flutuações da temperatura, e o registo dos foraminíferos benticos  que vivem no fundo do oceano que é um ambiente termicamente estável.

(***) A expressão mudança climática ou alteração climática refere-se a uma mudança na distribuição estatística dos padrões climáticos quando essa alteração dura um longo período de tempo (centenas a milhões de anos). Uma mudança climática pode ser causada por diversos factores como, por exemplo, (i) Variações na radiação solar recebida pela Terra ; (ii) Tectónica das placas (deriva dos continentes) ; (iii) Ciclos Solares ; (iv) Erupções vulcânicas, (iv) Processos bióticos certas actividades humanas podem ser consideradas como causas antrópicas de mudanças climáticas) etc.

Acumulação Invernal (de uma varva)....................................................................................................Winter Accumulation

Accumulation Hivernale / Acumulación invernal / Winter Anreicherung / 冬季積累 / Зимнее накопление / Accumulo di inverno (a varva) /

Deposição de sedimentos argilosos no fundo de um lago pró-glaciar durante o inverno, quando os canais distributivos estão gelados e que, por isso, não podem transportar novos sedimentos para o lago.

Ver: " Varva "
&
" Acumulação Estival "
&
" Lago Pró-Glaciar "

As varvas são rochas sedimentares comuns formadas por finas camadas sedimentares depositadas sazonalmente no fundo dos lagos. As varvas têm uma estrutura laminar típica, na qual sedimentos arenosos ou argilosos claros, formados no verão, alternam com sedimentos argiloso escuros, formados no inverno. Quando o lago é de tipo glaciar, as varvas são denominadas glaciolacustres. Esta figura mostra as varvas glaciolacustres depositadas perto do Rio Little (Vermont, EUA). Cada parelha de camadas representa o padrão depositado anualmente num corpo de água (em geral, um lago pró-glaciar). As variações anuais do escoamento da água condicionam o acarreio sedimentar para os corpos de água. As partículas mais grossas são transportadas durante o verão e depositam-se rapidamente, enquanto que as partículas mais finas levam vários meses para se depositar e, em geral, acumulam-se no inverno, quando os canais distributivos estão gelados. Os diferentes tamanhos e composições das partículas produz um padrão zebrado, que as variações sazonais acentuam, uma vez que a quantidade de matéria orgânica depositada (cor escura) é mais importante durante o inverno que durante o verão. Os horizontes claros e mais grosseiros depositam-se durante o verão e passam, verticalmente, a horizontes mais escuros, de granulometria mais fina do que a dos sedimentos depositados durante o inverno. Esta parelha de horizontes sedimentares representa o registo de um ano de deposição. Um processo sedimentar semelhante se produz igualmente na formação dos glaciares e calotas glaciárias, uma vez que estas se depositam em camadas (as mais recentes cobrindo as mais antigas). Estima-se que as calotas glaciares possuem mais de 100000 camadas de gelo. Nestas camadas, encontra-se pólens, que permite avançar hipóteses sobre a cobertura vegetal em determinada época, assim como bolhas de ar  que pode, dar indicações sobre a composição da atmosfera terrestre (em particular, sobre o teor de CO2) às diferentes épocas glaciárias. Contudo, certos geocientistas, que estudam os gazes contidos nas bolhas de ar do gelo e que afirmam que os resultados são estáveis, esquecem, por vezes, como é que essas bolhas se formaram. As bolhas de gás movem-se na neve e nevado acima da zona de fecho (entre 20 e 150 m de profundidade). Isto quer dizer, que durante o período de abertura das bolhas de gás que pode ser superior 5000 anos, há agregação por convexão, difusão e gravitação dos gases atmosféricos. Por outras palavra, os gases estão, mais ou menos, em comunicação com a atmosfera, o que, necessariamente, implica uma ponderação (uma média) dos resultados sobre vários milénios. Quando a ponderação não é feita, os resultados do teor de CO2, por exemplo, medidos nos testemunhos de gelo são muito homogéneos, quando comparados com os resultados indirectos da temperatura dados por uma "proxy"*. Geocientistas, como Jean Laherrere e outros, que assinalam a influência da contaminação atmosférica (± 5000 anos) nas bolhas de gás dos núcleos de gelo e assim na determinação da temperatura, continuam a ser tratados de céptico pelos "novos" ecologistas, que defendem ou defendiam aquecimento global antropogénico de maneira dogmática e não científica.

(*) É uma variável que em si não tem muito interesse, mas a partir da qual se pode obter uma outra variável muito mais interessante. Para que isso seja possível, a variável proxy deve ter uma forte correlação, mas não necessariamente linear ou positiva, com o valor inferido. Contudo, ela não tem nenhum valor se os dados (representados em uma nuvem de certeza) não se ajustam em nenhuma relação. A Paleoclimatologia, por exemplo, estuda as mudanças de clima à escala da história da Terra, medindo proxies, que correlacionam com variáveis paleoclimáticas para depois inferir os valores das variáveis paleoclimáticas uma vez que estes não podem ser medidos directamente. Isto é particularmente válido para as variações do nível do mar, as quais podem ser inferidas a partir dos estudos de estratigrafia sequencial, sobretudo quando ela é feita sobre os dados sísmicos regionais (de preferência em profundidade) e calibrados por poços de pesquisa (petrolífera ou científica).

Acunhamento (biselamento)................................................................................................................................................................................................Lapout

Bisellement / Biselamiento (acuñamiento) / Abschrägung / 斜角 / Седиментационное выклинивание пластов / Smussatura, Bisello /

Terminação lateral de um estrato ou de um reflector sísmico nos limites do seu depósito, em geral, contra uma discordância (superfície de erosão). Há dois tipos de acunhamento: (i) Bisel de base que ocorre no limite inferior quer de ciclo-sequência ou de um paraciclo-sequência e (ii) Bisel de topo que ocorre no limite superior. Um bisel de base pode ser de agradação (bisel de agradação) ou de progradação (bisel de progradação). Um bisel de topo (somital ou superior) pode ser por truncatura (erosão) ou por sem deposição. Sinónimo de Biselamento.

Ver: " Limite do Ciclo Sequência "
&
" Biselamento "
&
" Agradação "

Nesta tentativa de interpretação geológica de uma autotraço Canvas de uma linha sísmica do offshore da Mahakam (costa Este de Bornéu, Indonésia), o qual corresponde a uma bacia interna ao arco da classificação de A. Bally e Snelson (1980), podem pôr em evidência (i) Uma fase de alargamento ou de riftização, na base, e (ii) Uma fase de abatimento na parte superior. A fase de alargamento é caracterizada por uma subsidência diferencial que induz a formação de estruturas em hemigraben, enquanto que a fase de abatimento é caracterizada por uma subsidência térmica. A linha sísmica, a partir da qual este autotraço foi feito, passa por um campo de gás que tem reservas recuperáveis entre 15-20 Tcf * (não confundir reservas que são hidrocarbonetos, que se podem produzir de maneira rentável nas condições tecnológicas e económicas actuais, com recursos que representam hidrocarbonetos in situ que poderão um dia ser produzidos se as condições económicas e tecnológicas melhorarem). Os acunhamentos dos reflectores sísmicos, que neste caso particular parecem ser acunhamentos por biséis de agradação, são, facilmente, visíveis. Isto é, sobretudo, verdadeiro, debaixo do limite superior do ciclo-sequência, limitado pelas discordâncias SB. 10,5 Ma e SB. 12,5 Ma**. A diferença de idade entre estas discordâncias é inferior a 3-5 My, o que sugere que o intervalo estratigráfico que elas limitam foi induzido por um ciclo eustático de 3a ordem, quer isto dizer, por um ciclo do nível do mar relativo com uma duração entre 0,5 My e 3-5 My. Os reflectores sísmicos, que nesta tentativa de interpretação estão sublinhados por traços contínuos com diferentes cores, correspondem a linhas tempo, isto é, a linhas cronostratigráficas que são, mais ou menos, paralelas aos planos de estratificação dos pacotes sedimentares que definem as interfaces sísmicas. Os biséis de agradação (terminações laterais dos reflectores) definem superfícies sísmicas (linhas tracejadas) que caracterizam, neste caso particular, descidas significativas do nível do mar relativo (discordâncias). Estas descidas do nível do mar relativo induziram o deslocamento, para a bacia (jusante) e para baixo (agradação negativa) dos biséis de agradação costeiros (próximos da linha da costa), o que enfatiza condições geológicas de nível baixo do mar (nível do mar relativo mais baixo do que o rebordo da bacia). A forte taxa de sedimentação, que ocorreu nesta área durante o Miocénico, permite reconhecer, dentro do ciclo sequência SB. 10,5 Ma / SB. 12,5 Ma, duas outras discordâncias, que estão sublinhadas nesta interpretação pelas linhas tracejadas mais finas. Pode dizer-se, que o ciclo sequência SB. 10,5 Ma / 12,5 Ma é formado pela sobreposição de ciclos estratigráficos de ordem hierárquica*** mais alta (ciclos de alta frequência), os quais, muitas vezes, não estão representados na curva de Vail (curva dos biséis de agradação costeiros). Na Geologia e em particular na Estratigrafia Sequencial, por convenção, SB. 10,5 Ma, por exemplo, é a discordância de idade 10,5 milhões de anos atrás, que é o limite entre dois ciclos estratigráficos, eventualmente dois ciclos-sequência. Dito de outra maneira, 10,5 Ma é uma idade geológica, enquanto que 10,5 My é um intervalo de tempo. A idade de uma discordância é dada pela idade da descida do nível do mar relativo que a induziu, assim como a sua paraconformidade correlativa em água profunda. Em geral, a idade de uma discordância é dada pela idade dos depósitos turbidíticos de água profunda (cones submarinos de bacia) do ciclo-sequência sobrejacente que sublinha o hiato de mínimo entre os ciclos-sequência separados pela discordância. Neste sentido, pode dizer-se que uma discordância corresponde, grosseiramente, a uma linha cronostratigráfica e que ao longo dela se podem individualizar as províncias fisiográficas convencionais (planície costeira, plataforma continental, talude e planície abissal). Numa linha sísmica regional e na ausência de um reforço das relações geométricas entre os reflectores pela tectónica, uma discordância reconhece-se, facilmente, na parte superior do talude continental quando preenchimentos de canhões submarinos estão presentes. A montante do rebordo continental, com o qual pode coincidir o rebordo da bacia (quando a bacia não tem plataforma continental), a identificação de uma discordância depende, principalmente, da presença ou não de preenchimentos de vales cavados (Pvc). Em todos os outros casos, as discordâncias são crípticas. Tendo em linha de conta a resolução sísmica, a qual, geralmente, é superior a 20-40 metros, é óbvio que um reflector cronostratigráfico (linha tempo) não corresponde a um plano de estratificação entre duas camadas sedimentares, mas a uma interface entre dois pacotes sedimentares (que se podem mapear) com características litológicas, petrofísicas e ambientais, mais ou menos, semelhantes.

(*)   Tcf é uma medida de volume usada pela indústria de petrolífera. Ela corresponde a um bilião de pés cúbicos (1 x 1012 de pés cúbicos) é uma medida de volume de gás natural que é equivalente a aproximadamente um Quad. Um Quad é uma abreviatura para mil biliões (1 x 1015) de Btu. A Btu (Unidade Térmica Britânica) é uma unidade de medida de energia, representando a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um quilo de água em um grau Fahrenheit. Na indústria de petróleo e gás, as unidades de medida representadas por letras onde M = mil ; MM = 1 milhão (1 x 106); B = um bilião (1 x 1012) e T = um trilião (1 x 1018). Qualquer destas pode aparecer antes de alguns termos, tais como MMBOE (milhões de barril de óleo equivalente) ou (Tcf biliões de pés cúbicos). (https://www.flip.pt/Duvidas-Linguisticas/Duvida-Linguistica/DID/4389).

(**) "Ma", isto é, milhões de anos atrás indica uma idade geológica, ao passo que "My" é utilizado para um determinado intervalo de tempo independentemente da idade geológica.

(***) A ordem hierárquica é determinada pelo tempo de duração do ciclo eustático associado. Quanto mais pequeno é o tempo de duração, mais alta é hierarquia do ciclo eustático e do ciclo estratigráfico associada. Assim, um ciclo eustático de 1a ordem, cuja duração é superior a 50 My,  têm um baixa hierarquia, assim como o ciclo estratigráfico por ele induzido.

Adelgaçamento Glaciário...................................................................................................................................................Glacial Thinning

Amincissement glaciaire / Adelgazamiento glaciar / Glazial Ausdünnung / 冰川变薄 / Ледниковое истончение / Assottigliamento del ghiaccio /

Há adelgaçamento glaciário quando, num glaciar, a ablação é superior à acumulação. O adelgaçamento glaciário corresponde ao que muito geocientistas chamam, de maneira errada, recuo do glaciar*. Um glaciar é um escoamento de gelo. Ele existe, unicamente, enquanto o gelo se escoa (a acumulação compensa a ablação). Quando a ablação é superior à acumulação, um glaciar ou uma calota glaciária (glaciar de grandes dimensões, mas inferiores à 50000 km2 senão é chamado inlandsis ou manto de gelo) não encolhe. Ele continua a escoar-se, mas adelgaça-se.

Ver: " Glaciar "
&
" Glaciação "
&
" Ciclo de Milankovitch "

Actualmente, quase diariamente, se houve dizer na comunicação social que os glaciares, as calotas glaciárias e os mares de gelo recuam, devido ao aquecimento global antropogénico**, isto é, devido ao aumento da temperatura (média) global provocado pelo acrescentamento do teor de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera causado pelo homem, sobretudo depois de 1990***. Como ilustrado nesta figura, a extensão do glaciar do Ródano em 1850 e em 2009 não é a mesma. Isto levou um certo número de pessoas, mais ou menos, responsáveis a falar de recuo dos glaciares para melhor dramatizar as mudanças climáticas induzidas, eventualmente, pelo homem. Contudo, ninguém, nesta região, muito católica (o cantão do Valais na Suíça, onde um dos autores deste tesauro vive), esqueceu que nos anos 50, eram frequentes as missas para pedir a Deus que impeça a progressão do glaciar, caso contrário, a grande maioria das aldeias do Valais seriam destruídas. Note que em 1850 (fotografia no canto superior direito), a frente do glaciar quase atingia o batimento Casa A, que em 2009 (fotografia central), está quase a 2-3 quilómetros da frente do mesmo glaciar. Muitos geocientistas consideram que os termos avanço e recuo dos glaciares é abusivo (particularmente o termo recuo). Na realidade, um glaciar é um escoamento de gelo e, por conseguinte, só existe enquanto houver escoamento, quer isto dizer, enquanto a acumulação compensar a ablação. Se a ablação for maior que a acumulação, o glaciar não se encolhe, ele continua a escoa-se costa abaixo, mas adelgaça-se. O que conta não é a extensão costa abaixo de um glaciar, mas a quantidade de gelo que o glaciar contém. A quantidade de gelo pode aumentar (acumulação superior à ablação) sem que a extensão costa a baixo do glaciar aumente, basta para isso que a espessura do glaciar aumente. Da mesma maneira, o termo adelgaçamento significa que o volume total do gelo diminuiu (ablação superior a agradação), mesmo se a extensão costa abaixo do glaciar aumentou, como é o caso de certos glaciares alpinos.

(*) Embora este termo seja muito utilizado actualmente na comunicação social, ao contrário de um automóvel que tem uma marcha atrás e que por isso pode recuar, um glaciar não tem marcha atrás ,e por isso não pode recuar. Um glaciar só pode escoar-se, por fluxo gravitário, costa abaixo. Mesmo quando um glaciar não avança mais, ele exibe evidências de escoamento num passado recente.

(**) A expressão aquecimento global não se houve mais na comunicação social nem na boca dos ecologistas alarmistas. Actualmente, eles falam de mudanças climáticas o que significa um progresso importante dos seus conhecimentos geológicos.

(***) A temperatura média global é, geralmente, calculada numa malha de 5° x 5°. No entanto, a maior parte das vezes, um grande número de células falta. Por outro lado, uma temperatura global credível requer médias representativas, que são difíceis de obter tendo em linha de conta que a qualidade e a densidade das estações de medida é desigual. Todos os gráficos que mostram temperaturas globais médias são conjecturais ou seja sujeitos a testes. Isto é verdade também para o o ponto de referência que é, quase sempre, a temperatura global média entre 1961 e 1990. Essa escolha de referência não é inocente, uma vez que as muitas estações de medida nas áreas frias tornaram-se não operacionais depois da queda da URSS em 1990, o que obviamente induziu um aumento repentino e acentuado da temperatura média global.

Adiabático (processo).................................................................................................................................................................................................................Adiabatic

Adiabatique (processus) / Adiabático / Adiabatische / 絕熱的 / Адиабатический / Adiabatico /

Processo no qual nenhum calor é ganho ou perdido por um sistema. Isto quer dizer, por exemplo, que quando um gás ou uma rocha é comprimido em condições adiabáticas, a sua pressão e temperatura aumentam sem ganho ou perda de calor. O arrefecimento adiabático do ar, à medida que ele sobe na atmosfera, é, provavelmente, uma das causas principais da formação das nuvens.

Ver: " Nuvem "
&
" Leis da Termodinâmica "
&
" Escoamento Térmico "

Na termodinâmica * (ramo da física em que se estuda  a interacção entre o calor ** e outras manifestações da energia), um processo adiabático é um processo isocalórico, no qual nenhum calor é transferido ou parte do fluído em causa. Isto quer isto dizer, que as mudanças adiabáticas da temperatura ocorrem, por exemplo, quando a pressão de um gás varia sem que nenhum calor seja adicionado ou retirado. Da mesma maneira, um aquecimento adiabático ocorre quando a pressão de um gás é aumentada devido ao trabalho de um pistão. Os motores a diesel baseiam-se num aquecimento adiabático durante a compressão, a qual aumenta a temperatura, suficientemente, para que o combustível entre en ignição. Aquecimentos adiabáticos são conhecidos na atmosfera terrestre quando, por exemplo, uma massa de ar desce costa abaixo de uma montanha, quer ela seja um vento catatábico (vento que transporta ar mais denso de um ponto topográfico alto para um ponto mais baixo devido a força da gravidade) ou um foehn (tipo de vento alpino seco que sopra no sotavento do sistema montanhoso dos Alpes, isto é, ao longo da encosta oposta ao lado donde vem o vento). Um vento de tipo "Foehn" é o resíduo de um vento de chuva, que se forma devido ao aquecimento adiabático do ar, que perdeu a maioria da sua humidade nas encostas de barlavento (encostas do lado donde o vento sopra). Um aquecimento adiabático*** ocorre sempre que a pressão de massa de ar ou de qualquer outra substância diminui devido ao trabalho que ela exerce. Como se pode deduzir desta figura, um arrefecimento adiabático ocorre na atmosfera terrestre quando uma corrente de ar se desloca de baixo para cima, quer por levantamento orográfico (deslocamento do ar que encontra um obstáculo do relevo que o força a subir) quer por ventos de montanha, o que pode provocar a formação de nuvens se o ar arrefece abaixo da temperatura de formação de orvalho (ponto de orvalho). Para uma determinada temperatura, o ar pode conter um máximo de vapor. Essa quantidade máxima aumenta se a temperatura do ar aumentar. Ao nível do mar, se a temperatura do ar for 0° C, o ar pode conter no máximo 4 gramas de vapor por quilo de ar seco, enquanto que se a temperatura for de 30° C, ele pode conter até 27 g/kg de vapor em que haja condensação. Isto quer dizer que uma descida adiabática da temperatura do ar causa a condensação do excesso de vapor de água, o que sucede com frequência com o arrefecimento nocturno, em particular nas noites estreladas (sem nuvens) quando a perda de energia por emissão de radiação infravermelha  é mais importante. Nas zonas de subducção do tipo B (Benioff), quando no bloco cavalgante o magma sobe para a superfície, ele sofre um arrefecimento adiabático antes da erupção, uma vez que a sua temperatura diminui devido à mudança de pressão do sistema sem que haja uma troca de calor com o exterior do sistema.

(*) A termodinâmica é uma teoria fenomenológica (conjunto de conceitos, abstracções de fenómenos observáveis e propriedades quantificáveis, juntos com leis científicas que exprimem as relações  entre as observações e os ditos conceitos) construída a partir de raciocínios  dedutivos, que estudam sistemas reais sem modelização e que segue um método experimental.

(**) Não confunda calor com temperatura. O calor designa a troca de energia entre corpos, enquanto que a temperatura caracteriza a agitação das moléculas de um corpo. O calor ou energia calorífica é caracterizado pela transferência de energia térmica que flui de um corpo mais quente (com maior temperatura) par um corpo mais frio (com menor temperatura). A temperatura, é uma grandeza física que caracteriza a energia cinética (movimento ou agitação) das moléculas e o estado térmico de um corpo (quente ou frio).

(***) Se considerarmos uma partícula ar que se desloca verticalmente, como ela transportada a uma altitude cada vez maior, a sua pressão diminui e, automaticamente,  o seu volume aumenta. Um tal aumento de volume implica um trabalho (partícula de ar considerada tem que afastar o ar exterior para se dilatar), o que implica uma diminuição da temperatura, a qual para um ar seco (sem vapor de água) é cerca de 1° C/100 m e é chamada gradiente de temperatura adiabática. Se ao contrário imaginarmos  uma partícula de ar descendente,  a pressão aumentará, o seu volume diminuirá e a sua temperatura aumentará ao gradiente oposto.

Afélio.............................................................................................................................................................................................................................................................................Aphelion

Aphélie / Afelio / Aphelion, Aphel / 远日点 / Афелий / Afelio /

Ponto da órbita de um planeta ou cometa que está mais afastado do Sol. O afélio é o contrário do periélio. O afélio não deve ser confundido com o apside, que é o nome de cada um dos pontos extremos da órbita de um corpo celeste (planeta ou cometa).

