Cabeço...........................................................................................................................................................................................................Coral knoll, Coral knob

Tête de corail / Cabeza de coral / Coral Kopf, Korallen Knoll / 珊瑚山丘 / Коралловый холм / Testa di corale, Corallo Knoll /

Colónia de corais de forma esférica e maciça que cresce nas lagunas dos atóis. Quando a forma da colónia se assemelha a uma cabeça humana, certos geocientistas falam de “cabeças de negros”.

Ver: « Carso Litoral »
&
« Recife »
&
« Laguna (carbonatos) »

Por vezes, numa plataforma carbonatada, o rebordo da bacia (topo do talude continental) é marcado por construções orgânicas, que formam um recife (estrutura, mais ou menos, monticular, estratificada ou maciça, construída por organismos sedentários carbonatados, especialmente corais e, sobretudo, pelos restos destes) e com pequenas ilhas que afloram mesmo durante à maré alta. Os recifes resistem à acção das ondas e formam-se mais alto do que os depósitos sedimentares, coevos, dos arredores. Nas plataformas carbonatadas aureoladas, os recifes desenvolvem-se sobretudo na margem virada ao vento (barlavento). A montante do recife, desenvolve-se, normalmente, uma laguna com uma profundidade, relativamente, pequena, mas que pode ser muito variável. No fundo da laguna, como ilustrado neste esquema, crescem corais em forma de pináculo e cabeços de formas, mais ou menos, esféricas. Os cabeços podem atingir grandes dimensões o que os torna muito perigosos para a navegação, uma vez que eles, quase, nunca afloram (mesmo em maré baixa). Em geral, estas construções orgânicas formam-se de preferência durante os episódios estratigráficos transgressivos, quer isto dizer, durante as subidas do nível do mar relativo em aceleração (acção comum da eustasia e tectónica, quer subsidência quer levantamento). Num ciclo-sequência, a quando da primeira inundação da planície costeira (passagem do prisma de nível baixo para o cortejo transgressivo), a linha da costa desloca-se para o continente, em geral, várias dezenas de quilómetros, criando uma lâmina de água de vários metros sobre a antiga planície costeira, a qual se transforma numa plataforma continental. Se a velocidade de subida do nível do mar relativo permitir o desenvolvimento de construções recifais (assumindo que todas as outras condições estão presentes), uma pequena anomalia carbonatada (recife) pode formar-se perto da antiga linha da costa, isto é, perto do rebordo continental, independentemente da sedimentação junto da nova linha da costa (não confunda rebordo continental com rebordo da bacia, uma vez que eles podem não coincidir). As sucessivas subidas do nível do mar relativo acentuam a morfologia pré-existente criando, pouco a pouco, a morfologia ilustrada nesta figura.

Cabedelo (restinga)..............................................................................................................................................................................................................................................Spit

Flèche / Restinga / Haken / 细雨, 箭头 / Стрела, коса (длинная отмель) / Lingua di terra

Cordão litoral com uma extremidade livre, chamada a ponta da restinga, e a outra apoiada na costa. Um cabedelo, forma-se, muitas vezes, pelo crescimento das cristas prélitorais e / ou dos bancos de areia dos estuários e deltas por acção das correntes de deriva e de maré. Sinónimo de Restinga

Ver « Linha da Costa »
&
« Praia »
&
« Nível Médio das Águas do Mar »

Tendo em consideração os resultados dos processos endógenos (processos que se realizam no interior do planeta Terra) e exógenos (processos que utilizam a energia proveniente do exterior da Terra, basicamente a energia solar que actua directa ou indirectamente sobre a superfície da crusta) que afectam a formação da costa (zona limite entre a terra e o mar que se encontra permanentemente, submetida aos agentes erosivos), esta podem classificar-se em : (i) Costas Alcantiladas com falésias abruptas ; (ii) Costas Planas que têm uma pendente suave e (iii) Costas de Equilíbrio, formadas por deslocamentos da costa inicial. Nas costas em equilíbrio, à frente da desembocadura de um rio com estuário, a descarga dos sedimentos, mais ou menos, grosseiros, quando afectada pelos movimentos, por vezes, contraditórios da corrente fluvial e correntes marinhas, pode construir (se a plataforma continental é pouco inclinada), um cordão litoral ou restinga ("lido" em italiano, "nehrung" em alemão e "barrier-island" em inglês). Certos geocientistas definem um cabedelo ou restinga como um tal cordão ou muralha de areia que se constrói durante um intervalo de tempo, relativamente, longo, à escala humana, e que desempenha um papel morfológico importante. Provavelmente, o termo cabedelo vem do nome do município localizado no estado da Paraíba (Brasil), o qual tem uma uma forma singular, com 18 km de comprimento por 3 km de largura, o que quer dizer, que quase toda a população (cerca de 500000 mil pessoas) vivem numa restinga. Uma restinga pode ser considerada como um cordão litoral com uma extremidade livre, isto é, com a ponta. A outra extremidade é apoiada contra a costa. Em geral, uma restinga forma-se pelo crescimento das cristas pré-litorais* e / ou dos bancos de areia dos estuários e deltas, por acção das correntes de deriva e de maré. A ponta da restinga pode ter formas muito variadas, as quais traduzem a resultante vectorial das correntes. Em geral, a ponta tem uma forma arredondada em báculo (ou barbela) devido a difracção das ondas, como ilustrado nesta figura. Quando há erosão na base (ou no corpo da restinga) a ponta migra formando várias barbelas. Quando duas restingas convergem em V, elas delimitam uma laguna ou um pântano de forma triangular. Quando uma restinga se desenvolve no prolongamento de uma ilha, como uma língua de areia ou calhau diz-se que a restinga é em forma de cauda de cometa (Moreira, 1984). Nesta figura está ilustrada uma das restingas que caracterizam a linha da costa do Quebeque (Canadá), que se formam enfrente da desembocadura dos rios (neste caso de um pequeno rio que desagua no grande rio de São Lourenço). Este tipo de restingas representa, aproximadamente, 5% da costa do Quebeque. Estas restingas correspondem a acumulações de areia conectadas à linha da costa. De um modo geral, pode dizer-se que elas são alongadas, mais ou menos, paralelas à linha da costa e com uma ponta solta, o que quer dizer, que ela não está ligada com a extremidade oposta. Em certas plataformas rochosas compostas por cascalho, as restingas podem orientam-se perpendicularmente à linha de costa. Para os geocientistas portugueses e angolanos, falar de restingas ou cabedelos e não fazer referência a restinga de Luanda e à “ilha de Mussulo”, que não é uma ilha, mas uma magnífica restinga, teria pouco sentido. Da mesma maneira, entre outras podem citar-se : (i) A restinga de Dungeness, no estado de Washington (USA) ; (ii) A restinga da Ponta de Ouro (Zlatni Rat) no mar Adriático (Croácia) ; (iii) A restinga de Olu Deniz na Turquia ; (iv) A restinga de Farewell, na Baía de Ouro na Nova Zelândia e, obviamente, (v) A restinga da praia de Curlândia, na Lituânia, que a UNESCO designou como Património Mundial em 2000, qual embora seja, normalmente, considerada como uma da restinga Lituânia, também faz parte à região de Caliningrado** (Rússia). A área mais conhecida desta restinga (com apenas 2 km de largura e 98 km de comprimento,) é, indiscutivelmente, a praia de Nida, que, no verão, é um dos locais favoritos, se podem ver vestígios arquitectónicos e culturais da antiga tribo Kursiai que viveu na Restinga de Neringa (nome local) e que alimentou um certo número do contos de fadas e misticismo ao longo dos séculos ao povo lituano.

(*) No limite externo da superfície da praia-baixa (terraço-da-maré-baixa) podem formar-se ondulações de grande amplitude, que podem atingir 1 metro, constituindo o que os geocientistas chamam cristas pré-litorais e as cavas pré-litorais ou caneiros.

(**) Capital da província russa homónima, enclave russo entre a Polónia e a Lituânia, à beira do Mar Báltico. Famosa por ter tido entre os seus habitantes o filósofo Emmanuel Kant, e pelo célebre pelo problema das sete pontes de Caliningrado, que Euler resolveu em 1736.

Cabedelo de Junção (restinga de junção).............................................................................................................................................................Spit

Flèche (de junção) / Restinga de unión / Haken (Kreuzung) / 箭头(结) / Соединительная коса / Lingua di terra (incrocio) /

Pequena passagem de areia ou de cascalho que liga uma ilha ao continente ou a outra ilha.

Ver: « Linha da Costa »
&
« Praia »
&
« Restinga »

Como ilustrado nesta figura, a restinga de Luanda (Angola), mais conhecida por ilha de Luanda, formou-se, provavelmente, em associação com a corrente marinha de Benguela. Ela tem mais de 30 quilómetros de comprimento e uma largura que varia entre as dezenas de metros e um quilómetro. A sua orientação é, mais menos, paralela à linha de costa e a lâmina de água entre restinga e a costa, como se pode ver nesta fotografia, diminui, pouco a pouco, à medida, que sedimentos se depositam, quer em associação com pequenas correntes, quer com galgamentos do mar. As duas grandes restingas (ilhas) estão ligadas por uma estreita restinga de junção. Estes cordões litorais, que se constroem-se, pouco a pouco, durante um tempo, relativamente, longo jogam um papel morfológico importante. Em geral, em quase todas as restingas pode observar-se que atrás dos cordões litorais, o mar isola, mais ou menos, uma laguna, na qual se depositam sedimentos fluvio-lagunares que tende a preenche-la. A laguna pode apresentar-se sob vários estágios: (i) Laguna (por vezes com salinas) ; (ii) Atoleiros de Maré (lodos ou plataforma de baixamar) ; (ii) Salgadiço ; (d) Polders (sapais conquistados para salinas, pastagens e cultivo de forragem e arroz) e, finalmente, (e) Terra Firme com poucas incursões marinhas, mas podendo ser bastante pantanosa. A evolução destes estágios é diferente da evolução de um delta, que se desenvolva em condições semelhantes, uma vez que um delta implica a subsidência da plataforma continental. Enquanto que se a laguna existir, pelo menos em parte, a corrente do rio inicial altera-se para encontrar uma saída através do cordão litoral (abertura , "inlet" em inglês). O cordão litoral é submetido ao clima especial da zona litoral, sobre a qual dominam as acções eólicas. Ele serve de ponto do apoio às dunas e às praias arenosas. Se o litoral têm pequenas ilhas, os cordões litorais podem unir essas ilhas à costa contribuindo assim a aumentar a superfície das ilhas como é o caso ilustrado nesta fotografia. A formação de um tal cordão litoral (chamado tômbolo), que pode ser simples ou composto (duplo ou triplo), consoante eles são formados por um ou mais cordões, é devida, unicamente, ao jogo das ondas e correntes marinhas. Nos tombolos compostos podem formar-se lagunas entre os cordões litorais.

Cadeia Alimentar............................................................................................................................................................................................................Food Chain

Châine alimentaire / Cadena alimenticia / Lebensmittelkette / 食物链 / Пищевая цепочка / Catena alimentare /

Representação das relações predador / presa entre as espécies dentro de um ecossistema ou habitat.

Ver: " Teoria da Evolução "
&
" Autotrófico (organismo) "
&
" Heterotrófico (organismo) "

Como ilustrado nesta figura, muitos modelos de cadeia alimentar podem ser utilizados função do habitat ou dos factores ambientais. Naturalmente, todas as cadeias alimentares têm como base organismos autotróficos, isto é organismos capazes de produzir os seus próprios alimentos. Em quase todas as cadeias alimentares, a energia solar é introduzida no sistema como luz e calor, e utilizada pelos autotróficos (isto é, os produtores) na fotossíntese. O dióxido de carbono (CO2) é reduzido, quer isto dizer, que ele ganha electrões, uma vez que é combinado com a água (fonte de átomos de hidrogénio) para produzir glucose. Este processo pode ser representado pela seguinte equação: 6CO2 + 12H2O + luz → C6H12O6 + 6O2 + 6H2O. Esta equação quando exprimida sob uma forma mais simples: 6CO2 + 6H2O + luz→ C6H12O6+ 6O2, esconde o facto que os átomos do dioxigénio produzido não provém unicamente da água. A decomposição da água produz hidrogénio, mas esta reacção não é espontânea. Ela requere energia do Sol. O CO2 e OH2, ambos estáveis, são compostos oxidados de baixa energia, enquanto que a glucose é um composto de alta energia e um bom dador de electrões capaz de armazenar a energia solar. Esta energia é gasta pelos processos celulares e desenvolvimento dos organismos. Os açucares das plantas são polimerizados* e armazenados como carbohidratos (açúcar, amido, celulose, etc.). A glucose encontra-se também nas gorduras e proteínas. As proteínas podem ser fabricadas a partir de nitratos, sulfatos e fosfatos dos solos. Quando um organismo autotrófico é comido por um heterotrófico, os carbohidratos, gorduras e proteínas dos autotróficos tornam-se as fontes de energia dos heterotróficos. Nas cadeias alimentares, o dióxido de carbono é reciclado pelo ciclo do carbono, quando os carbohidratos, gorduras e proteínas são queimadas para produzir dióxido de carbono e água. O oxigénio libertado pela fotossíntese é utilizado na respiração como um receptor de electrões afim de libertar a energia química armazenada nos compostos orgânicos. Na maior parte das cadeias alimentares, a grande maioria dos consumidores alimentam-se de várias espécies, as quais, por sua vez, se alimentam de outras espécies. Os organismos mortos são consumidos por detritívoros, predadores e decompositores, como fungos e insectos, retornando para o solo como nutrientes.

(*) A polimerização é a reacção química que dá origem aos polímeros, que são formados a partir de unidades estruturais conhecidas como monómeros. Os hidrocarbonetos derivados do petróleo, por exemplo, são exemplos de monómeros. Os hidrocarbonetos como o estireno (C6H5CH=CH2) e etileno (C2H4) reagindo em cadeia formam plásticos como o poliestireno e polietileno.

Cadeia de Montanhas (ciclo de Wilson).............................................................................................................................................Fold Belt

Chaîne de montagnes / Cadena de montañas (Ciclo de Wilson) / Gebirgskette (Wilson-Zyklus) / 山脉 / Горный хребет / Catene montuose /

Cadeia de montanhas formada durante um ciclo de Wilson, cujas fases tectonico-estratigráficas são: (i) Cratão Continental Estável ; (2) Anomalia Térmica (ponto quente) e Alargamento (riftização), a qual induz a formação de bacias do tipo rifte (em geral demigrabens com vergência oposta de cada lado da anomalia térmica) ; (3) Ruptura da Litosfera, com criação de nova crusta oceânica e formação de duas margens divergentes ; (4) Expansão Oceânica que, pouco a pouco, transforma as margens jovens em margens velhas devido ao arrefecimento e aumento de densidade da crusta oceânica ; (5) Subducção, com efeito desde que a densidade da crusta oceânica é muito grande, ela parte-se em duas porções e uma delas entra em subducção (mergulha sob a outra) criando uma margem convergente, com formação de um arco vulcânico e levantamento de uma cadeia de montanhas na placa litosférica cavalgante ; (6) Colisão Margem Divergente / Arco Vulcânico com formação de uma cadeia de montanhas ; (7) Peneplanização e nova subducção da crusta oceânica com a margem gémea criando outra margem convergente ; (8) Colisão Continente / Continente e fecho do oceano criado entre as duas margens divergentes iniciais e (9) Novo cratão continental estável.

Ver «Ciclo de Wilson»

Calcário..................................................................................................................................................................................................................Carbonate, Limestone

Calcaire / Calcáreo / Kalkstein / 石灰石 / Известняк / Calcare /

Sedimento ou rocha sedimentar formada pela acumulação de minerais carbonatados precipitados orgânica ou inorganicamente.

Ver: " Calcite "
&
" Recife "
&
" Produção Orgânica (carbonatos) "

De uma maneira geral, os calcários, como se pode constatar nesta fotografia, são rochas muito compactas, bem estratificadas e sujeitas a uma intensa erosão química, uma vez que eles são, essencialmente, constituídos por minerais carbonatados. Os calcários podem conter uma certa quantidade de sílica (sob a forma de cherte, por exemplo), assim como argila, silto e areia, quer em disseminações, nódulos ou finas intercalações. Os organismos marinhos são a principal origem da calcite dos calcários. Estes organismos secretam conchas que se depositam no fundo do mar sob a forma de vasa ou em conglomerados nos recifes de corais. A calcite pode também depositar-se a partir de águas meteóricas superssaturadas, como nas estalagmites e estalactites. A calcite pode formar-se em oólitos (calcário oolítico), a qual se reconhece, muito facilmente, pela sua aparência granular. Os calcários, que formam cerca de 10% do volume total das rochas sedimentares, podem formar-se em ambientes marinhos, lacustres ou evaporíticos (salíferos). Como os calcários são, parcialmente, solúveis, em soluções ácidas, quando eles afloram, eles criam morfologias de erosão muita variadas. Embora os calcários sejam muito utilizados na construção e escultura (principalmente os mármores que resultam do metamorfismo dos calcários), eles também são utilizados: (i) No fabrico da cal ; (ii) No fabrico do cimento ; (iii) Para condicionar os terrenos agrícolas ; (iv) Na pavimentação das estradas ; (v) Como rocha-reservatório, em particular na indústria petrolífera ; (vi) Nas dessulfurizações ; (vii) Na fabricação do vidro ; (viii) Na fabricação do papel, plásticos e tintas ; (ix) Na pasta dos dentes ; (x) Para evitar as explosões de metano, principalmente, nas minas de carvão ; (xi) Na alimentação como fonte de cálcio. Em conclusão, pode dizer-se, que os calcários são rochas sedimentares formadas de calcite proveniente da evaporação, dos lagos, mares e ambientes marinhos com conchas. Embora os calcários possam depositar-se em quase todos os cortejos sedimentares, que compõem um ciclo-sequência, eles são, particularmente, frequentes nos cortejos transgressivos, em associação com subidas do nível do mar relativo em aceleração, durante os quais a bacia sedimentar tem uma plataforma continental significativa.

Calcarenito.....................................................................................................................................................................................................................Calcoarenite

Calcarenite / Calcarenita / Kalkarenit, Calcoarenite / 灰岩 / Известняк с зернами кальцита / Calcarenite /

Rocha sedimentar carbonatada formada pela percolação de água através de uma mistura de fragmentos de conchas calcárias e areia quartzífera, o que induz que o calcário dissolvido na água precipite cimentando para todo o conjunto.

Ver: " Calcário "
&
" Cimentação "
&
" Deposição (carbonatos) "

Os calcarenitos são arenitos formados por consolidação de areias calcárias. Os calcarenitos formam-se, sobretudo, nas zonas litorais das regiões tropicais em associação com maciços de dunas formados por areias de erosão dos recifes de corais. As dunas desenvolvem-se nas zonas onde a areia (calcária) é abundante e não fixada pela vegetação. A areia é erodida e transportada pelo vento (deflação), perto do solo e por saltação, para se acumular quando a competência do vento diminui (vertente protegida do vento). Uma duna pode deslocar-se por erosão da vertente exposta ao vento e acumulação na vertente oposta. É a diagénese, que engloba todos os processos químicos e mecânicos que afectam um depósito depois da sua formação, que transforma as areias calcárias num calcoarenito. Neste tipo de transformação distinguem-se duas etapas: (i) Enterramento e Compactação dos Grãos, os quais são detritos minerais, resultantes da desagregação de outras rochas ou detritos orgânicos, isto é, restos de plantas ou animais; este processo ocorre gradualmente à medida que outros sedimentos vêm cobrir o depósito para o colocar, pouco a pouco, a várias dezenas, centenas ou mesmo milhares de metros de profundidade e (ii) Cimentação dos Grãos. A cimentação é um processo químico simples, no qual a água, que circula entre os grãos, se torna saturada em certos minerais e os precipita nos poros entre os grãos acabando por consolidar as partículas de areia. Um calcarenito identifica-se não só pela efervescência produzida ao contacto com o ácido clorídrico (HCl), mas também pela sua rugosidade. Em geral, a cor de um calcarenito é rosada ou cinzenta. Um calcarenito pertence à família do calcilutito (lama calcária cimentada a amarelada e consolidada). Calcirudito corresponde a restos de organismos grosseiros, cimentados e consolidados. Giz é um calcário branco formado pela acumulação de esqueletos de cocólitos de organismos unicelular. Calcário à entroques é uma acumulação de restos de crinóides, uma variedade de equinodermes. Travertino é um calcário formado nas fontes emergentes ricas em CO3Ca dissolvido.

Calcite ......................................................................................................................................................................................................................................................................Calcite

Calcite / Calcita / Calcit / 方解石 / Кальцит (известковый шпат) / Calcite /

Mineral muito comum das rochas sedimentares, cuja fórmula química é CaCO3. A calcite (romboédrica) é trimorfa como a aragonite (ortorrômbica) e vaterite (hexagonal). Normalmente é branca ou incolor, mas pode também ser cinzento claro, amarelo ou azul. Produz uma efervescência quando mergulhada no ácido clorídrico. É o principal constituinte dos calcários. Ocorre em formas cristalinas nos mármores e, em formas menos cristalinas, nos grés, tufas e estalactites. Encontra-se com frequência nas zonas de falhas.

Ver: " Calcário "
&
" Estalactite "
&
" Falha "

O termo calcite vem do grego "chalix" que significa cal. A calcite (CO3Ca), que se pode formar em variados ambientes geológicos, é um dos mais comuns minerais à superfície da Terra. Ela conta para cerca de 4% do peso total da crusta continental. A calcite é um mineral secundário das rochas ígneas, mas é o principal componente dos carbonatos e pode cristalizar sob várias formas. A calcite forma uma grande parte das rochas sedimentares, sob a forma de oólitos, restos orgânicos dos calcários, ou como cimento de muitos arenitos e argilitos (shales). Ela também é um componente muito importante das rochas ígneas chamadas carbonatitos (de composição mineralógica semelhante aos calcários e mármores e que se instalam no meio de complexos ígneos alcalinos e vulcânicos) e formam a maior parte dos filões hidrotermais. Muitas rochas são compostas por mais de 99% de calcite. A propriedade característica da calcite é a reacção aos ácidos. Quando gotas de ácido (mesmo frio) são deitadas nela, ela liberta CO2 (dióxido de carbono). É assim, por exemplo, que os geocientistas identificam um cimento calcário de um arenito. Outros carbonatos como a dolomite e siderite, que são formados basicamente de calcite, não reagem tão facilmente como a calcite. Como muitos corais, algas e diatomáceas, etc., têm uma concha feita, principalmente, de calcite, eles captam o CO2 da água dos oceanos para formar o carbonato de cálcio, o que certamente contribui para diminuir a quantidade de CO2 livre, diminuindo assim efeito de estufa*, se este existir. Para a grande maioria dos geocientistas, o dióxido de carbono não é, e nunca foi o responsável principal dos aumentos da temperatura à superfície da Terra, como muitos alarmista o dizem. Ao contrário, é caso certo, que é aumento da temperatura, principalmente da água do mar, que é responsável do aumento de CO2 na atmosfera.

(*) Da energia total irradiada pelo Sol, unicamente cerca de 47% (161 W/m2) atinge, finalmente, a superfície terrestre, onde ela é armazenada durante um certo tempo antes de ser restituída através da atmosfera. Existem três formas de restituição: (i) Radiactiva (42% dos 161 W/m2 ou seja ± 20 % da radiação solar inicial) ; (ii) Por calor sensível (5 %) e (iii) Por calor latente (22 %). Na restituição radiactiva, o substrato emite uma radiação infravermelha, devido à sua temperatura média de 15° C. Esta radiação tem dificuldade a atravessar a atmosfera uma vez que o vapor de água e os gases ditos a a efeito de estufa formam uma barreira que tende a devolver a radiação para superfície terrestre (sem essa barreira, que chamada efeito de estufa, a temperatura média ao nível do mar seria de -18 °C ou seja menos 33° C do que ela é actualmente). Na restituição por calor  sensível, o substrato cede parte da energia por simples contacto com a atmosfera (condução). Na restituição por calor latente, a transferência faz-se  por evaporação (consome energia) e condensação (libera energia).

Calcite Rica em Magnésio .........................................................................................................................................Magnesian Calcite

Calcite magnésienne / Calcita rica en magnesio / Magnesischen Calcit / 镁方解石 / Магнезиальный кальцит / Calcite magnesiaca /

Variedade de calcite, (Ca, Mg) CO3, na qual o magnésio substituiu de maneira aleatória o cálcio numa matriz desordenada de calcite. Também conhecido como calcite magnesiana.