Ver: " Apside "
&
" Periélio "
&
" Teoria Astronómica dos Paleoclimas "

Neste esquema da órbita de um astro, à volta do Sol, o afélio corresponde ao ponto da trajectória orbital mais afastado do Sol, o qual ocupa um dos focos do elipsóide da órbita. A noção de afélio e periélio (ponto da órbita mais próximo do Sol) da órbita terrestre é um factor muito importante para a compreensão da moderna climatologia, mas não das variações climáticas do passado (paleoclimatologia). Quando a Terra se encontra no afélio, a insolação (quantidade de energia recebida do Sol) é menor do que quando ela se encontra no periélio. A moderna climatologia, que é baseada num grande número de observações feitas durante um pequeno intervalo de tempo, que, muitas vezes, correspondem a medidas directas das propriedades e características da atmosfera, oceanos e gelo, explica mal as mudanças climáticas (paleoclimatologia). A história da geologia sugere que a temperatura e a quantidade de CO2 na atmosfera variaram de maneira, mais ou menos, cíclica e que, actualmente, estamos em condições semelhantes aquelas que reinaram à cerca de 300 Ma (Carbonífero e Pérmico): (i) Temperatura global média cerca de 12° C e (ii) Teor em CO2 cerca de 300 ppm. O Cretácico parece ter sido o período geológico mais quente com uma temperatura global média de 22° C e um teor em CO2 diminuindo progressivamente de 2300 para 800 ppm (parte por milhão, equivalente de 1 grama por tonelada). As variações actuais da temperatura (depois da era industrial) são insignificantes em relação às variações do passado (Deconinck, 2001). As variações climáticas, que influenciaram a estratigrafia, são hoje bem explicadas pela teoria astronómica dos paleoclimas (teoria de Milankovitch), a qual, actualmente, é aceite, praticamente, por quase todos os geocientistas. A hipótese de base desta teoria é que a temperatura terrestre depende, principalmente, da quantidade de energia solar captada pela Terra, a qual é controlada pela: (i) Precessão do eixo de rotação da Terra* (ciclos de 25 e 19 ky) ; (ii) Obliquidade do eixo de rotação da Terra** (ciclo de 41 ky) ; (iii) Excentricidade *** da elipse da órbita terrestre (ciclos de 100 e 413 ky) e (iv) Posição da Terra na órbita (ciclo de 1 ano). Obviamente estes três factores têm uma influência significativa nas variações relativas do nível do mar médio, uma vez que eles influenciam a eustasia.

(*) Como a Terra gira à volta de um eixo de rotação, este não se alinha com o eixo da eclíptica (projecção sobre a esfera celeste da trajectória aparente do Sol observada a partir da Terra) mas precessiona em torno dele, da mesma forma que um pião posto a girar precessiona em torno do eixo vertical ao solo. Assim, a precessão do eixo de rotação da Terra é o movimento giroscópico do seu eixo de rotação (a Terra move-se em torno de um eixo, mas ela pertence a um outro sistema em rotação). A duração de ciclo de precessão do eixo de rotação da Terra efectua ciclo é de 25770 anos.

(**) A obliquidade do eixo de rotação da Terra ou inclinação axial é o ângulo entre o eixo de rotação e o plano d órbita. Este ângulo varia entre e 21,8° e 24,4° em períodos de cerca de 41 ky. A estabilidade da inclinação é mantida pelo binário ou torque (momento de uma força em relação a um determinado ponto ou seja uma grandeza física vectorial que indica capacidade dessa força a fazer girar um sistema mecânico em torno desse ponto, muitas vezes chamado de pivô) exercido pela Lua, que actua como um estabilizador sobre a protuberância equatorial da Terra. As variações da inclinação axial (dentro do intervalo 21,8° e 24,4°) podem produzir alterações de cerca de 10% na insolação sobretudo nas altas em latitudes. O aumento da inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao plano da órbita aumenta s diferenças de temperatura entre o inverno e o verão. Os geocientistas pensam que a inclinação do eixo de rotação da Terra é o resultado de uma colisão com um asteróide. Ela é do domínio da contingência. Uma tal inclinação não estava inscrita de maneira fundamental nas leis da Natureza. Nenhuma lei física predestinava a Terra  a ser inclinada mais ou menos 23,5° (T. Xuan, Thuan, 1998).

(***) A excentricidade da órbita da Terra enfatiza quanto a órbita da Terra, que é uma elipse, se afasta da forma circular. A excentricidade, que varia entre 0 e 1 e pode ser determinada pela relação entre o semi-eixo menor e maior da órbita  ou, directamente, pelo afastamento do Sol, que ocupa um dos focos da elipse, do centro geométrico da órbita. Um aumento da excentricidade muda a relação entre a mais pequena e a maior distância do Sol, o que aumenta a diferença das temperaturas do verão e do inverno.

Afloramento................................................................................................................................................................................................................................................Outcrop

Affleurement / Afloramiento / Aufschluss, Aufschluß / 露出 / Обнажение (породы) / Affioramento

Porção do substrato rochoso (rocha firme) exposta ao ar livre com dimensões, relativamente, pequenas. Para certos geocientistas, um afloramento típico corresponde ao campo de visão do observador que é escala geológica mesoscópica de Wegmann (1935), isto é, a escala da continuidade de observação. Além da escala mesoscópica, Wegmann considera a escala microscópica e macroscópica. A escala macroscópica é a escala da descontinuidade, que é característica das cartas geológicas e da maior parte cortes geológicos. A escala das linhas sísmicas, quer elas sejam regionais ou não, e que elas sejam em tempo ou em profundidade, é sempre mesoscópica, uma vez que a maioria dos reflectores correspondem a linhas cronostratigráficas que se podem seguir em continuidade. É por isso, que em teoria é mais fácil fazer tentativas de interpretação geológica das linhas sísmicas que fazer cortes geológicos a partir de observações de campo ou de cartas geológicas. Foi, provavelmente, por esta razão que a Estratigrafia Sequencial nasceu com a interpretação geológica das linhas sísmicas de reflexão e não com a geologia de campo.

Ver: " Agradação "
&
" Escala "
&
" Princípio Geológico "

Este afloramento, localizado na área de Samarinda (ilha de Bornéu, Indonésia), é formado por depósitos turbidíticos do Miocénico Inferior. Ele caracteriza o que C. E. Wegmann chamou a escala mesoscópica ou a escala da continuidade de observação, a qual contrasta, não só, com a escala macroscópica, que é a escala da descontinuidade, observada, principalmente, nas cartas geológicas, mas também com a escala microscópica. A sucessão de depósitos turbidíticos observada neste afloramento, é constituída por fácies imaturas (litologia e fauna), com depósitos associados a escoamentos (fluxos) de fraca densidade. As fácies e os estudos micropaleontológicos sugerem que estes depósitos turbidíticos se depositaram na parte superior do talude continental e que eles são ricos em matéria orgânica re-depositada. Nestes sedimentos profundos, que foram encurtados e levantados por um regime tectónico compressivo (σ1 horizontal), identificam-se diferentes tipos de clastos (termo que vem do grego klastós, que significa “quebrado ou fragmentado” e que em geologia designa os fragmentos de minerais ou de rochas que podem, mais tarde, constituir os sedimentos das rochas detríticas): (i) Largos clastos de carvão, nos depósitos coesivos de escoamentos de detritos ; (ii) Clastos angulares de carvão* dispersados na parte central dos depósitos dos escoamentos hiperconcentrados ; (iii) Clastos arredondados de carvão flutuando na parte superior dos depósitos dos escoamentos de alta densidade ; (iv) Detritos de plantas (partículas revestidas) dispersados em depósitos maciços de escoamentos de alta densidade e (v) Partículas revestidas de resina concentradas em depósitos de escoamentos de baixa densidade. A grande quantidade de clastos de carvão, sugere que estes depósitos turbidíticos, em condições geológicas favoráveis, podem funcionar como rochas-mãe potenciais, principalmente, de gás e condensado (rochas-mãe de tipo III dispersivo). Em termos de estratigrafia sequencial e na hipótese de P. Vail, que assume que estes depósitos se depositaram durante condições geológicas de nível baixo do mar (nível do mar mais baixo que o rebordo da bacia) estes turbiditos pertencem ao subgrupo médio do grupo de cortejos de nível baixo do mar (CNB), isto é, aos cones submarinos de talude (CST), nos quais diferentes sistemas de deposição podem, normalmente, ser observados: (a) Avental ou apron (depósito da base) ; (b) Diques marginais naturais turbidíticos ; (iii) Argilitos de cobertura, etc. O subgrupo inferior do grupo de cortejos de nível baixo (CNB), é constituído pelos cones submarinos de bacia (CSB) e o subgrupo superior pelo prisma de baixo nível (PNB). Os cones submarinos (de bacia e de talude) depositam-se durante uma descida significativa do nível do mar relativo que induz a discordância inferior do ciclo-sequência, enquanto que o prisma de nível baixo (PNB) começa a depositar-se quando o nível do mar relativo começa a subir. Obviamente, a escala 1:1 dos afloramentos (e também a das diagrafias eléctricas) permite uma estratigrafia sequencial muito mais detalhada do a que pode ser feita a partir de dados sísmicos, uma vez que a resolução sísmica vertical e horizontal têm que ser tomadas em linha de conta. A resolução sísmica vertical é, mais ou menos, o tamanho que um objecto tem que ter para ser visto numa linha sísmica. Intervalos estratigráficos com uma espessura igual a 1/4 do comprimento de onda (d =V/F, onde V é a velocidade e F a frequência das ondas sísmicas) podem ser reconhecidos. A resolução sísmica horizontal é derivada da zona de Fresnel (parte de um reflector coberta pelo sinal sísmico a uma certa profundidade), uma vez que as ondas sísmicas se deslocam em três dimensões e se propagam sobre uma área cada vez maior à medida que se afastam da fonte. Num horizonte, mais ou menos, profundo, todos os objectos com uma extensão lateral superior à zona de Fresnel serão visíveis (a migração dos dados sísmicos focaliza a propagação de energia na zona de Fresnel, reorganiza as reflexões deslocadas, devido à inclinação, e remove as reflexões associadas às arestas). Como, normalmente, a escala vertical de uma linha sísmica é em tempo (tempo duplo ou seja tempo de ida e volta), em profundidade, a frequência do sinal diminui, enquanto que a velocidade e o comprimento de onda aumentam. Isto significa que quanto maior é a profundidade mais pobre é a resolução sísmica (as altas frequências são reflectidas nos reflectores pouco profundos, enquanto que as baixas frequências atingem interfaces mais profundas). Por outro lado, como em profundidade os sedimentos se tornam mais compactos, pode dizer-se que velocidade das ondas sísmicas aumenta com a profundidade.

(*) Presença de clastos de carvão e de glauconite autígena no campo ou nos detritos de perfuração é típica dos sistemas turbidíticos profundos. Efectivamente, os detritos de carvão sugerem uma deposição rápida, senão eles seriam oxidados, e os detritos de glauconite uma proveniência de depósitos de plataforma.

Afogamento (plataforma carbonatada).........................................................................................................................................................Drowning

Ennoiment (carbonates) / Ahogamiento (carbonatos) / Ertrinken (Carbonate) / 溺水(碳酸盐岩)/ Затопление (погружение) / Affogamento (carbonati) /

Processo geológico que põe uma plataforma carbonatada sob uma lâmina de água superior à profundidade da zona fótica. Um afogamento está associado a uma subida rápida e significativa do nível do mar relativo. Na estratigrafia sequencial, um afogamento elimina, completamente, a sedimentação carbonatada, uma vez que não pode haver mais formação de carbonato (a plataforma carbonatada é posta debaixo da zona fótica). Um afogamento não corresponde a uma discordância. Na estratigrafia sequencial, uma discordância é uma superfície de erosão induzida por um descida do nível do mar relativo que exuma a plataforma continental e a parte superior do talude continental, o que favorece o depósito, nas partes profunda do ciclo-sequência, de cones submarinos turbidíticos. Certos geocientistas, como Wolfang Schlager, consideram que na deposição carbonatada, a verdadeira ruptura de sedimentação está associada a um afogamento e não a uma descida do nível do mar relativo (discordância). Eles consideram que para haver depósito de sistemas turbidíticos carbonatados a formação de carbonato é essencial e, que para isso suceda, a plataforma carbonatada não pode estar expostas ao ar livre (exumada).

Ver “ Discordância por afogamento

Agradação (sobreposição de sedimentos)..........................................................................................................................................Aggradation

Agradation / Agradación / Ablagerung / 沉積 / Аградация (намыв) / Aggradazione

Termo geral que exprime a sedimentação à superfície da Terra. Na Estratigrafia Sequencial, a agradação descreve, sobretudo, o empilhamento dos intervalos sedimentares depositados durante os períodos de estabilidade da lâmina de água que seguem as subidas do nível do mar relativo (ingressões marinhas), quer estas sejam em aceleração (intervalo transgressivo, IT e prisma de nível baixo, PNB) ou em desaceleração (prisma de nível alto, PNA). A agradação dos depósitos profundos, isto é, dos cones submarinos de bacia (CSB) e de talude (CST) é, muitas vezes, associada às descidas do nível do mar relativo. A jusante do rebordo continental, o espaço disponível para os sedimentos (lâmina de água) é, largamente, suficiente para que haja deposição sem que uma subida do nível do mar relativo seja necessária. Sinónimo de Acumulação e, por vezes, de Assoreamento.

Ver: " Bisel de Agradação "
&
" Progradação "
&
" Cone Submarino de Talude "

O Mar do Norte, de onde vem a linha sísmica do autotraço Canvas ilustrado nesta figura, corresponde ao que se pode chamar uma margem divergente abortada. Com efeito, a zona de alongamento do substrato (caracterizada por uma subsidência diferencial) ao longo da qual se desenvolveram bacias de tipo rifte, deslocou-se para Oeste antes da ruptura da litosfera do pequeno supercontinente Eurasia. Isto quer dizer que no Mar do Norte não houve alastramento oceânico. Por cima das bacias de tipo rifte, a partir do Jurássico Tardio e até ao Presente, formou-se uma bacia cratónica, caracterizada por uma subsidência térmica, cuja margem Este foi deformada pela glacioisostasia (levantamento regional da crusta continental em resposta à fusão das grandes camadas de gelo que antes a afundaram). Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de uma linha sísmica do Mar do Norte, os sedimentos da bacia cratónica, de idade Cenozóico (subsidência térmica regional), fossilizam a discordância (A) que correlaciona, lateralmente (na margem divergente Atlântica, ou seja na margem Este do Banco de Rockwall), com a ruptura da litoesfera da Eurasia (pequeno supercontinente setentrional do supercontinente Pangeia). Esta discordância, muitas vezes designada de maneira errónea BUU (acrónimo de “Breakup Unconformity”) limita, o topo de um monte enterrado (paleoalto) de uma bacia de tipo rifte de idade Mesozóico (uma outra discordância é, igualmente, bem visível dentro da bacia cratónica). A discordância A (superfície de erosão) foi induzida pela acção combinada da eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático) e tectónica (subsidência ou levantamento), isto é, por uma descida do nível do mar relativo*. Esta discordância separa a bacia de tipo rifte da bacia cratónica. Embora esta discordância (A) tenha sido, principalmente, induzida por uma descida do nível do mar relativo, ela foi, localmente, reforçada pela tectónica e transformou-se no que muitos geocientistas (sobretudo os estruturalistas) chamam uma discordância angular. Os geocientistas especialistas da estratigrafia sequencial, para bem precisar que este tipo de discordância não é induzido pela tectónica, chamam-lhe discordância reforçada pela tectónica (“Enhanced Unconformity” em inglês), uma vez que ela é induzida, fundamentalmente, por uma descida do nível do mar relativo. A tectónica apenas reforça, localmente, as relações geométricas entre os reflectores que ela separa, uma vez que, lateralmente, ela passa a uma discordância críptica (discordância difícil de reconhecer, o que é a característica principal das discordâncias na estratigrafia sequencial). No campo e nas linhas sísmicas, como ilustrado acima, uma discordância é sublinhada por uma superfície sísmica definida por biséis de agradação (flechas) dos sedimentos suprajacentes (da bacia cratónica) e por biséis somitais ou biséis superiores dos sedimentos subjacentes (da bacia de tipo rifte). Provavelmente, os biséis de agradação são marinhos, uma vez que o ambiente sedimentar, na base da bacia cratónica, é de água profunda. Todavia, a lâmina de água de deposição diminui à medida que a agradação ocorre. Na bacia de tipo rifte, as terminações dos reflectores, que correspondem, mais ou menos, às interfaces sedimentares (linhas cronostratigráficas) e que terminam contra a discordância, são biséis superiores (ou somitais) por truncatura. Em geral, nas linhas sísmicas, não há nenhum reflector, que possa ser seguido em continuidade em associação com uma discordância, em particular com uma discordância reforçada pela tectónica (discordância angular) visto que o perfil de impedância acústica muda lateralmente.  O interpretador, nesta tentativa, sublinhou em continuidade a superfície sísmica teórica definida pelas terminações dos reflectores que caracterizam a superfície de erosão que separa a bacia de tipo rifte da bacia cratónica. Dentro da bacia cratónica, a agradação pode ser calculada (em tempo) pelas terminações dos biséis de agradação. Ela é aqui, mais ou menos, de 2 segundos (t.w.t., isto é, tempo duplo), o que em profundidade corresponde, aproximadamente, a 2600 metros (para uma velocidade de intervalo de cerca de 2600 m/s). É por isso, que estes biséis de agradação são considerados biséis de agradação marinhos.

(*) O nível do mar pode ser absoluto (eustático), quando referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, ou relativo (local) quando referenciado a um ponto qualquer da superfície terrestre, que pode ser o topo da crusta continental (base dos sedimentos) ou o fundo do mar. Não se pode confundir uma subida do nível do mar relativo com uma subida do nível do absoluto, uma vez que o nível do mar relativo é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático com a tectónica (levantamento ou subsidência).

Agradação Costeira ..............................................................................................................................................................Coastal Aggradation

Aggradation côtière / Agradación costera / Küsten Verlandung / 沿海沉积 / Береговой намыв / Aggradazione costiera

Componente vertical dos biséis de agradação costeiros. A agradação costeira sublinha as variações do nível do mar relativo. Ela é positiva, quando o nível do mar relativo sobe e negativa quando o nível do mar relativo desce. Quando os biséis de agradação costeiros são deslocados para o largo e para baixo, eles enfatizam condições geológicas de nível baixo do mar. Num ciclo-sequência, salvo para os depósitos turbidíticos (depositados, na hipótese de Vail, durante uma descida do nível do mar relativo), uma subida do nível do mar relativo é necessária para que se depositem os cortejos sedimentares de nível alto (intervalo transgressivo, IT, e prisma de nível alto, PNA) e o prisma de nível baixo, PNB (subgrupo dos cortejos sedimentares de nível baixo). Todos estes depósitos exibem um agradação costeira positiva. Num ciclo-sequência, durante o depósito do intervalo transgressivo (IT), a taxa de subida do nível do mar relativo é em aceleração, ao passo que, durante o depósito do prisma de nível alto (PNA), ela é em desaceleração.

Ver: " Agradação "
&
" Bisel de Agradação "
&
" Cortejo Sedimentar

Uma agradação costeira positiva ocorre durante os episódios transgressivos e regressivos de um ciclo-sequência. Um aumento do espaço disponível para os sedimentos (acomodação) é necessário em ambos os casos. Nos episódios transgressivos, a taxa de aumento do espaço disponível é em aceleração, quer isto dizer, que as ingressões marinhas são cada vez mais importantes (sectores da curva das variações do nível do mar relativo com uma geometria crescente e côncava) enquanto que nos episódios regressivos, ela é em desaceleração. As ingressões marinhas são cada vez mais pequenas (sectores da curva das variações do nível do mar relativo com uma geometria crescente e convexa). Os sistemas de deposição turbidítica (cones submarinos de bacia e de bacia talude) depositam-se, segundo Vail, durante as descidas do nível do mar relativo (agradação costeira negativa), uma vez que dentro de um ciclo-sequência, a jusante do rebordo continental, a lâmina de água é suficiente para permitir deposição. Nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço canvas de um detalhe uma linha sísmica do offshore do Labrador (Canadá), o qual é constituído por uma margem divergente de tipo Atlântico de idade Mesozóico-Cenozóico, que de depositou por cima de bacias de tipo rifte de idade Jurássico Tardio - Cretácico Inicial, tenha em linha de conta o ajuste isostático ou ajuste pós-glaciário (elevação das massas terrestres que foram pressionadas pelo enorme peso das calotas glaciárias e glaciares durante a última glaciação, mediante um processo conhecido como depressão isostasia). No ciclo-sequência indicado (entre as duas discordância coloridas em azul), a agradação costeira é bem visível, no intervalo transgressivo (IT), o qual é caracterizado por uma geometria retrogradante. O episódio regressivo sobrejacente (prisma de nível alto, PNA) é caracterizado por uma geometria progradante. Um ciclo eustático de 3a ordem, cuja duração varia entre 0,5 e 3-5 My induziu o depósito de um ciclo sequência, o qual é limitado, como todos os ciclos estratigráficos, por discordâncias. O intervalo transgressivo (IT) está associado aos segmentos da curva do nível do mar relativo, ao redor do ponto de inflexão, e particularmente, ao segmento superior caracterizado por ter a 1a e 2a derivada positivas (sector da curva das variações do nível do mar relativo com uma geometria crescente e côncava), o que sugere uma subida do nível do mar relativo em aceleração (as ingressões marinhas são cada vez maiores ou, dito de outra maneira, uma taxa de criação de espaço disponível crescente). O episódio regressivo (PNA) está associado com o sector da curva do ciclo eustático que tem a 1a derivada positiva e 2a negativa (a função é crescente e convexa) ou seja, associado a subida do nível do mar relativo em desaceleração (as ingressões marinhas são cada vez mais pequenas ou a taxa de acomodação é cada vez mais pequena). O grupo de cortejos de nível baixo (CNB) deposita-se, principalmente, em associação com o segmento decrescente e côncavo da curva das variações do nível do mar relativo (descida em desaceleração). Num ciclo-sequência é errado associar o intervalo transgressivo (IT) a uma subida do nível do mar relativo e o prisma de nível alto (PNA) a uma descida. Os cortejos sedimentares que formam estes subgrupos requerem sempre um aumento de espaço disponível para os sedimentos, o que implica uma subida do nível do mar relativo. O que varia é a taxa de subida (em aceleração durante o intervalo transgressivo e em desaceleração durante o prisma de nível alto). A discordância BUU (acrónimo de “Breakup Unconformity”), que separa a bacia de tipo rifte da margem divergente sobrejacente, enfatiza a ruptura da litosfera do supercontinente Pangeia. O intervalo sedimentar entre as discordâncias coloridas em azul, corresponde a um ciclo-sequência, visto que a diferença de idade entre as discordâncias é inferior a 3-5 My. Todavia, ele é incompleto, uma vez que o grupo de cortejos de nível baixo (CNB) está representado, unicamente, pelo subgrupo superior, isto é, pelo prisma de nível baixo (PNB). Os outros subgrupos, ou seja, os cones submarinos de bacia (CSB) e de talude (CST) não se depositaram nesta área. Dentro deste ciclo-sequência, é fácil de constatar que a 1a superfície transgressiva (em verde tracejado) separa o prisma de nível baixo (PNB) do intervalo transgressivo (IT), assim como a superfície de base das progradações principais (em azul tracejado) separa o intervalo transgressivo (IT) do prisma de nível alto (PNA).