Ver: " Calcite "
&
" Calcário "
&
" Estalagmite "

A calcite com pouco magnésio, isto é, com menos de 4% de CO3Mg é a forma mais comum da calcite. A calcite com mais de 4-19% de CO3Ca é metaestável e, durante a formação dos calcários, em geral, ela transforma-se em calcite pobre em magnésio ou em dolomite. Nesta figura, estão ilustrados os espectros Raman (Dilor LabRam Infinity, equipado com o Nd: YAG laser de 532 nm) de: (i) Um material de construção ; (ii) Calcite e (iii) Um calcário rico em magnésio. Mineralogicamente, o calcário rico em magnésio reconhece-se, facilmente, porque ele é, tipicamente, dolomítico, quer isto dizer, que ele contém dolomite que é um carbonato de cálcio rico em magnésio, enquanto que, por exemplo, o giz (cré) é composto de calcite (carbonato de cálcio). Uma simples análise mineralógica permite de determinar se um determinado objecto é constituído de cré ou de calcário rico em magnésio. Uma análise espectral permite a possibilidade de distinguir estes dois materiais, praticamente, sem os destruir (para fazer um espectro Raman bastam dois ou três pequenos grãos). Os espectros ilustrados nesta figura, sugerem que o espectro do material de construção (A) tem mais afinidade com o espectro da calcite (B) do que com o do calcário rico em magnésio (C). O espectro do calcário rico em magnésio (C) é, relativamente, semelhante ao da calcite (B), mas, como se pode constatar, cada pico está desviado no sentido dos números de onda mais altos (análogo espacial da frequência, que é a medida do número de repetidas unidades de propagação de uma onda ou o número de vezes que uma onda tem a mesma fase), por outro lados eles correlacionam, perfeitamente, com os espectros da dolomite publicados em diversas revista científicas. Quando um calcário de água pouco profunda é transportado para ambientes sedimentares de água profunda, as fracções de calcite rica em magnésio podem converter-se em calcite pobre em magnésio. Quando isto sucede, as taxas dos isótopos de oxigénio sugerem que a perda de magnésio ocorre durante a recristalização do carbonato em água profunda (sem alteração das texturas dos fragmentos de esqueletos).

Calcrete....................................................................................................................................................................................................................................................................Calcrete

Calcrète / Calcreta / Calcret (Caliche) / 钙质结砾岩(硝酸钠), 砂砾层 / Кальцикрит (нитронатрит) / Calcrete (caliche) /

Nível ou camada endurecida de um solo formado em terrenos calcários devido às variações climáticas em regiões áridas ou semi-áridas. A calcite dissolvida na água subterrânea (em determinadas condições) é precipitada quando a água se evapora. A água da chuva saturada de CO2 actua como um ácido e dissolve a calcite, que depois é depositada na superfície das partículas que compõem o solo. Quando os espaços entre os grãos do solo são preenchidos por calcite forma-se um crosta impermeável, isto é, um calcrete.

Ver: " Solo "
&
" Água Incrustante "
&
" Calcite "

Calcrete é também chamado "caliche", que significa cal em espanhol, "hardpan", "kankar" (Índia) ou mesmo crosta dura, o qual corresponde a um depósito de carbonato de cálcio endurecido, que cimenta outros materiais, como, por exemplo, cascalho, areia, silte e argila. Este tipo de depósito ocorre em quase todas as parte do mundo particularmente nas árida ou semiáridas, como por exemplo no centro e parte ocidental da Austrália, desertos do Kalahari e Sonoran, assim como nos alto planaltos de oeste dos Estados Unidos da América do Norte. O calcrete é, geralmente, de cor clara, mas função das impurezas a sua cor pode variar entre o branco e vermelho / castanho. O calcrete, geralmente, encontra-se à superfície terrestre ou próximo desta, embora também se possa encontrar em subsolos profundos. Como ilustrado nestas fotografias, os horizontes de calcrete podem ter espessura muito variadas (centímetros à metros) e vários níveis podem existir no mesmo lugar. O calcrete forma-se, normalmente, quando os minerais da parte superior do solo (horizonte A*) são lexiviados e acumulam-se no nível do solo subjacente (horizonte B), a profundidades que variam entre 1 - 3 metros. Como dito acima, o calcrete consiste de carbonatos em regiões semiáridas, enquanto que nas regiões áridas, os minerais menos solúveis formam horizontes de calcrete depois que todos os carbonatos tenham sido lexiviados do solo. O carbonato de cálcio depositado, primeiro, forma grãos, que em seguida formam  pequenos grupos, os quais, com o tempo, formam um horizonte, mais ou menos, bem visível, que, finalmente, forma uma espessa camada competente. À medida que um horizonte de calcrete se forma, gradualmente, o seu limite inferior torna-se mais profundo, podendo mesmo atingir os substrato rochoso.

(*) Num perfil vertical do solo, além da rocha consolidada, notam-se, em geral quatro horizontes: (i) O ; (ii) A, que tem duas subdivisões : A1 e A2 ; (iii) B e (iv) C. O horizonte O é principalmente constituído por depósitos de matéria orgânica morta. O horizonte A1 é uma camada rica em húmus, que consiste em material orgânico, parcialmente, decomposto misturado com solo mineral. O horizonte A2 é uma região de intensa lixiviação de minerais do solo. O horizonte B contém pouco material orgânico, cuja composição química assemelha-se aquela da rocha subjacente (minerais de argila e óxidos de alumínio e ferro são lixiviados para fora do horizonte A2 e eventualmente depositados neste horizonte). O horizonte C é constituído, principalmente, material ligeiramente modificado da à rocha consolidada). Horizontes eluviais empobrecidos (horizonte E de muito geocientistas) em partículas de dimensão argilosa, encontram-se, geralmente, sob o horizonte A.

Caldeira .........................................................................................................................................................................................................................................Caldera, Crater

Caldeira / Caldera / Caldera, Krater / 弹坑 / Кальдера (кратер взрыва) / Cratere, Caldera /

Depressão vulcânica em forma de bacia, mais ou menos, circular, com um diâmetro muito superior às fendas que, por vezes, a cratera contém, independentemente da inclinação das paredes ou da forma do assoalhado.

Ver: " Vulcanismo "
&
“ SDR (reflector que inclina para o mar) "
&
" Crusta "

Esta estrutura pode ser interpretada como uma caldeira que foi preenchida por material vulcânico em associação com um centro de expansão subaéreo. Os reflectores sísmicos representados neste autotraço Canvas de uma linha sísmica do offshore do Paquistão (não confundir um autotraço Canvas com a linha sísmica original) sugerem que nas águas profundas do offshore do Paquistão (margem continental divergente), o substrato dos cones submarinos do talude, associados com os rios Bramaputra e Ganges, é constituído por rochas vulcânicas subaéreas. Esta hipótese foi corroborada por poços de pesquiza do petróleo, os quais também corroboraram o modelo geológico da formação das margens divergentes do tipo-Atlântico proposto pelos geocientistas da Total SA (ano 2000), o qual pode resumir-se da seguinte maneira: (i) Desde que um supercontinente se forma por aglutinação de vários continentes, no seu interior, desenvolvem-se anomalias térmicas que provocam um alargamento da litosfera (principalmente da crusta continental) ; (ii) O alargamento produz estruturas do tipo "grabens" (em geral, demi- ou semigrabens), uma vez que os sedimentos só se podem alargar por falhas normais ; (iii) O alargamento, causa ou efeito, induz um adelgaçamento da litosfera ; (iv) À medida que litosfera se adelgaça ela é, fortemente, injectada por diques vulcânicos ; (v) A partir de uma certa taxa de alargamento, a espessura da litosfera reduz-se substancialmente (10-20 km) e, assim, ela não pode mais ser alargada por falhas normais ; (vi) A litosfera parte-se em várias placas litosféricas (ruptura continental), ao longo de fissuras irregulares, desde que o material vulcânico intrusivo se torna preponderante em relação ao material crustal inicial ; (vii) A partir deste momento, o material vulcânico quando atinge a superfície escoa-se em sentidos contrários sobre a crusta continental das placas (lavas subaéreas) ; (viii) A continuação deste processo obriga os centros de expansão (vulcões) a afundar-se, o que induz a formação de crusta oceânica (lavas em rolo ou em travesseiro) uma vez que o material vulcânico não se pode escoar dentro da água ; (ix) Depósito do prisma sedimentar que forma a margem continental divergente tipo-Atlântico, à medida que o alastramento oceânico produz uma subida do nível do mar absoluto ou eustático*.

(*)  O nível do mar pode ser absoluto (eustático), quando referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, ou relativo (local) quando referenciado a um ponto qualquer da superfície terrestre, que pode ser o topo da crusta continental (base dos sedimentos) ou o fundo do mar. Não se pode confundir uma subida do nível do mar relativo com uma subida do nível do absoluto, uma vez que o nível do mar relativo é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático com a tectónica (levantamento ou subsidência).

Calhau...............................................................................................................................................................................................................................................................................Cobble

Galet / Guija, Guijarro / Kiesel - Stein / 凑齐 / Валун, галька / Ciottolo /

Rocha ou fragmento de rocha com um diâmetro compreendido entre 64 e 256 mm ou com um φ {φ = -log2 (diâmetro em mm } entre -6 e -8, na escala de Krumbein (phi).

Ver: « Granulometria »
&
« Balastro »
&
« Areia »

Nesta fotografia, os calhaus de uma praia são lavados por uma corrente de refluxo. A escala phi (φ) de Krumbein, que é uma modificação da escala de Wentworth, é uma escala logarítmica computada pela equação φ = - Log2 D/D0 . Nesta equação, φ é a escala phi de Krumbein, D o diâmetro de uma partícula, D0 o diâmetro de referência, igual a 1 mm para tornar a equação consistente ao ponto de vista das dimensões. Usando φ, a equação φ = - Log2 D/D0 pode ser transformada em: D = D0 x 2. Na classificação de Krumbein: (i) Quando φ é inferior a -8 (maior que 256 mm) a partícula chama-se um Bloco (pedregulho) ; (ii) Quando φ é entre -6 e -8 (diâmetro entre 64 e 256 mm) trata-se de um Calhau ; (iii) Quando φ é entre -5 e -6 (32 e 64 mm), a partícula também se chama Calhau; (iv) Quando φ é entre -4 e -5 (16-32 mm) trata-se de Cascalho Grosso ; (v) φ entre -3 e -4 (8-16 mm) trata-se de Cascalho Médio ; φ entre -2 e -3 (4 e 8 mm) trata-se de Cascalho Fino ; (vi) Quando φ é entre -1 e -2 (2 e 4 mm) trata-se de Cascalho Muito Fino ; (vii) Quando φ é entre 0 e -1 (1 e 2 mm) trata-se de Areia Muito Grossa ; (viii) Quando φ é entre 1 e 0 (0.5 e 1 mm) trata-se de Areia Grossa ; (ix) Quando φ entre 2 e 1 (0.25-0.5 mm) trata-se de Areia Média ; (x) φ entre 3 e 2 (125 - 250 µm) trata-se de Areia Fina ; φ entre 4 e -3 (62,5-125 µm) trata-se de Areia Muito Fina ; (xi) Quando φ é entre 8 e 4 (3.9 e 62,5 µm) trata-se de um Silto (limo) ; (xii) Quando φ é superior a 8 (diâmetro inferior a 3,9 µm) trata-se de uma Argila ; (xiii) Quando φ é inferior a 10 (1 µm) trata-se de um Colóide. A classificação USCS (Unified Soil Classification System), usada para descrever a textura e a granulometria dos solos, é mais simples: (a) Balastro, quando mais de 50% das partículas são retidas numa rede de 4.75 mm de malha ; (b) Areia, quando 50% das partículas são retidas numa rede de 4,75 mm de malha ; (c) Limo e Argila, quando mais 50% das partículas passam numa rede de 0,075 mm. Nesta classificação usam-se as letras G ("gravel") para balastro ; S ("sand") para areia ; M ("mud") para limo ; C ("clay") para argila e O ("organic") para colóide.

Calhau (cascalho).............................................................................................................................................................................................................................................Cobble

Galet -Bloc / Grava gruesa / Kiesel - Stein / 凑齐 / Булыжник (галечник) / Ciottolo /

Partícula ou fragmento de uma rocha com um diâmetro à volta de 265 mm, especialmente, quando é arredondado (entre um calhau e um bloco).

Ver: « Argila »
&
« Granulometria »
&
« Calhau »

Os sedimentos ou restos de rocha com uma granulometria inferior à de um calhau são: (i) Cascalho, isto é, quaisquer detritos de rocha ou rocha não consolidada, cujas partículas são maiores do que 2 mm e menores que 64 mm e (ii) Areia cujos grãos variam entre 0,0625 e 2 mm. Alguns geocientistas dividem o cascalho em areão (grãos maiores 2-4 mm) e pequeno cascalho quando o tamanho de grão varia entre 4 e 64 mm. De acordo com algumas normas, tais como as da Associação Brasileira de Normas Técnicas, um "Pedregulho" é um solo constituído de partículas minerais ou de rocha com um diâmetro entre 2,0 e 60 mm, que quando arredondadas ou semiarredondadas são referidos calhaus ou cascalho, o que significa que a terminologia e os limites entre as partículas individuais variam segundo os geocientistas. As classificações granulométricas mais utilizadas são as de Atterberg e Wentworth. As divisões na escala Atterberg são: (i) Bloco / Calhau (diâmetro entre 20 mm e 200) ; (ii) Cascalho (diâmetro de entre 2 e 20 mm) ; (iii) Areia Grossa (diâmetro de entre 2 e 0,2 mm) ; (iv) Areia Fina (diâmetro entre 0,2 e 0,02 mm) ; (v) Limo (diâmetro entre 0,02 e 0,002 mm) e (vi) Argila (diâmetro <0,002 mm). Na escala de Wentworth, existem quatro divisões principais: (a) Balastro (diâmetro superior a 2 mm) ; (b) Areia (diâmetro entre 2 e 0,062 mm) ; (c) Limo (diâmetro entre 0,062 e 0,003 mm) e (d) Argila (diâmetro <0,001 mm). Na escala de Wentworth, limo é dividido em : (1) Limo grosseiro ; (2) Limo Média ; (3) Limo Fino e (4) Limo Muito Fino. Da mesma maneira, a areia é dividido em: (i) Areia Muito Grosseira ; (ii) Areia Grosseira ; (iii) Areia Média ; (iv) Areia Fina ; (v) Areia Muito Fina. Quatro subdivisões também estão incluídos no balastro: (A) Bloco (diâmetro> 200 mm) ; (B) Calhau (diâmetro entre 50 e 200 mm) ; (C) Cascalho (diâmetro entre 50 mm e 4) e (D) Areão (diâmetro de 4 mm e 2). Para evitar mal-entendidos, quando o tamanho do grão é usado em um determinado trabalho, é sempre melhor esquematizar a escala e a terminologia. Por outro lado, é sempre bom dizer quando se fala de uma rocha ou de uma partícula. Um conglomerado, uma brecha ou um rudito são rochas sedimentares constituídas por cascalho quer este formado por blocos, calhaus, seixos ou areão. Da mesma maneira, um arenito ou um grés são rochas sedimentares formada por partículas de tipo areia, enquanto que um siltito e um argilito são rochas sedimentares constituídas por partículas do tipo vasa compostas, respectivamente, de silte e de argila.

Calibração, Triagem.............................................................................................................................................................................................................................Sorting

Trie / Calibración / Sortierung / 排序 / Сортировка / Calibrazione /

A escala de tamanho de grãos de uma rocha siliciclástica. A calibração ou triagem pode ser computorizada a partir de um histograma de distribuição dos grãos, contudo ela é, a maior parte das vezes, determinada por comparação com uma escala visual como a que é ilustrada abaixo.

Ver: « Granulometria »
&
« Areia »
&
« Calhau »

A calibração ou arredondamento (triagem, para certos geocientistas) é o grau de suavização de uma partícula sedimentar devido à abrasão. A calibração é expressa como o raio da média dos raios de curvatura das bordas ou cantos de uma partícula em relação ao raio de curvatura da esfera máxima que se pode inscrever dentro da partícula. Como ilustrado nesta figura a triagem ou o arredondamento é utilizado para descrever a forma dos cantos de uma partícula sedimentar (clasto), a qual pode ser pode ser um grão de areia, seixo, cascalho, etc. Apesar do arredondamento poder ser numericamente quantificado, por razões práticas, os geocientistas, geralmente, usam um gráfico visual simples, com cinco categorias de arredondamento: (i) Muito bem triado ; (ii) Bem triado ; (iii) Moderadamente triado ; (iv) Pouco triado e (v) Muito pouco triado. Outros geocientistas consideram outras divisões, como, por exemplo: (a) Muito angular, com cantos pontiagudos e irregulares ; (b) Angular ; (c) Subangular ; (d) Subarredondado ; (e) Arredondado e (f) Bem arredondado, que isto dizer, com os cantos, completamente, arredondados. A calibração ou o arredondamento das partículas sedimentar indica, de maneira grosseira, a distância e o tempo envolvido no transporte dos sedimentos desde área de origem até onde ele se encontra depositada. A velocidade de arredondamento depende, naturalmente, da composição, dureza e clivagem do mineral. Por exemplo, uma partícula argilosa macia é, obviamente, mais rapidamente arredondada e numa distância de transporte mais curta do que um seixo de quartzo, que é muito mais resistente. A taxa de arredondamento é, também, afectada pelas condições de tamanho de grão e das condições energéticas. A abrasão ocorre em ambientes naturais, como praias, dunas de areia, leitos de rio ou de qualquer outra corrente, assim como em associação com o impacto das ondas, a acção do gelo, do vento, deslizamentos gravitários e outros agentes erosivos. Os detritos aluviais nos grandes rios tendem a apresentar um forte grau de triagem.

Calibração (sedimentos)...............................................................................................................................................................................................................Sorting

Calibration (sédiments) / Calibración (sedimentos) / Sortierung, Kalibrierung / 排序 / Сортировка / Calibrazione (sedimento) /

Processo dinâmico pelo qual as partículas sedimentares com certas características, como: (i) Tamanho ; (ii) Forma ; (iii) Densidade, etc., são, naturalmente, seleccionadas e separadas umas das outras pelos agentes de transporte e particularmente pela acção das correntes de água (Bates, R. and Jackson, J. A., 1980).

Ver: « Granulometria »
&
« Balastro »
&
" Aporte Sedimentar "

Esta diagrama correlaciona as zonas de deposição com os sedimentos clásticos associados a uma calibração produzida por uma corrente de água. Na zona A, a mais perto das fontes dos sedimentos, predominam blocos, calhaus, cascalho e areão. Na zona B, que, em geral, se situa na base dos taludes (continentais ou não), as areias e limos são predominantes. Na zona C, situada nas partes profundas das bacias sedimentares mais próximas do continente, os sedimentos argilosos são predominantes. Na zona D, que se situa nas partes mais profunda das bacias sedimentares (e mais afastados do continente), a grande maiorias das partículas depositam por precipitação e não por transporte. Esta sequência de partículas, à medida que a competência da corrente diminui, observa-se muito bem nos sistemas de deposição turbidítica. Numa camada turbidítica, observa-se sempre uma estratificação granodecrescente de baixo para cima, que traduz, praticamente, a calibração sedimentar ilustrada nesta figura. Para bem compreender o significado geológico das rochas sedimentares, não esqueça que todos processos sedimentares quer sejam de meteorização, transporte ou deposição trabalham todos para um objectivo comum que é o de obter uma calibração dos três produtos finais de todos os processos sedimentares, isto é, do quartzo (areia), argila (argilitos) e calcário (CO3Ca). Assim, e para evitar confusões, nunca utilize o nome de um mineral para designar uma rocha. O termo argila, por exemplo, designa um mineral muito fino que se forma por da alteração dos feldspatos. É a argila que lhe enlameia os sapatos e é ela também que turva a água de rio ou de um lago. Contudo, quando ela se deposita e se compacta, ela transforma-se numa rocha que muitos geocientistas portugueses chamam argilito e não argila. Um conglomerado, uma brecha ou um rudito são rochas sedimentares constituídas por cascalho quer este formado por blocos, calhaus, seixos ou areão. Da mesma maneira, um arenito ou um grés são rochas sedimentares formada por partículas de tipo areia, enquanto que um siltito e um argilito são rochas sedimentares constituídas por partículas do tipo vasa compostas, respectivamente, de silte e de argila. Não esqueça que há dois tipos de partículas sedimentares que quando depositadas se transformam em sedimentos : (i) Clásticas e (i) Precipitadas. Os primeiros são formados pela desagregação das rochas, e o segundos de precipitações de soluções orgânicas ou inorgânicas.

Calibração Sísmica......................................................................................................................................................................Seismic Calibration

Calibration sismique / Calibración sísmica / Seismische Kalibrierung / 地震校准 / Сейсмическая калибровка / Calibrazione sismica /

Correlação entre os eventos geológicos interpretados a partir dos registos eléctricos, nomeadamente, da diagrafia PS (potencial espontâneo), RG (raio gamma), resistividade, diagrafia da inclinação ("dipmeter"), etc., e dos testemunhos de sondagem (quando disponíveis) com as superfícies sísmicas (agradação, progradação e discordâncias) reconhecidas nos dados sísmicos. A interpretação sequencial das diagrafias eléctricas deve ser correlacionada, de maneira interactiva, com a interpretação sequencial dos dados sísmicos. Nas tentativas de interpretação das linhas sísmicas, desde que se atinja o nível hierárquico dos ciclos-sequência, calibrações com os dados dos poços e predições litológicas podem ser avançadas para os diferentes sistemas de deposição que compõem os diferentes cortejos sedimentares.

Ver: " Impedância (acústica) "
&
" Estratigrafia Sequencial "
&
" Linha Sísmica "

Esta figura ilustra os principais eventos geológicos, utilizados pelos geocientistas da CFP (hoje Total SA), para calibrar as linhas sísmicas, à volta de um poço de pesquiza no offshore do Labrador (Canadá). A interpretação sequencial das linhas sísmicas foi calibrada (datação das discordâncias) pela interpretação sequencial das diagrafias eléctricas, de controlo de perfuração e pela análise micropaleontológica dos detritos de sondagem. As discordâncias (superfícies de erosão) são os eventos geológicos mais difíceis de datar. O estudo micropaleontológico dos detritos de sondagem não é suficiente. Na realidade, quando um poço atravessa uma discordância, o estudo micropaleontológico dos detritos permite apenas de datar os intervalos imediatamente acima e abaixo da discordância. Um tal estudo não permite datar a descida do nível do mar relativo responsável da superfície de erosão, que sublinha a discordância, uma vez que o hiato entre os dois intervalos é, geralmente, muito grande. Unicamente, quando o poço atravessa o hiato mínimo entre dois ciclos-sequência adjacentes, é que a micropaleontologia pode datar a discordância que os separa. Isto acontece nas partes profundas das bacias, onde a discordância, reconhecida a montante (talude superior, plataforma ou planície costeira), correlaciona com a paraconformidade correlativa, que limita os ciclos-sequência na planície abissal. A idade de uma discordância é dada, mais ou menos, pela idade dos cones submarinos de bacia, que se depositaram durante a descida do nível do mar relativo (resultado da combinação do nível do mar absoluto ou eustático e da tectónica) que criou a superfície de erosão que marca a discordância (superfície de erosão).

Cadeia de Montanhas (ciclo de Wilson).............................................................................................................................................Fold Belt

Chaîne de montagnes / Cadena de montañas (Ciclo de Wilson) / Gebirgskette (Wilson-Zyklus) / 山脉 / Горный хребет / Catene montuose /

Cadeia de montanhas formada durante um ciclo de Wilson, cujas fases tectónico-estratigráficas são: (i) Cratão Continental Estável ; (2) Anomalia Térmica (ponto quente) e Alargamento (riftização), a qual induz a formação de bacias do tipo rifte (em geral demigrabens com vergência oposta de cada lado da anomalia térmica) ; (3) Ruptura da Litosfera, com criação de nova crusta oceânica e formação de duas margens divergentes ; (4) Expansão Oceânica que, pouco a pouco, transforma as margens jovens em margens velhas devido ao arrefecimento e aumento de densidade da crusta oceânica ; (5) Subducção, com efeito desde que a densidade da crusta oceânica é muito grande, ela parte-se em duas porções e uma delas entra em subducção (mergulha sob a outra) criando uma margem convergente, com formação de um arco vulcânico e levantamento de uma cadeia de montanhas na placa litosférica cavalgante ; (6) Colisão Margem Divergente / Arco Vulcânico com formação de uma cadeia de montanhas ; (7) Peneplanização e nova subducção da crusta oceânica com a margem gémea criando outra margem convergente ; (8) Colisão Continente / Continente e fecho do oceano criado entre as duas margens divergentes iniciais e (9) Novo cratão continental estável.

Ver «Ciclo de Wilson»

Calota Glaciária...................................................................................................................................................................................................................Glacial cap

Calotte glaciaire / Calota glaciária / Eiskappe / 冰川帽 / Ледниковая шапка / Calotta glaciale /


Massa de gelo que cobre menos de 50000 km2 da superfície terrestre (normalmente cobrindo uma região montanhosa). Uma massa de gelo que cobre mais de 50000 km2 é um manto de gelo. Ao contrário de um mar de gelo (gelo flutuante, que quando derrete contribui a uma descida do nível do mar absoluto ou eustático, uma vez que o gelo é menos denso que a água) o derretimento, total ou parcialmente, de uma calota glaciária induz uma subida do nível do mar absoluto. O manto glaciário da Antárctica, que começou a derreter há cerca de 19000 anos, contribuiu, certamente, e de maneira significativa, à subida do nível do mar eustático durante o Holocénico (o rebordo desta calota encontra-se, actualmente, a cerca de 450 quilómetros do rebordo inicial).

Ver «Glacioeustasia»

Camada....................................................................................................................................................................................................................................................Bed, Strate

Couche / Camada (estrato) / Stratum, Schicht / / Слой (пласт) / Strato, Letto, Fondo /

Horizonte ou intervalo sedimentar com uma de espessura maior ou igual a 1,0 cm. A mais pequena divisão de uma formação geológica definida por planos de estratificação que a separam, abaixo e acima, da camada subjacente e sobrejacente. Este termo que é, geralmente, aplicado aos estratos sedimentares, pode também ser utilizado às escoadas vulcânicas ou aos horizontes de cinzas vulcânicas. Na estratigrafia sequencial, feita a partir dos dados sísmicos (sismoestratigrafia), os reflectores, que são linhas cronoestratigráficas, não correspondem a simples camadas sedimentares, mas às interfaces entre conjuntos de camadas com características físicas diferentes (e.g., impedância acústica).

Ver: " Estrato "
&
" Acomodação "
&
" Estratigrafia "

Como ilustrado nestas fotografias, as camadas sedimentares e planos de estratificação são óbvias nas falésias que formam parte do litoral de Portugal, assim como nas vertentes do vale do Ródano, particularmente, a Este da cidade de Sion, na região de Loesch. Os sedimentos, quer eles sejam clásticos ou precipitados depositam-se, quase sempre, em níveis, mais ou menos paralelos, que se chamam camadas ou estratos. Quando a espessura das camadas é da ordem dos centímetros, os geocientistas chamam-lhe lâmina. Quando as camadas são muito espessas, certos geocientistas, chamam-lhe bancos. A estratificação resulta da tendência que a água e vento têm de espalhar, sobre grandes distâncias, sedimentos semelhantes em capas, relativamente, finas durante períodos de tempo com condições ambientais, relativamente, análogas. Quando as condições ambientais mudam no sítio de deposição, várias coisas podem acontecer: (i) Diferentes sedimentos podem depositar-se no topo da camada anterior ; (ii) Pode haver um período durante o qual nenhum sedimento se deposita ; (iii) O nível original pode ser erodido. Em todos estes casos, devido ao ambiente de deposição comum, os sedimentos tendem a ser muito mais similares dentro das camadas do que entre elas. Embora os sedimentos tendam a ser mais semelhantes dentro de uma camada do que entre elas, a continuidade lateral tem limites finitos. Uma determinada camada poder ser fina e acunhar-se, lateralmente, sem deixar nenhum registo do tempo de deposição na área de acunhamento. O tipo de sedimento que caracteriza uma determinado nível pode mudar, lateralmente, para outro tipo dentro da mesma camada, o que sugere que o ambiente de deposição mudou de maneira gradual. Determinadas combinações de ambientes de deposição promovem descontinuidades abruptas dos horizontes sedimentares de tipo semelhante. As areias e rochas argilosas depositados por um rio, são, por vezes, muito descontinuas devido às repetidas canalizações e inundações. Outros ambientes sedimentares induzem níveis mais contínuos, como as rochas argilosas pelágicas, nas parte mais profundas das bacias, isto é, na base do talude ou na planície abissal. As superfícies de estratificação representam um hiato, relativamente, pequeno. Se o hiato for maior, a superfície corresponde a uma discordância (superfície de erosão induzida por uma descida do nível do mar relativo que pôs o nível do mar mais baixo do que o rebordo da bacia). Todas as discordâncias têm um hiato mínimo em qualquer parte. O hiato mínimo é na base do talude continental. É este hiato mínimo (sublinhado pelo o depósito dos cones submarinos de bacia) que dá a idade da discordância (descida do nível do mar relativo, ou seja do nível do mar local, referenciado a um ponto qualquer da superfície terrestre que pode ser o fundo do mar ou o topo da crusta continental) entre dois ciclos estratigráficos. Como ilustrado nestas fotografia, muitas vezes, sistemas de fractura, por vezes ortogonais, são visíveis nos planos de estratificação. Sobre este assunto é interessante notar que o século XVI, Niels Steensen (1669) reconheceu que as rochas sedimentares eram: (i) Formadas de camadas ou estratos ; (ii) Sobreposta umas às outras na ordem que se acumularam ; (iii) Mais ou menos, horizontais no momento de deposição ; (iv) Em continuidade lateral até se biselarem na margem da bacia de deposição. Steno, como Niels Steensen era conhecido na Corte dos Medicis, avançou estas conjecturas geológicas no livro "De solido intra solidum naturaliter contento dissertationis prodromus". Ele utilizou a estratificação para mapear e interpretar as rochas sedimentares. Como resultado, Jean-Etienne Guettard usou as camadas, como fizeram, Georges Cuvier, na carta que ele fez da França, e William Smith (1815) quando este mapeou os estratos sedimentares da Inglaterra com base da litologia, rupturas erosivas, e na sequência do conteúdo de fóssil das camadas. Sem dúvida, o reconhecimento das camadas deve ter tido uma origem mais antiga, uma vez que já no século V antes de Cristo, os contemporâneos de Pitágoras estavam conscientes do acumulo em camadas dos sedimento encontrados nas porções expostas da crosta terrestre (Lyell, 1830). McKee e Weir (1953) definiram uma camada como um corpo de rocha tridimensional, que se pode mapear, lateralmente, de composição física, química, mineralógica e biológica, relativamente, uniforme e distinguível da rocha acima e abaixo dele. Estes geocientistas, consideram, também, que uma camada de 1 cm de espessura é muito fina e que uma camada de 1m é considerada como muito espessa, o que quer, que nas linhas sísmicas, unicamente, grupos de camadas podem, eventualmente, se pôr em evidência.

Camada Basal (de um delta)....................................................................................................................................................................Bottomset Bed

Couche de base / Estrato basal / Bondenschichten / 底积床 / Базальный слой / Strato basale (delta) /

Camada ou grupo de camadas sub-horizontais a jusante, mas na continuação natural, do talude deltaico (camadas inclinadas). Intercalados nas camadas de base de um delta encontram-se, por vezes, lóbulos de areia de origem turbidítica (turbiditos proximais). Por vezes, chamada Camada Inferior de um Delta.

Ver: " Delta "
&
" Camada Frontal (de um delta) "
&
" Camada Superficial ou Superior (de um delta)"

Como ilustrado no esquema geológico desta figura, a espessura de um delta varia, mais ou menos, entre 10 e 60 metros. Quando certas pessoas, mesmo certos geocientistas, dizem, por exemplo, que o delta do Níger tem mais de 4000 metros de espessura, elas estão a confundir um delta com um edifício deltaico. É a mesma coisa que confundir a altura de um apartamento (delta), em geral, cerca de 2,40 metros de altura, com a altura total do prédio (edifício deltaico). Um delta é um cortejo sedimentar (associação lateral de sistemas de deposição, isto é, de litologias com uma fauna, mais ou menos característica, síncronos e geneticamente associados) formado por três sistemas de deposição, quer isto dizer, que se um sistema desaparecer, geralmente, os outros dois também desaparecem. De montante para jusante, os sistemas de depósito que compõem um delta são: (i) Siltitos, areias e rochas argilosas da planície deltaica e as areias de frente de delta e (ii) Rochas argilosas e sedimentos muito argilosos do prodelta e (iii) Argilitos e, em certos casos particulares, areias (turbiditos proximais) da base do talude deltaico, isto é, na base do prodelta. Tudo isto quer dizer, que num delta, as linhas cronostratigráficas têm, em geral, uma geometria sigmóide. Os sedimentos da planície deltaica depositam-se no sector subhorizontal superior (a montante do talude deltaico) e são, muitas vezes, designados como camadas superiores do delta. Os sedimentos da frente de delta depositam-se junto a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, praticamente, no topo do talude deltaico e são considerados como fazendo parte das camadas superiores. Os sedimentos do prodelta depositam-se no sector inclinado (para jusante), isto é, no talude deltaico, e são, por vezes, designados como camadas inclinadas do delta. Os sedimentos distais do prodelta e os turbiditos proximais depositam-se no sector sub-horizontal inferior (a jusante do sector inclinado) e são consideradas como camadas inferiores do delta. Como um delta é um corpo sedimentar progradante, que se deposita durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois de uma ingressão marinha (deslocamento para o continente* da linha da costa que é, mais ou menos, coincidente com a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição) as camadas inferiores são muito ricas em argila e, geralmente, correspondem a uma sucessão vertical argilitos. Como dito antes, horizontes arenosos, de origem turbidítica (turbiditos distais de Shell), podem intercalar-se nos argilitos das camadas inferiores, todas as vezes que a frente de delta se desmorona, talude abaixo, devido a um aumento excessivo do declive do talude (desde que o ângulo crítico, que é função da lâmina de água é atingido e que o delta não pode mais progradar). Uma geometria progradante (quando a ruptura costeira de inclinação superfície de deposição se desloca para jusante e para cima) implica uma granulometria granocrescente para cima e uma espessura das camadas estratocrescente para cima, isto é, uma granulometria granocrescente para cima. De uma maneira geral, numa superfície de deposição deltaica, três segmentos se podem por em evidência: (i) Segmento horizontal superior (camadas superiores) ; (ii) Segmento inclinado (camadas inclinadas) e (iii) Segmento horizontal inferior (camadas inferiores). Segundo a lei de Walther, em continuidade de sedimentação, estes três segmentos se sucedem, não só, lateralmente (i, ii, iii), mas também verticalmente (iii, ii, i). O que, normalmente, se chama a camada basal de um delta corresponde ao conjunto das rochas que formam o segmento inferior (iii), que como ilustrado, na ausência de turbiditos proximais corresponde a um conjunto de rochas argilosas compactas com níveis de siderite (espécie mineral composta de carbonato de ferro FeCO3 com traços de Mg, Mn, Ca, Co, Zn), fósseis e bioturbação (processo de construção de estruturas sedimentares de origem biológica, como buracos de caranguejos, acumulações arenículas, marcas de patas, etc., que são características de ambientes específicos, perturbando a estrutura sedimentar a que se sobrepõem).

(*) Todas as vezes que a lâmina de água de uma plataforma continental é inferior à resolução sísmica, é evidente que o geocientista encarregado da interpretação dos dados sísmicos, naturalmente, considera que a bacia não tem plataforma continental, quer isto dizer, que a linha da costa, a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição e o rebordo continental são coincidentes. Além disso, não se pode falar de rebordo da bacia, uma vez que não havendo plataforma continental, é o rebordo continental que funciona como rebordo da bacia.

Camada Frontal (de um delta)................................................................................................................................................................Foreset Bed

Couche frontal / Estrato frontal / Geneigte Scinten / 前积床 / Передовой пласт (дельты) / Strato frontale (delta) /

Camada ou grupo de camadas inclinadas dos sedimentos deltaicos depositadas na margem progradante de um delta. Numa duna de areia, as camadas depositadas na face de deslizamento (vertente protegida do vento, sotavento) são também chamadas camadas frontais (de uma duna). Sinónimo de Camadas inclinadas de um delta (talude deltaico).

Ver: "Delta
&
Camada Basal (de um delta)
&
Camada Superficial ou Superior (de um delta)

Num ambiente sedimentar deltaico, os sedimentos, transportados pelos canais distributivos, depositam-se segundo uma arquitectura progradante. Os mais grosseiros são os primeiros a depositarem-se e formam uma série de camadas sub-horizontais chamadas “Superiores Superiores ou Superficiais”. As camadas inclinadas são chamadas “Camadas Frontais” ou, simplesmente, “Camadas Inclinadas”. O material mais fino, quer no mar quer num lago, é transportado mais longe e deposita-se em camadas, mais ou menos horizontais, designadas como “Camadas Basais ou Camadas de Base” (ver figura anterior). Pode haver delta sem camadas superiores assim como pode haver deltas sem inferiores. Todavia, a presença das camadas frontais é obrigatória, uma vez que um delta, por definição, tem que progradar. A agradação não e imprescindível. À medida que um delta avança num corpo de água, a corrente estende os seus canais distributivos para a bordadura externa do delta. Quando tal sucede, as camadas frontais (inclinadas para o mar) são cobertas pelas “Camadas Superiores” sub-horizontais, as quais são formadas por sedimentos, principalmente, arenosos. Num delta, as linhas cronostratigráficas (mais ou menos, os planos de estratificação) podem ter uma geometria sigmóide ou oblíqua. No primeiro caso, há agradação (“upbuilding” dos geocientistas anglo-saxões) e igualmente acreção lateral (“outbuiding” dos geocientistas anglo-saxões), o que quer dizer que as camadas superiores, frontais e da base são bem individualizadas, não só no campo, mais igualmente nas linhas sísmicas, quando a resolução sísmica o permite. No segundo caso, há, unicamente, deposição lateral (“outbuilding”), quer isto dizer que as camadas frontais estão presentes e, por vezes, em associação com as camadas da base. Estas duas geometrias correspondem a mecanismos de deposição muito diferentes. Quando a geometria é sigmóide, houve agradação e progradação da ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição (mais ou menos, a linha da costa), o que implica uma subida do nível do mar relativo, isto é, um aumento do espaço disponível (acomodação) para os sedimentos. Quando a geometria é oblíqua, só houve progradação da ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição, o que necessita um acarreio terrígeno importante, mas não uma subida significativa do nível do mar relativo do nível. Neste caso, pode dizer-se não há aumento de acomodação (resultado da acção combinada da eustasia* mais tectónica), os sedimentos transportados para a ruptura costeira da superfície de deposição (mais ou menos a linha da costa) são obrigados a depositar-se como camadas frontais, no talude deltaico, porque é aí que existe espaço disponível para que os sedimentos. Pode, igualmente, dizer-se que neste caso, a taxa de criação de espaço disponível é inferior a taxa de sedimentação Uma geometria oblíqua (sem agradação) pode ser também o resultado de uma erosão das camadas superiores. Quando um geocientista diz que quando há uma subida do nível do mar relativo (ingressão marinha) há deposição, ele comete mais do que um pequeno erro de linguagem. Os sedimentos (paraciclos-sequência) depositam-se, principalmente, durante o período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois de cada acréscimo da subida do nível relativo do mar** (conjunto de paraciclo eustático). As subidas do nível do mar relativo (ingressões marinhas que podem ser em aceleração, isto é, cada vez mais importantes ou em desaceleração, ou seja, cada vez mais pequenas) produzem, unicamente, uma pequena superfície de ravinamento sobre os sedimentos já depositados (topografia pré-existente) e cria, espaço disponível para os sedimentos, o qual é preenchido, durante a fase de estabilidade do nível do mar relativo, total ou parcialmente, função do acarreio sedimentar, formando, assim, o que se chama um paraciclo sequência. É interessante notar a diferença entre um cortejo sedimentar deltaico (associação lateral de vários sistemas de deposição síncronos e geneticamente associados) com progradação de cortejos sedimentares. Aquilo a que muito geocientistas chamam cortejo sedimentar é, muitas vezes, um conjunto progradante ou retrogradante de cortejos sedimentares. Dentro de um ciclo-sequência, dois grupos de cortejos sedimentares (nível alto e nível baixo) são considerados. Eles são constituídos por subgrupos (prisma de alto nível (PNA), intervalo transgressivo (IT), prisma de nível baixo (PNB), cones submarinos de talude (CST) e cones submarinos de bacia (CSB), os quais, por sua vez, são compostos de um conjunto de cortejos sedimentares.

(*) A eustasia ou eustatismo corresponde as variações do nível do mar absoluto ou eustático, isto é, do nível do mar, global, referenciado ao centro da Terra ou a um satélite.

(**) Uma subida relativa do nível do mar, em geral, corresponde, a um conjunto de paraciclos eustáticos quer em aceleração, cada vez mais importantes, quer em desaceleração, ou seja, cada vez menos importantes, sem nenhuma descida relativa do nível do mar entre eles.

Camada de Referência.................................................................................................................................................Marker Bed, Key Bed

Couche repère / Estrato de referencia / Marker-Bett, Marker - Schicht / 关键的床 / Опорный горизонт / Strato guida /

Camada ou um grupo de camadas geológicas que pode ser seguida sobre grandes distâncias no terreno, nas diagrafias eléctricas e, por vezes, nas linhas sísmicas (quando a espessura é importante e a resolução sísmica boa). Uma camada de referência pode ter um valor cronostratigráfico significativo.

Ver: " Estrato "
&
" Correlação "
&
" Cortejo Sedimentar

Nas diagrafias eléctricas de um poço de pesquisa petrolífera do Mar do Norte (bacia cratónica), vários níveis (não camadas, uma vez que a resolução sísmica é de cerca de 20-30 metros) de referência podem, por vezes, ser reconhecidos. Neste exemplo particular, de cima para baixo, pode identificar-se: (i) Uma superfície de inundação máxima; (ii) A primeira superfície transgressiva (1a ST) de um intervalo sedimentar transgressivo (IT) ; (iii) Uma superfície de erosão que enfatiza a discordância que limita dois ciclos estratigráficos ditos ciclos sequência (ciclos estratigráficos depositados durante ciclos eustáticos de 3a ordem, cujo tempo de duração varia entre 0,5 e 3 / 5 My) ; (iv) Superfície da base das progradações do prisma de nível alto (PNA) do ciclo-sequência inferior, a qual corresponde, grosso modo, à superfície de inundação máxima do intervalo transgressivo do mesmo ciclo-sequência. Os dois últimos horizontes, ou seja, a superfície de inundação máxima, que separa o intervalo transgressivo (IT) do prisma de nível alto (PNA) e o limite de entre os ciclos-sequência (discordância, que sublinha uma descida importante do nível do mar relativo, a qual criou uma superfície de erosão) que, neste caso, é caracterizado pela formação de um vale inciso ou vale cavado, são, particularmente, interessantes para estabelecer correlações, entre diferentes poços de pesquisa. O vale cavado é preenchido, mais tarde, durante a deposição da parte superior do prisma de nível alto (PNA). Entre a superfície de inundação máxima (topo do intervalo transgressivo do ciclo-sequência inferior), que pode, também, ser um bom horizonte de referência, e a discordância (superfície de erosão), que separa os dois ciclos-sequência, a morfologia da diagrafia do raio gamma (RG) sugere um intervalo sedimentar grano e estrato crescente para cima, o que corrobora a geometria progradante do prisma de nível alto (PNA) visível nas linhas sísmicas desta área. A primeira superfície de inundação (base do intervalo transgressivo), pode, em certos casos, ser tomada como um camada de referência. Dentro de um ciclo-sequência, em associação com a superfície de inundação máxima, a qual é uma superfície diacrónica, se deposita, muitas vezes, na parte distal da plataforma continental uma secção estratigráfica condensada que é, quase sempre, capeada por uma superfície endurecida. Esta secção condensada, que é fossilizada pela superfície de base das progradações do prisma de nível alto é muito rica em matéria orgânica e sublinha um pico de abundância de fauna*. Isto quer dizer, que os seus fósseis são utilizados para datar os eventos geológicos que ocorreram durante a deposição do ciclo-sequência. Contudo, como sugerido pelas diagrafia eléctricas, em nenhum caso, a fauna associada a secção estratigráfica condensada (topo do intervalo transgressivo IT, colorido em verde) permite de datar a idade da discordância, a qual neste caso é sublinha pelo preenchimento do vale cavado. A idade da discordância, ou seja, a idade da superfície de erosão ou da sua paraconformidade correlativa em água profunda, é a idade da descida do nível do mar relativo (nível do mar local, referenciado a um ponto qualquer da superfície terrestre, que pode ser o fundo do mar ou a base da série sedimentar, isto é, o topo da crusta continental), que é dada pelo mais pequeno hiato entre os ciclos-sequência que ela delimita**. Nos dados sísmicos, a maior parte destes horizontes podem ser considerados como cronostratigráficos, embora na realidade, no campo (escala natural 1:1) não o sejam. Todavia, tendo em linha de conta a resolução sísmica e a vastidão do tempo geológico, o erro, em geral, não é muito grande e não tem grandes consequências. A diagrafia do potencial espontâneo (SP), que mede a diferença de potencial entre um eléctrodo que se desloca num poço e um eléctrodo fixo na superfície, permite a identificação dos intervalos permeáveis. As diagrafias de resistividade (normal, lateral, lateralog), medem a resistividade dos intervalos sedimentares, isto é, a resistência que eles opõem ao escoamento dos electrões (corrente eléctrica). Quando um intervalo sedimentar contém gás, petróleo e/ou água misturados nos poros, a resistividade dessa rocha aumentará consideravelmente.

(*) Este facto é, obviamente, utilizado pelos caçadores de fósseis amadores que de maneira empírica procuram as descontinuidades entre sedimentos argilosos inclinados e sedimentos subjacentes subhorizontais, o que em termos de estratigrafia sequencial significa, a maior parte das vezes, ao nível de um ciclo-sequência, a interface definida entre as progradações do prisma de nível alto, com a superfície retrogradante de inundação máxima.

(**) Praticamente, a idade relativa de uma discordância é dada pela idade das argilas pelágicas que se depositam entres as camadas turbidíticas dos cones submarinos de bacia (CST) sobrejacentes à discordância.

Camada Superficial ou Superior(de um delta)............................................................................................Topset Bed

Couche supérieure / Estrato superior / Deckgende Schichten / Topset床 / Поверхностный пласт (дельты) / Strato superiore (delta)

Camada ou grupo de camadas sub-horizontais dos sedimentos deltaicos depositadas na planície deltaica, a montante da ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição.