Agradação Costeira Negativa ....................................................................Downward Shift of Coastal Onlap

Aggradation côtière négative / Agradación costera negativa / Küsten Verlandung / 负海岸沉积 / Прибрежные аккумулятивные отрицательные / Aggradazione costiera negativa

Deslocamento para o mar e para baixo dos biséis de agradação costeiros. Um tal deslocamento, que é induzido por uma descida do nível do mar relativo, pode pôr os biséis de agradação costeiros mais baixo do que a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição ou mais baixo do que o rebordo da bacia. Só no segundo caso é que a plataforma continental e parte superior do talude continental são exumados (condições geológicas de nível baixo do mar). Em condições geológicas de nível alto, quando a bacia não tem plataforma, isto é durante a 2a fase de desenvolvimento do prisma de nível alto (PNA), a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição e o rebordo continental são, mais ou menos, coincidentes. Neste caso, o rebordo continental é, também, o rebordo da bacia. Quando a agradação costeira é negativa, em geral, forma-se uma superfície de erosão ou seja uma discordância que limita dois ciclos estratigráficos. Durante a formação de uma discordância não há deposição, excepto a dos sistemas turbidíticos na parte profunda da bacia. Na curva do espaço disponível de um ciclo-sequência (curva das variações do nível do mar relativo), os segmentos durante os quais se depositam o prisma de nível baixo (PNB) e o intervalo transgressivo (IT) tem a 1a e a 2a derivada positivas (a função é crescente e tem uma geometria côncava ou, por outras palavras, a taxa de subida do nível do mar relativo em aceleração). O segmento durante o qual se deposita o prisma de alto nível (PNA) tem a 1a derivada positiva, mas a 2a derivada é negativa (a função é crescente e tem uma geometria convexa, o que quer dizer que a taxa de subida do nível do mar relativo é em desaceleração). A deposição ocorre durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que segue cada um dos paraciclos eustáticos.

Ver: " Agradação "
&
" Discordância "
&
" Superfície de Deposição "

Como ilustrado nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço canvas de um detalhe de uma linha sísmica do offshore da Nova Zelândia, nos intervalos sedimentares progradantes (a geometria dos dois intervalos inferiores é, principalmente agradante), os biséis de progradação são predominantes. Estes biséis estão associados a subidas do nível do mar relativo* em desaceleração, isto é, a ingressões marinhas cada vez mais pequenas que induzem regressões sedimentares cada vez mais importantes, uma vez que acarreio sedimentar aumenta. As reflexões inclinadas, em direcção do mar, terminam contra reflexões ou superfícies sísmicas sub-horizontais por biséis de progradação. Dentro de cada ciclo estratigráfico (esta tentativa de interpretação está, em parte feita, em ciclos-sequência, mas não está calibrada, o que quer dizer que a idade das discordância não é conhecida com precisão), uma descida do nível do mar relativo induziu um deslocamento para a bacia (invasão continental negativa) e para baixo (agradação negativa) dos biséis de agradação costeiros. Quando um/uma geocientista fala de uma subida ou descida do nível do mar relativo, ele/ela não está a referir-se a eventos únicos, mas a uma série de ingressões marinhas sem descidas do nível do mar relativo entre elas, no primeiro caso, ou a uma série de descidas do nível do mar relativo (regressões marinhas) sem subidas entre elas, no segundo. Uma agradação costeira negativa sublinha uma discordância, ou seja, uma superfície de erosão na plataforma e na parte superior do talude continental que foram exumadas (visíveis na continuação Oeste desta linha). Um tal exumação favoreceu o depósito dos sistemas turbidíticos, nas partes profundas da bacia, uma vez que o acarreio sedimentar aumenta de maneira significativa e o espaço disponível para os sedimentos diminui. Os depósitos profundos, em particular os cones submarinos de bacia (CSB), reconhecem-se, facilmente, no sector Este desta tentativa, debaixo da superfície de base das progradações dos intervalos progradantes (prismas de nível baixo e alto do mar). Desde que o nível do mar relativo começou a subir (início da deposição do prisma de baixo nível) a superfície de erosão é, pouco a pouco, fossilizada pelos biséis de agradação do prisma de nível baixo (PNB). Os intervalos considerados (prismas e cones submarinos) não pertencem, certamente, a um único ciclo-sequência, mas, provavelmente, a uma sobreposição de ciclos-sequência incompletos, que formam um ciclo estratigráfico de hierarquia inferior (subciclo de invasão continental) depositado durante um ciclo eustático de 2a ordem. Teoricamente, se a diferença de idade entre as duas discordâncias (ou entre as suas paraconformidades correlativas em água profunda), que separam os intervalos sísmicos considerados, for superior a 3 - 5 My, esses intervalos não podem ser interpretados como ciclos-sequência, mas como subciclos de invasão continental (se a diferença for inferior a 50 My). Um ciclo-sequência está associado a um ciclo eustático de 3a ordem (duração entre 0,5 e 3-5 My), enquanto que um subciclo de invasão continental, que é composto por vários ciclos-sequência, está associado a um ciclo eustático de 2a ordem (duração entre 3-5 e 50 My). Dentro de um ciclo eustático de 2a ordem podem reconhecer-se vários ciclos eustáticos de 3a ordem. Um ciclo de invasão continental é induzido por um ciclo eustático de 1a ordem (duração superior a 50 My) e composto de vários subciclos de invasão continental. Tendo em linha de conta a hierarquia dos ciclos estratigráficos e a ordem dos ciclos eustáticos (hierarquia dos ciclos estratigráficos é oposta a ordem dos ciclos eustáticos), ao nível de um ciclo-sequência (ciclo eustático de 3a ordem), as variações do nível do mar relativo são primordiais. Ao nível de um ciclo de invasão continental (ciclo eustático de 1a ordem), são as variações do nível do mar absoluto ou eustático que são as responsáveis da ciclicidade**. Num ciclo-sequência ou num subciclo de invasão continental, o espaço disponível para os sedimentos é, basicamente, dado pelas variações do nível do mar relativo. Em geral, quando um geocientista fala do nível do mar ele está, em geral, a referir-se o nível do mar relativo. Para evitar possíveis confusões, um/uma geocientista deve sempre especificar de que nível do mar se trata. Em associação com uma subida do nível do mar eustático ou absoluto depositam-se transgressões sedimentares e em associação com uma descida do nível do mar eustático ou absoluto depositam-se regressões sedimentares, o que não é caso quando se trata de subidas e descidas do nível do mar relativo.

(*) Nível do mar local e referenciado a qualquer ponto da superfície terrestre, como por exemplo a base dos sedimentos ou do fundo do mar. O nível do mar relativo é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático, que é global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica (subsidência ou levantamento).

(**) O nível do mar absoluto ou eustático é função da: (i) Tectonicoeustasia (variação do volume das bacias oceânicas em associação com alastramento oceânico no seguimento da ruptura dos supercontinentes) ; (ii) Glacioeustasia (variação de volume de água dos oceanos função da quantidade de gelo, assumindo que a quantidade de água sob todas as suas formas é constante desde a formação da Terra, há cerca de 4,5 Ga) ; (iii) Geoidaleustasia (distribuição da água dos oceanos causada pelas variações do campo da gravidade terrestre e (iv) Aumento estérico do nível do mar ou dilatação térmica.

Agradação Costeira Positiva....................................................................................Upward Shift of Coastal Onlap

Aggradation côtière négative / Agradación costera negativa / Negative Küsten Verlandung / 负海岸沉积 / Прибрежные аккумулятивные отрицательные / Aggradazione costiera negativa /

Quando a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição (grosseiramente a linha da costa) se desloca para o mar e para cima. Quando a agradação costeira é positiva, o espaço disponível para os sedimentos (na plataforma e planície costeira) aumenta e, por conseguinte, uma parte ou a totalidade pode ser preenchido por sedimentos. Excepto para os sistemas turbidíticos, para haver deposição tem sempre que haver um agradação costeira positiva, isto é, criação ou aumento do espaço disponível para os sedimentos (aumento da lâmina de água). Dentro de um ciclo-sequência, o aumento do espaço disponível pode ser em aceleração (prisma de nível baixo, PNB e intervalo transgressivo, IT) ou em desaceleração (prisma de nível alto, PNA). Durante a formação de uma discordância não há deposição, excepto a dos sistemas turbidíticos na parte profunda da bacia. Na curva do espaço disponível durante um ciclo-sequência, os segmentos durante os quais se depositam o prisma de nível baixo (PNB) e o intervalo transgressivo (IT) tem a 1a e a 2a derivada positivas (a função é crescente e tem uma geometria côncava ou, por outras palavras, a taxa de subida do nível do mar relativo é em aceleração). O segmento durante o qual se deposita o prisma de alto nível (PNA) tem a 1a derivada positiva, mas a 2a derivada é negativa (a função é crescente e tem uma geometria convexa, o que quer dizer que a taxa de subida do nível do mar relativo é em desaceleração). A deposição faz-se durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois de cada um dos paraciclos eustáticos.

Ver: " Configuração progradante " e "Acomodação Potential"

Água de Formação................................................................................................................................................................................Formation water

Eau de formation / Agua de formación / Formation Wasser / 地层水 / Пластовая вода / Acqua di formazione /

Água armazenada nos poros de uma rocha, em geral, sedimentar e que não esteve em contacto com a atmosfera desde há muito tempo (tempo geológico). A água de formação ou água intersticial não é, necessariamente, a água que estava presente quando a rocha se depositou, isto é, não é, necessariamente, uma água fóssil.

Ver: « Reservatório (HC) »
&
« Armadilha (petróleo ou gás) »
&
« Água Juvenil »

Quando uma rocha-reservatório* com água (existem rochas-reservatório, unicamente, com hidrocarbonetos) tem o máximo de saturação (percentagem da porosidade ocupada por um fluido) em hidrocarbonetos, a água de formação, que ocupa o resto da porosidade, chama-se água de saturação irredutível. Neste esquema de uma rocha-reservatório com água e petróleo, a saturação irredutível, que por definição é de água, representa a película da água adsorvida**, quer isto dizer, da água que reveste as superfícies, mais ou menos, contínuas dos grãos de quartzo e da água que está à volta dos contactos dos grãos e nos estrangulamentos dos poros. A água de saturação irredutível corresponde a uma situação estável. Ela difere da água de saturação residual, a qual pode ser determinada pela análise dos testemunhos de sondagem. A diferença entre a saturação de água irredutível e residual é devida à invasão do filtrado (lama de perfuração) e à expansão do gás associado que ocorre quando o testemunho é retirado do poço para a superfície. A saturação irredutível de um fluído qualquer é o mínimo de saturação que o fluído pode atingir quando ele é deslocado, num meio poroso, por um outro fluído que não é miscível com o primeiro. Uma rocha-reservatório pode ter diferentes molhabilidades. A molhabilidade é a propriedade de uma superfície, mais ou menos, contínua ser molhada quando em contacto com um líquido, isto é, quando a tensão superficial*** do líquido é reduzida de modo a que o líquido se espalha sobre a superfície. Na maior parte das rochas-reservatórios, a água representa a fase molhada (película adesiva sobre os grãos), mas em certas rochas-reservatório, o petróleo pode também constituir a fase molhada. Durante a produção primária do petróleo, só cerca de 25% do petróleo total é recuperado. Ao fim da produção secundária (produção assistida), ainda restam cerca de 50% de petróleo no reservatório. O mesmo acontece nos poços de produção de água. Uma produção primária de petróleo depende unicamente de processos naturais: (i) Deslocamento do petróleo pela água ; (ii) Expansão do gás natural na parte superior do reservatório ; (iii) Expansão do gás inicialmente dissolvido no petróleo bruto e (iv) Drenagem por gravidade resultante da circulação de óleo no alto do reservatório para as partes baixas onde estão localizados os poços. Numa produção assistida de petróleo que, em geral, é utilizada depois de uma produção primária, desde que pressão não é suficiente para obrigar o petróleo a subir à superfície, diferentes métodos podem ser utilizados para aumentar a pressão da rocha-reservatório: (i) Injecção de água ; (ii) Reinjecção de natural ; (iii)  Gás "lift"  (injecção  ar comprimido, anidrido carbónico ou qualquer outro gás para fazer subir o petróleo diminuindo a pressão hidrostática dentro do poço). As bombas de sucção (bombas cabeça de cavalo, que  são a parte superficial de bombas impulsoras de pistão, instaladas nos poço de petróleo) e bombas eléctricas submersíveis são muito utilizadas na produção assistida. De entre os métodos de recuperação de petróleo ditos de recuperação terciária, os quais aumentam a mobilidade do petróleo e assim a sua taxa de extracção, os métodos térmicos são os mais comuns. O petróleo é aquecido o que reduz de maneira significativa sua viscosidade e facilita a sua extracção. A injecção de vapor, que é o método térmico mais frequente é, quase sempre feita a partir uma central de cogeração (processo de geração simultânea de electricidade e de calor a partir de energia de uma mesma fonte).

(*) Uma rocha-reservatório é uma rocha para qual o petróleo pode migrar e onde ele pode, eventualmente, ser detido caso a rocha-reservatório faça parte de uma armadilha petrolífera. Os arenitos, que podem ter uma porosidade significativa são, provavelmente, as rochas-reservatório mais comuns. Os calcários e dolomites, alguns dos quais são formados por restos de esqueletos de recifes de corais antigos são também exemplos de rochas-reservatório.

(**) A adsorção é a aderência de moléculas de gás, iões ou moléculas em solução, às superfícies dos sólidos com os quais elas estão en contacto.

(***) A tensão superficial é um efeito físico que ocorre na interface entre duas fases químicas (porções de matéria que têm propriedades diferente, que podem ser contínuas ou fragmentadas em varias partes), que faz com que a camada superficial  de um líquido  se comporte como uma membrana elástica. A tensão superficial é causada pelas forças de coesão entre moléculas  semelhantes, cuja resultante vectorial é diferente na interface. Enquanto as moléculas situadas no interior de um líquido são atraídas em todas as direcções pelas moléculas vizinhas, as moléculas da superfície do líquido sofrem apenas atracções laterais e internas. Este desequilíbrio das forças de atracção faz a interface se comportar como uma película elástica (https://pt.wikipedia.org/wiki/Tens%C3%A3o_superficial).

Água Higroscópica.........................................................................................................................................................................Hygroscopic Water

Eau hygroscopique / Agua higroscópica / Hygroskopische Wasser / 吸湿水 / Гигроскопическая (сконденсировавшаяся) вода / Acqua igroscopica /

Água que forma uma fina película à volta das partículas que constituem um solo. Como a água higroscópica está, quimicamente, ligada as partículas do solo, ela não pode ser utilizada pelas plantas. Existem três categorias de água num solo: (i) Água higroscópica ; (ii) Água capilar e (iii) Água gravitária.

Ver: « Água Juvenil »
&
« Água de Formação »
&
« Ciclo Hidrológico »

A água que é retida no espaço entre as partículas sedimentares que constituem um solo, pode chamar-se água não-disponível, uma vez que ela não pode ser, directamente, utilizada pelas plantas para a sua alimentação. Contudo, esta água não-disponível pode ser subdividida em: (i) Água higroscópica ; (ii) Água capilar e (iii) Água gravitária. A água higroscópica corresponde à película microscópica de água que envolve as partículas que formam um solo. Esta água está, intimamente, ligada às partículas do solo por uma atracção molecular forte e, por isso, ela não pode ser deslocada naturalmente. Na realidade, água higroscópica está ligada às partículas sedimentares por forças adesivas que excedem 31 atm (atmosfera*) e que podem, em certos casos, ultrapassa 10000 atm. A água capilar é a água que é retida por forças coesivas entre os filmes de água higroscópica. A pressão de fixação da água capilar é muito mais pequena do que a pressão de retenção da água higroscópica, o que quer dizer, que a água capilar pode ser deslocada por ar seco ou pela absorção das plantas, mas não pode ser deslocada pela gravidade. As plantas utilizam a água capilar através das suas raízes até que a força capilar do solo (força que retém água às partículas que formam o solo) seja igual à força de extracção das raízes das plantas. A partir deste momento, as plantas não podem mais puxar a água da zona de enraizamento e, por isso, murcham. A água gravitária é a água que pode ser deslocada através de um solo pela força da gravidade. É a água subterrânea propriamente dita, que ao contrário da água higroscópica ou de retenção se pode deslocar. A água do solo que não é retida ou utilizada pelas plantas continua a descer através do terreno e integrar a água subterrânea podendo obrigar a subir o nível freático. A quantidade de água retida num solo, desde que o excesso de água é drenado, é chamada capacidade de armazenamento de um solo. A quantidade de água de um solo é controlada pela textura do solo. Os solos constituídos, principalmente, por partículas argilosas têm muito mais porosidade (espaço total entre as partículas sedimentares por unidade de volume) do que um solo arenoso, o que quer dizer, que a capacidade de armazenamento de um solo aumenta quando a granulometria diminui. Como se pode deduzir do esquema ilustrado nesta figura a água subterrânea é toda a água que ocupa os espaço vazios de uma formação geológica. Por outras palavras a água subterrânea é água presente nos aquíferos (formação ou grupo de formações geológicas que podem armazenar água que, em geral são constituídas por rochas porosas e permeáveis, capazes de reter água e de cedê-la). A água subterrânea é formadas pelo excedente da água da chuva. Todavia, nem toda água que está debaixo da terra é considerada como água subterrânea. Unicamente a água que está debaixo do nível ou lençol freático** é considerada como água subterrânea.

(*) Unidade de pressão definida como 101325 Pa (Pa ou Pascal é a pressão que um newton exerce sobre um metro quadrado que é igual a 100000 bar). Atmosfera é muitas vezes é usada como referência ou padrão de pressão.

(**) Superfície que limita a zona saturada de água (zona de saturação) da zona subsaturada ou zona de aeração.

Água Hipogénica.......................................................................................................................................................................................................Juvenil water

Eau hypogénique / Agua hipogénica / Juveniles Wasser / 少年水 / Ювенильная вода / Acqua giovanile /

Água derivada, directamente, de um magma e que, geralmente, pode ser considerada como uma água que vem pela primeira vez à superfície da Terra. Sinónimo de Água Juvenil.

Ver: « Água Juvenil »
&
« Água de Formação »
&
« Subducção do tipo-B (Benioff) »

A água hipogénica ou juvenil. sob a forma de vapor, é quase sempre associada às erupções vulcânicas, como testemunha esta fotografia da erupção ao longo das fissuras dos lagos de Grímsvötn (Islândia), em 1998. Por vezes, é muito provável que água venha pela primeira vez à superfície da Terra. Isto é, certamente, verdade, quando a água hipogénica ou juvenil está associada a pontos quentes da astenosfera. Actualmente, quer isto dizer, depois de 4,5 Gy (mil milhões de anos) de história geológica, o mais provável, é que a água seja reciclada da mesma maneira que o são as rochas, isto é, que a água tenha já feito parte da composição da superfície terrestre. As zonas de subducção, quer elas sejam de tipo-B (Benioff) ou de tipo-A (Ampferer), sugerem, fortemente, uma origem superficial da água hipogénica. Sobretudo, que actualmente, a maior parte dos geocientistas admite que: (i) Toda crusta oceânica paleozóica foi consumida nas zonas de subducção (excepto a pequeníssima fracção que forma os ofiolitos paleozóicos) e (ii) Da crusta oceânica posterior à Pangeia, a maior parte, em particular, a formada durante o Triásico e Jurássico, também já desapareceu nas zonas de subducção do tipo-B (uma pequena quantidade desta antiga  crusta oceânica encontra-se nas cinturas montanhosa do Meso-Cenozóico sob a forma de ofiolitos mesozóicos). Tudo isto significa, que nas zonas de subducção de tipo-B, as placas litosféricas descendentes (crusta oceânica e sedimentos pelágicos profundos que são ricas em água) transportam a água para as partes mais profundas da zona de subducção onde ela é engolida e assimilada pela astenosfera, ao mesmo tempo que se formam novos magmas**. A continuação desta história geológica é bem conhecida de todos os geocientistas e sobretudo das pessoas que vivem junto dos arcos vulcânicos das placas litosféricas cavalgantes. Os magmas, assim formados, sobem para a superfície terrestre através da placa cavalgante, a maior parte das vezes de maneira catastrófica, onde eles formam toda uma série de rochas efusivas, ao mesmo tempo, que libertam uma grande parte da água que eles contém. É essa água, que a grande maioria dos geocientistas chama água hipogénica ou juvenil.

(*) Zona superior do manto terrestre, debaixo da litosfera, mais ou menos entre 30-130 km e 670 km de profundidade, constituída por silicatos dúcteis no estado sólido, mas localmente semifundidos parcial ou totalmente, função da localização e profundidade das bolsas de magma, sobre a qual se movem as placas litosféricas e que permite os ajustamentos isostáticos

(**) O termo magma é utilizado em geologia para designar as massas rochosas em fusão total ou parcial e os materiais voláteis associados que existem debaixo da superfície da terrestre. As massa rochas são, principalmente, constituídas por silicatos (compostos de silício e oxigénio podem estar acompanhados  alumínio, ferro, magnésio ou cálcio) a alta pressão e temperatura. O material volátil é rico em iões metálicos (átomos ou moléculas que adquirem ou perdem carga eléctrica pelo ganho ou perda de electrões) e enxofre podendo conter cristais em suspensão, gases dissolvidos e, por vezes, bolhas de gás.

Água Incrustante.......................................................................................................................................................................................Incrusting Water

Eau incrustante / Agua incrustante / Inkrustierende Wasser / 水馅 / Вода, осаждающая накипь / Acqua incrostante /

Água sobressaturada em carbonato de cálcio e que, por isso, tem tendência a precipitá-lo. Ao contrário das águas incrustantes, as águas agressivas são as que mostram tendência para dissolver CaCO3. As águas em equilíbrio, que não têm tendência para depositar ou dissolver CaCO3, são condicionadas pelos valores do pH*, Ca2+ (dureza) e pela concentração de carbonato (alcalinidade).

Ver: « Água Higroscópica »
&
« Água Juvenil »
&
« Ciclo Hidrológico »

Como a água, em geral, é rica em dióxido de carbono (CO2)+ e em oxigénio (O2), ela pode, facilmente, dissolver minerais como, por a calcite, gesso, dolomite, etc, e, assim, adquirir uma dureza de vários milhares de miligramas por litro e tornar-se incrustante. A dureza da água  sublinha com a concentração de iões de determinados minerais nela dissolvidos, em particular de cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+). Na realidade, a dureza total de uma água é, fundamentalmente, induzida pela calcite (cerca de 80%) e pelo magnésio (cerca de 20%). Quando a água não é, suficientemente, dura, ela pode tornar-se corrosiva. As águas corrosivas e incrustantes podem ter consequências desastrosas, visto que elas podem corroer ou incrustar oleodutos, por exemplo, e depositar carbonato de cálcio em lugares onde ele é indesejável. Uma água incrustante é caracterizada por: (i) Um pH maior que 7 ; (ii) Um total de ferro (Fe) superior a 2 ppm (partes por milhão, o que é equivalente a 1 grama por tonelada) ; (iii) Um total de manganésio (Mn) superior a 1 ppm em conjunção com um alto pH e a presença de oxigénio e (iv) Uma dureza total de carbonatos superior a 300 ppm. Por outro lado, uma água corrosiva é caracterizada por: (i) Um pH inferior a 7 ; (ii) Um teor de oxigénio dissolvido superior a 2 ppm ; (iii) Uma quantidade de sulfureto de hidrogénio (H2S) superior a 1ppm ; (iv) Um total de partículas sólidas dissolvida superior a 1000 ppm ; (v) Uma quantidade CO2 dissolvido superior a 50 ppm e (vi) Uma quantidade de cloritos (silicatos de magnésio hidratados naturais com proporções variáveis de minerais associados como quartzo, calcite clorite dolomite, etc.) superior a 500 ppm. A água do mar e outras soluções carregadas de sal tendem a escoar-se lentamente ao longo das fracturas e fissuras sem que haja um escoamento de água significativo. O resultado deste fenómeno é a deposição de crostas cristalinas em determinados lugares e em particular nos sistemas de tubagem industriais. Este tipo de deposição ocorre, de preferência, nas áreas onde não há contacto com o ar atmosférico. Como ilustrado nesta figura, os depósitos de carbonato e estereato de cálcio (principal componente  do precipitado branco que se forma quando o sabão é misturado a uma água calcária) ocorrem onde a água dura se evapora, mesmo parcialmente. Este tipo de deposição pode iniciar-se como um simples resíduo de uma rápida evaporação, mas sua a continuação pode construir espessas incrustações.

(*)  O pH ou potencial de hidrogénio é uma medida da actividade química dos iões H+ de uma solução (mistura homogénea de duas ou mais substâncias não interconvertíveis), principalmente nas soluções aquosas onde esses iões se encontram sob a forma de H3 O+ (hidrónio ou hidroxónio que é a forma mais simples do catião oxónio). O pH uma indica a acidez ou basicidade de uma solução. Quando pH < 7  a solução é ácida. Quando o pH > 7, a solução é básica ou alcalina. O pH pode ser menor que 0 e maior que 14, para ácidos e bases muito fortes.

(**) A expressão "anidrido carbónico " é uma designação obsoleta do dióxido de carbono (CO2).

Água Juvenil.........................................................................................................................................................................................................................Juvenil Water

Eau juvénile / Agua juvenil / Juveniles Wasser / 少年水 / Ювенильная вода / Acqua giovanile /

Água derivada, directamente, de um magma* e que, em certos casos, pode ter vindo à superfície da Terra pela primeira vez. Sinónimo de Água Hipogénica.

Ver: « Água Hipogénica »
&
« Água de Formação »
&
« Eustasia »

A água e sobretudo o vapor de água de uma erupção freática**, durante a qual vapor de água, água, cinzas, blocos e bombas são expelidos de um vulcão é, por vezes, erroneamente, considerada como água juvenil. Na realidade, ela é, na maior parte das vezes, uma água subterrânea, que foi, suficientemente, aquecida pelo magma e, assim, transformada em vapor antes de ser expelida. Em português, a expressão freática refere-se ao água subterrânea (debaixo da zona do nível freático, ou seja debaixo da zona de aeração) existente perto da superfície e, que pode ser aproveitado e utilizado por meio de poços de extracção. Tendo em conta os comentários feitos para a água hipogénica, é importante não esquecer que a quantidade de água sob todas as suas formas é admita, pela grande maioria dos geocientistas, como sendo constante desde o início da formação da Terra, isto é, desde há cerca de 4,5 Ga (mil milhões de anos). Se esta conjectura não for verdadeira, a estratigrafia sequencial não teria sentido, visto que ela admite, como hipótese de base, que a ciclicidade, quer no campo quer nos dados sísmicos e diagrafias eléctricas, observada nos depósitos sedimentares, é controlada e induzida não só pelas variações eustáticas (eustatismo), mas e, sobretudo, pelas variações do nível do mar relativo (acção combinada da eustasia e da tectónica). Quando o volume das bacias oceânicas aumenta ou diminui, função da tectónica das placas, só se pode dizer que o nível eustático (nível do mar global medido em relação ao centro da Terra) desce ou sobe se a quantidade de água for considerada constante desde o início da formação da Terra. Da mesma maneira, durante uma glaciação (global) o nível eustático desce unicamente se a quantidade de água sob todas as suas formas for considerada constante. As variações do nível do mar induzidas pelas variações de volume das bacias oceânicas controlam os ciclos eustáticos de 1a e 2a ordem, os quais induzem os ciclos estratigráficos de invasão continental e os subciclos de invasão continental. As variações do nível do mar induzidas pelas variações da subsidência (tectónica) e volume do gelo (glacioeustasia) controlam os ciclos eustáticos de 3a, 4a e 5a ordem e assim os ciclos estratigráficos ditos ciclos-sequência e paraciclos-sequência. Relembramos que o nível do mar pode ser absoluto (eustático) ou relativo (local). Este último é o resultado da combinação do primeiro com os efeitos da tectónica (levantamento e subsidência). O nível do mar absoluto ou eustático é o resultado da combinação da: i) Tectonicoeustasia que é controlada pela variação do volume das bacias oceânicas em associação com alastramento oceânico no seguimento da ruptura dos supercontinentes ; (ii) Glacioeustasia, que é controlada pela variação de volume de água dos oceanos função da quantidade de gelo (assumindo que a quantidade de água sob todas as suas formas é constante desde a formação da Terra, há cerca de 4,5 Ga) ; (iii) Geoidaleustasia que é controlada pela distribuição da água dos oceanos causada pelas variações do campo da gravidade terrestre e (iv) Aumento estérico do nível do mar ou dilatação térmica dos oceanos, que é controlado pelo aumento da temperatura dos oceanos. O nível do mar relativo é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático e da tectónica (subsidência ou levantamento).

(*) O termo magma é utilizado em geologia para designar as massas rochosas em fusão total ou parcial e os materiais voláteis associados que existem debaixo da superfície da terrestre. As massa rochas são, principalmente constituídas por silicatos (compostos de silício e oxigénio podem estar acompanhados  alumínio, ferro, magnésio ou cálcio) a alta pressão e temperatura. O material volátil é ricos em iões metálicos (átomos ou moléculas que adquirem ou perdem carga eléctrica pelo ganho ou perda de electrões) e enxofre podendo conter cristais em suspensão, gases dissolvidos e, por vezes, bolhas de gás.

(**) Erupção freática ocorre quando água subterrânea drenada em sistema vulcânicos sofre aquecimento súbito por magma ou massa rochosa com temperatura extremamente elevada (>1000° C se magma é básico), ocorrendo uma explosão súbita da água superaquecida seguida de erupção e ejecção de vapor, água, cinzas, blocos e fragmentos de rocha (http://sigep.cprm.gov.br/glossario/verbete/ erupcao_freatica.htm).

Alastramento Oceânico................................................................................................................................................Sea Floor Spreading

Expansion océanique / Expansión oceánica / Ozeanbodenspreizung, Meeresgrund Verbreitung / 海底扩张 / Спрединг океанического дна / Espansione della crosta oceanica

Processo no qual o fundo oceânico se estende quando duas placas litosféricas se afastam uma da outra. À medida que as placas litosféricas se afastam, as rochas partem-se e uma depressão forma-se entre elas (rifte) por onde o material do manto chega à superfície (fundo do mar) criando, assim, nova crusta oceânica.

Ver: " Expansão oceânica "

Albedo...............................................................................................................................................................................................................................................................................Albedo

Albédo / Albedo / Albedo / 反照率 /Альбедо (коэффициент отражательной способности) / Albedo

Razão entre a quantidade de energia electromagnética reflectida por uma superfície e a quantidade de energia incidente. No caso particular da energia solar recebida pela Terra, o albedo é a razão entre a energia solar reflectida e a recebida pela superfície terrestre. O albedo varia de 0 à 1. Ele é zero para uma superfície terrestre muito negra e 1 para uma superfície terrestre ideal de tipo espelho.

Ver : " Ciclo de Milankovitch"
&
" Precessão dos Equinócios "
&
" Retroacção "

Esta carta representa as medidas do albedo, isto é, da razão entre a energia solar reflectida e recebida pela Terra, feita a partir do MODIS*, que foi colocado a bordo do satélite da NASA “Terra and Aqua”. As zonas oceânicas foram excluídas e nas áreas em branco (Antárctica e norte da Gronelândia) não há dados suficientes. As tonalidades avermelhadas correspondem aos valores do albedo entre 0,0 e 0,4. Quando mais pequeno é o albedo mais claros são os tons vermelhos. As áreas cobertas pela neve e as zonas desérticas têm um albedo muito mais importante do que as regiões florestais, uma vez, que elas reflectem muito mais a energia recebida do Sol. As zonas com forte albedo exercem uma retroacção positiva**, que deve ser tomada em linha de conta nos problemas do chamado "aquecimento global". Quanto mais gelo (ou neve) existir à superfície da Terra, mais energia solar é reflectida para a atmosfera, o que provoca um arrefecimento, que, por sua vez, induz mais nevadas, as quais aumentam as áreas cobertas de neve***, o que aumenta o albedo, que, por sua vez, diminui a temperatura e assim de seguida. É isto o que acontece durante os períodos glaciários. Ao contrário, durante os períodos interglaciários, uma diminuição da superfície terrestre coberta pela neve e gelo provoca um aumento da temperatura que, por sua vez, diminui as nevadas, o que diminui o albedo provocando assim um aumento da temperatura e assim de seguida. Por conseguinte, quando um dos factores, que controlam a insolação (ver Teoria Astronómica dos Paleoclimas) ou um deslocamento dos continentes para a proximidade dos pólos (Tectónica das Placas), produz um arrefecimento global, o mecanismo de retroacção positiva começa a funcionar. Não esqueça que a superfície da Terra reflecte em média cerca de 30% da luz recebida do Sol, mas que este valor varia de cerca de 8% (áreas de cultura) a 90% (neve fresca) e que certo tipo de nuvens espessas (como por exemplo os cúmulus) podem reflectir 80% da luz antes que esta atinja a Terra. As nuvens são feotas  de pequens gotas e cristais  que se desenvolvem-se em altitude a quando das correntes de ar ascendentes provocadas por convergência e convexão associadas à forçagens**** frontais ou orográficas (induzidas pela presença de montanhas).

(*) MODIS é o acrónimo de "Moderate Solutions Engine Macromedia"), que é um instrumento formado por uma série de instrumentos de observação científicas que foi lançado na órbita da Terra pela Flash em 1999, a bordo do satélite Terra (EOS AM), e em 2002 a bordo do satélite AIR. O MODIS, que pesa  cerca de 274 kg, capta dados em 36 faixas espectrais em comprimento de ondas de 0,4 µm a 14,4 µm, mapeando toda a Terra no prazo de um a dois dias. Com sua baixa resolução espacial, mas alta resolução temporal, os dados MODIS são úteis para rastrear mudanças na paisagem ao longo do tempo. Como exemplos de tais aplicações podem citar-se : (i) Monitoramento da vegetação ; (ii) Variações longo prazo da cobertura do solo (e.g., taxas de desflorestação) ; (iii) Padrões da cobertura de neve ; (iv) Inundações ; (v) Ingressões marinhas ; (vi) Variação do nível de água dos principais lagos ; (viii) Detecção e mapeamento de incêndios florestais, etc.

(**) Um dos mecanismos de realimentação pelo qual os efeitos ou saídas de um sistema causam efeitos cumulativos à entrada. Em contraste, numa retroacção negativa os efeitos ou saídas saída  causam efeitos na entrada.

(***) A formação de neve (J-P  Vigneau, 2005) corresponde à situação particular, na qual a temperatura das diferentes camadas de ar é negativa a todos os níveis e quando a camadas de temperatura positiva acima do substrato é muito fina para assegurar a fusão. Mais o ar é frio, mais os flocos de neve são frequentes: em palhetas para temperaturas muito baixa ; pulveriforme para temperaturas superior a -10° C. A neve com flocos carregados de água, chamada neve pesada (densidade O,5), explica-se por um bloqueamento da fusão devido à presença de uma camada muito baixa a uma temperatura próxima de zero.

(****) Forçagem ou forçamento refere-se a perturbações ou distúrbios no balanço energético da Terra, que causam mudanças na temperatura. Estas forçagens são flutuantes e assim decisivas na avaliação e previsão do aquecimento global (https://www.futura-sciences.com/planete/dossiers/climatologie-rechauffement-climatique-question-forcages-1117/page/2/).

Álbico (horizonte)...................................................................................................................................................................................................................................................Albic

Albique / Álbico / Albic / 白浆 / Альбский (горизонт) / Albico /

Horizonte de um solo com uma cor clara, no qual a argila e os óxidos de ferro (livres) foram removidos, ou no qual os óxidos foram separados. A cor clara do horizonte é determinada pela cor das partículas de areia e silte que o formam e não pela cor dos revestimentos dessas partículas. Em geral, os limites de um horizonte álbico, o qual é pouco estruturado, são muito bem marcados.

Ver: " Solo "
&
" Solifluxão "
&

" Permafroste "

Um horizonte álbico de um solo (mistura de fragmentos minerais, matéria orgânica, ar e água que forma a superfície da terra de muitas regiões e que suporta o crescimento das plantas) é um horizonte, mais ou menos, branco com pouco ou nenhuma argila e óxidos de ferro nas partículas de areia. Este horizonte que se forma, sobretudo nas áreas florestais, também chamado horizonte E, tem uma cor clara e é lexiviado. Ele localiza-se debaixo do horizonte O ou no horizonte A, sempre por cima do horizonte B. Os principais horizontes que se podem distinguir num solo são: (i) Horizonte O, com uma espessura média de, mais ou menos, 5 cm ; (ii) Horizonte B, cuja espessura média é cerca de 25 cm ; (iii) Horizonte B, cuja espessura média é cerca de 80 cm e (iv) Horizonte C, que, em geral, têm um espessura média de, mais ou menos, 120 cm. O horizonte O tem mais de 20-30% de matéria orgânica, uma cor escura e está, muitas vezes, saturado de água durante longos períodos de tempo. O horizonte A, que está, imediatamente, debaixo do horizonte O, é caracterizado por uma obliteração significativa da estrutura rochosa original, por uma acumulação húmica de matéria orgânica que está, intimamente, misturada com a fracção mineral, e pelas propriedades resultantes da agricultura e pastoreio. O horizonte B é caracterizado por uma obliteração total da textura original rochosa e apresenta um ou mais seguintes eventos: (i) Concentração iluvial* ; (ii) Remoção de carbonatos ; (iii) Concentração residual de sesquióxidos (óxidos contendo três átomos de oxigénio com dois átomos radicais ou de outro elemento) ; (iv) Revestimentos de sesquióxidos ; (v) Alterações minerais e (vi) Perda de resistência. O horizonte C, por vezes chamado rególito, é pouco afectado pelos processos pedológicos**. Este horizonte não tem nenhuma das propriedades dos outros horizontes. É um horizonte mineral, que pode ter sido modificado, mesmo se, em geral, não apresenta nenhuma evidência de pedogénese.

(*) A iluviação é o processo de acumulação num horizonte do solo de elementos procedentes de outro horizonte. A maior parte das vezes, a iluviação é corresponde à descida de materiais do horizonte A para o horizonte B. A iluviação pode ser : (i) Mecânica, quando a percolação da água da chuva atinge um horizonte do solo mais seco, e a água arrasta materiais finos de maneira descendente através da acção capilar dos microcanais e (ii) Química quando os constituintes solúveis são depositados devida às diferenças na química do solo, em particular do pH e do potencial redox ou de oxirredução (reacções de transferência de electrões entre o redutor, que fornece o electrão e o oxidante que recebe recebe) (https://es.wikipedia.org/wiki/Iluviación). A eluviação é o transporte no solo, por uma corrente de água lateral ou ascendente, de sedimentos finos dissolvidos ou em suspensão, quando a chuva excede a evaporação.

(**) A pedogénese é conjunto dos processos físicos, químicos e biológicos responsáveis da transformação das rochas em um solo e depois da sua evolução.

Alcatrão (Breu, Pez, Piche)...........................................................................................................................................................................................................................Tar

Tar (breu, poix de Judée, goudron)/ Alquitrán, Brea / Tar (Teer) / 的tar (焦油) / Гудрон (дёготь) / Tar (catrame) /

Substância muito viscosa e escura, acre, mais ou menos, líquida, proveniente da destilação do carvão, petróleo ou da resina. Geralmente, sinónimo de Breu, Pez e Piche.

Ver: « Hidrocarboneto »
&
« Petróleo »
&
« Pez »

O alcatrão é muitas vezes confundido com o betume de origem petrolífera. Esta confusão é devida à invenção do macadame, que, no passado, era utilizado para revestir as estradas e que era fabricado a partir do alcatrão. Actualmente, o alcatrão não é mais utilizado para melhorar a resistência do pavimento aos hidrocarbonetos, uma vez que o betume de origem petrolífera é solúvel nos hidrocarbonetos. Os termos alcatrão, breu, pez e piche, embora, por vezes, considerados como sinónimos, são, em certos países, utilizados para descrever coisas muito diferentes. Em inglês, o termo “tar” engloba os quatros termos portugueses, cujas definições, em particular breu, pez e piche, são mais literárias do que científicas. Todos estes termos, são produtos, directa ou indirectamente associados, a rochas sedimentares ricas em matéria orgânica, isto é, a rochas-mãe ou rochas geradoras*, que podem ser marinhas ou não-marinhas. As rochas-mãe não-marinhas (lacustres e deltaicas) depositam-se sobretudo nas bacia sedimentares do tipo-rifte e na base das margens continentais divergentes. A matéria orgânica das rochas-mãe lacustres é do tipo I**, enquanto a das deltaicas é, principalmente, do tipo III, com uma especial referência ao carvão. As rochas marinhas ricas em matéria orgânica (tipo II) depositam-se de preferência nos cortejos sedimentares transgressivos (IT) dos ciclos-sequência, os quais são induzidos por ciclos eustáticos de 3a ordem (caracterizados por terem um tempo de duração entre 0,5 e 3-5 My). O mecanismo de formação deste tipo de matéria orgânica, dentro de um ciclo-sequência, é bem conhecido dos geocientistas: (i) A primeira superfície transgressiva do ciclo-sequência diferencia a ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição (mais ou menos a linha da costa) do rebordo continental e desloca-a para o continente criando uma pequena plataforma continental ; (ii) Durante o cortejo transgressivo (IT), as sucessivas subidas do nível do mar relativo (ingressões marinhas) acentuam o deslocamento da ruptura costeira da superfície de deposição para o continente, aumentando a extensão da plataforma, criando assim, na parte distal, condições geológicas com uma fraca taxa de sedimentação, as quais favorecem a formação (fauna abundante) e preservação (fraco teor em oxigénio) da matéria orgânica, sobretudo quando uma corrente marinha ascendente fria e rica en nutrientes é presente na região.

(*) Em geologia e  em particular na geologia do petróleo, uma rocha-mãe ou rocha geradora é uma rocha sedimentar rica em matéria orgânica capaz de gerar hidrocarbonetos (petróleo ou gás) função da temperatura alcançada por enterramento. Quando rocha, ao longo da sua história geológica, localmente, não foi suficientemente enterrada para gerar hidrocarbonetos, é ela é nessa área considerada como uma rocha-mãe potencial.