Ver: " Delta "
&
" Camada Basal (de um delta) "
&
" Progradação Sigmóide "

Não esqueça que as interpretações geológicas dependem da escala e que a escala natural da geologia é a do campo, isto é, 1:1. Uma linha sísmica sem as escalas não se pode interpretar*: a geometria de um talude deltaico é a mesma que a de um talude continental ou que a de uma estratificação oblíqua, o que quer dizer, que na interpretação geologia e, em particular, na interpretação geológica das linhas sísmicas é importante diferenciar o erro da incerteza. O erro é a diferença entre um resultado individual e o valor verdadeiro. Quando se determina o valor de uma agradação (que ela seja positiva ou negativa) comete-se sempre um erro, o qual pode ser quantificado, numericamente, por uma margem de erro, que depende do método de medida e medido. A incerteza é aquilo que desconhecemos** e que é o resultado de uma combinação do erro com a interpretação, interpolação e extrapolação de dados sob influência de julgamento do geocientista. Embora os erros possam fazer parte da incerteza de uma interpretação, como por exemplo, quando um geocientista interpreta determinadas progradações como um talude continental, na base de determinadas medidas, a incerteza da interpretação é difícil de quantificar da mesma maneira que o erro. Nestas fotografias, tendo em linha de conta na escala, podem reconhecer-se, facilmente, os três tipos de camadas que se encontram, na maior parte dos delta: (i) Camadas Superiores ou Camadas Superficiais, que são, mais ou menos, sub-horizontais que desaparecem para montante por biselamento ; (ii) Camadas Frontais ou Camadas Inclinadas, que mergulham para em direcção do mar e as (iii) Camadas Basais (de Base) ou Camadas Inferiores, que como as camadas superiores, também, são subhorizontal, mas localizadas a jusante das camadas inclinadas e que, em geral, passam a depósitos marinhos de plataforma. Estamos a falar de camadas e não de estratos (unidades cronostratigráficas). Os estratos têm um valor cronostratigráfico, enquanto que as camadas, em geral, não. Todavia, grosseiramente, pode dizer-se que as camadas superiores, por exemplo, continuam para jusante para formar as camadas frontais, as quais, por sua vez, continuam para o largo para formar as camadas de base. Assim as três camadas, no seu conjunto, formam uma unidade cronostratigráfica como um simples estrato. Os geocientistas que interpretam as linhas sísmicas, onde é mais fácil seguir a continuidade da sedimentação (embora de maneira indirecta) do que no campo, sabem que nunca devem esquecer as escalas e que não devem confundir uma linha tempo (cronostratigrafia) com uma linha de fácies (litostratigrafia). Nestas fotografias, sem a escala e sem a granulometria das camadas frontais e superiores, ninguém poderia dizer se os taludes ilustrados são continentais ou deltaicos. Em contrapartida, mesmo sem escala, é fácil constatar que as linhas cronostratigráficas são sigmóides e que as linhas de fácies são sub-horizontais. À escala macroscópica (escala das cartas geológicas, linhas sísmicas, bacias sedimentares, etc.), no campo ou nas linhas sísmicas, as linhas tempo e as linhas de fácies (litologia) intersectam-se. Apenas à escala mesoscópica (afloramentos, quando há continuidade dos planos de estratificação) e nem sempre, é que as linhas cronostratigráficas podem ser, localmente, coincidentes com as linhas de fácies. As camadas superiores de um edifício deltaico (não confundir com um delta, cuja espessura raramente ultrapassa 30-50 m) só se depositam se houver uma subida do nível do mar relativo*** (ingressão marinha ou paraciclo eustático). Um edifício deltaico com uma geometria progradante / oblíqua (sem camadas superiores, pode depositar-se durante um longo período de estabilidade do nível do mar relativo). Quando ao nível de um ciclo-sequência, a bacia sedimentar tem uma plataforma continental, o talude deltaico que, em geral, tem entre 10 e 60 m de altura, está localizado a montante do rebordo continental, o qual, neste caso se diferencia, facilmente, da linha da costa. Quando a bacia sedimentar não tem plataforma continental e o rebordo continental coincide com a linha da costa, o talude deltaico está localizado no topo do talude continental, o qual tem uma altura mínima de 200 metros.

(*) O tempo em que certos patrões da pesquisa petrolífera, retiravam a localização e as escalas das linhas sísmicas, quer por razões de confidencialidade quer por razões de filosofia de interpretação (“tabula rasa” ideias pré-concebidas) não existe mais.

(**) Funtowicz e Ravetz, 1990 - Uncertainty and Quality in Science for Policy, Kluwer, Dordrecht).

(***) O nível do mar relativo é o nível do mar local, referenciado a qualquer ponto da superfície terrestre, o qual poder ser a base dos sedimentos (topo da crusta continental) ou o fundo do mar e que é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático, o qual é o nível do mar global, referenciado ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica (subsidência ou levantamento).

Câmbrico......................................................................................................................................................................................................................................................Cambrian

Câmbrico / Cámbrico / Kambrischen / 寒武纪 / Кембрийский / Cambriano /

Período geológico durante o qual apareceram os primeiros grupos animais nos registos fósseis. Este evento é, frequentemente, designado como a “Explosão Câmbrica”, devido ao tempo, relativamente, curto para o aparecimento de uma tão grande diversidade de formas animais. Alguns anos atrás, pensava-se que as rochas do Câmbrico continham os primeiros e os mais antigos fósseis animais. Actualmente, sabe-se que fósseis se encontram já nos sedimentos do Vendiano (Proterozóico).

Ver: " Tempo Geológico "
&
" Paleozóico "
&
" Cronostratigrafia "

O Período Câmbrico faz parte da Era Paleozóica e encontra-se limitado entre o Ordovícico e o Vendiano (Pré-Câmbrico, Proterozóico). Em outros termos, o Câmbrico durou cerca de 58 My. Ele começou à cerca de 590 Ma e terminou à cerca de 505 Ma (segundo Harland et al., 1982). Os continentes do Câmbrico resultaram da ruptura de um antigo supercontinente chamado Protopangéia (Rodínia ou Pannotia, para certos geocientistas). O maior pequeno supercontinente era sem dúvida o Gondwana que, pouco a pouco, começou a derivar para o Sul. Os continentes como a Laurência, Báltica e Sibéria permaneceram sempre independentes. Durante este período geológico (não confundir com período de tempo), a taxa de expansão oceânica (alastramento oceânico) foi muito grande e os oceanos tornaram-se predominantes mas, relativamente, pouco profundos. O maior oceano era o Pantalassa, que cobria a maior parte do hemisfério Sul. No hemisfério Norte, o Prototétis, O Mar de Japeto (Iapetus) e Khanty (oceano entre a Báltica e a Sibéria, a norte do Pantalassa e NE do Prototétis) continuavam a expandir-se até ao fim do período. Durante o Câmbrico, o clima foi muito mais quente que durante o Pré-Câmbrico no o qual os períodos glaciários foram muito comuns. Muitos geocientistas pensam, que, durante o Câmbrico, não houve gelo nos pólos. As idades (subdivisões) do Câmbrico ainda não foram definitivamente estabelecidas. Na América do Norte, (Laurência durante o Câmbrico) contudo, certos geocientistas propuseram as seguintes idades (do topo para a base): (i) Sunwapatano ; (ii) Steptoano ; (iii) Marjumano ; (iv) Delamarano ; (v) Dierano ; (vi) Montezumano e (vii) uma última subdivisão, sem nome, entre os 543 e os 520 Ma (milhões de anos). As seis idades superiores variam entre 520 e 505 Ma, tendo cada uma duração média de 5 a 6 Ma.

Campo de Neve..........................................................................................................................................................................................................Snowfield,Firn

Champ de neige / Campo de nieve / Schnee - Bereich / 雪原 / Фирновое поле / Nevaio /

Ambiente glaciário que engloba o volume de neve acima da linha da neve. Corresponde, normalmente, ao terreno montanhoso coberto, permanentemente, por uma camada de neve, mais ou menos, lisa.

Ver: " Glaciar "
&
" Linha de Neve "
&
" Glaciação "

Nos ambientes glaciários é importante distinguir: (i) A zona de acumulação ; (ii) A zona de fusão e evaporação ; (iii) A linha de neve ; (iv) As fissuras; (v) As moreias e (vi) A planície fluvioglaciar. Durante as glaciações, os glaciares são corpos geológicos muito importantes, uma vez que as zonas de acumulação são, extremamente, grandes e que as linhas de neve estão situadas muito baixo. A neve* que forma os glaciares sofre repetidas fusões e congelações que a transformam em neve granular ("névée" em francês). Sob a acção do peso das camadas de neve e dos horizontes superiores de neve granular, os horizontes mais profundos transformam-se em nevado. Mais tarde (o que pode significar milhares de anos, o que é, sistematicamente, esquecido pelos geocientistas que trabalham para o IPPC), os horizontes de nevado, sobre a acção da compactação, transformam-se em gelo. Além disso, algumas horas depois da deposição, a neve é metamorfizada pela presença de gradientes de temperatura. A matriz azul do gelo dos glaciares é, frequentemente, mas de maneira errada, atribuída à dispersão de Rayleigh**, é, provavelmente, induzida pela presença de bolhas de ar no gelo. A cor azul pode, na realidade, ser induzida pela mesma razão que a água é azul. Assim, como a água é azul devido a uma ligeira absorção da luz vermelha provocada por uma ressonância (estiramento) das moléculas de água, a matriz azul do gelo pode ter uma origem semelhante. Os níveis inferiores do gelo de um glaciar deformam-se, plasticamente, e escoam-se sob a pressão. Isto permite ao glaciar de se deslocar lentamente como um líquido viscoso. Os glaciares escoam-se no sentido da pente, embora eles não necessitem de uma superfície inclinada para se escoar. O escoamento pode ser motivado, unicamente, pela deposição, mais ou menos continua, da neve na pendente mais importante. Como sugerido pelas fissuras (fracturas causadas por regimes tectónicos extensivos locais), que se desenvolvem na superfície de um glaciar, os horizontes superiores de um glaciar são mais frágeis. Um glaciar é como qualquer outra corrente: ele existe, unicamente, enquanto se escoa (enquanto que a acumulação iguala a ablação). Desde que a ablação ultrapassa a acumulação, o glaciar não faz marcha atrás ou não se encolhe, como dizem certos meios de comunicação, ele continua a escoar-se mas adelgaça-se.

(*) A neve forma-se a partir das gotas de chuva quando a temperatura do ar é negativa e quando a espessura da camada com temperatura positiva, imediatamente, acima da superfície terrestre é muito pequena para provocar a fusão da neve. Mais o ar é frio, mais os flocos de neve são evidentes: (i) em flocos para temperaturas muito baixas ; (ii) em pó (densidade 0,1)  para temperaturas superiores a -10°C. A neve pesada (densidade 0,5) com flocos carregados de água liquida, explica-se pela blocagem da fusão (iniciada a várias centenas de metros de altitude) pela presença de uma camada de ar abaixa altitude com uma temperatura próximo de 0° C.

(**) Dispersão da luz ou de qualquer outra radiação electromagnética por partículas muito menores do que o comprimento de ondas  dos fotões  dos dispersados, que ocorre quando a luz viaja por sólidos e líquidos transparentes, mas  que também se observa nos gases, embora com menor frequência. É dispersão de Rayleigh da luz solar na atmosfera que induz que o céu é azul.

Campo Petrolífero...................................................................................................................................................................................................................Oil Field

Champ pétrolier / Campo petrolífero / Ölfeld / 油田 / Нефтяное месторождение / Campo petrolifero /

Um ou mais jazigos* de hidrocarbonetos (petróleo ou gás) localizados numa única armadilha ou em armadilhas não muito distantes. Os campos petrolíferos cobrem menos de 0,1% dos continentes e das plataformas continentais (Deffreyes, K., S., 2006).

Ver: " Armadilha (petróleo ou gás)
&
" Petróleo "
&
" Reservas "

Nesta figura, estão demarcados (por manchas vermelhas) os principais campos petrolíferos do Médio Oriente. A título de exemplo, note a localização do maior campo petrolífero do mundo - Ghawar, que está localizado na bacia de antepaís da Arábia Saudita. Geologicamente, alguns lugares são, extremamente, ricos em hidrocarbonetos, enquanto que outros (a grande maioria) são muito pobres ou não têm hidrocarbonetos. Uma tal distribuição parece injusta. Ela é o resultado de uma importante lei da natureza, isto é, a lei da desigualdade. No caso das acumulações petrolíferas, essa lei, é o resultado da formação de sistemas naturais (sistemas petrolíferos). A probabilidade de formação de um campo petrolífero depende da existência de vários parâmetros geológicos: (i) Rocha-mãe ou subsistema petrolífero gerador ; (ii) Rocha-reservatório (subsistema petrolífero reservatório / armadilha) ; (iii) Armadilha (subsistema petrolífero armadilha / reservatório) ; (iv) Migração (tempo de formação do subsistema petrolífero gerador) e (v) Retenção (subsistema petrolífero reservatório / armadilha). Se um destes parâmetros não existir (valor zero), a probabilidade de ocorrência de hidrocarbonetos, economicamente rentáveis, é zero. Pode dizer-se que a probabilidade de existência de um campo petrolífero é a probabilidade de existência do factor petrolífero menos favorável. Em termos matemáticos, a probabilidade de formação de um campo petrolífero é o produto das probabilidades de ocorrência dos diferentes parâmetros. A posteriori, uma vez que a grande maioria dos campos petrolíferos já foi encontrada (mais de 95% das reservas já foram descobertas e todas as bacias petrolíferas conhecidas hoje já o eram nos anos 50), pode dizer-se que a probabilidade de encontrar um campo petrolífero, perfurando ao acaso uma bacia sedimentar com exsudações de petróleo é de 4 a 5%. Isto mostra que a moderna e cara tecnologia utilizada actualmente, isto é, a sísmica (2 e 3D) contribui, unicamente, para aumentar de 5 para 10-15% a probabilidade de descoberta.

(*) Um jazigo de petróleo, no sentido americano de "oil pool" corresponde ao petróleo acumulado  numa rocha-reservatório distinta dentro de uma grande armadilha simples ou composta. O que quer dizer que um campo petrolífero em geral é formado por vários jazigos de petróleo.

Canal (de um rio)..........................................................................................................................................................................................................................................Channel

Chenal / Canal / Kanal / 渠道 / Канал / Canale

Depressão ao longo da qual uma corrente de água se escoa. Um canal não deve ser confundido com o preenchimento de um canal, o que muitos geocientistas têm tendência a esquecer. Quando um geocientista observa uma diagrafia eléctrica ou uma linha sísmica e diz : “isto aqui é um canal”, na maior parte das vezes, ele está a referir-se ao preenchimento de um canal e não à depressão morfológica onde, antes, se escoava o curso de água.

Ver: " Vale Cavado (inciso) "
&
" Preenchimento de Canal "
&
" Discordância "

Nesta figura, o canal principal do delta digitado (quando a sua planície se estende por vários lobos estreitos e compridos em forma de dedos) do Rio Mississípi, isto é, a depressão erosiva, estreita e profunda que põe em comunicação o rio Mississípi com um corpo de água mais importante (Golfo do México) é, perfeitamente, visível. É ao longo do canal de um rio (ou leito) que a água se escoa, com velocidades diferentes como ilustrado pelas isovelocidades (linhas ao longo das quais a velocidade de escoamento da água é a mesma). A velocidade do escoamento é mais importante na parte central do canal e perto da superfície de água. Num perfil de um canal, como o ilustrado neste esquema, o ponto mais baixo do canal é o talvegue. Todavia, em três dimensões,p talvegue (termo que vem do alemão “talweg" e que significa «caminho do vale») é a linha ao longo de um vale ou de um rio que une pelos pontos mais profundos. Com o tempo e com o preenchimento de uma parte do canal, o talvegue varia. É importante tomar em conta a variação temporal do talvegue de um rio, sobretudo quando ele é tomado como o limite natural entre dois países. O talvegue é, igualmente, muito utilizado na hidrogeologia para determinar qual é o rio principal e qual é o rio afluente. O rio que tiver, no ponto de confluência, o talvegue mais profundo, em geral, é considerado como o rio principal. O termo canal é utilizado para designar diversas coisa como, por exemplo: (i) A passagem apertada entre a terra e bancos de areia, usada por navegação ; (ii) O acesso natural ou artificial para um porto que, muitas vezes, é mantido por dragagem e definido por bóias (diz-se também canal de navegação) ; (iii) A depressão alongada no fundo do mar que serve de via de trânsito para a água e sedimentos ; (iv) O braço de um rio por onde se desviam as águas ; (v) A via de escoamento de um forno metalúrgico ; (vi) Um cano ; (vii) Um tubo ; (viii) A estação de rádio ou televisão, etc. Em geologia e, particularmente, na interpretação geológica das linhas sísmicas, assim com na Estratigrafia Sequencial, o termo canal é utilizado por muitos geocientistas para designar os sedimentos que preencheram o antigo leito de uma corrente e não o leito ele mesmo, o que é errado. Um canal é a depressão da crusta terrestre sobre a qual um curso de água corre, ou seja, o álveo ou leito da corrente e não o conjunto de sedimentos que, mais tarde, podem preencher o canal. Por exemplo, um vale cavado ou inciso é o aprofundamento de um vale fluvial (criado pela acção da água corrente que causa a erosão do terreno) quando o perfil de equilíbrio provisório* do rio que o originou é rompido, como é o caso a quando de uma descida significativa do nível do mar relativo que desloca para o largo e para baixo a desembocadura das correntes. O preenchimento de um canal ou de um vale cavado é um intervalo estratigráfico caracterizado por uma geometria e uma litologia, mesmo se a geometria do preenchimento depende muito da fácies do preenchimento e da compactação. Se o preenchimento é arenoso, devido à compactação diferencial, a geometria torna-se biconvexa. O topo e a base do preenchimento exibem uma geometria convexa. Se o preenchimento é argiloso (o canal ou o vale cavado só serão reconhecidos, nas linhas sísmicas, se existir um contraste de impedância acústica entre o preenchimento e substrato), ele molda, mais o menos, o leito do corrente. A base tem uma geometria lentiforme côncava e o topo um morfologia convexa. Teoricamente, um canal (depressão erosiva) é, geneticamente, associado a uma erosão. Ele é sempre posterior ao substrato, que ele erode e anterior aos sedimentos que o preenchem. Neste ponto há muita confusão. Nos cones submarinos de talude, por exemplo, muitos geocientistas chamam canal turbidítico ao preenchimento da depressão entre os diques marginais naturais onde as correntes de turbidez se escoam. Na maior parte dos casos, a depressão entre os diques marginais naturais turbidíticos não mostra nenhuma erosão e é contemporânea dos diques marginais que a formam. Um rio necessita de cavar um leito para se escoar, enquanto que uma corrente turbidítica, em geral, não. Uma corrente turbidítica escoa-se sobre uma superfície, mais ou menos, inclinada respeitando o principio do menor esforço. Os diques marginais naturais fluviais estão sempre mais altos do que o preenchimento de um canal fluvial, o que não é sempre o caso nos depósitos turbidíticos.

(*) O perfil de equilíbrio ideal de um rio nunca é atingido. Globalmente, um bacia hidrográfica bacia erode-se e a carga torna-se mais fraca e, pode imaginar-se, um momento ideal, no qual a inclinação da corrente seria, unicamente, suficiente para o seu escoamento (todo o transporte teria desaparecido). Nestas condições, a corrente atingiria o seu perfil de equilíbrio ideal ou definitivo. Todavia, um tal perfil nunca é atingido.

Canal Abandonado..............................................................................................................................................................................................................Oxbow

Chenal abandonné / Canal abandonado / Oxbow, Verlassene Kanal / 故道, 废弃河道 / Высохшая река / Oxbow, Canale abbandonato

Meandro de um curso de água, em forma de U, que foi abandonado e onde, geralmente, se forma um pequeno lago, que mais tarde, é preenchido, quer por tampões argilosos, mais ou menos, coevos do meandro ou, mais tarde, por sedimentos de planície de inundação ou sedimentos transgressivos. Sinónimo de Meandro Abandonado.

Ver: " Deposição Fluvial "
&
" Tampão Argiloso"
&
" Linha de Baía"

A génese dos canais ou meandros abandonados é, mais ou menos, bem conhecida. Num meandro, o rio escoa-se mais lentamente na parte interna, o que permite o depósito dos sedimentos mais finos que ele transporta na margem convexa (barra de meandro). Ao contrário, na parte externa do meandro, o rio escoa-se com maior velocidade, o que causa a erosão do banco exterior. Com o tempo, o arco do meandro alarga-se, continuamente, até que a garganta (ou nó) do meandro desapareça completamente. Eventualmente, o arco do meandro isola-se do trajecto do rio criando um canal abandonado, que quando com água forma um lago muito típico, com a forma de uma ferradura. Uma vez que a água não se escoa mais no antigo leito do rio, forma-se um lago, onde sedimentos finos e orgânicos se depositam, in situ, por decantação. Se o lago de meandro abandonado for, suficientemente, grande e profundo, pode formar-se um ecossistema, que favoreça, mais tarde, a formação local de rochas mãe potenciais*. O conjunto dos meandros e lagos de meandro pode transformar-se numa zona pantanosa, que, muitas vezes, evolui em um prado onde as árvores se enraízam facilmente. Este processo, pelo qual o que era uma vez um rio meandriforme se transforma um dia em floresta é, por vezes, chamado sucessão ecológica. Foi, provavelmente, esta sucessão de eventos geológicos (evidentes nesta fotografia) que originou, nos Estados Unidos da América do Norte, a maior parte do onshore da Luisiana e do Mississípi. O abandono de um braço de meandro é, raramente, abrupto. Em geral, um rio retoma o seu antigo leito ao fim um ou dois anos, para depois o abandonar outra vez ao fim de outros dois três anos. Esta alternância dos trajectos das correntes na planície de meandros até ao abandono definitivo de um braço de meandro (canal abandonado) é corroborada nas linhas sísmicas (particularmente nas linhas sísmica de alta resolução), quando estas cortam uma barra de meandro. As barras de meandro (intervalo sedimentar, mais ou menos grosseiro, que se deposita na parte interna dos meandros com uma configuração interna progradante oblíqua) são, raramente, fossilizados (lateralmente) por um único tampão argiloso. A presença de cinco ou seis tampões argilosos não é excepcional. Cada tampão argiloso corresponde ao preenchimento durante um período de abandono do braço do meandro, isto é, quando a corrente tinha uma outra trajectória. Lembramos que há dois tipos de meandros: (i) Meandros Livres ou Meandros Divagantes e (ii) Meandros Encaixados ou de Vale. No primeiro tipo os meandros ou sinuosidades são independentes do traçado do vale. No segundo, isto é, nos meandros encaixados, as curvas do rio coincidem com o traçado do vale. Os meandros do rio Mississípi (EUA) são meandros livres típicos que, pouco a pouco, deslocam as margem do vale na direcção do curso do rio e os arcos de meandro se amplificam, enquanto que os meandros do rio Douro (Portugal) são, tipicamente, meandros encaixados ou de vale. Três teorias explicam a formação da maior parte dos meandros: (A) Teoria Estocástica ou do Acaso ; (B) Teoria de Equilíbrio e (C) Teoria Geomórfica e Morfotectónica. Na teoria estocástica, os meandros são explicados como o resultado de variações estocásticas da direcção do escoamento devido a presença aleatória de obstáculos que mudam a direcção da trajectória da corrente. A superfície terrestre não só é irregular, mas ela é formada por rochas com diferentes resistência aos agentes erosivos, o que quer dizer que como o resultado dos factores físicos, que actuam aleatoriamente, os leitos dos rios tornam-se, progressivamente, sinuosos (mesmo quando uma corrente parece rectilínea, o talvegue pode ser sinuoso, o que com o tempo pode criar meandros sinuosos). A teoria de equilíbrio, conjectura que os meandros diminuem o gradiente do fluxo até que seja atingido um equilíbrio entre a erosão do terreno e a capacidade de transporte da corrente. A quantidade de água descendente abandona a energia potencial, a qual, quando a velocidade da água é constante, é perdida pela interacção com o material do leito da corrente. Um escoamento rectilíneo (mais curta distância do escoamento), que tem a maior energia por unidade de comprimento, rompe mais os bancos, cria mais sedimentos e o leito é mais assoreado. A presença de meandros permite que o fluxo ajuste o comprimento a uma energia de equilíbrio por unidade de comprimento, de maneira que o fluxo transporta todo o sedimento que produz. A teoria geomórfica e morfotectónica considera que muitos meandros seguem as a estruturas superficiais (geomórficas) ou profundas (morfotectónica) do terreno, cujos elementos (limites entre formações geológica, falhas, sinclinais, etc.,) não são aleatórios e orientam os escoamentos.

(*) Isto parece ser o caso em algumas cinturas de meandros, como por exemplo na bacia geográfica do Neuquén (onshore Argentina), onde o petróleo encontrado e explorado em certas barras de meandro é, provavelmente, gerado pelos sedimentos argilosos, ricos em matéria orgânica, que preenchem os tampões argilosos.

Canal Distributivo...................................................................................................................................................................Distributary Channel

Chenal distributaire / Canal distributivo / Verzweigtes Kanalsystem / 分流河道 / Дельтавидный рукав / Canale emissario /

Canal que se inicia no ponto mais elevado de um delta e que transporta os sedimentos que formam o delta ou qualquer um dos numerosos braços nos quais um rio se divide para atingir o seu delta.