(**) Na geologia do petróleo, três tipos principais de matéria orgânica (cerogénio) são considerados : A) Tipo I  ou Sapropélica ; B) Tipo II ou Planctónica ; C) Tipo III ou Húmica. A matéria orgânica Tipo I pode caracterizar-se assim: (i) Formada, basicamente, por proteínas e lipídeos ; (ii) Contém alginite, matéria orgânica amorfa, cianobactérias, algas de água doce e resinas de plantas terrestres ; (iii) Taxa Hidrogénio/ Carbono > 1,25 ; (iv) Taxa Oxigénio / Carbono< 0,15 ; (v) Tendência para gerar petróleo ; (vi) Deriva, principalmente, de algas lacustres e forma-se, sobretudo em, em lagos anóxicos ; (vii) Tem poucas estruturas cíclicas ou aromáticas. A matéria orgânica Tipo II  que  pode ser (a) Esporonítica quando formada, principalmente por esporos e pólens ; (b) Cutinítica quando formada, sobretudo, por plantas terrestre ricas em cutina ; (c) Resinítica, quando formada, principalmente, por plantas terrestre ricas em resina e pelas resinas resultantes da decomposição de animais ; (d) Liptinitica, quando formada, basicamente, pelos lipídeos das plantas terrestres. A matéria orgânica Tipo II pode caracteriza-se  por : (i) Tendência a gerar petróleo e gás ; (ii) Taxa Hidrogénio / Carbono  <1,25 ; (iii) Taxa  Oxigénio / Carbono  entre 0,03 e 0,18. As características da matéria orgânica Tipo III são : (i) Rica em plantas terrestres costeiras (ausência de lipídeos e de matéria cerosa) ; (ii) Taxa Hidrogénio / Carbono <1 ; (iii) Taxa Oxigénio / Carbono entre 0,03  e 0,3 ; (iv) Tendência a produzir carvão e gás. ((https://en.wikipedia.org/ wiki/ Kerogen).

Alga...............................................................................................................................................................................................................................................................................................Algae

Algue / Alga / Alge / 藻类 / Водоросли / Alga /

Organismo que pode pertencer a diferentes grupos de seres vivos. Tradicionalmente, uma alga era considerada como uma planta simples e, por vezes, relacionada com plantas superiores. Actualmente, as algas são um grande e diversificado grupo parafilético (táxon que inclui um grupo de descendentes de um ancestral comum em que estão incluídos vários descendentes, mas não todos eles) de organismos autotróficos simples, que vão desde formas unicelulares a multicelulares.

Ver: " Alga Castanha "
&
" Fotossíntese "
&
" Autotrófico (organismo) "

As algas formam um conjunto multifilético. Os seus membros estão dispersos entre distintos grupos de parentesco. Entre eles podemos considerar: (i) Procariotas ou Procariontes e (ii) Eucariotas ou Eucariontes. Nos protocariontes só as cianobactérias* são consideradas como algas. Tradicionalmente, as cianobactérias são chamadas algas verdes-azuis, que é o que significa, literalmente, o seu antigo nome sistemático cianofíceas (em contraste com as feofíceas ou algas castanhas). Os outros grupos das procariotas ou procariontes (que realizam formas de fotossíntese não oxigénicas) não são consideradas como algas, mas sim como bactérias**. Muitos grupos de eucariontes, todos pertencentes ao reino Protista ( grupo diverso de eucariontes que inclui a maioria dos organismos que não se encaixam nem no reino Animalia nem no reino Plantae), são considerados como algas. Na maioria dos casos os eucariontes pertencem ao mesmo clado (grupo de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo) ou ao  mesmo ramo evolutivo com formas heterotróficas, que tradicionalmente têm sido descritas como protozoários ou como falsos cogumelos. Entre elas podemos citar: a) Euglenóides ou euglenófitas: formas unicelulares de água doce dotadas de plastos verdes, aparentadas com os cinetoplásticos (grupo que inclui tanto as formas unicelulares heteotróficas dos mesmos ambientes, como as protistas que produzem a doença do sono) ; b) Dinoflagelados: protistas unicelulares, que na sua maioria têm plastos de cores diferentes, derivados por endosimbiose de outras algas unicelulares ; c) Cromófitos: clado de protistas muito heterogéneo que inclui entre os seus membros alguns dos mais importantes fotossintetizadores aquáticos ; d) Haptótifos: unicelulares cujas escamas carbonatadas contribuem de maneira importante à sedimentação oceânica ; e) Criptófitos: formas unicelulares flageladas de águas frias, sobretudo marinhas ; f) Glaucófitos: protistas unicelulares de água doce que se caracterizam por conterem cianelas que são plastos (células específicas do citoplasma) com características típicas das cianobactérias ; g) Rodófitos: algas vermelhas e g) Clorófitos: algas verdes.

(*) As cianobactérias, que foram as primeiras formas de vida na Terra, entre 3,3 e 1.5 Ga, desenvolveram-se em estruturas em forma de domo chamadas estromatólitos constituídas de alternância de níveis de matéria orgânica e inorgânica. Estruturas deste tipo podem ser observadas em vários litorais, em particular nas Bahamas e na Austrália. Muitos geocientistas consideram que as cianobactérias, que realizam a fotossíntese, foram responsáveis não só da coloração avermelhada da superfície terrestre, mas sobretudo da primeira crise biótica importante. Eles admitem que o oxigénio libertado pelas cianobactérias foi fixado pelo ferro das rochas, o que, provavelmente, deu uma coloração avermelhada à superfície terrestre prístina e que a partir de um determinado momento, a oxidação das rochas, permitiu a acumulação de oxigénio não só na atmosfera, mas também nos oceanos, o que certamente provocou uma importante crise biótica.

(**) As rochas mais antigas da Terra, formadas há 4 milhões milhões de anos, quer dizer, cerca de 500 milhões de anos depois da formação do sistema solar já continham evidência da vida bacteriana. As bactérias comandaram a Terra durante os dois primeiros biliões de anos da sua existência. Foi durante esse tempo que muitas das reacções básicas da bioquímica sobre as quais se assenta a vida se desenvolveram. De longe, a maior inovação foi a fotossíntese pela qual o anidrido carbónico (CO2) e a água (OH2) são reduzidos em carbohidratos (C6H12O6) utilizando a luz do Sol como fonte de energia libertando oxigénio para atmosfera (Cesare Emiliani, 1995).

Alga Castanha (feofícea)....................................................................................................................................................................................Brown Algae

Algue castanha / Alga castaña / Braunalgen / 褐藻 / Бурые водоросли / Alga marrone /

Um dos constituintes do grande grupo de algas marinhas, principalmente multicelulares, que engloba as grandes algas das águas mais frias do Hemisfério Norte. Existem cerca de 1500-2000 espécies de algas castanhas, algumas das quais têm uma grande importância comercial, como, por exemplo, o Ascophyllum nodosum (alga parda, alga marron, alga castanha, "yellow tang" en inglês, "Knotentang" en alemão).

Ver: " Alga "
&
" Matéria Orgânica (tipos) "
&
" Alga Verde-Azul (Cianobactéria) "

As algas castanhas são um ramo importante das algas, que pertencem ao grande grupo das heterocontas, quer isto dizer, um grupo de organismos eucariotas ou eucariontes (têm um verdadeiro núcleo envolvido por uma membrana com material genético dentro dele) que se caracteriza, principalmente, por terem cloroplastos (células específicas do citoplasma que conduzem a fotossíntese, uma vez que elas contém clorofila * a e c envolvidos por quatro membranas. Isto faz pensar que o grupo dos heterocontas** tem uma origem simbiótica entre um eucarionte primitivo e um outro organismo eucariota. Muitas das algas castanhas contém um pigmento chamado ficoxantina, o qual é responsável pela característica cor castanha que a maior parte das algas castanha tem. As algas castanhas são as únicas, entre os heterocontas, que originam formas multicelulares com tecidos diferenciados, que se reproduzem por esporos flagelados e gametas (célula que fusiona com outra célula, durante a fertilização, em organismos com reprodução sexual), que se assemelham a outras células heterocontas. As algas castanhas ou feofíceas derivaram das Feotamniofíceas (espécie das Chrisofíceas) entre 150 e 200 milhões de anos atrás. Certos geocientistas pensam que os primeiros fósseis (Ediacaria) eram algas castanhas que desaparecem com o tempo. As linhagens das algas castanhas, da mais antiga à mais moderna, são: (i) Dictyotales ; (ii) Esferacelariales ; (iii) Cutleriales ; (iv) Desmarestiales ; (v) Ectocarpales ; (vi) Laminarales e (vii) Fucales. Devido a moleza do seu corpo, os fósseis das algas castanhas são raros, uma vez que só poucas espécies depositam sais minerais à volta da parede das suas células. Não esqueça que as dimensões das algas variam muito, desde o vareque ou sargaço (algas multicelulares), que podem atingir dimensões significativas, até às diatomácias unicelulares, que são os principais componentes do plâncton. Algumas das algas, como certas Estramenopilas incluem as Oomicetas, que, geralmente, são parasitas (a Ftoftora, que ataca as batatas e o Pithium que ataca as raízes das plantas), podem ser perigosas.  Como se pode constatar no esquema ilustrado na parte esquerda desta figura, pode  dizer-se que as algas azuis-verdes se desenvolvem sob uma pequena lâmina de água e que à medida que esta aumenta as algas castanhas tornam-se preponderantes para deixar essa preponderância as algas vermelhas sob profundidades de água mais importante. Como indicado, as primeiras plantas aparecem durante  o Precâmbrico, as plantas terrestres  durante o Silúrico  e que as Angiospérmicas marinhas apareceram durante o Cretácico.

(*) Grupo de pigmentos fotossintéticos presente nos cloroplastos das plantas. Há vários tipos de clorofila. A clorofila das plantas verdes tem duas formas, clorofila a, que é a principal responsável da cor verde das plantas e pela realização da fotossíntese, e a clorofila b. As clorofilas c e de encontram-se principalmente nas algas e cianobactérias. A clorofila a difere da clorofila b por ter o radical -CH3 (metila) no lugar do -CHO (aldeído).

(**) O grupo dos Heterocontas ou sub-reino Estramenopiles é monofilético e abrange os grupos das oomicetas (podem exibir desde formas unicelulares até filamentosas, ramificadas e cenocítos que lembram as hifas, que são características dos fungos, e por essa razão as oomicetas foram, no passado, agrupados junto a eles) e das algas crisofíceas (formam cistos endógenos siliciosos que constituem uma forma de resistência), diatomáceas e pardas, além de outros grupos menores. (http://www.criptogamas.ib.ufu.br/node/17)

Alga Azul Verde (cianobactéria)............................................................................................................................................Green Blue Algae

Algue bleu - verte / Alga verde-azul / Green-Blaualgen / 蓝绿色藻类 / Сине-зелёные водоросли (цианобактерии) / Alga verde - azzurro /

Bactéria aquática e fotossintética, o que quer isto dizer, que ela vive na água e que pode produzir a sua própria alimentação. Como as algas verdes-azuis são bactérias, elas são, relativamente, pequenas e, normalmente, unicelulares, embora possam crescer em colónias que podem ser vistas a olho nu. As cianobactérias são conhecidas (pelos seus fósseis) desde à cerca de 3,5 Ga. As cianobactérias são um dos maiores e mais importantes grupos de bactérias presentes na Terra.

Ver: " Alga "
&
" Fotossíntese "
&
" Plâncton "

As algas verdes azuis ou cianobactérias, como certos geocientistas lhes chamam pertencem a um filo de bactérias que obtém a sua energia por fotossíntese (conversão do dióxido de carbono, em componentes orgânicos a partir de energia da luz do sol). As cianobactérias, que foram as primeiras formas de vida na Terra, entre 3,3 e 1.5 Ga, desenvolveram-se em estruturas em forma de domo chamadas estromatólitos constituídas de alternância de níveis de matéria orgânica e inorgânica. Estruturas deste tipo podem ser observadas em vários litorais, em particular nas Bahamas e na Austrália. Muitos geocientistas consideram qua as cianobactérias, que realizam a fotossíntese, foram responsáveis não só da coloração avermelhada da superfície terrestre, mas sobretudo da primeira crise biótica importante. Eles admitem que o oxigénio libertado pelas cianobactérias foi fixado pelo ferro das rochas, o que, provavelmente, deu uma coloração avermelhada à superfície terrestre prístina e que a partir de um determinado momento, a oxidação das rochas, permitiu a acumulação de oxigénio não só na atmosfera, mas também nos oceanos, o que certamente provocou uma importante crise biótica. Como o seu nome sugere a cor destas algas é azul. Estas algas, que são um componente importante do ciclo marinho do azoto, são produtores primários em muitas áreas do oceano, embora se encontrem também ambientes em outros que marinhos como ilustrado nesta fotografia. As cianobactérias podem, igualmente, encontrar-se em ambientes de água doce, lagos hipersalinos e em ambientes áridos, onde elas são os principais componentes das crostas biológica dos solos. Estromatólitos (estruturas de acreção, mais ou menos, laminares formadas em água pouco profunda, pelo armazenamento e cimentação dos grãos sedimentares por microfilmes de microorganismos) de cianobactérias encontram-se em formações geológicas muito antigas que certos geocientistas consideram anteriores a 3,5 Ga. As cianobactérias podem ser perigosas, uma vez que elas são tóxicas, para o homem e outros animais, mas também porque elas criam zonas de morte. Com efeito, à medida que estas bactérias se multiplicam, elas formam um espesso tapete (como o visível nesta fotografia), que bloqueia a luz do sol, impedindo parcial ou totalmente a fotossíntese. Por outro lado, elas podem consumir a maior parte do oxigénio existente na água, o que cria uma zona morta ou depletada, onde outras plantas e animais não podem sobreviver. Um tal desenvolvimento das cianobactérias afecta-as igualmente, uma vez que, unicamente, a parte superior do tapete recebe luz suficiente, o que quer dizer, que as cianobactérias dos níveis inferiores morrem e libertam toxinas* na água, o que causa problemas importantes para o homem e outros animais, como é o caso no Lago Atilán no Guatemala.

(*) As toxinas podem ser pequenas moléculas, péptidos ou proteínas capazes de causar doenças quando entram em contacto, ou são absorvidas, por tecidos do corpo humano, interagindo com macromoléculas biológicas, como enzimas ou receptores celulares. A gravidade das toxinas varia muito, desde um efeito breve e pequeno (como no caso de uma picada de abelha) a mortal (como na toxina botulínica). https://pt.wikipedia.org/wiki/Toxina.

Alimentação (da costa) .............................................................................................................................Upward Shift of Coastal Onlap

Alimentation (de la côte) / Alimentación (de la costa) / (Küsten) Sammlung / 功率(海岸)/ Мощность (побережье) / Potenza (costa) /

Quantidade de material (sedimentos) trazido para a costa pelos agentes morfogénicos marinhos, eólicos e continentais, que contribuem para a manutenção ou para o crescimento das formas litorais. Todo o sedimento clástico prístino é proveniente do continente. As progradações sugerem o sentido do acarreio sedimentar regional. Em certos casos, como nas estruturas em “asas de gaivota” (em voo) dos cones submarinos de talude (CST), as progradações dos diques marginais naturais turbidíticos, indicam o sentido de um acarreio sedimentar local (em geral perpendicular ao acarreio sedimentar regional). Não há sedimentos prístinos vindos mar. Quando a geometria de um intervalo sedimentar é retrogradante, como por exemplo, a das transgressões sedimentares (conjunto de ingressões marinhas cada vez mais importantes e regressões sedimentares cada vez mais pequenas) que formam o intervalo transgressivo (IT) de um ciclo-sequência, os sedimentos vêm do continente. Eles são depositados em progradação durante os períodos de estabilidade do nível do mar relativo que ocorrem entre os paraciclos eustáticos. No campo e nos testemunhos de perfuração, todo intervalo sedimentar, dito transgressivo, exibe progradações que indicam um acarreio sedimentar do continente.

Ver: " Linha da costa "

Alocíclico (processo).......................................................................................................................................................................................................................Allocyclic

Allocyclique / Alocíclico / Allocyclic / Allocyclic / Аллоциклический / Alociclico

Processo de deposição resultante das mudanças da fonte de energia ou do acarreio terrígeno num sistema sedimentar, no qual os eventos responsáveis (levantamento, subsidência, variações climáticas, variações do nível do mar relativo, etc.) são externos ao sistema. Um mecanismo alocíclico contrasta com um mecanismo autocíclico, no qual os eventos responsáveis pertencem ao sistema de deposição, como, por exemplo, o deslocamento lateral dos depocentros deltaicos (efeito de pêndulo), o desvio ou avulsão das correntes turbidíticas, a formação de meandros, o depósito de barras de meandro, etc. Uma vez que o termo ciclo se refere a eventos recorrentes, que podem ser ou não periódicos, o mesmo se passa com os mecanismos alocíclicos e autocíclicos que podem ser periódicos ou não. Os blocos de construção da estratigrafia sequencial ou seja os ciclos-sequência são induzidos por mecanismos alocíclicos, mais ou menos, periódicos. A duração de cada ciclo eustático, que induz um ciclo-sequência, varia entre 0,5 e 3-5 My.

Ver: " Deposição (carbonatos) "
&
" Ciclo de Milankovitch "
&
" Mudança do Nível do Mar Relativo "

A fotografia no canto inferior esquerdo desta figura ilustra um afloramento dos calcários do Oligocénico-Miocénico da formação Abrakurrie (Sul da Austrália), nos quais os eventos responsáveis dos processo de deposição são, principalmente externos ao sistema sedimentar. Isto é particularmente verdadeiro para os ciclos de sedimentação associados ao nível de acção das vagas, o qual, como ilustrado, define na plataforma, uma zona de deposição de carbonatos e uma zona de erosão com uma superfície de nivelamento (aplanação). O termo superfície de aplanamento é relativo a porções, mais ou menos, continentais caracterizadas por um relevo plano ou, suavemente, ondulado, modelado pela acção da erosão subaérea (acção das vagas) que trunca, indistintamente, estruturas geológicas de natureza e resistência diferentes. O nível da acção das vagas, ou seja, a profundidade da acção erosiva das ondas do mar, a qual varia em função do estado do mar (calmo, agitado ou muito agitado), é dependente do contexto geológico da bacia e das variações do nível do mar relativo. Os processos alocíclicos ocorrem, principalmente, em condições geológicas de alto nível do mar (quando dentro de um ciclo-sequência, o nível do mar está acima do rebordo da bacia) e, particularmente, durante o depósito do subgrupo inferior do grupo de cortejos sedimentares de nível alto (CNA), ou seja, durante o intervalo transgressivo (IT). Num ciclo-sequência, a quando da primeira inundação marinha, quer isto dizer, quando pela primeira vez o nível do mar (relativo) cobre a planície costeira do prisma de nível baixo, a linha da costa (mais ou menos, equivalente, nas linhas sísmicas, à ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição) desloca-se em direcção do continente. É o que se chama uma ingressão marinha (ou transgressão marinha). O rebordo do prisma de nível baixo (PNB), passa a ser o novo rebordo da bacia, uma vez que se forma uma plataforma continental e assim um rebordo continental. Ao fim de cada paraciclo eustático, isto é, ao fim de cada ingressão marinha, as quais, durante o intervalo transgressivo são cada vez mais importantes e separadas por períodos, mais ou menos, longos, de estabilidade do nível do mar relativo, condições geológicas de fraca taxa de sedimentação (bacia subalimentada) tornam-se predominantes na parte distal da plataforma continental. Durante as regressões sedimentares, cada vez menos importantes, induzidas pelas ingressões marinhas, na parte distal da plataforma depositam-se, unicamente, secções estratigráficas condensadas que, por vezes, são capeadas por uma superfície endurecida. Se o  nível do mar é alto (lâmina de água importante), a profundidade de acção da vagas pode não atingir o fundo do mar e, nesse caso, a superfície endurecida, que capa, na parte distal da bacia, a secção estratigráfica condensada, não é erodida. Ao contrário, como ilustrado nesta figura, se o nível do mar é baixo (pequena lâmina de água), não se pode excluir que a acção das vagas destrua. parcial ou totalmente, a superfície endurecida, assim como a secção estratigráfica condensada. Uma sucessão de ingressões marinhas em aceleração e de regressões sedimentares cada vez mais pequenas pode criar, na parte distal da bacia, uma sobreposição vertical de secções estratigráficas condensadas limitadas por superfícies endurecidas, como ilustrado nesta figura. Depois da primeira ingressão marinha em aceleração, que cria ou aumenta o espaço disponível para os sedimentos, ocorre um período de estabilidade do nível do mar relativo, durante o qual os sedimentos se depositam. O acarreio sedimentar ou a formação de material carbonatado, obriga a linha da costa a deslocar-se, pouco a pouco, para o mar, à medida que os sedimentos se depositam até que o paraciclo eustático seguinte ocorra (sem descida do nível do mar relativo entre eles). Assim, se forma-se o primeiro paraciclo-sequência do intervalo transgressivo (IT) ou seja, a primeira regressão sedimentar das transgressões (conjunto de ingressões marinhas cada vez mais importantes e das regressões cada vez mais pequenas associadas que, globalmente tem uma geometria retrogradante*). O paraciclo eustático seguinte desloca, outra vez, a linha da costa para o continente (nova ingressão marinha), aumentando a acomodação e a extensão espacial da plataforma exagerando, assim, as condições de bacia subalimentada, na parte distal da plataforma. Depois da nova ingressão marinha, começa outra vez a progradação da linha da costa para o mar, à medida que os sedimentos se depositam durante o novo período de estabilidade do nível do mar relativo , etc., etc. Por outras palavras, depois de cada paraciclo eustático deposita-se um paraciclo-sequência.