Ver: " Rio "
&
" Delta "
&
" Dique Marginal Natural "

Esta fotografia ilustra os canais distributivos do rio Zambeze (Moçambique). É ao longo dos canais distributivos que o acarreio sedimentar é transportado para o mar a fim de construir um edifício deltaico, cuja geometria progradante é determinada pelo depósito das camadas superiores, frontais e inferiores (ou da base) que formam os deltas. É importante não esquecer que a geometria de um edifício deltaico (não confundir com a geometria de um delta, cuja espessura varia entre 10 e 60 metros) é, geralmente, progradante complexa, uma vez que dentro do edifício deltaico, certos deltas têm geometrias progradantes oblíquas (sem as camadas superiores e, raramente, com as camadas da base) e que outros têm uma geometria progradante sigmóide (com as três camadas). Por definição, um canal distributivo (depressão por onde a corrente se escoa e não o preenchimento da depressão) é uma estrutura sedimentar erosiva. Ele é entalhado na barra de desembocadura depositada previamente. Para que um edifício deltaico se desloque para o mar (progradação), a corrente tem de abrir um caminho, através dos sedimentos que ela depositou anteriormente, afim de levar os sedimentos que ela transporta para jusante, onde há espaço disponível para que eles sejam depositados. A erosão induzida pelos canais distributivos é, perfeitamente, visível nesta figura. A continuidade das barras de desembocadura é, bruscamente, interrompida pelos canais distributivos. Nos edifícios deltaicos fósseis, ou nas linhas sísmicas, o preenchimento dos canais distributivos sublinha a acção incisivas destes, uma vez que a configuração interna do substrato e do preenchimento são muito diferentes e não concordantes. Na estratigrafia sequencial, quando a incisão dos canais distributivos é importante, ela é utilizada para determinar os limites dos ciclos estratigráficos, uma vez que a incisão (quando significativa) se forma durante uma descida do nível do mar relativo, a qual é a principal responsável da superfície de erosão que cria a discordância (quer ela seja ou não, mais tarde, reforçada pela tectónica) entre dois ciclos estratigráficos consecutivos (ciclo-sequência, subciclos de invasão continental, etc.).

Canal de Maré.................................................................................................................................................................Tidal Channel, Tidal Creek

Chenal de marée / Canal de marea / Priel / 潮汐通道 / Приливно-отливный канал / Canale di marea /

Canal utilizado pelas correntes de maré, que se estende do oceano até ao pântano de maré ou planície de maré (mareal ou raso de maré).

Ver: " Maré "
&
" Canal "
&
" Ondulação (do mar) "

Quando a Lua, Sol e Terra estão alinhadas, devido à acção das marés terrestres* que tal disposição provoca, formam-se duas convexidades (ou protuberâncias) na superfície da Terra. Uma dessas convexidades está do lado do Sol e a outra na posição antípoda, isto é, na parte de trás da Terra. À medida que a Terra gira, sobre os bojos das marés terrestres criam-se duas marés altas e duas marés baixas por dia, relativamente, ao nível do mar médio**. Quando a Lua, o Sol e a Terra estão, perfeitamente, alinhados (isto é, nas fases de lua nova e de lua cheia) ocorre a maior maré alta (maré viva). Quando a Lua está, perfeitamente, fora do alinhamento (ou seja, no primeiro e último quarto), ocorre a menor maré baixa (maré morta). Os depósitos induzidos pelas variações das correntes de marés correspondem, naturalmente, a um par (pacote) de corpos sedimentares. Um tal pacote de maré, forma-se durante uma quinzena de dias, quer isto dizer, entre duas marés vivas sucessivas. Isto traduz uma diminuição progressiva da corrente de maré (entre a maré viva e maré morta), seguida por um aumento de intensidade da corrente (entre a maré morta e a próxima maré viva). Uma vez que isto se passa durante duas semanas e que há duas marés altas por dia, um pacote de maré engloba uma série de camadas dispostas em grupos de 28 (14 dias x 2 marés por dia). O material transportado ao longo dos canais de maré deposita-se junto da desembocadura formando planícies de maré. Três tipo planícies de maré podem diferenciar-se: (i) Planície Supramareal (salgadiço), quando localizada acima do nível médio das águas altas (fácies argilosa) ; (ii) Planície Intramareal, que fica debaixo de água duas vezes por dia (fácies argilo-arenosa) e (iii) Planície Inframareal, que está sempre debaixo da água e que tem um fácies arenoso. Quando os canais de maré atravessam as ilhas barreiras ou as restingas, eles transportam a água do oceano aberto e areia (que se pode depositar dentro ou fora dos canais) para as lagoas. Os sedimentos são transportados para as lagoas durante a maré alta e podem construir um pequeno delta (delta de enchente) a montante da boca do canal. Durante a descida da maré, um delta (delta de vazante) pode, também, formar-se a jusante da boca do canal de maré.

(*) As marés da parte sólida da Terra não são directamente acessíveis, mas certos fenómenos manifestam a deformação elástica que ela experimenta sob a acção da força que gera as marés e que a alonga de alguns decímetros na direcção do astro e na Director oposta. Uma deformação semelhante afecta, reciprocamente, o astro perturbador. Um fenómeno semelhante é observado nas galáxias (conjunto de estrelas ligadas pela gravidade variando de 10 x 109, para uma galáxia anã a  10000 x 1012, para uma galáxia gigante) quando duas dentre elas são, suficientemente, próximas uma da outra.

(**) O nível do mar médio é, geralmente, a partir de observações horárias, feitas durante um período de cerca de 20 anos, Como uma subida do nível do mar é, talvez, o efeito mais familiar das mudanças climáticas e, provavelmente, aquele com mais consequências, é importante precisar sempre de qual nível do mar (eustático, relativo, médio, preiamar, etc) se trata e como é que ele foi calculado.

Canal Preenchido (preenchimento de canal)...................................................................................................................................Channel

Chenal rempli / Canal relleno / Kanal zu füllen / 通道填充 / Заполненный канал / Riempimento di canale

Canal que foi, mais tarde, preenchido por sedimentos. Nas tentativas de interpretação geológica das linhas sísmicas, certos geocientistas têm a tendência à chamar canal ao preenchimento de um canal, o que trás muitas confusões e que, basicamente, é errado. Um canal é uma anomalia morfológica negativa (de erosão) na qual um curso de água se escoa, enquanto que um canal preenchido ou de modo mais preciso, o preenchimento de um canal, é um corpo sedimentar posterior à formação do canal. Um canal é o leito de uma corrente. enquanto que o preenchimento de um canal é um intervalo sedimentar. Sinónimo de Preenchimento de Canal.

Ver: " Canal Abandonado "
&
"Vale Cavado (inciso)"
&
Turbiditos

Estes autotraços de detalhes de linhas sísmicas do offshore profundo do Golfo do México e do offshore do Paquistão ilustram os equívocos associados a uma má terminologia. Uma grande maioria de geocientistas, mesmo com experiência na interpretação geológica das linhas sísmicas, ao observar estes detalhes, dirá que as flechas indicam canais turbidíticos, o que é basicamente errado. Excepto, eventualmente, para uma pequena erosão do substrato (que pode ser provocada pela corrente turbidítica inicial), debaixo dos diques marginais naturais turbidíticos, visíveis no canto inferior direito, pode dizer-se que nunca houve erosão. Aquilo que muitos geocientistas interpretam como um canal, por onde passaram as correntes turbidíticas, é, muitas vezes, simplesmente a depressão (área sem deposição) entre os diques marginais naturais turbidíticos (depósitos de transbordo), que se formou, pouco a pouco, à medida que os diques marginais se depositaram. Faça uma experiência. Quando for à praia, encha um balde com água e areia. Em seguida, lance o conteúdo em direcção do mar simulando uma corrente turbidítica. Verá que se formam dois lóbulos laterais separados por uma área sem deposição, que é a área onde a corrente que você criou tem mais energia e, por isso, transporta mais para jusante os sedimentos mais finos, os quais se depositam num pequeno lóbulo distal. Encha outra vez o balde com água e areia e lance, de novo, o conteúdo, mais ou menos, no mesmo sítio. Verificará, que os dois lóbulos laterais se sobrepõem aos primeiros exagerando assim a depressão entre os lóbulos laterais que sublinham a área sem deposição. Se continuar a fazer mais lançamentos, ou seja, se continuarem correntes turbidíticas ou de gravidade a passar no mesmo lugar, constatará que as correntes são, mais ou menos, canalizadas pela depressão entre os lóbulos, a qual se tornará cada vez mais exagerada. Uma tal exageração da depressão entre os lóbulos laterais, que simulam os diques marginais naturais turbidíticos, é criada, simplesmente pela combinação da sobreposição dos lóbulos laterais e pela ausência de deposição. Tudo isto quer dizer, que a morfologia das estruturas em asas de gaivota em vôo de P. Vail (cones submarinos de talude), que qualquer geocientistas reconhece, facilmente, nos autotraços ilustrados nesta figura, pode formar-se sem uma erosão ou incisão significativa provocada pelas correntes turbidíticas. Além disso, tendo em linha de conta a resolução sísmica, uma ausência de erosão numa linha sísmica, não significa, necessariamente, que no campo possa existir um pequena incisão da ordem de 20-30 metros. Com o tempo, a posição da depressão entre os diques migra vertical e lateralmente, em parte devido a um preenchimento parcial, o que é bem visível nestas tentativas de interpretação. Quanto mais diques marginais naturais se depositam, mais a depressão sem deposição é marcada, o que força as correntes turbidíticas a utilizá-la (canalização) para levar os sedimentos para as parte mais profundas do talude continental e da planície abissal. Os primeiros diques marginais naturais turbidíticos, isto é, os mais antigos, depositam-se, praticamente, ao mesmo nível da área sem deposição entre eles que é o embrião da depressão (isto é, particularmente, bem visível no autotraço da linha sísmica do offshore do Paquistão ilustrado no canto superior direito desta figura). Quando as correntes turbidíticas perdem velocidade e competência, para transportar detritos sólidos de dimensões variadas, o sistema de deposição é desviado ou abandonado e a depressão entre os diques naturais é preenchida (em retrogradação), durante a fase de recuo, por sedimentos mais recentes (do mesmo ciclo-sequência) do que os sedimentos que formam os diques naturais turbidíticos. Este mecanismo geológico não têm nada a ver com o da formação dos diques marginais naturais fluviais e dos preenchimentos dos canais fluviais. Nestes autotraços, é fácil de constatar que não obstante o diacronismo entre os preenchimento das depressões e os diques marginais naturais, eles estão, praticamente, ao mesmo nível o que não é o caso dos preenchimentos dos canais fluviais, onde os preenchimentos dos canais são mais baixo do que os diques naturais. Os horizontes arenosos dos diques marginais naturais podem ser considerados como rochas-reservatório. Todavia, tendo em conta a sua pequena extensão e espessura e, sobretudo, a ausência de comunicabilidade entre os diferentes níveis de areias, a quantidade hidrocarbonetos armazenada numa eventual armadilha é sempre pequena e, muitas vezes, não económica.

Caneiro (sulco pré-litoral)...........................................................................................................................................................................Longshorerunnel

Sillon préllitoral / Depresión prelitoral / Strandrinnen / 沟的临滨 / Прибрежный спуск / Solco Prelitorale /

Depressão das ondulações da praia, relativamente, grandes, localizadas no limite exterior da praia-baixa e criadas pelo escoamento das correntes da ressaca e, particularmente, pela corrente de refluxo. Sinónimo de Sulco Pré-litoral.

Ver « Praia Baixa »
&
« Ondulação (de praia baixa) »
&
« Corrente de Refluxo »

Os caneiros (sulcos pré-litorais), assim como as rides (cristas pré-litorais), são ondulações de areia, de fraca amplitude, mais ou menos, paralelas à linha da costa, que se encontram, sobretudo, nos offshore com fracas variações de acarreio terrígeno (areia) A origem destas estruturas é problemática. Três explicações foram avançadas: (i) Quando os caneiros são, mais ou menos, estacionários, eles, provavelmente, são induzidos pela formação e crescimento de barras de espraiamento criadas por vagas de curto comprimento de onda (isto é, certamente, o caso nas costa com macromarés) ; (ii) Quando os caneiros são móveis, provavelmente, eles são o resultado da migração, para montante, das barras e depressões do offshore (paralelas a linha da costa) ; (iii) Quando os caneiros se formam de maneira, mais ou menos, periódica, eles podem resultar de uma erosão canalizante dos sedimentos arenosos, parcialmente, saturados de água, durante as marés. Este tipo de erosão é, principalmente, causado pela turbulência associada aos saltos hidrodinâmicos das ondas, criados, sobretudo, onde as correntes de refluxo encontram as correntes de espraiamento. O enigma da formação destas estruturas sedimentares é talvez melhor aproximado pelo reconhecimento de uma diversidade genética para uma grande diversidade genérica. Estas estruturas formam-se, sobretudo, na praia-baixa (ou terraço da maré-baixa), a qual corresponde à parte inferior do espraiado (espaço que se estende entre os limites atingidos pela baixamar, em águas mortas e águas vivas). O declive da praia-baixa é muito fraco e o material é, em geral, fino (a presença de materiais grosseiros transportados longitudinalmente não se pode excluir). Na superfície da praia-baixa, as marcas de bioturbação (marcas de seres vivos, como covas e dejectos de caranguejos ou arenículas, patas de aves, etc.) são muito importantes. As ondulações de praia associadas as correntes da ressaca são muito frequentes. O "foreshore" dos autores ingleses é, mais ou menos, o conjunto da praia-média e praia-baixa.

Canhão Submarino..................................................................................................................................................................................................................Canyon

Canyon sous-marin / Cañón submarino / Unterseeische Furchen / 海底峡谷 / Каньон (овраг) / Canyon sottomarino

Vale íngreme ou garganta submarina, fortemente encaixada no fundo do mar do talude continental. Um canal submarino é induzido por uma descida do nível do mar relativo ou por uma corrente marinha ascendente. Os canhões submarinos permitem o transporte dos sedimentos para as partes profundas das bacias oceânicas e correspondem, em parte, às zonas de transferência dos sistemas de deposição turbidítica.

Ver: " Discordância "
&
" Nível Baixo (do mar) "
&
" Zona de Trânsito Sedimentar "

Estas imagens ilustram os dois canhões submarinos de La Jolla e de Scripps (Califórnia, EUA). Elas foram criadas a partir de uma importante base de dados contendo milhares de medidas batimétricas. O canhão de La Jolla (na fotografia da direita a norte da cidade de São Diego) é mais largo que o canhão de Scripps. O canhão de Scripps, que está bem ilustrado na fotografia da esquerda, é, na parte superior, formado por três ramificações que cavaram, profundamente, as lamas calcárias e as areias do Eocénico, que formam o fundo do mar ao norte de São Diego. De maneira geral, os canhões submarinos formam-se, de preferência, na parte superior dos taludes continentais, perto do rebordo continental, onde a acção erosiva associada às descidas do nível do mar relativo (nível do mar local referenciado a qualquer ponto da superfície terrestre, quer seja a base dos sedimentos ou o fundo do mar e que é o resultado da acção combinada do nível do mar absoluto ou eustático, que é referenciado ao centro da Terra ou a uma satélite, e da tectónica) ainda faz sentir. Quando a montante de um canhão submarino existe um rio importante, como é o caso, por exemplo, no offshore do Congo (canhão do Congo e rio Congo), é muito provável que o canhão se tenha iniciado pela acção erosiva do rio durante uma descida significativa do nível do mar relativo. Quando o nível do mar relativo desce de maneira significativa e fica mais baixo que o rebordo continental, toda a planície costeira e/ou a plataforma continental (coluna de água entre 0 e 200 metros), dependendo se as condições geológicas era de nível baixo ou de nível alto, é exumada, assim como a parte superior do talude continental. A linha da costa desloca-se para jusante, por vezes, mais de uma centena de quilómetros, e o perfil de equilíbrio provisório dos rios é rompido (o perfil de equilíbrio ideal de um rio nunca é atingido). Desta maneira, os rios são obrigados a cavar os leitos para que um novo perfil de equilíbrio provisório seja atingido. É esta incisão que, muitas vezes, inicia a formação de um canhão submarino, a jusante dos antigos rebordos continentais, o qual vai depois evoluir de maneiras variadas, função das mudanças do nível do mar relativo e do acarreio sedimentar. Todavia, certos canhões submarinos, localizados no talude continental médio a superior, parecem formar-se, independentemente, de evolução dos rios, em associação com correntes submarinas ascendentes. É o que certos geocientistas denominam vales submarinos. No talude continental médio / superior do offshore do Gabão existem vales submarinos, mais ou menos, paralelos, orientados Oeste / Este (mais ou menos, perpendicular à linha da costa), a montante dos quais, ou seja, na plataforma continental, não existe nenhum sistema de deposição deltaica que possa explicar a sua formação a quando de uma descida do nível do mar relativo. A origem mais provável destes vales submarinos é muitas vezes explicada como uma consequência do transporte de Ekman, quer isto dizer, como uma consequência o deslocamento horizontal das camadas das águas superficiais do oceano pela acção de fricção do vento à superfície. A água transportada por uma corrente marinha diminui em profundidade devido ao efeito de Coriolis* o que cria correntes submarinos ascendentes que erodem, a partir de baixo para cima, a parte média superior do talude continental. O vento que sopra sobre o oceano desloca a camada de água superficial, mas a força de Coriolis desvia o movimento para a direita no hemisfério Norte e no sentido os ponteiros de um relógio no hemisfério Sul. Este desvio propaga-se para baixo pela viscosidade e assim obtém-se um transporte médio significativo fora do eixo dos ventos de superfície. À volta de uma depressão ciclónica (zona, mais ou menos fechada, de baixa pressão atmosférica em relação à da vizinhança e ao mesmo nível), sob o efeito do vento, a água entre a superfície e a termoclina (lâmina de água, relativamente, pouco espessa dentro da qual a temperatura muda, rapidamente, com a profundidade) é transportada e desviado pela força de Coriolis para o exterior da depressão criando uma divergência. A camada de água no centro da depressão é menos espessa e para compensar esta perda de massa, a água das profundidades sobe para à superfície, impelida pela pressão de colunas de água externa à depressão. Este mesmo mecanismo pode ser utilizado para explicar as correntes ascendentes ("upwelling currents" dos geocientistas de língua inglesa) do offshore do Gabão, que criam uma grande parte dos vales submarinos desta região. Quando o vento sopra, paralelamente, à linha de costa e a força de Coriolis(**) a afasta as correntes de superfície para o largo, cria-se um espaço vazio que as água profundas preenchem, imediatamente, por correntes ascendentes.

(*) Num sistema de referência em rotação uniforme, os corpos em movimento, quando vistos por um observador no mesmo referencial, aparecem sujeitos a uma força perpendicular à direcção do seu movimento.

(**) Força que causa, nos oceanos, o movimento da água para a direita (no hemisfério Norte) em torno dos amontoados de água. Estes fluxos de água são chamados giros. O giro do Norte Atlântico é separado em quatro distintas correntes: (A) Corrente Norte Equatorial ; (B) Corrente do Golfo, (C) Corrente Norte Atlântica e (D) Corrente das Canárias. Os amontoados de água onde se formam os giros são formados pelo deslocamento, para o interior, da água devido ao transporte de Eckman.

Caos Determinístico................................................................................................................................................................Deterministic chaos

Chaos déterministique / Caos deterministico / Deterministischen Chaos / 确定性混沌 / Детерминистский хаос / Caos deterministico /

Comportamento de um sistema, cuja dinâmica é, totalmente, dependente das condições inicias, sem elementos aleatórios envolvidos. A natureza determinística de um tal sistema não o torna previsível. O caos determinístico, ou simplesmente caos, é observado em muitos sistemas naturais. Os geocientistas discutem sobre a existência ou não, de uma dinâmica caótica na tectónica das placas litosféricas.

Voir: " Teoria da Tectónica das Placas"
&
" Teoria dos Sistemas "
&
" Tempo (estado da atmosfera) "

Um sistema* é caótico se a sua trajectória através do espaço é dependente das condições iniciais, isto é, se pequenas causas, difíceis de observar, pode produzir grandes efeitos. A palavra caos foi usada na Grécia para designar um abismo, precipício ou vazio. Os filósofos Platão e Anaxágoras e os estóicos utilizaram-a ​​para designar o material primordial, amorfo e sem forma. Hoje, o termo caos tem, sobretudo, um significado negativo. Ele significa confusão, desordem, etc . Na ciência, o caos foi usado pela primeira vez em 1975, para designar a sensibilidade de certos sistemas a pequenas mudanças nas condições iniciais. Isto significa que o comportamento normal de um sistema, de repente, passa a irregular. K. Lorenz (1903-1989) observou um tal comportamento nos modelos matemáticos usados ​​em meteorologia (um simples bater de asas de uma borboleta no Golfo do México influencia o clima na Europa). Antes de Lorenz, H. Poincaré (1854-1912) ao estudar a estabilidade das órbitas dos planetas do nosso sistema solar, constatou que as pequenas perturbações das órbitas aumentavam com o tempo. Mais fácil de compreender o caos determinista (em relação ao sistema solar) é o comportamento de um pêndulo duplo (a extremidade do primeiro pêndulo é fixado um outro pêndulo). Quando o pêndulo é empurrado suavemente, cada sistema oscila regularmente. Quando o empurro é mais forte, o pêndulo oscila de forma irregular e o cálculo do seu comportamento não é previsível. Ele entra num estado de caos determinístico. O sistema tem um meteorologia, ou seja, um estado que o sistema deseja atingir. Actualmente, os geocientistas estão conscientes de que mesmo os sistemas estudados pela mecânica clássica podem comportar-se de forma intrinsecamente imprevisível. Mesmo se um tal sistema pode ser perfeitamente determinista, em princípio, o seu comportamento é completamente imprevisível na prática. É este fenómeno que tem sido chamado de caos determinístico.

(*) Conjunto de elementos interdependentes de modo a formar um todo organizado. Todo sistema possui um objectivo geral a ser atingido. Num sistema, todos os objectos são sistemas ou componentes de outro sistema. Um núcleo atómico é um sistema material físico composto por protões e neutrões relacionados por uma forte interacção nuclear metabólicos. Da mesma maneira, uma teoria científica é um sistema conceptual lógico composto de hipóteses, definições e teoremas relacionados por correferência e a dedução.

Capacidade (de uma corrente).........................................................................................................................................................................................Capacity

Capacité / Capacidad / Kapazität / 流容量 / Мощность потока / Capacità /

Possibilidade de uma corrente de água ou vento de transportar detritos. A capacidade é, normalmente, dada pela quantidade de detritos, medida num ponto, por unidade de tempo. O termo capacidade pode ter outros significados: (i) A possibilidade de um solo conter água ou (ii) A productibilidade de uma bomba, poço ou reservatório. A capacidade de uma corrente varia, naturalmente, em função da granulometria dos detritos.

Ver: " Rio "
&
" Vale Cavado (inciso) "
&
" Escoamento de Base "

A capacidade de uma corrente corresponde, praticamente, ao gradiente da corrente, isto é, à taxa de variação da inclinação da corrente por unidade de distância (cm ou m por km). Os sedimentos podem ser transportados por uma corrente de três maneiras diferentes: (i) Arrastamento ; (ii) Dissolução e (iii) Suspensão. No primeiro caso, os sedimentos (calhaus, blocos, areia, etc.) deslocam-se no leito da corrente. Eles podem deslocar-se quer por tracção (rolamento descontínuo), quer saltação (saltos). A saltação, que é frequente nas partículas mais grosseiras, facilita o desalojamento de outras partículas do leito da corrente. As partículas são transportadas em suspensão, durante curtas distâncias, e ao cair de novo no leito, eventualmente, desalojam as partículas depositadas no leito. O transporte por dissolução é invisível. A matéria é transportada sob a forma de iões. Todas as correntes transportam uma quantidade, mais ou menos, importante de material dissolvido, que resulta da erosão química dos minerais ou da contaminação por águas subterrâneas mineralizadas. É por dissolução que são transportados os sedimentos mais finos. O transporte por suspensão inclui todos os sedimentos finos, que não podem ser transportados por dissolução e que são finos demais para poderem ficar no leito da corrente. O escoamento normal de uma corrente conserva, facilmente, em suspensão partículas finas com limão, argila e silte. O material transportado em suspensão resulta da erosão hidráulica nos bordos e leito das correntes. Quantitativamente, o material transportado por suspensão representa a grande maioria do material que uma corrente transporta. Note que uma corrente é todo o curso de água que canaliza um escoamento e que a linha média onde os dois lados do vale se intersectam é o talvegue. Mais inclinado é o talvegue (*) maior é a capacidade da corrente.

(*) Linha contínua e mais profunda ao longo de um vale ou do curso de uma corrente. Em geomorfologia, o talvegue é a linha contínua que segue os pontos de maior inclinação ou de descida máxima. Numa carta topográfica, o talvegue é sempre perpendicular às curvas de nível. Engloba a linha que conecta os pontos mais baixos ao longo de um vale ou do leito de um córrego.