(*) Foi C. Emiliani que, em 1991, denominou o conjunto de ingressões marinhas, cada vez mais importantes, e das regressões sedimentares, cada vez mais pequenas, associadas, que é caracterizado por uma geometria, globalmente, retrogradante, “transgressões” e não transgressão como muito geocientistas dizem. Isto quer dizer, que as transgressões sedimentares são, na realidade, uma sobreposição de regressões sedimentares cada vez mais pequenas. Em português, como na maior parte das línguas, uma transgressão é simplesmente a ingressão da água do mar sobre o continente sem nenhuma referência aos depósitos sedimentares: o mar pode ingressar sobre o continente, mas os sedimentos não. Os sedimentos, salvo raras excepções (em ambientes sedimentares particulares) progradam sempre para o mar.

Alóctone (material) ........................................................................................................................................................Allochthone, Allothigenous

Allochtone / Alóctono / Allochthon / Allochtone / Аллохтон / Allocthono

Material que não teve origem no lugar onde se encontra. Este tipo de material é, particularmente, abundante nos depósitos turbidíticos, quer nos cones submarinos de talude (CST) ou nos cones submarinos de bacia (CSB). Unicamente os sedimentos da camada pelágica (camada “E” na sequência de Bouma) dos cones submarinos de bacia se depositam “in situ“. Sinónimo de Alógeno e Aloctígeno.

Ver: " Turbiditos "
&
" Halocinese "
&
" Subsidência Compensatória "

Nesta tentativa de interpretação geológica de uma autotraço Canvas de um detalhe de uma linha sísmica do offshore profundo do Golfo do México (EUA), é fácil distinguir o sal alóctone do sal autóctone. O sal autóctone, embora se tenha escoado lateralmente, está na posição estratigráfica original de deposição, enquanto que o sal alóctone não. Os dois horizontes salíferos comunicam por uma estrutura salífera vertical, mas, muitas vezes, eles estão separados por uma sutura ou soldadura salífera, mais ou menos, vertical. Pode haver vários níveis de alóctonia. Em determinadas bacias sedimentares com um importante intervalo salífero, existem domos salíferos (diápiros) de segunda e terceira geração. Domos salíferos enraizados num primeiro nível salífero alóctone (nível de 1a ordem) são domos ou diápiros de 2a geração. Domos salíferos enraizados num nível salífero alóctone de 2a ordem, são domos salíferos de 3a geração. Nesta tentativa de interpretação, a estrutura salífera que deformou, ligeiramente, o fundo do mar pode ser considerada, quer como um domo salífero de 1a ordem, uma vez que ela está enraizada no nível de sal autóctone, quer como um pequeno nível de sal alóctone. De qualquer maneira, desde que a parte superior de um domo de 1a ordem se escoa lateralmente, formando uma importante cornija salífera, como é o caso nesta tentativa de interpretação, o sal não está mais na sua posição estratigráfica original e tem que ser considerado como um nível de sal alóctone. Uma discordância, localmente, reforçada pela tectónica (discordância angular para certos geocientistas), divide o intervalo pós-salífero em dois grandes intervalos estratigráficos: (i) O intervalo superior (em amarelo nesta tentativa de interpretação) foi afectado, localmente, pelo regime tectónico extensivo (diapirismo) criado pelo escoamento vertical do sal, que é caracterizado por um σ1 vertical (eixo principal do elipsóide dos esforços efectivos, o qual é o resultado da combinação da pressão geostática σg, da pressão hidrostática ou pressão dos poros σp, e do vector tectónico, σt) e σ2 e σ3 horizontais e iguais ; (ii) O intervalo inferior, colorido em verde nesta tentativa de interpretação, foi encurtado por um regime compressivo (σ1 horizontal, mais ou menos, orientado Oeste-Este, σ2 horizontal e perpendicular ao σ1 e σ3 vertical) criado em resposta à extensão (alongamento sedimentar) que ocorreu a montante desta linha sísmica, ou seja, no offshore convencional (profundidade de água inferior a 200 metros) e no onshore. O encurtamento deste intervalo fez-se por dobras cilíndricas e falhas inversas (bem visíveis nesta tentativa), enquanto que o alongamento dos sedimentos do intervalo superior se fez, naturalmente por falhas normais. Todavia, as falhas normais não estão representadas nesta tentativa de interpretação, uma vez que o deslocamento vertical dos blocos falhados é inferior à resolução sísmica, que nesta linha é, mais ou menos, de 20-40 metros. De qualquer maneira, o/a geocientista encarregado(a) da interpretação é obrigado de as tomar em linha de conta, uma vez que os sedimentos só podem ser alongados por falhas normais (não há outra maneira de alongar os sedimentos). Dentro do intervalo amarelo, a estrutura antiforma sobrejacente ao domo de salífero só se pode explicar por um alongamento sedimentar o qual só pode ser feito por falhas normais. O levantamento da base do sal (assim como dos horizontes subjacentes), debaixo da estrutura salífera vertical, que liga o sal alóctone ao autóctone, corresponde a um artefacto ou engano sísmico. A velocidade das ondas sísmicas, dentro do sal, é muito mais rápida do que através dos sedimentos. Isto quer dizer que as ondas sísmica gastam menos tempo quando atravessam um intervalo de sal para chegar a mesma profundidade. Numa versão em profundidade, bem processada, da linha sísmica original deste autotraço, a base do intervalo salífero é, mais ou menos, subhorizontal. Esta verdade de facto ou verdade empírica pode ser utilizada pelo geocientista para testar a tentativa de interpretação. Se a base do intervalo salífero ou da desarmonia tectónica associada é, mais ou menos, rectilínea (subhorizontal ou ligeiramente inclinada para a bacia), a base de todas as estruturas diapíricas salíferas deve, igualmente, obedecer a esta conjectura. Assim, tendo em linha de conta esta conjectura, aquilo que, muita vezes, é interpretado com um domo salífero, grosseiramente, cilíndrico transforma-se numa gota de sal, mais ou menos, desconectada do nível salífero autóctone. O que quer dizer, que nesta tentativa de interpretação não é impossível que o sal alóctone esteja desconectado do sal autóctone.

Alogénico (processo)........................................................................................................................................................................................Allogenic (process)

Allogénique (processus) / Alogénico (proceso) / Allogener (Prozess) / 自旋回(碳酸盐岩)/ Аллогенных (процесс) / Allogenico (processo) /

Processo ou mecanismo que não faz parte do próprio sistema sedimentar, como, o tamanho, a forma do canal, ou a formação dos meandros, etc., num sistema fluvial.

Ver: " Autociclo "

Alógeno (rio)...................................................................................................................................................................................................................................................Allogene

Allogène / Alógeno / Nicht bodenständig / 同种异体 / Аллоген / Allogenico (fiume) /

Rio ou corrente de água de superfície que se escoa sobre um terreno carsificado, mas que é alimentado por uma fonte proveniente de um terreno não carsificado.

Ver: " Carso "
&
" Perda, Sumidouro "
&
" Ressurgência (da corrente)"

Muitos geocientistas consideram que o termo alógeno é sinónimo de alóctone e de aloctígeno, e que todos eles designam materiais que não tiveram origem no lugar onde se encontram. Contudo, na estratigrafia sequencial, por tradição ou por hábito, o termo alóctono é mais, frequentemente, utilizado para designar rochas. Assim, fala-se de sal alóctone em oposição ao sal autóctone. O sal alóctone não está na sua posição estratigráfica original, enquanto que o sal autóctone está. O termo aloctígeno é utilizado, de preferência, para minerais e partículas sedimentares. Assim, por exemplo, diz-se, que as camadas turbidíticas são, principalmente, constituída por sedimentos aloctígenos e que, por isso, os fósseis que elas contém, sendo transportados, não permitem uma boa datação e, muito menos, uma determinação do ambiente sedimentar onde elas se depositaram. É interessante notar sobre este assunto, que as rochas-reservatório do famoso campo petrolífero de gás de Frigg (Mar do Norte) foram, durante os primeiros anos, consideradas como rochas deltaicas, até que alguns geocientistas realizam que todos os fósseis nos quais uma tal interpretação era baseada, eram transportados. Assim, o aparelho deltaico de Frigg transformou-se, de um dia para o outro, numa sobreposição de cones submarinos de bacia, isto é, num sistema turbidítico profundo. O termo alógeno é sobretudo utilizado para designar as correntes superficiais de água que têm uma origem distante do ambiente onde elas se encontram. Ele é, frequentemente, utilizado nas regiões de carsificadas, para designar as correntes que atravessam ou que têm um sumidouro (desaparecimento num subsolo cársico de um curso de água superficial) na zona cársica, mas cuja fonte é localizada noutra bacia hidrográfica. Como ilustrado nesta figura (Guangxi, Zhuangzu, China) o rio que atravessa a zona carsificada tem a sua origem noutra bacia sedimentar localizada a centenas de quilómetros ao norte. Por isso, ele pode ser considerado como um rio alógeno. Da mesma maneira, a maior parte dos rios subterrâneos que circulam nas condutas cársicas são correntes alógenas, embora muitos deles tenham uma ressurgência (nascente cársica, alimentada, pelo menos, parcialmente, por perdas de correntes superficiais alógenas) na zona carsificada.

Alongamento (rifting, riftização).................................................................................................................................................................Lengthening

Allongement (rifting) / Alargamiento (rifting) / Verlängerung / 延长 / Удлинение / Estensione (rifting) /

Segunda fase tectonicoestratigráfica do ciclo de Wilson, na qual há formação de bacias do tipo rifte (em geral demigrabens com vergência oposta de cada lado da anomalia térmica central). As fases tectonicoestratigráficas de um ciclo de Wilson são : (i) Cratão Continental Estável ; (2) Anomalia Térmica (ponto quente) e Alongamento (riftização ou seja, extensão) ; (3) Ruptura da Litosfera, com criação de nova crusta oceânica e formação de duas margens divergentes ; (4) Expansão ou Alastramento Oceânico, que, pouco a pouco, transforma as margens divergentes jovens em margens velhas, devido ao arrefecimento e aumento de densidade da crusta oceânica ; (5) Subducção, desde que a densidade da crusta oceânica é muito grande, ela parte-se em duas porções e uma delas mergulha sob a outra criando uma margem convergente, com formação de um arco vulcânico e levantamento de uma cadeia de montanhas na placa litosférica cavalgante ; (6) Colisão Margem Divergente / Arco Vulcânico e formação de uma cadeia de montanhas ; (7) Peneplanização e nova subducção da crusta oceânica com a margem gémea criando outra margem convergente ; (8) Colisão Continente / Continente e fecho do oceano formado entre as duas margens divergentes iniciais e (9) Formação de um novo cratão continental estável.

Ver: " Ciclo de Wilson "

Alongamento (astronomia, quadratura).............................................................................................................................................Elongation

Élongation / Alargamiento (astronomía) / Elongation (Astronomie) / 距角 / Элонгация (удлинение) / Elongazioneß /

Ângulo, visto da Terra, entre a direcção do Sol e a direcção de um planeta, que pode estar num alongamento oriental ou ocidental, dependendo se o planeta está a Este ou Oeste do Sol. O alongamento de um planeta superior varia de 0° a 180°. O alongamento dos planetas inferiores varia entre 0° e uma maior elongação (28° para Mercúrio e 48° para Vénus). O termo "Planeta inferior" refere-se aos planetas Mercúrio e Vénus, que estão mais próximos do Sol do que a Terra, enquanto que "planeta superior" refere-se aos planetas Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno e todos os planetas menores e anões, incluindo Ceres e Plutão, que estão mais distantes do Sol do que a Terra.

Ver: "Quadratura "

Aloquímico (carbonatos)..................................................................................................................................................................................................Allochem

Allochème / Aloquímico / Allochem / Allochem(碳酸盐)/ Аллогенная / Allochem (carbonati)/

Termo introduzido por Folk, em 1959, principalmente, para descrever os grãos que podem reconhecer-se nas rochas carbonatadas. Actualmente, o termo aloquímico, é utilizado, de uma maneira mais geral, e para designar uma ou várias variedades dos grandes agregados carbonatados, mais ou menos, organizados, que formam a estrutura granular da maioria dos carbonatos depositados mecanicamente. Os aloquímicos, que contrastam com o material intersticial, como, por exemplo, a calcite de um cimento calcário ou matriz, englobam intraclastos, oólitos, fragmentos de fósseis, etc.

Ver: " Diagénese "
&
" Calcite "
&
" Dolomitização "

Nesta fotografia de um lâmina delgada, os aloquímicos originais (oóides, isto é, partículas esféricas de diâmetro inferior a 2 mm, semelhantes a ovas de peixe, que resultam da precipitação de camadas concêntricas de CaCO3 à volta de um núcleo) são, ainda, perfeitamente, visíveis. A dolomitização da calcite é parcial. Neste processo de diagénese, os oóides foram, parcialmente, substituídos por euhedros de dolomite. Actualmente, e de uma maneira geral, qualquer fragmento maior do que 1/2 mm pode ser considerado como um aloquímico. Oóides, pelóides (húmus e minerais formados durante muitos anos por processos geológicos, biológicos químicos e físicos), fósseis e fragmentos carbonatados pré-existentes são os aloquímicos mais comuns. Também são considerados aloquímicos todos os fragmentos que sofreram transformações químicas. Da mesma maneira, quando as conchas de aragonite são dissolvidas e substituídas por calcite, pode dizer-se, que elas são um aloquímico, pois distinguem-se sempre da matriz em que se encontram, quer esta ela seja uma micrite (lama calcária) ou uma esparite (calcite intersticial cristalina). Certos geocientistas consideram os aloquímicos como precipitados de uma solução dentro da bacia de deposição devido, principalmente, à actividade biológica, ou que foram transportados como sólidos para a bacia. Assim, o resto do esqueleto de certos organismos (conchas inteiras ou partida) ou qualquer outra parte dura de uma planta ou animal, oólitos (ou oóides), pelotas (pequenas pélas ou bolas) fecais, grãos de areia, etc., podem ser considerados como aloquímicos. Assim, pode dizer-se que (https://www.ugr.es/~agcasco/ msecgeol/secciones/petro/pet_sed.htm): Os processos erosivos, de transporte, sedimentação e biológicos associados à formação de rochas sedimentares produzem um grande número de componentes constituintes. Os principais componentes são: (i) Componentes Terrígenos ou Clásticos: cristais soltos, fragmentos de cristais ou fragmentos de rochas de rochas preexistentes por processos de alteração e desintegração ; a sua morfologia e tamanho estão directamente relacionados ao transporte sofrido da área de origem para a área de depósito ; (ii) Componentes ortoquímicos: materiais formados por precipitação química ou bioquímica directa na própria área de sedimentação, durante ou imediatamente após a deposição e (iii) Componentes aloquímicos: materiais de origem química ou bioquímica formados na própria bacia de sedimentação, mas são incorporados no sedimento como clastos. Esses materiais foram capazes de sofrer um ligeiro transporte dentro da bacia, mas sua origem está intimamente relacionada com a da rocha sedimentar onde é encontrada. Na parte esquerda desta figura estão ilustrados os quatro tipos principais de aloquímicos : (a) Intraclastos ; (b) Oólitos ou Oóides ; (c) Fósseis e (d) Pelotas ou Pelóides.

Alostratigrafia......................................................................................................................................................................................................Allostratigraphy

Allostratigraphie / Aloestratigrafia / Allostratigraphy / Allostratigraphy / Аллостратиграфия / Allostratigrafia

Estudo das rochas sedimentares definidas e identificadas a partir das desconformidades que as limitam e que podem ser cartografadas. A alostratigrafia permite a cartografia das rochas sedimentares na base do tempo de deposição (cortejos sedimentares na estratigrafia sequencial). Praticamente, sinónimo de Estratigrafia Sequencial.

Ver: " Estratigrafia Sequencial "
&
" Discordância "
&
" Cortejo Sedimentar "

Nesta figura estão representadas duas tentativas de interpretação geológica de um corte geológico. Embora a ausência da escala vertical e horizontal não permita uma interpretação geológica plausível, na medida em toda a interpretação geológica de um corte geológico ou de uma linha sísmica é, dependente, entre outras coisa, da escala, pode dizer-se que a tentativa superior é alostratigráfica. Ela é baseada nas discordâncias e na biostratigrafia. Isto quer dizer que os diferentes pacotes sedimentares foram individualizados pelas superfícies de erosão que os delimitam. Na estratigrafia sequencial, as superfícies de erosão são, supostamente, induzidas por descidas significativas do nível do mar relativo (resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático, que é o nível do mar global referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica) que deslocaram para a bacia e para baixo os biséis de agradação costeiros. Um tal deslocamento é o resultado da exumação da plataforma continental (se a bacia tinha uma plataforma) e a parte superior do talude continental. Depois, da identificação dessas superfícies de erosão, que os geocientistas chamam discordâncias, elas foram datadas pela biostratigrafia, ou seja, pelos fósseis encontrados em cada um dos diferentes pacotes sedimentares, uma vez que elas correspondem, em termos geológicos, a linhas tempo. Neste caso particular, o/a geocientista cartografou, também, dentro de cada pacote sedimentar (ciclo estratigráfico), os diferentes sistemas de deposição, quer isto dizer, as diferentes fácies ou litologias, que os compõem. A tentativa de interpretação inferior não é em tempo, mas em fácies (litologia e ambiente sedimentar). O/a geocientista limitou-se a identificar e cartografar as diferentes litologias (fácies), que de montante para jusante correspondem, provavelmente, a: (i) Siltitos e argilitos (coloridas em castanho escuro) ; (ii) Siltitos (rosa claro); (iii) Areias finas (em amarelo) e (iv) Argilitos profundos (em castanho claro). Se a escala vertical for da ordem de dezenas ou centenas de metros, o mais provável é que as linhas cronostratigráficas correspondam a progradações deltaicas e que os seus diferentes segmentos correspondam, de montante para jusante, à planície deltaica e frente de delta (camadas deltaica sub-horizontais superiores), prodelta (camadas deltaicas inclinadas para o mar) e base do prodelta (camadas deltaicas sub-horizontais inferiores). Todavia, se a escala vertical for da ordem de centenas a milhares de metros, as linhas cronostratigráficas sublinham progradações continentais e os seus diferentes segmentos, de montante para jusante, correspondem à planície costeira / plataforma continental, talude continental e planície abissal. É neste sentido, que muitos geocientistas dizem que a interpretação geológica e, em particular, a interpretação geológica das linhas sísmicas é dependente da escala. Na prática, isto quer dizer que uma linha sísmica sem localização e sem as escalas (horizontal e vertical) é, impossível de interpretar de maneira correcta e, consequentemente, difícil de refutar. A tentativa de interpretação superior é a mais exaustiva do que a inferior. O/a geocientista que a interpretou não só pôs em evidência as litologias, mas também as linhas tempo principais (discordâncias) que individualizam os diferentes pacotes sedimentares, o que permite propor uma explicação da ciclicidade dos depósitos, o que não é o caso da interpretação inferior, que é, puramente, litostratigráfica. Para determinar a idade das discordâncias, o/a geocientista teve que reconhecer dentro de cada pacote sedimentar os ciclos-sequência e, dentro destes, os diferentes grupos de cortejos sedimentares (associações laterais de sistemas de deposição síncronos e geneticamente ligados), particularmente, os cones submarinos de bacia (CSB). A idade de uma discordância corresponde à idade da descida do nível do mar relativo que a originou, à qual corresponde, mais ou menos, à idade do mais pequeno hiato (sem deposição), entre os dois ciclos estratigráficos (eventualmente ciclos-sequência) separados pela discordância. A idade do mais pequeno hiato é, praticamente, a idade dos cones submarinos de bacia depositados durante a descida do nível do mar relativo. Todavia, como dentro os cones submarinos de bacia (CSB), a fauna é toda transportada, unicamente, a fauna das camadas pelágicas (nível ou camada E na nomenclatura de Bouma), que separam as camadas turbidíticas, permite uma datação relativa difícil de refutar, uma vez que, em termos geológicos, o tempo de deposição de uma camada turbidítica (níveis A, B, C e D de Bouma) é instantâneo. Resumindo: a alostratigrafia baseia-se na cartografia das discordâncias (superfícies de erosão induzidas por descidas significativas do nível do mar relativo) e na biostratigrafia, enquanto que a litostratigrafia baseia-se na litologia sem ter em conta a biostratigrafia, a qual ordena as unidades litológicas em função dos fósseis que elas contém.

Alotropia..........................................................................................................................................................................................................................................................Allotropy

Allotropie / Alotropia / Allotropie / 同素异形体 / Аллотропия / Allotropia/

Existência de um elemento em duas ou mais formas no mesmo estado (sólido, líquido ou gás). As propriedades físicas das forma alotrópicas (cor, forma cristalina se sólido, densidade, etc.) podem diferir muito, mas compostos químicos idênticos podem formar-se a partir diferentes formas. A alotropia na qual várias formas são estáveis, em condições diferentes, e reversivelmente interconvertíveis a determinadas temperaturas e pressões, é chamada enantiotropia. Exemplos típicos de alotropia são, por exemplo, o diamante / grafite ou o oxigénio / ozono.

Ver: " Isótopo "
&
" Carbono "
&
" Fissão Nuclear "

Existem três tipos de alotropia*: (i) Enantiotropia ; (ii) Monotropia e (iii) Alotropia Dinâmica. Como exemplo de enantiotropia pode citar-se o enxofre, que no estado sólido, tem em duas forma cristalinas alotrópica: ortorrômbica e monoclínica. A forma ortorrômbica é estável a uma temperatura inferior a 95,5° C. Abaixo desta temperatura, a forma monoclínica transforma-se em ortorrômbica. A forma monoclínica é estável entre 95,5° Ce 119,25° C (temperatura de fusão). Toda a forma ortorrômbica se converterá em monoclínica entre estas temperaturas. Ao contrário de uma enantiotropia, onde todas formas alotrópicas são estáveis a temperaturas diferentes, numa monotropia só uma forma é estável a temperaturas normais. Como exemplo de monotropia pode citar-se carbono. Contrariamente ao que se pode pensar à primeira vista, a única forma alotrópica sólida estável do carbono é a grafite. O diamante se converte em grafite a todas temperatura, o que pode parecer estranho, visto que o diamante não só tem uma resistência aos ataques químicos muito maior, mas também uma estrutura molecular muito mais forte. Por isso, a conversão do diamante em grafite é muito lenta. Na alotropia dinâmica, duas formas alotrópicas existem em equilíbrio. Contudo, a proporção das duas formas que estão em equilíbrio uma com a outra varia com a temperatura. Como exemplo deste tipo de alotropia podem citar-se as duas formas líquidas do enxofre, nas quais a conversão de uma forma para a outra é acompanhada por uma mudança de cor e viscosidade (resistência ao escoamento). Com efeito, o enxofre quando é aquecido acima da temperatura de fusão, o líquido amarelado resultante torna-se, progressivamente, escuro e mais viscoso até 180° C. Depois, ele torna-se quase preto e cada vez menos viscoso.