Capa Sedimentar (envelope)............................................................................................................................................................................................Drape

Drapé (sedimentaire) / Cubierta sedimentaria / Lehm-Abdeckung / 粘土覆盖 / Клей крышка / Copertura di argilla /

Cobertura sedimentar, geralmente, constituída por sedimentos pelágicos, de um corpo geológico, muitas vezes, anómalo, que se adelgaça e inclina para o bordos para, eventualmente, desaparecer lateralmente. As capas sedimentares são frequentes por cima dos recifes e dos cones submarinos de talude (CST), que elas fossilizam.

Ver: " Envelope pelágico"

Carbonato de Compensação.............................................................................................................................Keep-up Carbonate

Carbonate de compensation / Carbonato de compensación / Keep-up-Carbonat, Carbonate Entschädigung / 保持了碳酸盐, 碳酸盐补偿 / Компенсируемый карбонат / Keep-up carbonato, Carbonato di compensazione

Depósito carbonatado com geometria, mais ou menos, paralela, que se encontra, principalmente, nos cortejos de nível alto (CNA), ou seja no intervalo transgressivo (IT) e prisma de nível alto (PNA) de um ciclo-sequência. Estes depósitos formam-se quando a subida do nível do mar relativo é compensada pela acumulação de carbonato. O resultado de um tal equilíbrio é que todo o espaço disponível para os sedimentos (acomodação) é preenchido à medida que ele é criado.

Ver: " Deposição (carbonatos) "
&
" Subida do Nível do Mar Relativo "
&
" Acomodação "

O offshore Este dos Estados Unidos corresponde à sobreposição de três tipos de bacias da classificação das bacias sedimentares de Bally e Snelson (1980): (i) Soco ou Cintura dobrada (Paleozóico) ; (ii) Bacias de tipo rifte (Triásico) e (iii) Margem divergente de tipo Atlântico (Mesozóico / Cenozóico). Neste autotraço Canvas de uma linha sísmica do offshore da Florida, a margem divergente é, principalmente, representada por uma plataforma carbonatada, pós Miocénico Médio, constituída por carbonatos de recuperação*. Debaixo dos carbonatos de recuperação a geometria agradante  dos sedimentos pré-Miocénico Médio sugere o depósito de carbonatos de compensação depositados em associação com subidas do nível do mar relativo (ingressões marinhas) em aceleração e descontínuas, quer isto dizer, que os sedimentos são depositados durante os período de estabilidade do nível do mar relativo que ocorre depois de cada acréscimo de uma ingressão marinha composta **. Desta maneira, o espaço disponível para os sedimentos (acomodação) criado, pela acção conjunta da eustasia (variações do nível do mar absoluto ou eustático, o qual é global e referenciada ao centro da Terra ou a um satélite, e da tectónica ou seja, da subsidência, quando o regime tectónico predominante é em extensão ou levantamento, quando o regime tectónico é em compressão), é, completamente, preenchido pelo material carbonatado recém-formado. Estas condições permitem uma agradação e uma progradação da plataforma. Nesta região, como sugerido pelos dados sísmicos, durante pré Miocénico Médio, a taxa de acomodação era compensada pela taxa de deposição. Este tipo de carbonatos contrasta com os carbonatos de recuperação pós- Miocénico Médio, os quais estão associados a subidas do nível do mar relativo em aceleração seguidas de uma subida lenta. Depois da subida do nível do mar relativo inicial (rápida), a acumulação de carbonato diminui devido ao aumento da profundidade de água, sem que por tanto a formação de material carbonatado cesse. Como, depois, a taxa da subida do nível de mar relativo diminui, a plataforma carbonatada constrói-se eficazmente (verticalmente). Se a taxa de acumulação for maior do que a taxa da subida do nível de mar relativo, a formação de carbonato tornar-se-á cada vez mais eficiente. Com a continuação deste processo, a acumulação na plataforma carbonatada recuperará o aumento inicial brusco da profundidade até que a profundidade de máxima produção de carbonato seja restabelecida. Em condições de altas taxas de produção e acumulação, a acomodação pode tornar-se insuficiente e desta maneira a progradação lateral (para jusante) da plataforma torna-se imperativa. Dentro de um ciclo-sequência, em geral, os carbonatos de recuperação, que tem uma geometria, basicamente, agradante, depositam durante os intervalos transgressivos (IT) em associação com uma subida do nível do mar relativo em aceleração, o que quer dizer, que a taxa de formação de espaço disponível os sedimentos aumenta e que há sempre espaço disponível para que o material carbonato se possa depositar, praticamente, in situ. Os carbonatos de recuperação, cuja geometria é progradante, depositam-se, em geral, no prisma de nível alto (PNA), em associação com uma subida em desaceleração do nível do mar relativo, o que quer dizer, que com o tempo, o espaço disponível criado é insuficiente para acomodar o carbonato produzido, o qual é forçado a progradar e depositar-se no talude. Há cinco tipos principais de plataformas carbonatadas: (i) Aureoladas ou Orladas, com recifes ou areias calcárias de baixio no rebordo da plataforma e areias argilosas na laguna ou na plataforma aberta ; (ii) Tipo Rampa, nas quais as areias carbonatadas da linha da costa passam, na base da rampa, a areias argilosas e lamas de água profunda ; (iii) Epeiricas, com planícies de maré e lagunas protegidas ; (iv) Plataformas Isoladas, controladas pela orientação dos ventos dominantes e (v) Mortas ou Afogadas, quando debaixo da zona fótica. Neste autotraço, devido à brusca mudança da profundidade de água, os horizontes sísmicos a Oeste do rebordo da plataforma, numa versão da linha em profundidade, são muito menos profundos em relação aos outros horizontes e alguns, provavelmente, sub-horizontais.

(*) Carbonatos com geometria oblíqua (progradante) que se depositam quando a taxa de produção de carbonato excede a acomodação (espaço disponível para os sedimentos criado por subida do nível do mar relativo). Os carbonatos de compensação (geometria agradante) depositam-se quando a taxa de produção de carbonato compensa a taxa de subida do nível do mar relativo.

(**) Um subida do nível do mar relativo, ou seja, uma ingressão marinha, não se faz em continuidade mas par por etapas, isto é, por uma série de paraciclos eustáticos separados entre eles por períodos de estabilidade do nível do mar relativo sem que nenhuma descida do nível do mar relativo exista entre eles. Os acréscimos da ingressão marinha, colectivamente formam a ingressão marinha composta, como dizem certos geocientistas, podem ser em aceleração (acréscimos cada vez mais importantes) ou em desaceleração (acréscimos cada vez menos importantes).

Carbonato de Recuperação...............................................................................................................................Catch-up Carbonate

Carbonate de récupération / Carbonato de recuperación / Catch-up-Carbonat, Recovery - Carbonat / 追赶起来碳酸盐 / Возобновляемый карбонат / Catch-up carbonato, Recupero carbonato

Intervalo carbonatado com geometria oblíqua (progradante) que se deposita quando a taxa de produção de carbonato excede a acomodação (espaço disponível para os sedimentos criado por subida do nível do mar relativo). Nestas condições, o material carbonatado é obrigado a depositar-se, a jusante do rebordo da plataforma, por progradações, mais ou menos, oblíquas.

Ver: " Carbonato de Compensação "
&
"Subida do Nível do Mar Relativo"
&
" Recife "

O campo petrolífero de Tengiz está localizado no Cazaquistão, na bacia pré-Caspiana cuja espessura varia entre 5 - 24 km e é dominada pelo sal Pérmico (Kunguriano), o qual se depositou por cima de carbonatos e sedimentos terrígenos do Proterozóico Terminal e Paleozóico inicial. Na classificação das bacias sedimentares de Bally & Snelson (1980), este onshore corresponde a uma bacia perissutural* (bacia de antepaís ou a depressão que se desenvolve adjacente e paralelamente a uma cadeia de montanhas dobras), na qual o substrato é composto por plataformas ou grabens e não por blocos falhados. O intervalo salífero está recoberto por depósitos de Pérmico Tardio, Mesozóico e Cenozóico que foram muito deformados pela halocinese. O poço de descoberta, perfurado em 1979, encontrou uma acumulação significativa de petróleo nos carbonatos do Carbonífero Médio recobertos por argilitos do Pérmico Médio e pelo sal maciço. O petróleo deste campo, que sai dos poços muito quente e com uma pressão muito alta (talvez a mais alto do mundo), contém uma grande proporção de gás que é rico em SH2 que pode ser muito venenoso. A rocha-reservatório do campo petrolífero de Tengiz (Cazaquistão) é um exemplo típico de depósitos carbonatados de recuperação, embora muitos geocientistas considerem que a agradação é positiva e predominante em relação à progradação. Como ilustrado nesta tentativa de interpretação geológica de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica, que atravessa o campo, debaixo do sal do Kunguriano (rocha de cobertura), os calcários do Carbonífero Médio / Pérmico Inferior (rocha-reservatório), foram, em parte, erodidos durante a descida do nível do mar relativo que precedeu o depósito dos evaporitos, têm uma geometria progradante oblíqua evidente. Esta geometria progradante, que é, provavelmente, o resultado de uma taxa de produção de carbonato que excedia a taxa de subida do nível do mar relativo e que por isso obrigou a plataforma a crescer lateralmente (progradação), contrasta com a geometria agradante e mesmo retrogradante de certas plataformas carbonatadas. Uma geometria retrogradante implica uma taxa de produção de carbonato inferior a taxa de criação de espaço disponível, o que obriga o nível de base da plataforma a desloca-se para o continente. Neste caso, se a diferença entre as duas taxas for muito grande a plataforma pode ser posta debaixo da zona fótica e a formação de carbonato cessa. A deposição dos calcários de recuperação pode ser resumida da seguinte sucessão de eventos: (i) Uma rápida subida do nível do mar do mar relativo (ingressão marinha) ; (ii) Um aumento da profundidade de água com diminuição da produção de carbonato ; (iii) Uma lenta subida do nível do mar relativo permitindo uma construção da plataforma, com diminuição progressiva da profundidade de água e uma aumento da produção de carbonato ; (iv) Uma recuperação da profundidade de água que permite o máximo de produção de carbonato ; (iv) Uma formação de carbonato superior a criação de espaço disponível ; (v) Uma acomodação insuficiente para a quantidade de carbonato criado, o que força o crescimento lateral da plataforma (progradação predominante). Como ilustrado nos esquemas geológicos, os carbonatos de compensação depositam-se, principalmente, nos intervalos transgressivos (IT) dos ciclos-sequência, todas as vezes que a produção e acumulação de carbonato compensa a subida do nível do mar relativo ou seja o aumento de acomodação. Por isso a geometria predominante é agradante. Os carbonatos de recuperação depositam-se de preferência no cortejos regressivos (PNA ou PNB) dos ciclos-sequência, uma vez que a sua geometria progradante sugere que o espaço disponível para os sedimentos não é suficiente para acomodar em agradação todo o material carbonatado produzido, uma vez que ele tomba do topo da plataforma para o talude e bacia da cintura carbonatada. Há cinco tipos principais de plataformas carbonatadas: (i) Aureoladas ou Orladas, com recifes ou areias calcárias de baixio no rebordo da plataforma e areias argilosas na laguna ou na plataforma aberta ; (ii) Tipo Rampa, nas quais as areias carbonatadas da linha da costa passam, na base da rampa, a areias argilosas e lamas de água profunda ; (iii) Epeiricas, com planícies de maré e lagunas protegidas ; (iv) Plataformas Isoladas, controladas pela orientação dos ventos dominantes e (v) Mortas ou Afogadas, quando debaixo da zona fótica. Neste autotraço, devido à brusca mudança da profundidade de água, os horizontes sísmicos a Oeste do rebordo da plataforma, numa versão da linha em profundidade, são muito menos profundos em relação aos outros horizontes e alguns, provavelmente, subhorizontais.

(*) Teoricamente, o potencial petrolífero das bacias perissuturais, principalmente, o subsistema gerador de petróleo pode estar associado ao potencial petrolífero do substrato (rochas de origem lacustre nos grabens ou demigrabens) ou associado aos sedimentos da própria bacia, uma vez que estas bacias estão localizadas entre as cinturas dobras e os cratões adjacentes, em ambientes continentais ou marinhos semi-fechados propícios ao desenvolvimento e preservação de rochas-mãe.

Carbónico (que contém carvão)..................................................................................................................................................................Carboniferous

Système charbonneux / Carbonífero / Karbon / 石炭纪 / Каменноугольный период / Carbonifero /

Período da Era Paleozóica entre 286 e 360 Ma (Harland et al., 1982). Sinónimo de Carbonífero.

Ver: « Carbonífero »
&
« Paleozóico »
&
« Carvão »

O Carbónico foi um tempo de grandes transformações. O grande continente dos "Velhos Arenitos Vermelhos" foi erodido e, uma vez mais, o mar cobriu a região que hoje corresponde à parte central da Inglaterra. O que é hoje o País de Gales e a Inglaterra, isto é, a Britânia Romana, estavam próximos do equador. Durante todo o Carbónico, as variações do nível do mar absoluto ou eustático* mudaram muito. Uma das principais razões dessas mudanças foi a formação de um supercontinente, mas outras razões, como a ocorrência de uma intensa glaciação, são igualmente avançadas. Períodos glaciários e interglaciários** alternaram várias vezes. Como a Britânia estava perto do equador, evidentemente, que ela não sofreu, directamente, o efeito do gelo, mas, unicamente, as variações do nível do mar induzidas pelos períodos glaciários e interglaciários. Durante os períodos glaciários, como muito água se transformou em gelo, o nível do mar (global, absoluto ou eustático) desceu. Ao contrário, durante os períodos interglaciários, com a fusão do gelo das calotas glaciárias, o nível do mar absoluto subiu. A estratigrafia da parte central de Inglaterra sugere um grande número de descidas e subidas do nível do mar absoluto ou eustático induzidas, principalmente, pela glacioeustasia. Os períodos de nível do mar relativo baixo são representados por deltas arenosos e níveis de carvão formados a partir de restos das plantas. Durante os períodos de nível do mar relativo altos, os deltas são submergidos e finos horizontes de calcário depositam-se no topo das areias deltaicas e carvões. Durante o Carbónico, esta alternância de areias, carvões e calcários é típica do centro da Inglaterra. Ela repetiu-se muitas vezes, até que a região fosse, mais tarde, exumada. Actualmente, com tudo o que se diz sobre o aquecimento global antropogénico (produzido pelo homem), o período Carbónico parece-nos muito estranho. A quantidade de oxigénio na atmosfera era cerca de 30%, o que é muito mais alta do que actualmente (21%). Uma tal percentagem de oxigénio torna o ar muito espesso e rico, o que, teoricamente, parece dificultar a evolução de certas espécies. O teor de CO2 era também muito mais alto que hoje. Actualmente, os países ricos regulam estas substâncias em partes por biliões e gastam biliões de dólares para evitar riscos hipotéticos.

(*) Não confundir nível do mar absoluto ou eustático que é o nível do mar referenciado ao centra da Terra ou a um satélite com o nível do mar relativo, que é local e referenciado, em geral, quer à base dos sedimentos (topo da crusta continental), quer ao fundo do mar e que é o resultado da combinação do nível do mar absoluto e da tectónica.

(**) Um período glaciário ou glaciação é uma fase paleoclimática fria e um período geológico da Terra durante o qual uma porção significativa dos continentes coberta de gelo. Um período interglaciário é um período que separa duas glaciações e durante o qual as temperaturas médias são relativamente altas. O período interglaciário actual é o Holoceno, que dura desde o fim do Pleistoceno cerca de mais ou menos 11700 anos atrás.

Carbonífero (período geológico) ............................................................................................................................................................Carboniferous

Carbonífère / Carbónico, Carbonífero / Karbon / 石炭纪 / Каменноугольный (карбон) / Carbonifero /

Período da Era Paleozóica entre 286 e 360 Ma (Harland et al., 1982). Sinónimo de Carbónico.

Ver: "« Paleozóico »
&
" Tempo Geológico "
&
" Período Geológico "

O termo Carbonífero foi proposto em 1822 por Conybeare, W. e W. Phillips, devido à presença, em todas as partes do mundo, de muitas camadas de carvão. Em 1807, J. Farey (1791-1851) propôs para as rochas deste período o nome "Coal Measures". Foi o primeiro Sistema Geológico (rochas) a ser proposto à comunidade científica. Na Europa continental e na Inglaterra, este sistema foi subdivido em Carbonífero Superior e Carbonífero Inferior. Em 1986, os geocientistas americanos (Alexander Winchell) propuseram o nome de Mississipiano para o Carbonífero Inferior e mais tarde, em 1891, o nome de Pensilvaniano (Henry S. Williams) para o Carbonífero Superior. Da base para o topo do Mississipiano (subperíodo), as seguintes Épocas são, geralmente, consideradas: (i) Tournaisiano ; (ii) Viseano e (iii) Sepukhoviano, enquanto que o subperíodo Pensilvaniano, se subdivide nas seguintes Épocas : (iv) Kashkiriano; (v) Moscoviano; (vi) Kasimoviano e (vii) Gzeliano. Durante o Carbonífero Inicial, o pequeno supercontinente Gondwana, pela primeira vez, no Paleozóico, começou a derivar para o Sul. No início do Carbonífero Tardio a margem do Gondwana (América do Sul / Norte de África) colidiu com a parte norte do continente Euroamericano formando, no fim do Carbonífero, a pequeno supercontinente Laurasia. A margem da plataforma Oriental da Europa (Este da Laurorussia / Euroamérica) afundou-se por subsidência devido a um regime tectónico compressivo. Devido a deriva para o Norte, o pequeno supercontinente Gondwana colidiu com a Laurasia criando uma cadeia de montanhas que se estendia desde a Polónia através da Europa Central e terminava nos Apalaches (EUA). Da colisão destes dois continentes nasceu o supercontinente Pangéia. Nessa altura, a Pangéia tinha uma forma alongada com um grande golfo aberto para oriente ao nível do equador, que os geocientistas chamaram o Mar de Tétis. Enquanto que a maior parte do pequeno supercontinente Gondwana derivava para o pólo sul, os terrenos que formam hoje o SE Asiático e a Ásia Oriental permaneceram perto do equador onde formavam uma cadeia montanhosa, mais ou menos contínua, ao longo da margem Este do Mar de Tétis. O Carbonífero foi um intervalo de tempo de glaciações*, de nível do mar absoluto ou eustático baixo ( pequena extinção de espécies marinhas **) e de formação de montanhas. No que diz respeito às glaciações, pode dizer-se que ao contrário do que se passou no Ordovícico,  o período glaciário do Pérmico-Carbonífero durou pelo menos 60 My. Ele começou durante o Devónico Tardio (Famenniano) há cerca de 360 Ma, afectando as áreas que hoje estão mais ao sul das afectadas pela glaciação do Ordovícico (provavelmente em associação com o movimento das placas litosféricas para o Norte que as deslocou par o sul). Os glaciares começaram por se formar  nas regiões já montanhosas da América do Sul. No Mississipiano (Serpukhoviano, 328 Ma) a glaciação afectou a África do Sul,  onde se encontrava o pólo Sul. Durante o Pensilvaniano, glaciares formaram-se na Antárctica, Índia e Austrália, segundo, parece devido ao movimento aparente do pólo sul. O ritmo de alternâncias dos períodos glaciários e interglaciários foi da ordem dos milhões de anos, o que certamente criou variações glacioeustáticas ao mesmo ritmo.

(*) Uma glaciação ou período glaciário é uma fase paleoclimática fria e um período geológico da Terra durante o qual uma porção significativa dos continentes coberta de gelo.

(**) Uma extinção em massa é caracterizada pela extinção de um grande número de espécie pertencendo a diferentes géneros e famílias e vivendo em ambientes diferentes, o que só pode suceder na sequência de importante, global e rápida mudança ambiental afectando um grande número de ambientes.

Carbono.....................................................................................................................................................................................................................................................................Carbon

Carbone / Carbono / Kohlenstoff / / Углерод / Carbonio /

Elemento químico, que tem o número atómico 6 e o símbolo “C”. É um elemento não-metálico, do grupo 14 e período 2 na tabela periódica de Mendeleiev. O carbono tem várias formas alotrópicas das quais as mais conhecidas são: (i) Grafite ; (ii) Diamante e (iii) Carbono amorfo.

Ver: " Metano "
&
« Carvão »
&
" Hidrocarboneto "

O carbono formou-se por nucleossíntese(*) dentro das estrelas. Com efeito, desde que uma estrela esgota as suas reservas de hidrogénio, a radiação diminui e não mais resistir à gravidade.  A estrela entra em contracção. A sua densidade aumenta e a temperatura sobe até uma centena de milhões de graus. Os núcleos de hélio, produto da combustão do hidrogénio, agrupam-se a três para  formar um núcleo de carbono 12. Como a massa de um núcleo de carbono é ligeiramente inferior à massa de três núcleos de hélio, a diferença é transformada em radiação, a qual aumenta suficientemente para equilibrar outra vez a gravidade. O diamante ilustrado nesta imagem tem cerca de 1,5 quilates (um quilate corresponde exactamente a 200 mg) e está incrustado num eclogito (rocha metamórfica, granular, de composição basáltica, muito densa e que pode suportar pressões muito grandes) da mina de Udachnaya na Sibéria. O diamante, que é um alotrópico do carbono, é o material natural mais duro que se conhece. A sua dureza combinada com o seu alto poder dispersivo da luz, torna-o muito útil não só na indústria, mas também na joalharia. Todas as formas de carbono são muito estáveis. O carbono necessita de uma alta temperatura para reagir com outros elementos, mesmo com o oxigénio. O grau de oxidação do carbono mais comum nos componentes inorgânicos é +4, enquanto que ele é de +2 no monóxido de carbono (CO). As principais fontes de carbono inorgânico são os calcários, dolomites e anidrido carbónico (CO2). Quantidades importantes de carbono aparecem também nos depósitos de carvão, turfa, petróleo e hidratos de metano. O carbono forma muitos mais compostos (material formado por mais de um elemento químico) do que qualquer outro elemento. Até hoje, já foram descritos mais de 10 milhões de compostos, o que, teoricamente, corresponde a uma ínfima parte das combinações possíveis, em condições de temperatura e pressões normais. Em termos de massa, o carbono é o quarto elemento mais abundante do Universo*, depois do hidrogénio, hélio e oxigénio. Ele está presente em todas as forma de vida. No corpo dos humanos, em termos de massa, ele é o segundo elemento mais importante (cerca de 18%) depois do oxigénio. Esta cornucópia, juntamente a diversidade dos componentes orgânicos e a habilidade que ele tem de formar polímeros a temperaturas normais que se encontram na Terra, faz dele o elemento químico de base de todas as formas conhecidas de vida. Há três isótopos naturais do carbono. O 12C e o 13C são estáveis, enquanto o 14C é radioactivo. O 14C forma-se nos níveis superiores da troposfera e estratosfera, a altitudes entre 9 e 15 km, por uma reacção que é induzida pelos raios cósmicos.

(*) Formação de núcleos de átomos por reacções nucleares quer no Big Bang (nucleossíntese primária responsável dos elementos leves como o hidrogénio e hélio) quer  no centro das estrelas (fabricação dos elementos mais pesados que o hélio, mas mais leves que o ferro) quer nas supernovas (onde são fabricados os elementos mais pesados  que o ferro).

Carga de Corrente..........................................................................................................................................................................................Charge (stream)

Charge d'un cours d'eau / Carga de corriente / Laden eines Streams / 负载流 / Твёрдый дебит (водного потока) / Carico di un corso d'acqua /

Quantidade de sedimentos transportada por uma corrente exprimida pela taxa do volume de sedimentos, que passam através de uma dada secção de um canal, por unidade de tempo.