(*) O conceito de alotropia refere-se apenas às diferentes formas de um elemento químico dentro da mesma fase ou estado da matéria (sólido, líquido, gás). As mudanças de fase de um elemento não estão associadas, por definição, a uma alteração alotrópica da forma (por exemplo, oxigénio líquido e oxigénio gasoso não são duas formas alotrópicas). Para alguns elementos químicos, as formas alotrópicas podem existir em diferentes fases; por exemplo, as duas formas alotrópicas do oxigénio, o dioxigénio (O2) e o ozono (O3)podem existir nas fases sólida, líquida e gasosa (https://fr.wikipedia.org/wiki/Allotropie).

Alotropia Dinâmica (alotropia)..............................................................................................................................Dynamic Allotropy

Allotropie dynamique / Alotropia dinámica / dynamische Allotropie / 动态同素异形体 / Динамическая аллотропия / Allotropia dinamica /

Neste tipo de alotropia, as duas formas alotrópicas existem em equilíbrio. A proporção dos dois alótropos que estão em equilíbrio um com o outro varia com a temperatura e às vezes com pressão. As duas formas líquidas de enxofre exibem esse tipo de alotropia, e a mudança de uma forma para a outra é acompanhada por uma mudança de cor e sua viscosidade (resistência ao fluxo).

Ver: " Alotropia "

Alteração (meteorização)...............................................................................................................................................................................................Weathering

Altération / Alteración, Meteorización / Verwitterung, Zersetzung / 风化 / Выветривание (эрозия) / Alterazione /

Decomposição das rochas da superfície terrestre, solos e minerais por contacto directo com a atmosfera. A alteração ou meteorização ocorre in situ, sem movimento, enquanto que a erosão implica movimento das rochas e minerais pelos agentes de erosão, como, a água, vento, gelo e gravidade.

Ver: " Erosão "
&
" Desagregação (rochas) "
&
" Atmosfera "

Embora a alteração facilite a erosão, é bom não confundir estes dois processos geológicos. A erosão implica um transporte por qualquer dos agentes erosivos (água, gelo, vento), enquanto que a alteração não. A alteração é uma simples decomposição e ruptura das rochas na superfície da Terra por processos naturais químicos e mecânicos. A alteração é controlada pelo tempo (estado da atmosfera) e clima. Como estes ocorrem à superfície da Terra, a alteração diminui de intensidade em profundidade, embora a maior parte dela ocorra a menos de um metro de profundidade do solo e rochas. Não confunda clima, que engloba as estatísticas da temperatura, humidade, pressão atmosférica, vento, chuva, e outros elementos meteorológicos de uma determinada região durante longos período (arbitrariamente, mais ou menos, 30 anos), e tempo que é a condição desses mesmos elementos para períodos inferiores a 1 semana. A alteração pode ser física ou química. A alteração física corresponde, sobretudo, à desintegração das rochas por forças mecânicas concentradas ao longo das fracturas, diaclases e falhas, ou pela separação das rochas em envelopes, mais ou menos, concêntricos. Os processos mais comuns da alteração física são: (i) Fracturação por congelação ; (ii) Remoção por pressão ; (iii) Cristalização de sais ; (iv) Hidratação e (v) Insolação (efeito do calor solar sobre as rochas na superfície terrestre, o calor solar durante o dia provoca a dilatação das rochas, que quando arrefecem de noite se contraem e se fracturam). A alteração química corresponde à decomposição das rochas por reacções químicas que ocorrem, em geral, na água e, em particular, na água dos solos, a qual é, particularmente, rica em dióxido de carbono (CO2) produzido durante a decomposição das plantas. Os processos mais frequentes na alteração química são: (i) Carbonização (dissolução do carbonato de cálcio por uma água ácida), como, por exemplo, a formação do bicarbonato (HCO3-) ou a formação de uma topografia cársicas, que é resultado da carbonização* dos calcários ; (ii) Chelação (processo durante o qual é formado um edifício poliatómico constituído de um ou vários catiões (iões com carga positiva), entre um ligante e um catião metálico), que corresponde, praticamente, a uma ligação de catiões minerais e moléculas orgânicas produzidas pelas plantas ; (iii) Hidrólise ** e (iv) Oxidação.

(*) Enriquecimento progressivo em carbono dos restos orgânicos, com perda relativa de oxigénio e hidrogénio, na grande maioria, a partir de carbohidratos próprios e tecidos vegetais, em especial da lignina e da celulose (A.M. Galopin de Carvalho, Dicionário de Geologia, ISBN 9789727803361).

(**) Quebra de ligação química de uma molécula com a adição de uma molécula água. A molécula de água quebra-se  em iões de hidrogénio (H+) e hidroxilo (OH-) que se ligam às duas moléculas resultantes da quebra, que podem ter uma carga positiva e negativa.

Altitude Elipsoidal...........................................................................................................................................................................................Elipsoid Heigh

Hauteur ellipsoïde / Altura del elipsoide / Ellipsoid Höhe / 椭圆高度 / Эллипсоид высота / Altezza ellissoide /

Distância vertical de um ponto da superfície terrestre em relação a um elipsóide de referência.

Ver: " Nível do Mar Geodésico "

Altitude Geodésica (diferença geoidal)......................................................................................................................................Geoid Heigh

Hauteur du géoïde / Altura del geoide / Geoid Höhe/ 大地水准面高度 / геоида высота / Altezza del geoide /

Diferença entre a altitude ortométrica (distância vertical de um ponto da superfície terrestre em relação a um geóide de referência) e a altitude elipsoidal (distância vertical de um ponto da superfície terrestre em relação a um elipsóide de referência), ou seja a diferença entre o geóide e o elipsóide.

Ver: " Nível do Mar Geodésico "

Altitude Ortométrica....................................................................................................................................................................Ortometric Heigh

Hauteur orthométrique / Altura ortométrica / Orthometrische Höhe / 正交高度 / Ортометрическая высота / Altezza ortometrica /

Distância vertical de um ponto da superfície terrestre em relação a um geóide de referência.

Ver: " Nível do Mar Geodésico "

Alto do Delta (planície deltaica superior)....................................................................................Upper Delta Plain, Upper delta

Plaine Deltaïque supérieur / Alto delta / Oberdelta / 上三角洲平原 / Верхняя дельтовая равнина / Delta pianura superiore /

Parte superior da planície deltaica localizada acima da linha de maré alta (preiamar) e que se estende desde o ápice do delta até a zona de influência das marés. O declive médio desta zona é cerca 5°. O alto do delta é caracterizado por uma predominância de formas induzidas por processos fluviais. Ele está, permanentemente, emerso e sujeito a inundações. Segundo certos geocientistas, a maré ascendente só tem uma influência ecológica, na distribuição dos ecossistemas anfíbios nas margens dos canais e bancos. Sinónimo de Planície Superior do Delta.

Ver: « Delta »
&
« Planície Costeira »
&
« Prodelta »

O alto do delta (planície deltaica superior) está localizado acima do limite da maré alta, o que quer dizer, que ele não sofre, praticamente, nenhuma acção marinha. As variações do nível do mar relativo mar (nível do mar local referenciado, em geral, ao fundo do mar e que é o resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático* e da tectónica (subsidência ou levantamento) têm pouco influência. Nesta parte da planície deltaica, os sistemas de deposição mais frequentes são: (i) Canais Anastomosados ; (ii) Canais Meandriformes ; (iii) Meandros Abandonados ; (iv) Lagos de Meandro ; (v) Depósitos de Planície de Inundação, etc. O desenvolvimento destes sistemas de depósito é dependente da taxa de descarga e da capacidade de carga sedimentar. A forma do delta e, assim, da planície deltaica, é determinada pela quantidade de sedimentos transportados pela corrente associada e pela actividade das ondas do mar e das marés. Os canais meândricos livres, quer isto dizer, os meandros da planície aluvial (não confundir com os meandros de vale ou vales encaixados), como os ilustrados nesta figura, formam-se na parte mais baixa da planície deltaica superior. Geralmente, eles têm um gradiente menos inclinado do que os canais anastomosados. Teoricamente, é na planície deltaica superior  (alto do delta) que se encontram os sedimentos mais grosseiros, com níveis de grãos heterométricos (depositados durante às cheias) e manchas de sedimentos pelíticos decantados nos braços abandonados. Com efeito, como a topografia é, mais ou menos, plana, muito material e sedimentos grosseiros não são transportados rio abaixo. Os canais meandriformes começam, geralmente, como canais anastomosados que são, geralmente, rectilíneos desde a fonte sedimentar até uma determinada distância, para depois, se tornarem sinuosos e, finalmente, se transformarem em canais com meandros. Os canais meândricos têm uma tendência natural a exagerar-se e migrar para jusante de maneira que não é anormal que durante as cheias, a água transborde ou encontre uma nova trajectória de escoamento.

(*) O nível do mar absoluto ou eustático é o nível do mar global referenciado ao centro da Terra ou a um satélite. Ele depende basicamente da Glacioeustasia, Tectonicoeustasia, Geoidaleustasia e da Temperatura da água dos oceanos.

Altura (da vaga, da onda).................................................................................................................................................................................................Wave Height

Hauteur (d'une vague) / Altura / Wellenhöle / 波高 / Высота волны / Altezza del’onde /

Distância vertical entre a crista e cava adjacente de uma onda (sísmica ou não).

Ver: « Crista (de onda) »
&
« Comprimento de Onda »
&
" Onda "

As vagas ou ondas do mar são : (i) Ondas de interface, uma vez que há descontinuidade entre dois fluidos de densidades diferentes (ar-água), o que permite a formação vagas e (ii) Ondas de gravidade (visto que quando a interface não está em equilíbrio forma-se um força de retorno para a posição de equilíbrio devido a gravidade). No mar tudo cria ondas. Todavia, a maior parte das ondas do mar são criadas pelo vento. Quando o vento sopra sobre a superfície de água do mar, as forças de fricção obrigam o mar a ondular. A força do vento, o varrido (extensão da superfície do oceano sobre a qual o vento sopra durante um certo tempo até gerar uma onda ou um sistema de ondas) e a duração do vento determinam o tamanho das ondas. Um mínimo de velocidade do vento de cerca 1 m/s é necessário para criar as ondas. Para ondas de mais de 2-3 m de altura, a força de retorno ou de retrocesso é a gravidade. Para as ondas de altura mais pequena, a força de retorno pode ser a tensão superficial (ondas capilares). As ondas podem ser subdivididas em várias componentes: (i) A crista, é o ponto mais alto de uma onda ; (ii) A cava ou vale entre duas cristas sucessivas, é o ponto mais baixo ; (iii) O comprimento de onda, é a distância horizontal, entre duas cristas ou duas cavas consecutivas e (iv) A altura da onda, é a distância vertical entre a crista e a cava seguinte. O período de onda, é o tempo que decorre entre a passagem de duas cristas (ou cavas) sucessivas pelo mesmo lugar. A profundidade da acção das ondas ou vagas depende da agitação do mar (calmo, agitado ou muito agitado) e do comprimento de onda. Em geral, a profundidade de acção das vagas é, mais ou menos, metade do comprimento de onda. Quanto maior é a altura das ondas (mar muito agitado), mais profunda é a acção erosiva das ondas e mais lamacento é o mar, uma vez que ele contém muito material em suspensão arrancado do fundo. Em mar aberto ou mar-alto, as ondas têm, em geral, um comprimento de onda entre 60-120 m, velocidades de 10-15 m/s, períodos de 6-9 segundos e alturas de 1-2 m. É a acção das vagas, que durante as subidas do nível do mar relativo (nível do mar local referenciado, em geral, ao fundo do mar resultante da combinação do nível do mar absoluto ou eustático, o qual é global e referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica (subsidência ou levantamento*) produz as superfícies de ravinamento no intervalo transgressivo (IT) de um ciclo-sequência. Durante o prisma de nível baixo (PNB) e alto (PNA), quando a ruptura costeira da superfície de deposição corresponde ou está próxima da rebordo continental (bacia sem plataforma), a acção das vagas pode produzir instabilidades na parte superior do talude continental e provocar a iniciação de correntes turbidíticas. Estas correntes transportam as partículas arrancadas ao rebordo continental e podem enriquecer-se durante o seu trajecto ao longo do talude. As partículas sedimentares depositam desde que as correntes perdem competência formando os sedimentos dos depósitos turbidíticos profundos. A deposição faz-se na base do talude (cones submarinos de talude, CST) ou na planície abissal (cones submarinos de bacia, CSB).

(*) Levantamento quando o regime tectónico predominante é de encurtamento (quando σ1 ou seja o eixo principal do elipsóide dos esforços efectivos, σ1, σ2 et σ3, é horizontal) e subsidência quando σ1 é vertical. 

Aluvial (intervalo sedimentar)...................................................................................................................................................................................................Alluvial

Alluvial / Aluvial (intervalo) / Alluvialen / 冲积 / Аллювиальный (намывной) / Alluvionale /

Intervalo sedimentar composto, em geral, de aluvião depositado por uma corrente ou curso de água numa planície aluvial. Na estratigrafia sequencial, consideram-se dois tipos de depósitos aluviais: (i) Depósitos Aluviais Fluviais, que são depositados entre a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição e a linha de baía (primeira ruptura de inclinação, rio abaixo, da superfície de deposição) e (ii) Depósitos Aluviais Propriamente Ditos, que se depositam a montante da linha de baía (limite a rio acima do prisma costeiro de Posamentier e Vail). Os depósitos fluviais (estratigrafia sequencial), nos quais as variações do nível do mar relativo não têm, praticamente, nenhuma influência directa, depositam-se a montante da linha da baía.

Ver: " Linha de Baía "
&
" Delta tipo-Gilbert "
&
" Ambiente de Deposição "

O termo aluvial, que vem do latim “alluvius” e que quer dizer "lavar de novo", não se aplica aos depósitos subaquáticos depositados no mar, estuários, lagos ou lagoas. Os sedimentos de um aluvião são calibrados ou semicalibrados (quando os sedimentos tem todos, mais ou menos, o mesmo tamanho ; no caso contrário, eles classificam-se como sedimentos mal-calibrados). Eles depositam-se, em geral, na base do talude de uma montanha, no leito de uma corrente, na planície de inundação ou num delta. A morfologia dos depósitos aluviais é a mesma que a dos cones (ou leques) não-marinhos. Os aluviões são, sobretudo, abundantes a montante da linha de baía, a qual, na estratigrafia sequencial, separa os depósitos fluviais (a montante) dos depósitos costeiros (a jusante). A linha de baía que enfatiza o limite a montante do prisma costeiro (inclui depósitos fluviais e de água pouco profunda), pode deslocar-se rio acima quando a progradação da linha da costa é acompanhada de agradação. A um determinado momento geológico, sublinhado por uma superfície  cronoestratigráfica, a linha de baía corresponde à primeira ruptura de inclinação de uma superfície de deposição, a partir da qual uma corrente deixa de erodir, para começar, sobretudo, a depositar. No perfil de equilíbrio provisório de um curso de água (em geral um rio), a linha de baía corresponde ao ponto de inflexão a partir do qual a corrente atinge um equilíbrio provisório. Evidentemente, que a posição da linha de baía muda com a posição da linha da costa. Uma descida do nível do mar relativo, que desloque, para a bacia, a foz das correntes, rompe o perfil de equilíbrio provisório das correntes e, por conseguinte, a linha de baía desloca-se para jusante, enquanto que os cursos de água cavam os seus leitos para atingirem um novo perfil de equilíbrio provisório. Todavia, sobre este assunto não há consenso. Para certos geocientistas, não é a linha de baía que marca o equilíbrio das correntes, mas a linha da costa (desembocadura dos rios). Não se deve confundir o perfil de equilíbrio de uma corrente com o ponto de equilíbrio de uma margem, o qual corresponde ao ponto em que a subsidência e a variação do nível do mar absoluto ou eustático se compensam. Em certos casos, contudo, o ponto de equilíbrio pode coincidir com a linha da baía. Quando o nível do mar relativo sobe ou desce, o ponto de equilíbrio desloca-se para o continente ou para o mar. Muitos aluviões podem ter um valor económico, uma vez que eles podem contém minérios como ouro, platina, diamantes e toda uma série de pedras, mais ou menos, preciosas. Os termos aluvial e aluvião devem ser evitados quanto possível uma vez que eles, tendo significados muito largos podem dar origem a confusões. Para muitos geocientistas, aluvião é um depósito de sedimentos clásticos (areia, cascalho ou lama) formado por um sistema fluvial no leito e nas margens da drenagem, incluindo as planícies de inundação e as áreas deltaicas, com material mais fino extravasado dos canais durante as cheias. Contudo, os sedimentos clásticos depositados em zonas estuarinas e, para alguns geocientistas, os sedimentos terrígenos trabalhados directamente por ondas nas zonas costeiras marinhas ou lacustrinas também são considerados aluviões. Por outro lado, aluvião pode ser sinónimo de inundação ou de enxurrada. Os termos aluvião e inundação são, actualmente, utilizado como sinónimos. O termo aluvião refere-se, exclusivamente, a um evento meteorológico, enquanto inundação se aplica, a qualquer aporte de água, mesmo de origem antrópica e nem sempre com um sentido catastrófico. Os aluviões podem ser catastróficos, quando causadas por condições atmosféricas que provocam chuvas torrenciais durante longos períodos de tempo. Eles são fenómenos, particularmente, devastadores e perigosos, como os ocorridos na ilha da Madeira em 1803 e em 20 de Fevereiro de 2010. Eles fazem, actualmente, parte da lista de calamidades naturais. Nesta figura está ilustrado o cone aluvial de Leuk, localizado no vale do Ródano, no cantão do Valais (Suíça), cerca de uma dezena que quilómetros a NE da cidade de Sierre. Este cone aluvial é, perfeitamente, associado aos escoamentos gravitários dos horizontes da cré ou giz* dos Alpes do Valais, entre o Schwarzhorn (Pico negro) e o vale do Ródano. Como é bem visível nesta imagem, actualmente, a torrente “Graben” separa o leque aluvial em dois sectores. A aldeia de Leuk (Loesch) localiza-se no sector Este do leque que, ao contrário do sector Oeste, é, altamente, cultivado e habitado.

(*) Rocha sedimentar porosa que uma variedade de calcário branco constituído, essencialmente, de carbonato de cálcio sob a forma de calcite, que se forma em condições de águas, relativamente, profundas a partir da acumulação gradual de minúsculas placas de calcite (cocólitos) largadas por micro-organismos chamados cocolitóforos (algas marinhas unicelulares que fazem parte do fitoplâncton da zona eufótica das áreas mais temperadas dos oceanos). Os cocolitóforos têm uma carapaça constituída por escamas de calcite (cocólitos) que se depositam no fundo do mar quando os cocolitóforos morrem. Certos geocientistas consideram que a deposição anual de cocólitos no fundo do mar pode ultrapassar 1,5 x 106 de toneladas.

Aluvião....................................................................................................................................................................................................................................................................Alluvium

Alluvion / Aluvión / Schwemmland / 冲积 / Аллювий / Alluvione /

Depósito fluvial quaternário, detrítico e desagregável, composto, principalmente, por areia, argila e cascalho. Com o tempo, um aluvião litifica-se e transforma-se numa rocha sedimentar, mais ou menos, compacta.

Ver: " Aluvial "
&
" Delta tipo-Gilbert "
&
" Ambiente Sedimentar "

Estas fotografias ilustram depósitos de aluvião no onshore dos Estados Unidos. Tipicamente, um aluvião é constituído por material sedimentar variado, quer em tamanho, quer em litologia. Pequenas correntes de água podem produzir um aluvião, mas é, sobretudo, nas planícies de inundação e deltas dos grandes rios, que os depósitos de aluvião têm dimensões importantes e que, em geral, contêm minérios diversos como ouro, platina e pedras preciosas. Uma corrente é um curso de água, que canaliza as enxurradas e, que a linha mediana, que separa o vale em duas partes, mais ou menos, simétricas, é o talvegue. Os cursos de água têm diferentes nomes função do tamanho e comportamento. Quando o leito de um rio* é pequeno demais para conter toda água e o material, que ele transporta, o rio transborda o leito criando diques marginais naturais e planícies de inundação, nas quais se depositam aluviões. Certos geocientistas consideram, unicamente, como aluviões os depósitos de idade Quaternária, mas outros utilizam este termo de maneira mais geral. Este tipo de deposição é semelhante à dos depósitos de transbordo de água profunda. Ambos têm a mesma geometria, embora a litologia seja, em geral, mais fina nos depósitos profundos. Há, contudo, uma diferença muito significativa e que é, perfeitamente, visível nas linhas sísmicas. Um rio implica sempre um leito, onde a água se escoa, enquanto que uma corrente turbidítica não**. Uma corrente turbidítica escoa-se, em geral, sobre uma superfície, mais ou menos, inclinada e sem leito. Desde que ela perde velocidade, depositam-se dois lóbulos. Entre os lóbulos, não há deposição. É a zona de passagem da parte mais rápida da corrente, a qual transporta, para jusante, os sedimentos finos antes que eles se depositem desde que a corrente perca competência. A corrente turbidítica seguinte utiliza a depressão entre os lóbulos e, assim, os novos depósitos de transbordo exageram a morfologia de depressão, ao mesmo tempo, que os sedimentos finos se depositam mais a jusante. O preenchimento da depressão entre os depósitos profundos de transbordo é posterior aos depósito destes, enquanto que o leito de um rio é anterior aos diques marginais naturais fluviais.

(*) O leito ou calha de uma corrente é o espaço que pode ser ocupado por um curso de água, o qual pode ser subdividido em (i) Leito aparente, onde normalmente corre a água e os materiais que ela transporta ; (ii) Leito maior ou leito de inundação, que corresponde a área do vale que é inundável e (iii) Leito menor ou leito de estiagem, que  é a zona ocupada  pelo curso de água durante estiagem. Existe uma pequena diferença entre seca e estiagem. A estiagem (fenómeno climático causado pela insuficiência de chuva numa determinada região por um período de tempo significativo) estiagem não é permanente, enquanto que a seca pode ser permanente (https://pt.wikipedia.org/ wiki/Seca).

(**) Num rio, os diques marginais naturais depositam sempre mais altos que o leito do rio, enquanto que  nos sistema turbidíticos profundos, os primeiros diques marginais naturais turbidíticos depositam-se ao nível da base da corrente de turbidez.

Alvéolo de Corrosão....................................................................................................................................................Corrosion Honey-Comb

Alvéole de corrosion / Hueco de corrosión, Alvéolo de corrosión / Gippelfluhr, Wabenförmig / 腐蚀蜂巢 / Коррозионная впадина / Corrosione cella (a nido d'ape) /

Pequena cavidade de geometria arredondada ou elíptica (± 0,3-0,5 cm de diâmetro), com uma profundidade variável, entre 2-3 mm e alguns centímetros, escavada nas rochas coerentes da faixa litoral, atingidas pelos respingos da salsugem*. Embora os alvéolos de corrosão sejam considerados formas de corrosão, os processos mecânicos (impacto das ondas e vento) desempenham também um importante papel na sua formação (Moreira, 1984).

Ver: " Carso Litoral "
&
" Praia-baixa "
&
" Dissolução

Este corte geológico do Cabo das Correntes (Moçambique) ilustra os vários tipos de microformas que se podem encontrar num carso litoral desenvolvidas no espraiado e faixa supralitoral : (1) Arriba Morta alveolizada com alvéolos de corrosão ; (2) Plataforma com Lápias Pontiagudas ; (3) Ouriçangas Litorais ; (4) Visor da Arriba Viva ; (5) Sapa ; (6) Plataforma com Vasques e Ouriçangas Embrionárias ; (7) Plataforma com Vasques Incrustadas de Algas Calcárias ; (8) Plataforma Bioconstruída por Tubícolas ; (9) Ouriçangas Litorais ; (10) Cornija de Rebentação ; (11) Sapa Submersa ; (12) Banco de Coral Morto ; (13) Grés de Praia ; (14) Eolianito**. Certas destas microformas são devidas ao impacto das ondas e do vento, mas outras são criadas pela corrosão, isto é, pela acção química da água do mar (quando contém ácido carbónico, húmico ou nítrico) no material calcário e dolomítico o que causa uma dissolução parcial e mudanças químicas. Alguns geocientistas pensam que a acção bioquímica é muito importante no desenvolvimento dos alvéolos de corrosão, se não no início, pelo menos no alargamento da forma. No Cabo das Correntes, as rochas predominantes são os grés de praia calcários e eolianitos (calcoarenitos eólicos, visto que, eles são calcários terrígenos formados pela cimentação das areias calcárias das dunas costeiras). Embora neste exemplo, o carso litoral esteja, directamente, associado com as marés, é evidente que, em termos geológicos, é ele, parcialmente, condicionado pelos movimentos do nível do mar relativo (ciclos transgressão-regressão). Quando o nível do mar relativo sobe em aceleração (ingressões marinhas cada vez mais importantes), o substrato carbonatado é carsificado de maneira, mais ou menos, semelhante a cada paraciclo eustático quer isto dizer a cada ingressão marinha***. Alvéolos de corrosão no granito de St. Tropez (sul da França) induzidos pela salsugem são visíveis na fotografia do canto superior direito desta figura.

(*) A salsugem é a nuvem de espuma formada por gotículas de água do mar e bolhas encerrando microcristais salinos, resultantes da espuma  de rebentação que é projectada contra  a costa e transportada para o interior pelo vento ( Moreira, 1984).

(**) Rocha formada pela consolidação e litificação de depósitos eólicos a partir da cimentação dos grãos, principalmente pelo carbonato e sulfato de cálcio dissolvido de fragmentos de conchas e de outros minerais dos níveis mais altos das dunas. Os eolianitos formam-se, em geral, desde as regiões equatoriais até a latitude de 40° e são importantes na conservação das linhas de costa (http://sigep. cprm.gov.br/glossario/index .html).

(***) Sinónimo de transgressão quando este termo é utilizado para sublinhar o avanço gradual do mar sobre as terras.

Ambiente de Cintura Carbonatada...................................................................................Carbonate Facies Belt

Ceinture carbonatée (milieu) / Faja Carbonática / Karbonat-Fazies Gürtel / 碳酸岩相带 / Зона карбонатных фаций / Cintura carbonato (ambiente) /

Cada um dos meios naturais de deposição dos carbonatos numa plataforma carbonatada de água pouco profunda, independentemente do tempo e do contexto geológico. No modelo de plataforma carbonatada de Wilson (1975), melhorado por vários geocientistas, encontram-se, praticamente, todos os ambientes sedimentares que se podem observar numa cintura carbonatada : (i) Bacia ; (ii) Plataforma de Mar Aberto ; (iii) Bordo de Plataforma Profunda ; (iv) Talude Externo ; (v) Recifes de Bordo e Plataforma ; (vi) Zona de Deflação ; (vii) Laguna de Plataforma com circulação Aberta ; (vii) Plataforma de Circulação Restrita e Planície de Maré ; (ix) Evaporitos em Sabkhas Salinas.

Ver: " Ambiente de Deposição"
&
" Deposição (carbonatos)"
&
" Sedimentação de Carbonatos (princípios) "

Nesta esquema, tirado de Schlager (1991), estão resumidos os principais ambientes encontrados numa cintura carbonatada: (i) Bacia ; (ii) Plataforma de Mar Aberto ; (iii) Bordo da Plataforma Profunda ; (iv) Talude Externo ; (v) Recifes do Bordo da Plataforma ; (vi) Zona de Deflação das Areias Carbonatadas ; (vii) Laguna de Plataforma com Circulação Aberta ; (viii) Plataforma de Circulação Restrita Planície de Maré ; (ix) Evaporitos em Sabkhas Salinas. A bacia (1) e a plataforma de mar aberto (2) formam cinturas largas, assim como a laguna de plataforma com circulação aberta (7), a plataforma de circulação restrita e planície de maré (8) e os evaporitos em sabkhas salinas (9). O rebordo da plataforma profunda (3), o talude externo (4), os recifes do rebordo da plataforma (5) e a zona de deflação de areias (6) formam cinturas muito estreitas. As microfácies e os corpos sedimentares de cada ambiente estão indicados. No ambiente talude externo, os principais corpos sedimentares são, principalmente, blocos no talude, preenchimentos de cavidades e montículos de talude, enquanto que os principais microfácies são bioclastos, litoclastos, microbrechas, conglomerados litoclásticos, “grainstones” (na classificação de Dunham, grainstones são rochas sedimentares carbonatadas formadas por grãos que não contêm micrite ; os espaços entre os grãos são preenchidos com cimento) e “packstones” bioclásticos ( rocha de calcária formada por grãos bioclásticos com uma matriz de micrite), recifes rudíticos, etc. Da mesma maneira no ambiente laguna de plataforma com circulação aberta, os corpos sedimentares principais são: (i) Deltas de maré ; (ii) Lagunas ; (iii) Montículos de plataforma ; (iv) Tapetes de algas em colunas ; (v) Preenchimentos de canais e barras de maré por areias carbonatadas, etc. Neste ambiente, os microfácies mais comuns são: micrites com conchas, “wackestones” bioclásticos (rochas de calcárias suportado por matriz que contém mais de 10% de aloquímicos numa matriz de micrite, lama de carbonato), micrites com grãos revestidos, pelsparite (calcário contendo menos de 25% de intraclastos e oólitos, com uma proporção de volume entre pelóides*, e fósseis maior do que 3 para 1, e com o cimento de calcite-esparite mais abundante do que a matriz micrítica), micrites com grapestone conchoidal (um conjunto de grãos de tamanho de areia, como oólitos ou pelóides, mantidos juntos por cimentação rápida logo após a deposição e encontrados, muitas vezes, como intraclastos dentro de calcários), foraminíferos, grainstones dasycladásico, ou seja, com com Dasycladáceas (algas verdes unicelulares cujo talo é protegido por uma camada calcária), etc. Este modelo não diz nada sobre a diferenciação dos ambientes da cintura carbonatada induzidos pela direcção do vento. Os ambientes sedimentares desenvolvem assimetrias em resposta à direcção do vento dominante. A plataforma de barlavento (do lado de onde o vento sopra) e de sotavento (lado oposto àquele donde sopra o vento) têm morfologias e fácies diferentes (litologias e fauna associada), as quais, por vezes, são bem marcadas nas linhas sísmicas de boa qualidade. No estudo das plataformas carbonatadas é necessário ter sempre em conta que: (i) Os carbonatos são, sobretudo, de origem orgânica ; (ii) Os carbonatos constroem estruturas resistentes à acção das vagas e (iii) Os carbonatos sofrem uma alteração diagenética importante. É por isso, que Schlager (1991) diz: (a) Os sedimentos carbonatados não são feito, "nascem", o que quer dizer, que os carbonatos são o resultado de uma actividade orgânica num ambiente marinho, onde a luz solar e nutrientes dissolvidos são disponíveis ; (b) As plataformas constroem aureolas resistentes à acção erosiva das vagas e flancos resistentes aos deslizamentos ; (c) As aureolas das plataformas carbonatadas são construídas por uma estrutura orgânica com uma carsificação muito rápida e os flancos são estabilizados pela carsificação do fundo do mar ; (d) A mineralogia muda depois da deposição, uma vez, que os carbonatos de água pouco profunda são formados, principalmente, por aragonite (polimorfo estável a alta temperatura e pressão do carbonato de cálcio, com traços de estronco, chumbo e zinco, cujos cristais podem atingir até 30 cm, e que se encontra, essencialmente, nos depósitos sedimentares e nos basaltos), calcite rica em magnésio e protodolomite (carbonato de cálciomagnésio cristalino com uma estrutura desordenada na qual os iões metálicos ocorrer nas mesmas camadas cristalográficas e não em camadas alternadas, como na dolomite), que depois da deposição se estabilizam em calcite ou se transformam em dolomite.

(*) Pelóides ou pelotas são produtos naturais formados por uma mistura de água salgada e matérias orgânicas ou inorgânicas resultantes de processos biológicos e/ou geológicos.

Ambiente de Deposição.........................................................................................................................Depositional Environment

Milieu sédimentaire/ Ambiente sedimentario / Sedimentary Umwelt / 沉积环境 / Осадочная среда / Ambiente sedimentario

Condições (meios naturais) nas quais os sedimentos se depositam. Os ambientes de deposição descrevem as combinações dos processos físicos, químicos e biológicos associados com o depósito de um tipo de sedimento particular e, por conseguinte, das rochas que eles formarão depois da litificação. Os ambientes de deposição são muito variados e encontram-se desde as partes profundas dos oceanos até aos recifes e corais e, mesmo, até aos lagos glaciários das altas montanhas.

Ver : « Ambiente Sedimentar »
&
« Deposição (carbonatos) »
&
« Sedimentação de Carbonatos (princípios) »

Nesta figura estão ilustrados corpos sedimentares depositados em diferentes ambientes de deposição que se caracterizam pela morfologia, energia de escoamento dos fluidos (água, vento, correntes de turbidez, etc.), actividade biológica, abundância des várias substâncias químicas e clima: (i) Depósitos de Talude, os quais, em geral, devido à erosão, são, raramente, conservados nos registos geológicos ; (ii) Cones ou Leques Aluviais, que se formam, geralmente, na base de certas formas topográficas, sobretudo quando a ruptura do declive é bem marcada que, em geral, são localizados a montante da linha de baía de Posamentier e Vail ; (iii) Depósitos de Laguna, geralmente, muito argilosos e que quando ricos em matéria orgânica e enterrados suficientemente, para que a matéria orgânica atinja a maturação, podem ser magníficas rochas-mãe (rochas produtoras de hidrocarbonetos) ; (iv) Depósitos de “Playa”, ou seja, de uma área sem de vegetação, mais ou menos, plana na parte mais baixa de uma bacia desértica não drenada, quer isto dizer, de um local onde durante os períodos de chuva se formam lagos efémeros, sustentado por argilitos estratificados, lodo e areia, e frequentemente, sais solúveis (estes depósitos são, por vezes, ricos em evaporitos que se formam quando os lago secam) ; (v) Depósitos de Rios Entrelaçados, caracterizados por uma granulometria significativa e por se depositarem ao longo de vários canais que se ramificam e fusionam de maneira, mais ou menos, aleatória (em certas condições estes depósitos podem ser considerados como rochas-reservatório de petróleo ou gás) ; (vi) Depósitos de Meandro, formados, principalmente, por areia que se deposita ao longo de rios com meandros que, contrariamente, aos rios entrelaçados, têm um único canal que serpenteia na planície de inundação depositando barras de meandro e formando lagos de meandro abandonado ; (vii) Dunas de Areia Eólica, que necessitam um acarreio sedimentar constante de areia e vento para se formarem ; (viii) Depósitos Deltaicos, que se depositam nos deltas, os quais se formam quando os rios descarregam em corpos de água importantes, como, um oceano ou lago ; (ix) Depósitos Pantanosos, ou seja, sedimentos depositados numa camada de água estagnada e rasa na qual cresce uma vegetação aquática e que, na maioria das vezes, ocupa, num vale a parte abandonada pelas águas de um rio, como antigos meandros e leitos que antes eram muito largos e que se reduziram devido a uma redução do caudal do rio ; (x) Restingas ou Cabedelos, constituídos por depósitos arenosos ácidos (areias que captaram poluentes químicos durante a viagem de um lugar para outro, como ácido sulfúrico e nítrico), pobres em nutrientes, mais ou menos paralelos à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzida por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem a influência marinha) as restingas podem ter uma cobertura vegetal adaptada a condições secas pobres em nutrientes ; (xi) Praias, que são formações geológicas compostas por partículas soltas de minerais ou de rochas na forma de areia, cascalho, seixo ou calhaus ao longo da costa, onde se podem pôr em evidência duas áreas importantes : a) Zona de Rebentação, que é a parte da praia onde as ondas arrebentam ou se quebram e b) Zona de Espraiado ou Estrão, que é a parte da praia varrida, periodicamente, pelas vagas e localizada entre preiamar e baixamar ; (xii) Recifes que, grosseiramente, se podem definir como barras rochosa, da areia carbonatada, coral ou do material similar, que em geral, se encontram sob a superfície da água, mas dentro da zona fótica, podendo aflorar durante as baixamar. A estes ambientes juntam-se os ambientes marinhos da plataforma continental e, particularmente, os ambientes de água profunda, onde se depositam os sistemas turbidíticos (cones submarinos de bacia e de talude) todas as vezes que o nível do mar relativo desce, suficientemente, para exumar a plataforma continental (se a bacia tinha uma plataforma) e a parte superior do talude continental. O nível do mar relativo é o nível do mar referenciado, localmente, a um ponto, que pode ser, por exemplo, o topo da crusta continental (base dos sedimentos) ou o fundo do mar e que é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático (nível do mar global, referenciado ao centro da Terra ou a uma satélite) e da tectónica (levantamento e subsidência).

(*) A linha de baía enfatiza o limite a montante do prisma costeiro, o qual inclui depósitos fluviais e de água pouco profunda. Ela pode deslocar-se rio acima quando a progradação da linha da costa é acompanhada de agradação. A linha de baía corresponde à primeira ruptura de inclinação de uma superfície de deposição, a partir da qual uma corrente deixa de erodir, para começar sobretudo a depositar. No perfil de equilíbrio provisório de um rio, a linha de baía corresponde ao ponto de inflexão a partir do qual a corrente atinge um equilíbrio provisório. A posição da linha de baía muda com a posição da linha da costa.

(**) O levantamento dos sedimentos pode ser o resultado de um encurtamento induzido por um regime tectónico compressivo ou o resultado de um alongamento induzido por um regime tectónico en extensão, por vezes, local, como é o caso de durante a ascensão de um diápiro de sal.

Ambiente Sedimentar................................................................................................................................Sedimentary Environment

Milieu de fácies de dépôt / Ambiente de depositación / Ablagerungsraum / 沉积环境 / Условия осадконакопления / Ambiente deposizionale

Área, geograficamente, mais ou menos, circunscrita, na qual os sedimentos são depositados e preservados. Um ambiente sedimentar é caracterizado pela: (i) Morfologia da área ; (ii) Clima ; (ii) Energia das correntes de água ; (iv) Energia do vento ; (v) Actividade biológica e (vi) Abundância relativa das várias substâncias químicas. Muitas vezes sinónimo de Ambiente de Deposição.

Ver: « Fisiográfica (província) »
&
« Deposição (carbonatos) »
&
« Sedimentação de Carbonatos (princípios) »

Como ilustrado neste esquema, as rochas sedimentares podem formar-se em vários ambientes sedimentares, os quais podem ser continentais (não-marinhos) ou marinhos. Os ambientes marinhos podem ser de água pouco profunda (plataforma) ou de água profunda (a jusante do rebordo continental, o qual pode ou não coincidir com o rebordo da bacia ou com a linha da costa). Os ambientes sedimentares costeiros ou de transição são, por convenção, considerados não marinhos (depósitos parálicos). Os ambientes fluviais para Posamentier e Vail (1988) são localizados a montante da linha de baía (primeira ruptura a partir do continente (rio abaixo) de inclinação de uma superfície de deposição), uma vez que eles consideram que a deposição deltaica ocorre quando uma corrente encontra um corpo de água, mais ou menos, imóvel, e que a sua velocidade diminui instantaneamente. O conceito de linha de baía foi definido pelos geocientistas da EPR (“Exploration Production Research” da Exxon) assumindo que: (a) A planície costeira forma-se por processos de progradação do fundo do mar, mais do que por exumação ; (b) Os sedimentos que se acumulam na planície costeira, durante a progradação da linha da costa, fazem parte do prisma costeiro, o qual inclui depósitos fluviais e de água pouco profunda ; (c) O prisma costeiro tem a forma de cunha e prolonga-se para o continente por biséis de agradação sobre a topografia pré-existente ; (d) O limite a montante do prisma costeiro é a linha da baía, que pode deslocar-se rio acima quando a progradação da linha da costa é acompanhada de agradação (progradações sigmóides). Assim, a linha de baía é o limite entre a planície costeira e a planície aluvial. A montante da linha da baía, as variações do nível do mar relativo não têm, praticamente, nenhuma influência nos sistemas de deposição. Todavia, segundo certos geocientistas, o encontro de uma corrente, como um rio, com um corpo de água, quase, imóvel, o qual controla o perfil de equilíbrio provisório das correntes, ocorre na embocadura do rio, isto é, na cabeça dos deltas e não na linha de baía. É por isso, que quando se fala do perfil de equilíbrio provisório de um rio, é importante especificar se o perfil é em relação à linha de baía (posição de Vail) ou à linha da costa (posição de Miall). Em todos os casos, três processos geológicos estão sempre presentes em todos os ambientes sedimentares: (i) Transporte ; (ii) Deposição e (iii) Diagénese (conjunto das modificações química e físicas sofridas pelos sedimentos desde a deposição até à consolidação e transformação em rochas). No caso das rochas sedimentares clásticas, pode dizer-se que: (A) As partículas sedimentares são transportados, quer por deslizamento ao longo dos taludes (continentais ou deltaicos) e vertentes das montanhas, quer pelo vento, quer por correntes fluviais ou marinhas, quer por correntes de turbidez ; (B) A distância à qual uma partícula sedimentar é transportada e a energia do meio de transporte, deixam indícios preciosos do modo de transporte nos depósitos ; (C) As partículas são depositados quando a energia do meio de transporte é tão fraca, que ela não pode continuar o processo do transporte, o que quer dizer, que elas tombam para o fundo e depositam-se (as partículas transformam-se em sedimentos) ; (D) O depósito final reflecte a energia do meio de transporte ; (E) O primeiro estágio da diagénese, que como dito antes é o processo que transforma os sedimentos numa rocha, é a compactação, que ocorre à medida, que o peso dos sedimentos sobrejacentes aumenta ; (F) A compactação força os grãos a apertar-se uns contra os outros, reduzindo o espaço entre os poros, eliminando uma quantidade de água importante ; (G) A água de formação ou água intersticial pode conter minerais em solução, que, mais tarde, precipitam no espaço intergranular como novos minerais, o que causa uma cimentação à medida que os grãos se soldam uns contra os outros ; (H) A subsidência (afundamento ou descida do fundo de uma bacia sedimentar) e a continuação do processo de deposição aumentam o enterramento, o que intensifica a compactação e a recristalização de outros minerais que tornam a rocha cada vez mais compacta e mais dura. Cada rocha sedimentar se compacta de maneira diferente. Os arenitos compactam-se menos do que argilitos. As diferenças de compactação das rochas, que formam os blocos falhados, deformam a geometria dos planos de falha, o que é utilizado pelos geocientistas para fazer predições litológicas nas tentativas de interpretação das linhas sísmicas (um plano de falha normal posterior a compactação, por exemplo, é menos inclinado em justaposição a uma rocha mais compactável do falhado inferior, ou seja, do muro da falha).

(*) Água que ocorre naturalmente dentro dos poros da rocha. A água dos fluidos introduzidos numa formação através de perfuração ou outras interferências, tais como lama e água do mar, não faz parte da água de formação. Água de formação ou água intersticial, pode não ter sido a água presente quando a rocha foi, originalmente, formada. A água conata é a água presa nos poros de uma rocha durante a sua formação, a qual ser chamada água fóssil.


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Última actualização: Janeiro, 2018