Ver: " Rio "
&
" Capacidade (de uma corrente) "
&
" Canal "

Uma corrente de água escoa-se de maneira laminar (as moléculas de água deslocam-se paralelamente umas às outras), quando a sua velocidade é baixa e o leito da corrente regular. A alta velocidade, o escoamento é turbulento, isto é, as moléculas de água não se deslocam paralelamente umas às outras, mas de maneira caótica. As correntes transportam em dissolução, iões, em suspensão, finas partículas de argila e silte, e por tracção ou saltação, partículas mais grossas, como areia e calhaus. No diagrama ilustrado no canto esquerdo (diagrama de Hjulstrom*), uma das curvas representa a velocidade mínima que uma corrente necessita de ter para erodir sedimentos (de vários tamanhos) do leito. A outra curva representa o mínimo de velocidade requerida para ela poder transportar sedimentos de vários tamanhos. Para os sedimentos grosseiros (areia, calhaus), é necessário menos velocidade para iniciar a erosão do que para transportá-los. Para as partículas mais pequenas (argila, silte), uma velocidade mais forte é necessária para as erodir do que para as transportar, uma vez que as partículas finas têm uma forte coesão resultante das atracções electrostáticas. A competência de uma corrente refere-se sobretudo às partículas mais pesadas, que a corrente pode transportar. Como ilustrado no diagrama de Hjulstrom, a competência depende da velocidade da corrente, a qual é função da inclinação do talvegue (linha média de uma corrente de água onde os dois lados de um vale se intersectam). Mais rápida é a corrente, mais pesadas são as partículas que ela pode transportar. A competência depende também da importância do cisalhamento no leito da corrente. Quando a velocidade da corrente é pequena (mais ou menos 0), perto do leito, e aumenta para cima em direcção da superfície, quanto maior for a taxa da variação da velocidade próximo do leito maior é o cisalhamento aplicado às partículas sedimentares que repousam sobre o leito. A capacidade de uma corrente é o máximo de material sólido que ela pode transportar. Ela depende da descarga e velocidade, uma vez que a velocidade afecta a competência. Quando a velocidade e descarga aumentam, a competência e a capacidade aumentam, mas não de uma maneira linear.

(*) O diagrama simplificado de Hjulström mostra quanto rápida tem que ser a velocidade de escoamento de uma corrente para que se possam haver erosão, transporte ou sedimentação de detritos de um determinado tamanho. Para que uma rocha possa ser erodida por um curso de água, é necessário uma velocidade específica do escoamento de água, o qual, obviamente, tem que mais rápido para detritos maiores do que para os detritos mais pequenos. Se a velocidade de escoamento da água diminuir, como é o caso quando a inclinação do leito de uma corrente se torna mais é pequena, os sedimentos transportados pela corrente podem depositar-se no fundo do leito. Assim. pode dizer-se que entre a erosão e a sedimentação há transporte dos sedimentos. (http://ks-net.ch/es/fachgebiete/bagger/Hjulstr% C3%B6mdiagramm.html)

Carga Sísmica...........................................................................................................................................................................................................................................Charge

Charge sismique / Carga sísmica / Seismischer Belastung / 地震荷载 / Сильный донный нанос / Carico sismico /

Combinação de explosivos para produzir energia sísmica. A carga sísmica é especificada pela quantidade e tipo de explosivos utilizados. Sinónimo de Fonte de Energia Sísmica.

Ver: " Sísmica de Reflexão "
&
" Linha Sísmica "
&
" Resolução Sísmica "

Qualquer explosão na superfície ou dentro do terreno produz uma onda de choque. Detectando as ondas de reflexão, ou de refracção, provenientes de uma fonte em superfície, os geocientistas são capazes de mapear estruturas geológicas (armadilhas) nas quais, por vezes, se encontram hidrocarbonetos. A maneira como essas ondas atravessam o terreno permite, também, determinar os elementos geológicos que controlam o escoamento das águas subterrâneas, como, por exemplo, a geometria e estratigrafia dos aquíferos aluviais ou dos paleocanais, onde a água subterrânea se escoa mais facilmente. Basicamente há dois tipos de métodos sísmicos: (i) Sísmica de Reflexão, que utiliza os princípios da sismologia para estimar as propriedades da subsuperfície da Terra com base na reflexão de ondas sísmicas ; (ii) Sísmica de Refracção, que utiliza a propagação de ondas ao longo de interfaces entre níveis geológicos e permite estimar o modelo de velocidade e a inclinação das camadas. A primeira, pode ser utilizada quer no mar quer em terra. Ela é, principalmente, utilizada na pesquiza petrolífera. A segunda, que foi muito utilizada no início da pesquiza dos hidrocarbonetos é, actualmente, utilizada, sobretudo, na geotécnica. A onda de choque criada, quer pelo embate de uma massa numa placa metálica, em superfície, ou pela explosão de uma carga sísmica dentro do solo (ou água), reflecte-se nas diferentes camadas sedimentares de maneira dissemelhante, o que permite a cartografia das camadas. As camadas mais duras, isto é, a mais impedantes (produto da densidade pela velocidade das ondas que as atravessam) são as que dão uma onda reflectida com sinal mais forte. Embora os princípios fundamentais dos dois tipos de sísmica sejam os mesmos, o equipamento e procedimentos da aquisição diferem muito. Em terra, a fonte de energia é, normalmente, dinamite (colocada dentro de um pequeno poço) ou um mecanismo vibrante (colocado em camiões) chamado Vibroseis. Ao contrário da dinamite, o sinal do Vibroseis não é impulsivo. Ele dura entre 7 a 40 segundos. Para emitir o seu sinal, o Vibroseis vibra com frequências variando entre 10-60 Hz. Como no terreno, o espaço entre os reflectores (interfaces sedimentares) é mais pequeno do que comprimento de onda do sinal do Vibroseis, o registo das reflexões sobrepõe-se o que torna os dados brutos (não tratados) do Vibroseis difíceis de interpretar. Por isso, os traços têm que ser processados par produzir traços de substituição com um sinal equivalente ao da fonte.

Carga Sólida de Fundo..........................................................................................................................................................................................Bed Load

Charg basale (charge de fond) / Carga de fondo o de base / Sedimentfracht / 床沙 / Расход донных наносов / Carico Basale /

Termo que descreve as partículas mais grandes (relativamente às partículas transportadas por suspensão) que são transportadas sobre o leito de uma corrente.

Ver: " Rio "
&
" Trânsito Sedimentar "
&
" Barra de Meandro (fóssil) "

Como ilustrado nesta fotografia, uma maneira de apreender a carga basal de uma corrente é de marcar uma série de calhaus de vários tamanhos e medir o seu movimento. Geralmente, a jusante, a carga basal de uma corrente é menor e os calhaus são mais arredondados do que os da carga basal a montante. Isto é devido ao atrito e à abrasão que causam as partículas (blocos, calhaus, cascalho, areia, etc.) quando colidem umas contra as outras e contra as paredes e leito do canal (onde se escoa a corrente), o que corroí as texturas ásperas fazendo-as mais pequenas. Um transporte selectivo contribui, igualmente, para que os sedimentos a jusante sejam mais finos do que a montante. Na realidade, as partículas de maior tamanho são mais, facilmente, arrastadas pela corrente do que as partículas mais pequenas. As partículas mais pequenas são protegidas pelas maiores o que requer mais energia para as arrancar e as arrastar para jusante. Os sedimentos, relativamente, grandes são transportados, quer por rolamento, deslizamento ou por saltação, a velocidades inferiores às do escoamento, uma vez que elas são demasiado grandes para permaneceram em suspensão na corrente. Normalmente, numa corrente, a carga basal representa cerca de 10% da quantidade total de sedimentos transportados. Valores mais altos têm sido encontrados nas correntes de montanha. A erosão provocada por uma corrente corresponde ao destacamento ou arranque de material rochoso do leito ou dos flancos do canal onde ela escoa. Aproximadamente 95% da energia de uma corrente é utilizada par superar os efeitos da fricção imposta pelo canal e da fricção molecular interna. Isto deixa, unicamente, 5% da energia da corrente para arrancar os sedimentos das paredes e leito do canal. A acção erosiva de uma corrente de água faz-se de três maneiras: (i) Dissolução ; (ii) Impacto (acção hidráulica) quer nas margens quer na base do canal, que desaloja os materiais e os incorpora na carga basal e (iii) Abrasão, as partículas, que são demasiado pesados para serem transportadas por suspensão, rolam e saltam sobre o leito da corrente corroendo-o pouco a pouco.

Cariada (superfície).....................................................................................................................................................................................................Hollow surface

Cariée (surface) / Carcomida (superficie), Con caries Superficies) / Zahnfäulig, Zeinaght / 空心面 / Вогнутая поверхность / Cariata (superficie) /

Superfície de rocha ou de um mineral com pequenas cavidades semiesféricas (cáries), induzidas pela corrosão das águas, deflação eólica ou por desagregação granular.

Ver: " Corrosão"

Carsificação...........................................................................................................................................................................................................................Karstification

Karstification / Carsificación / Karstification, Verkarstung / 岩溶 / Образование карстового рельефа / Carsismo

Dissolução parcial dos calcários por águas ácidas e transporte do carbonato de cálcio sob a forma de bicarbonato, que dá origem a uma topografia superficial com aspecto, mais ou menos, caótico e formas de dissolução, assim como escorrência profundas. A dissolução é mais rápida ao longo das fracturas e das diaclases que se abrem formando fendas de dissolução (“grikes” dos geocientistas de língua inglesa), entre as quais se formam blocos, mais ou menos, arredondados chamados lapiaz ou lapiás (“clints" dos geocientistas anglo-saxões).

Ver: « Deposição (carbonatos) »
&
« Carso »
&
« Carbonato de Recuperação »

A carsificação é o conjunto dos processos de génese e evolução das formas superficiais e subterrâneas numa região dita de relevo cársico. Como ilustrado nesta figura, um relevo cársico é típico das região calcárias com formas resultantes da acção mecânica e química das águas superficiais e subterrâneas. Os processos cársticos referem-se as rochas calcárias e evaporíticas. Processos semelhantes chamados processos "pseudocársticos" podem desenvolver-se noutros tipo de rochas (arenitos não carbonatados, quartzitos sedimentares, conglomerados, lavas, dioritos, gabros e até mesmo alguns granitos e rochas metamórficas). Da mesma maneira, morfologias semelhantes as resultantes dos processos cársticos ou pseudocársticos ocorrem com muita frequências nas áreas glaciais: inlandsis, glaciares, mares de gelo, etc. Certos geocientistas chamam glaciocársticos, criocársticos ou termocársticos, as estruturas glaciais ou as morfologias correspondentes. A dissolução dos carbonatos é o principal mecanismo da carsificação. As reacções químicas responsáveis de uma tal dissolução são: (i) A dissolução do dióxido de carbono ...... CO2 + H2O ➝ H2 CO3 ; (ii) A dissolução na água do ácido carbónico........ H2 CO3 + H2O ➝ H3O + HCO3- ; (iii) O ataque dos carbonatos........ H3O + CaCO3 ➝ Ca2+ + HCO3- + H2O e (iv) A equação de equilíbrio......... CO2 + H2O + CaCO3 ➝ Ca2+ + HCO3- . No que diz respeito ao teor em bicarbonato, um átomo de carbono vem da matriz calcária e o outro do gás carbónico. O gás carbónico ou anidrido carbónico (CO2) é sobretudo de origem biogénica, uma vez que a sua concentração no solo é muito mais importante do que na atmosfera. As duas fontes possíveis para o gás carbónico podem diferenciar-se, facilmente, pelo teor dos isótopos de carbono. Os isótopos de carbono são átomos de carbono com o mesmo número atómico, mas com número de massa diferente, ou seja, têm o mesmo número de protões e electrões, mas não diferem de neutrões. O carbono tem 15 isótopos, desde o carbono 8 ao carbono 22, dos quais o carbono 12 e carbono 13 são estáveis. O radioisótopo de vida mais longa é o 14C, com meia-vida de 5700 anos. Este é também o único radioisótopo de carbono encontrado na natureza - as quantidades traço são formadas pela reacção 14N + 1n → 14C + 1H. O radioisótopo artificial mais estável é 11C, que tem uma meia-vida de 20,334 minutos. Todos os outros radioisótopos têm meias-vidas abaixo de 20 segundos, a maioria menos de 200 milissegundos. O isótopo menos estável é 8C, com uma meia-vida de 2,0 x 10-21 s. A média sobre as abundâncias naturais, a massa atómica relativa para o carbono é 12,0107. A segregação do 13C pelos seres vivos, na atmosfera, as moléculas 13CO2 coexistem com as moléculas de 12CO2, até à altura de, aproximadamente, 1,1% do total de CO2 ; as plantas usam ambos os tipos de carbono durante a fotossíntese, mas o 13C, um pouco mais pesado, é menos absorvido do que 12C. A dissolução dos carbonatos e por consequência a carsificação é facilitada pela : a) Abundância de água ; b) Teor en CO2 na água, o qual aumenta com a pressão ; c) Uma temperatura da água pequena, quer isto dizer, que quanto mais fria a água é, maior é o teor em dióxido de carbono (é por isso que quando a temperatura dos oceanos aumenta há libertação de CO2 para a atmosfera) ; d) Presença de seres vivos, uma vez que estes rejeitam anidrido carbónico (CO2) para o solo pela respiração, o que aumenta fortemente o teor em CO2 no solo ; e) Composição da rocha (alto teor em carbonato de cálcio) ; f) Fracturação da rocha ; g) Tempo de contacto da água com a rocha. Uma região fria, húmida e calcária tem mais probabilidades de desenvolver uma carsificação, o que não quer dizer que o carso não se encontra , unicamente, nas regiões quentes e húmidas. Nas regiões cársicas podem desenvolver-se várias forma de carso como, por exemplo, (i) Dolinas (depressões circulares de alguns a várias centenas de metros de diâmetro com o fundo, muitas vezes, ocupado por argila de descalcificação) ; (ii) Terra Rossa (solo vermelho, muito fértil e, mais ou menos, impermeável) ; (iii) Uvalas (coalescência de duas ou mais dolinas) ; (iv) Poljes (depressões resultantes da coalescência de várias dolinas, cuja água é evacuada através de um orifício - ponor - para o lençol freático) ; (v) Fendas de Dissolução (dissolução ao longo das fracturas e diaclases) ; (vi) Lapiaz (secção de um pavimento calcário, mais ou menos, arredondado separados das secções adjacentes por fissuras dissolução). (vii) Vales Encaixados e Calibrados (como por exemplo o vale Reka na Eslovénia ou o vale de Songiahe a montante da gruta túnel de Dadong no sul da China) ; (viii) Vales Secos (escavados num carso por um curso de água superficial, que já não apresenta, normalmente, nenhuma circulação subaérea) ; (ix) Sumidouros (lugares onde uma corrente superficial desaparece no subsolo, ou, para alguns geocientistas, a fenda ou orifício lateral ou basal que alimenta um polje durante a época das chuvas e que serve para o escoamento das águas na estação seca) ; (x) Ressurgências (lugares onde uma corrente de água subterrânea reaparece à superfície do terreno depois de ter desaparecido a montante), etc.

Carso (erosão do calcário).........................................................................................................................................................................................................................Karst

Érosion du calcaire (karst) / Carst / Karst / 喀斯特地形 / Карст / Carsismo

Paisagem caracterizada por cavernas, rios subterrâneos e desmoronamentos (dolinas) que se formam devido à acção das águas subterrâneas nas regiões constituídas por rochas facilmente solúveis (calcários e dolomites). O termo “karst” é o nome alemão da região dos planaltos calcários da Eslovénia, cujo nome eslavo é “kras”.

Ver: « Carsificação »
&
« Erosão »
&
« Carbonato de Compensação »

O enchimento das dolinas (depressões, em geral circulares, com diâmetros que podem atingir mais de 100 metros e que drenam as áreas de carso subjacentes) pela água das chuvas é uma parte natural dos sistemas hidrológicos nas regiões cársticas. O enchimento ocorre durante os períodos de intensa chuva: (i) Quando a quantidade de água das chuvas excede a capacidade de drenagem das dolinas (depressões circulares de alguns a várias centenas de metros de diâmetro com o fundo, muitas vezes, ocupado por argila de descalcificação) ; (ii) Quando a capacidade dos sistemas das cavernas para evacuar a água das chuvas é ultrapassada e a água tem que ser, temporariamente, armazenada ; (iii) Quando há um efeito de retorno do fluxo de água, isto é, quando a base das dolinas é mais baixa do que o nível de água durante uma inundação. A carsificação (conjunto dos processos de génese e evolução das formas superficiais e subterrâneas numa região dita de relevo cársico) pode ser o resultado de uma grande variedade de elementos de diversas escalas. Ela pode fazer-se à superfície do solo ou no subsolo. Nas superfícies expostas, a pequena escala (métrica), as formas principais de carso são: (a) Caneluras ou fendas de dissolução ; (b) Regueiras; (c) Lapiaz (secção de um pavimento calcário, mais ou menos, arredondado separados das secções adjacentes por fissuras dissolução) e (d) Fendas de Dissolução (dissolução ao longo das fracturas e diaclases). A uma escala das dezenas centenas de metros, os elementos de superfície são: (1) Dolinas ; (2) Poços verticais ; (3) Dolinas invertidas ou “foibas” (termo com o qual se designa, localmente, um tipo estrutura cársica, natural e profunda que se forma devido ao colapso da parte da tecto rocha acima de um vazio) ; (4) Correntes que desaparece e correntes que reaparecem, etc. A grande escala, predominam: (a) Os Pavimentos calcários ; (b) Naves ou Abóbadas cársicas e (iii) Vales Cegos (vales que no final acabam, abruptamente, e o cursos de água passam a correr no subsolo, uma vez que existe uma barreira cársica mais elevada que o fundo dos vales). As paisagens cársicas maduras, nas quais uma grande parte das rochas foi dissolvida, são as Torres cársicas e os montes residuais que predominam. No subsolo, são os sistemas de drenagem complexos, as grande grutas e cavernas que se desenvolvem. O CO3Ca dissolvido precipita, em geral, onde a água descarrega um pouco o CO2 dissolvido. As correntes subterrâneas podem, emergir e formar terraços de travertino (depósito calcário compacto e duro, formado essencialmente por escorrência exterior das águas provenientes de uma região cársica). Nas caves uma grande, variedade de espeleotemas (carsificação construtiva) forma-se a partir do CO3Ca e outros minerais dissolvidos, tais como : (a) Estalactites, que se originam no tecto de uma gruta ou caverna, crescendo para baixo, em direcção ao chão, pela deposição de carbonato de cálcio arrastado pela água que goteja no tecto e que se apresentam, frequentemente, com uma forma tubular ou cónica ; ; (b) Espirocones e Saca-rolhas (estalactites em forma de espiral ou de saca-rolhas) ; (c) Helictites (formados a partir do tecto ou das paredes e que mudam seu eixo em relação à vertical em uma ou mais fases durante o seu crescimento) e Heligmites (formadas a partir do chão) ; (d) Cortinas (espeleotema formado em tectos inclinados, onde a água, em vez de pingar, escorre sempre pelo mesmo caminho, criando finas paredes onduladas, que quando atingem o chão tornam-se muito espessas e resistentes) ; (e) Estalagmites (formadas a partir do chão por concreções calcárias constituídas de calcário ainda dissolvido nas gotas de água que caiem no chão; quando uma estalagmite encontra uma estalactite forma-se uma coluna); (f) Escorrimentos (quando a água escorre pelas paredes ou em torno de espeleotemas mais antigos e forma toda uma série de figuras) ; (g) Flores (cristalizações de aragonite, calcite ou gipsite (pedra de gesso, que é, basicamente, composta por sulfato de cálcio hidratado) que irradiam a partir de um ponto central ou de um eixo todas as direcções) e Agulhas (finos tubos constituídos de aragonite transparente, com espessura muito pequena, que ocorrem aos conjuntos com dezenas ou centenas de agulhas umas próximas às outra, as quais podem nascer nas paredes no chão, raramente no tecto, como resultado da exsudação, etc. Com ilustrado na tentativa de interpretação de um autotraço de um detalhe de uma linha sísmica do Golfo da Tailândia, em casos, particulares, quando a morfologia das formas cársticas é superior a resolução sísmica, é possível reconhecer a carsificação nas linha sísmicas.

Carso Litoral........................................................................................................................................................................................................................Coastal Karst

Karst littoral / Karst litoral / Küstenkarren, Küstenkarst / 沿海岩溶 / Прибрежный карст / Carso costiero /

Conjunto de formas cársicas desenvolvidas no espraiado e na faixa supralitoral. Embora a dissolução do carbonato de cálcio varie inversamente com a temperatura, devido a uma actividade biológica intensa, as formas cársicas litorais são mais frequentes e mais desenvolvidas nas costas intertropicais. As formas cársicas litorais dispõem-se em faixas paralelas à linha da costa e diferenciam-se com o tempo de emersão-submersão a que estão sujeitas (Moreira, 1984).

Ver: « Carso »
&
« Erosão »
&
« Nível de Acção das Vagas »

Este corte geológico do Cabo das Correntes (Moçambique) ilustra a zonação e os principais tipos de microformas do carso litoral em rochas arenosas, em particular em eolianitos (rochas sedimentares consolidadas compostas de material clástico depositado pelo vento). Do continente para o mar reconhece-se: (1) Arriba Morta Alveolizada ; (2) Plataforma com Lápias Pontiagudas ; (3) Ouriçangas Litorais ; (4) Visor da Arriba Viva ; (5) Sapa ; (6) Plataforma com Vasques e Ouriçangas Embrionárias ; (7) Plataforma com vasques incrustadas de algas calcárias ; (8) plataforma bioconstruída por tubícolas ; (9) Ouriçangas Litorais ; (10) Cornija de Rebentação ; (11) Sapa Submersa ; (12) Banco de Coral Morto. Note que (13) sublinha os grés de praia e (14) eolianitos. Nos litorais calcários, como no Mediterrâneo, encontram-se numerosas fontes submarinas, que, muitas vezes, são de água salobra, que estão associadas à crise salina que ocorreu no Messiniano (há cerca de 5,5 milhões de anos atrás). Esta crise sublinha uma descida do nível do mar relativo muito importante (cerca de 1500 metros), que foi causada pelo fecho do estreito de Gibraltar e uma forte evaporação. A descida do nível do mar relativo foi responsável de uma carsificação em profundidade, provocada pela incisão de gargantas profunda nos vales principais, como o canhão do Ródano, que, actualmente, está completamente preenchido por sedimentos marinhos e continentais do Pliocénico. Estes sedimentos preenchem os aquíferos do carso, cuja saídas são, agora, fontes artesianas. Tais condições podem aumentar a permanência das águas subterrâneas para vários milhares de anos (a permanência normal de um aquífero numa zona cársica bem desenvolvida é de cerca de um ano) e favorecem não só a descarga de água doce (<50 m de profundidade), mas também a entrada de água do mar nos aquíferos o que cria fontes de água salobra.

Carvão.......................................................................................................................................................................................................................................................................................Coal

Charbon / Carbón / Kohle / / Уголь / Carbone /

Rocha facilmente combustível (combustível fóssil) contendo mais de 50% (em peso) e mais de 70% (em volume) de material carbonoso incluindo a mistura inerente, formada por compactação e induração de diversos restos de plantas como os encontrados na turfa.

Ver: " Carbono "
&
" Carbonífero "
&
" Rocha Mãe "

A composição do carvão (percentagem de volume e peso) determina o seu "ranking". Um carvão com um "ranking" alto, contendo pouco hidrogénio, oxigénio, nitrogénio e pelo menos 95% de carbono (puro), é considerado uma antracite. A grafite, formada a partir do carvão, é o produto final de uma conversão térmica e diagenética da matéria orgânica (50% de volume de água) do carvão em carbono puro. O carvão, em geral, contém uma quantidade considerável de água presa entre as partículas de carvão. O carvão quando vêm de uma mina é húmido e é, em geral, também armazenado húmido para impedir uma combustão espontânea. É por esta razão que a quantidade de carbono do carvão é denominada como “da mina” ou de “mistura livre”. A linhite e outros carvões de baixo "ranking" contém quantidades de água consideráveis e outros componentes voláteis presos entre as partículas de carvão, que são conhecidas como os seus macerais. Os macerais estão presente quer dentro das partículas de carvão ou como átomos de hidrogénio e oxigénio nas moléculas. Isto acontece porque o carvão é convertido a partir de carbohidratos, como a celulose, em carbono através de um processo incremental. Por conseguinte, a quantidade de carbono no carvão depende, fortemente, do grau de preservação da celulose no carvão. O carvão é, principalmente, utilizado como um combustível fóssil para produzir electricidade e calor via combustão. O consumo mundial de carvão é de cerca de 6,2 Gt por ano, das quais cerca de 75% são utilizadas para produzir electricidade. Em 2006, a China produziu cerca de 2,38 Gt e a Índia cerca de 0,44 Gt. Cerca de 68% da electricidade na China é produzida a partir do carvão. Os EUA consomem cerca de 1Gt de carvão cada ano, utilizando cerca de 90% para produzir electricidade. Em termos de emissões de dióxido de carbono (CO2), o carvão emite mais do que o petróleo e cerca do dobro do gás natural. Assim, quando certas pessoas dizem que a electricidade, e em particular os carros eléctricos não emitem CO2, elas esquecem-se de dizer, como é que a electricidade é produzida.

Cascalho (seixo)...............................................................................................................................................................................................................................................Pebble

Gravier (gravillon) / Guijarro / Geröll, Kies / 鹅卵石 / Галька / Ghiaia /

Cascalho ou seixo é um clasto de uma rocha com um diâmetro que, na escala de φ (phi) de Krumbein varia entre -2 até -6, i.e., entre 4 e 64 milímetros, o que significa que é um termo muito impreciso.

Ver: « Calibração (sedimentos) »
&
« Cone Aluvial »
&
« Granulometria »

Esta praia do norte da Noruega (a montanha ao funda é a montanha de Drangen) é muito particular. Ela é preenchida por milhões de seixos e é muito inclinada, o que torna difícil caminhar ao longo dela. Quando as ondas se espraiam o barulho que fazem os seixos quando rolam uns contra os outros é, simplesmente, fantástico. Uma praia composta, principalmente, de seixos é um praia de cascalho (termo muito pouco preciso, uma vez que o diâmetro das partículas varia entre 4 e 64 mm). Estas praias têm características muito particulares com respeito à erosão das ondas. Elas têm nichos ecológicos pouco frequentes, nos quais se encontram espécies rara e algumas em extinção. Na classificação de Krumbein quando φ é inferior -8 (diâmetro superior 256 mm) a partícula sedimentar chama-se um bloco (pedregulho). Quando φ é entre -6 e -8 (diâmetro entre 64 e 256 mm) a partícula chama-se um calhau. Quando φ é entre -5 e -6 (diâmetro entre 32 e 64 mm) a partícula também se chama calhau. Quando φ é entre -4 e -5 (diâmetro entre 16 e 32 mm) trata-se de cascalho grosso. Quando φ é entre -3 e -4 (8 e 16 mm) trata-se de cascalho médio. O cascalho é fino quando φ é entre -2 e -3 (diâmetro entre 4 e 8 mm) e muito fino quando φ é entre -1 e -2 (2 e 4 mm). Quando φ é entre 0 e -1 (diâmetro entre 1 e 2 mm) trata-se de areia muito grossa. A areia grossa tem um φ entre 1 e 0 (entre 0,5 e 1 mm). A areia é média quando o φ é entre 2 e 1 (0.25 - 0.5 mm), fina quando φ é entre 3 e 2 (125 e 250 µm) e muito fina quando φ é entre 4 e -3 (62,5 - 125 µm). Quando φ é entre 8 e 4 (diâmetro entre 3,9 e 62,5 µm) trata-se de um silto (limo). A argila tem um φ maior que 8 (diâmetro inferior a 3,9 µm) e um colóide quando φ é inferior a 10 (1 µm). A classificação USCS, muito usada para descrever a textura e a granulometria dos solos, é muito mais simples: (a) Balastro, quando mais de 50% das partículas são retidas numa rede de 4,75 mm de malha ; (b) Areia, quando 50% das partículas são retidas numa rede de 4,75 mm; (c) Limo e Argila, quando mais de 50% das partículas passam numa rede de 0,075 mm.

Catabático (vento) ..........................................................................................................................................................................................................................Catabatic

Catabatique (vent) / Catabático (viento) / Katabatischen / Katabatic (风) / Нисходящий (о ветре) / Catabatico (vento) /

Vento que transporta, pela força da gravidade, ar de alta densidade de uma área elevada par uma área mais baixa. É por isso que este tipo de vento é, por vezes, chamado vento descendente. Contudo, nem todos os ventos descendentes são catabáticos.

Ver: " Atmosfera "
&
" Transporte (sedimentos) "
&
" Loess (limo) "

Um vento catabático forma-se pelo arrefecimento por radiação do ar acima de um planalto, montanha, glaciar ou mesmo em cima de um monte. Como a densidade do ar é inversamente proporcional à temperatura, quer isto dizer, que quando maior for a temperatura do ar menor é a sua densidade, o ar escoa-se para baixo aquecendo-se adiabaticamente* à medida que desce. Num aquecimento adiabático nenhum calor é transferido para ou do trabalho do fluído ou, por outras palavras, nenhum calor é transferido do ambiente circunvizinho. A temperatura do vento depende da temperatura da região de origem e da temperatura a montante da descida. Em certos caso, o vento pode aquecer (mas não sempre) no momento em que atinge o nível do mar. Na Antárctica, a temperatura do vento ainda é intensamente fria quando este atinge o nível do mar. Os ventos catabáticos são muito frequentes nos grandes e elevados mantos glaciários da Antárctica e da Gronelândia. Como ilustrado neste esquema, a formação de ar frio muito denso por cima das calotes e altas acumulações de gelo cria uma enorme energia gravitacional, que impulsiona os ventos por vezes a uma velocidade superior à dos mais fortes furacões. Na Gronelândia esses ventos são chamados "Piteraq" e são mais intensos quando uma área de baixa pressão se aproxima da costa. O mesmo sucede da Terra do Fogo (América do Sul) e no Alasca, onde os ventos catabáticos podem atingir 180 a 360 km/h, tornando assim a navegação muito perigosa. Um caso muito particular de vento catabático é a brisa da montanha ou brisa descendente de encosta. Num vale de montanha, o aquecimento matinal ocorre primeiro nas partes mais altas das ladeiras, o qe cria um movimento ascendente ou brisa montante de encosta que aspira o ar inferior  e se amplifica em brisa do vale. O arrefecimento nocturno que se inicia nas partes mais altas aumenta a densidade do ar  que se escoa para baixo formando uma brisa descendente de encoasta que se eamplifia em brisa de montanha. Nem todos os ventos descendentes são catabáticos. Assim, por exemplo, o Foehn** (nos Alpes) e o Chinnok (nas Montanhas Rochosas) são restos de ventos de chuva. No lado de barlavento das montanhas o vento ascendente é muito húmido (muita chuva), enquanto que do lado sotavento ele é muito mais seco e quente. Como exemplo de ventos catabáticos pode citar-se o Bora, no mar Adriático, o Santa Ana, na Califórnia , o Oroshi, no Japão, e o Barbeiro, na Nova Zelândia.

(*) Na termodinâmica, uma transformação adiabática é uma transformação termodinâmica, geralmente, irreversível e não quase estática (ocorre de maneira extremamente lenta, de tal modo que o sistema passa de um estado de equilíbrio inicial A a um estado de equilíbrio final B através uma seqüência de estados de equilíbrio infinitos separados por transformações infinitesimais e variações infinitesimais das propriedades do sistema) na qual um sistema físico não troca, praticamente, calor com o meio ambiente, mesmo que ele o ceda e o faça ciclicamente de volta em pares de transformações elementares.

(**) Por forçagem mecânica (as montanhas obrigam o ar a subir) o ar húmido sobe nas encostas barlavento dos Alpes e arrefece com a temperatura. Se o ar está saturado de humidade, o vapor de água condensa-se e, em geral, causa abundante precipitações na encosta Sul. Se a massa de ar é estável, um fluxo de ar descendente ocorre no outro lado das montanhas  que impede a formação de nuvens e forma, por vezes, uma frente ou parede de foehn no cume das montanhas. Uma descida de ar de altitude, quente e seco sopra sobre os vales e o piemonte (região, ao pé dos Alpes, limitada pelas regiões italianas de Vale d'Aosta, Lombardia, Ligúria e Emilia-Romagna, e dos os cantões suíços do Valais e do Ticino, assim como as regiões francesas de Auvergne-Rhône-Alpes e Provença-Alpes- Riviera Francesa) de sotavento. Este vento descendente inibe, ao longo de dezenas de quilómetros, a formação de nuvens a jusante da linha do cume o que induz um clima ensolarado ou pelo menos sem nuvens a baixa e média altitude.

Catastrofismo (princípio do)....................................................................................................................................................................Catastrophism

Catastrophisme (principie) / Catastrofismo (principio) / Katastrophismus / 灾变 / Катастрофизм / Catastrofismo /

Doutrina que explica as diferenças nas formas fósseis encontradas em sucessivos níveis estratigráficos como sendo o produto de repetidos eventos catastróficos e repetidas criações. Esta teoria é, geralmente, associada com o naturalista francês Barão Georges Cuvier (1769-1832).

Ver: " Uniformitarismo (princípio) "
&
" Paleontologia "
&
" Supercontinente "

O catastrofismo é o contrário do uniformitarismo. O uniformitarismo foi refutado nos últimos anos, não só pela paleontologia, mas também pela tectónica. Eventos catastróficos, como a erupção do Monte de ST. Helena, em 1980, corroboram o catastrofismo. Antes da introdução do uniformitarismo, o catastrofismo era a doutrina geológica mais aceite. Actualmente, o catastrofismo parece ser a interpretação mais precisa da história geológica da Terra. Desde 1980, houve uma dramática mudança de atitude dos geocientistas em relação ao catastrofismo devido a hipótese de Alvarez e colegas : "os horizontes sedimentares, no limite Cretácico / Terciário, com uma alta concentração de irídio sublinham um episódio de extinção em massa no final do Período Cretácico causada pelo impacto de um grande asteróide". O catastrofismo é suportado por toda uma série de lendas antigas, como o Dilúvio", que é conhecido em quase todas as partes do mundo e que, provavelmente, corresponde um evento geológico catastrófico global (importante subida eustática induzida por uma deglaciação). Da mesma maneira, a inclinação do eixo de rotação da Terra que é a origem das estações, assim como a formação da Lua são associadas à contingência e ao catastrofismo. A explicação mais provável é uma colisão com asteróides no início da formação do sistema solar. Os registos estratigráficos e paleontológicos sugerem sempre eventos marinhos catastróficos. As rochas sedimentares (arenitos, siltitos, rochas argilosas, calcários, etc.) não são outra coisa que o resultado de subidas do nível do mar relativo que depositam horizontes rochosos uns sobre os outras por uma triagem hidrológica. Da mesma maneira, os animais, cujos restos fósseis se encontram dentro das camadas sedimentares, parecem ter sido sido enterrados e preservados de maneira, mais ou menos, catastrófica. Os fósseis, como as rochas, foram triados de acordo com a densidade, caso contrário, as carapaças teriam apodrecido ou teriam sido eliminadas. Nunca esqueça, que aproximadamente 95% dos fósseis descobertos até hoje são invertebrados marinhos associados a um catastrofismo marinho. Dos restantes, cerca de 4,74% são fósseis de plantas, 0,25% são invertebrados terrestres (incluindo insectos), e 0,0125% são vertebrados (sobretudo peixes). Cerca de 95% de todos os vertebrados terrestres descobertos até hoje são representados por menos de um osso.

Cava (onda)..............................................................................................................................................................................................................Wave trough, Hollow

Creux / Depresión / Wellental / 空心 / Впадина (прогиб) / Cavo/

Sector côncavo de uma onda.

Ver: " Comprimento de Onda "
&
" Acção das Vagas (mar calmo) "
&
" Varrido "

As ondas periódicas são caracterizadas por cristas (altos) e cavas (baixos). Elas podem ser classificadas em longitudinais ou transversais. As transversais têm vibrações perpendiculares à direcção de propagação como as ondas de uma corda e as electromagnéticas. As ondas longitudinais vibram paralelamente à direcção de propagação, como, por exemplo as ondas sonoras. Quando um objecto se move para cima e para baixo à superfície de um lago, ele tem uma trajectória orbital, visto que as ondulações de um lago não são simples ondulações transversais sinusoidais. As ondas de um lago são uma combinação de ondas transversais e longitudinais e, assim, cada ponto da superfície do lago segue uma trajectória orbital. Todas as ondas têm um comportamento comum sob um certo número de condições, isto é, todas as ondas podem sofrer uma: (i) Reflexão, quando a direcção da onda muda ao embater numa superfície reflectora ; (ii) Refracção, quando a direcção da onda muda ao entrar num novo meio ; (iii) Difracção, desvio das ondas quando estas encontram um obstáculo na sua trajectória (o desvio é maior quanto o comprimento da onda é próximo do tamanho do objecto difractante) ; (iv) Interferência, quando duas ondas colidem ; (v) Dispersão, quando uma onde se divide por frequência e (vi) Propagação Rectilínea, quando o movimento da onda é em linha recta. Como exemplos de ondas pode citar-se: (a) As ondas do mar, que são na realidade perturbações que se propagam através da água ; (b) Ondas da rádio, micro-ondas, raios infravermelhos, a luz (visível), os raios ultravioletas, os raios X e os raios gama que formam a radiação electromagnética (propagação das ondas é possível sem meio, através do vácuo a uma velocidade de cerca de 300 000 km/s) ; (c) Ondas sonoras, que são ondas mecânicas que se propagam através de gases, de líquidos e de sólidos; (d) Ondas do tráfico, isto é a propagação das diferentes densidades de automóveis (estas ondas podem ser modelizadas como ondas cinemáticas) ; (e) Ondas sísmicas (tremores de terra), das quais existem três tipos, ondas S, P e L ; (f) Ondas de gravidade, que correspondem a flutuações da curvatura espaço-tempo (ondas não lineares que ainda não foram observadas empiricamente) ; (g) Ondas de inércia que ocorrem nos líquidos em rotação e que são restauradas pelo efeito de Coriolis (sistema de referência em rotação uniforme, no qual os corpos em movimento, quando vistos por um observador no mesmo referencial, aparecem sujeitos a uma força perpendicular à direcção do seu movimento).

Caverna (gruta)........................................................................................................................................................................................................................................................Cave

Caverne / Caverna / Höhle, Cave (Höhle) / 洞穴 / Пещера / Grotta /

Cavidade natural subterrânea resultante de lentos processos de dissolução e erosão das rochas pela água. Certos geocientistas sugeriram que o termo caverna devia aplica-se, unicamente, às cavidades subterrâneas nas quais a luz do dia, praticamente, não penetra. A exploração e o estudo das cavernas é actividade principal dos espeleólogos, cuja ciência é a espeleologia.

Ver: " Calcário "
&
" Erosão "
&
" Dissolução "

A espeleogenése é a formação e desenvolvimento das cavernas, as quais se formam por processos geológicos variados, que envolvem uma combinação de processos químicos, erosão pela água, esforços tectónicos, micro-organismos, pressão, influências atmosféricas e mesmo escavamento. A grande maioria das cavernas forma-se em rochas calcárias por dissolução, mas elas podem formar-se em qualquer tipo rocha solúvel. Importantes cavernas foram reconhecidas na cré, dolomites, mármores, granitos, sal, arenitos, corais fósseis e no gesso. As maiores cavernas por dissolução estão localizadas nos calcários, porque estes são, facilmente, dissolvidos pela água das chuvas e correntes subterrâneas carregadas de acido carbónico (CO3H2). A dissolução dos calcários produz uma topografia típica conhecida pelo nome de carso que é caracterizada por dolinas e sistemas de drenagem subterrâneos, como ilustrado neste esquema. Nas rochas carbonatadas e, particularmente, nos calcários, as cavernas são, quase sempre, ornamentadas por formações carbonatadas produzidas por uma precipitação lenta do carbonato de cálcio (CO3Ca), isto é, por espeleotemas (do grego "spelaion"- caverna e "thema"- depósito). Neste esquema, nas caverna, quer debaixo da marmita quer debaixo da dolina, reconhecem-se estalactites, estalagmites e colunas. Outros espeleotemas como cortinas, bandeiras, couve-flores, excêntricas, flores, cascatas e represas de travertino também se podem depositar. A corrente subterrânea, provavelmente, responsável pela dissolução dos calcários e formação das cavernas é, neste exemplo, bem visível e, como indicado, o plano de água é, mais ou menos, equivalente à cota da sua ressurgência (nascente). As cavernas de Lechuguilla e Carlsbad (Novo México, USA) são exemplos típicos de cavernas por dissolução, formadas pela acção do SH2 (proveniente dos campos petrolíferos subjacentes) que misturando-se com a água subterrânea formou ácido sulfúrico que dissolveu, parcialmente, os calcários.

Célula de Hadley....................................................................................................................................................................................................Hadley Cell s.l.

Cellule de Hadley s.l. / Célula de Hadley s.l. / Hadley-Zelle s.l. / 哈德利细胞 s.l. / Ячейка Гадлея s.l. / Hadley cell lato sensu /

Padrão de circulação do ar, que predomina na atmosfera tropical, com um movimento ascendente, perto do equador (escoamento em direcção dos pólos a cerca de 10-15 km acima do nível do mar), e movimento descendente, nas regiões subtropicais, em direcção do equador, perto do nível do mar. Esta circulação do ar está intimamente ligada aos alísios, cintura de chuva tropical, desertos sub-tropicais e correntes de jacto.

Ver: " Atmosfera "
&
" Efeito de Coriolis "
&
" Clima "

Neste esquema está ilustradas células de Hadley (lato senso), quer isto dizer, correntes de ar que vão desde o equador até aos pólos e que voltam para o equador. Em detalhe, a Terra esta cercada por várias cinturas ou células de ventos predominante, que são separadas por regiões estreitas onde o ar se desloca para baixo e para cima (descida e ascensão). Muitos geocientistas consideram que uma célula de Hadley (equador - pólos -equador), pode subdividir-se em três células secundárias: (i) Célula de Hadley (stricto sensu) ; (ii) Célula de Ferrel e (iii) Célula Polar, com três tipos de ventos ventos alísios de: (a) Nordeste ; (b) Oeste e (c) Este polar, para o hemisfério norte. Perto do equador, onde a radiação solar média é a mais forte, o ar é aquecido e começa a subir criando uma faixa de baixa pressão atmosférica, centrada no equador (ZCIT, Zona de Convergência Intertropical). Esta zona, que começa a formar-se nas regiões subtropicais, quando atinge o equador, ele eleva-se na atmosfera superior por convergência e convecção. Desde que a corrente atinge uma altitude cerca de 14 km (topo da troposfera), ela começa a fluir, horizontalmente, em direcção dos pólos. A corrente ascendente corresponde a um segmento de circulação da chamada de célula de Hadley (stricto sensu), que desce para a superfície da Terra cerca de 30° graus Norte e Sul. Nestas latitudes, a porção descendente produz uma faixa de ar de alta pressão chamada alto subtropical. A partir desta zona, o ar desloca-se em duas direcções. Os ventos são gerados entre o alto subtropical e a faixa equatorial de baixa pressão (ZCIT), à medida que o ar flui da zona de alta a para a baixa pressão. Estes ventos, quanto viajam em direcção do equador, são desviados de Este para Oeste pela força de Coriolis*. A outra parte do ar que se desloca da zona do alto subtropical em direcção dos pólos também é desviada pela força de Coriolis, produzindo ventos do Oeste.

(*) A força de Coriolis ou efeito de Coriolis é um sistema de referência em rotação uniforme, no qual os corpos em movimento, quando vistos por um observador no mesmo referencial, aparecem sujeitos a uma força perpendicular à direcção do seu movimento.

Cenozóico.........................................................................................................................................................................................................................................................Cenozoic

Cénozoïque / Cenozoico / Känozoikum新生代 / Кайнозойский / Cenozoico /

A Era geológica que começou há 65 Ma (milhões de anos atrás) e continua até ao hoje.

Ver: " Paleozóico "
&
" Gondwana "
&
" Era "

A era Cenozóica ou Cenozóico (era Terciária ou Terciário), é uma divisão da escala de tempo geológica que pertence ao Éon Fanerozóico. Dentro do Fanerozóico, o Cenozóico segue o Mesozóico. O Cenozóico começou cerca de 66 milhões de anos atrás e se estende até hoje. O nome Cenozóico vem do grego e significa "nova vida". Actualmente, o período terciário, que não é reconhecido pela Comissão Internacional de Estratigrafia, compreendia a era cenozóica, excepto nos últimos 2,5 milhões de anos, quando o período Quaternário começou. Durante o Cenozóico, a Índia colidiu com a Ásia há 55-45 milhões de anos, e a Arábia colidiu com a Eurasia, fechando o Mar de Tétis cerca de 35 milhões de anos atrás. Como consequência, produziu-se o a grande dobramento alpino que formou as principais cadeias de montanhas do sul da Europa e da Ásia, como os Pirinéus, os Alpes e os Himalaias. Durante o Cenozóico, a fragmentação e migração dos continentes, derivados da ruptura do supercontinente Pangéia, continuou e, pouco a pouco, a superfície da Terra tomou a sua configuração actual. A temperatura media dos oceanos desceu, mais ou menos, regularmente, desde o óptimo climático do Eocénico Inicial até hoje. Durante esta descida é de assinalar os períodos de aquecimento do Oligocénico Terminal e do Miocénico Médio. Dois processos geológicos básicos são os responsáveis dos principais eventos que ocorreram durante o Cenozóico: (i) Colisão Continental ou Tectónica e (ii) Expansão Oceânica. Os quatro grandes fragmentos continentais derivados do pequeno supercontinente Gondwana moveram-se para o Norte e colidiram com a Laurasia. Destas colisões, cujo clímax aconteceu no Miocénico Inicial, formaram-se grandes cadeias de montanhas. A expansão do Oceano Atlântico Norte e Sul continuou, contribuindo à deformação da margem oriental da África e das margens ocidentais da América do Norte e Sul, à medida que os continentes eram empurrados contra as placas tectónicas adjacentes. Os fragmentos continentais resultantes da fragmentação do pequeno supercontinente Gondwana são a América do Sul, África, Índia e Austrália. A América do Sul não foi empurrada, suficientemente, para o Norte para causar uma colisão importante com a América do Norte. O impacto entre a África (que continua a mover-se par o Norte) e a Europa foi, relativamente, fraco. As microplacas Mediterrâneas já foram várias vezes arranjadas e comprimidas à medida que a África se desloca para o Norte. As tentativas da placa Africana de mergulhar debaixo da placa Europeia, para criar uma zona de subducção, têm produzido encurtamentos importantes na placa Europeia, dos quais os Alpes, o fecho do Mar de Tétis (reduzido hoje a pequenos corpos de água como o Mediterrâneo e Mar Negro) são bons exemplos.

Centro de Expansão Subaérea........................................................................................Subareal expansion center

Centre d'expansion subaérien / Centro de expansión subaérea / Subareal Expansion Zentrum / 地表扩张中心 / Центр подземного развития / Centro di espansione subaereo /

Lugar onde o material do manto terrestre é, via as fracturas associadas à ruptura da litosfera, extrudido num ambiente continental ou subaéreo, onde ele se pode escoar lateralmente (em direcção do continente). Num ambiente aquático o material vulcânico é, rapidamente, solidificado, o que quer dizer que ele não se pode escoar. Sinónimo de Centro de Alastramento Subaéreo.

Ver: " Cronologia da Tefra"

Centro de Expansão Submarino........................................................................Submarine expansion center

Centre d'expansion sous-marin / Centro de expansión submarino / Submarine Expansion Zentrum / 海底扩张中心 / Центр подводного развития / Centro espansione sotto-marino /

Lugar onde o material do manto terrestres é, via as fracturas associadas à ruptura da litoesfera, extrudido num ambiente aquático (principalmente marinho), onde ele não se pode escoar, lateralmente, e se solidifica, in situ, sob a forma de lavas em travesseiro ou de diques com toldo (“sheeted dykes” dos geocientistas de língua inglesa).

Ver: " Cronologia da Tefra"

Cerogénio..........................................................................................................................................................................................................................................................Kerogen

Kérogéne / Kerógeno / Kerogen / 油母質 / Кероген / Cherogene /

Fracção da matéria orgânica sedimentar, que é insolúvel nos solventes orgânicos comuns devido ao grande peso molecular dos seus constituintes (a fracção solúvel corresponde aos betumes). O cerogénio não é uma substância orgânica com uma composição química bem definida, uma vez que ela inclui a matéria orgânica derivada das áreas continentais e ambientes marinhos. Certos tipos de cerogénio, quando aquecido a determinadas temperaturas, na crusta terrestre, produzem petróleo e outros gás.

Ver: « Janela do Petróleo »
&
« Petróleo »
&
« Rocha Mãe »

Tendo em linha de conta as taxas de hidrogénio-carbono e oxigénio / carbono, podem considerar-se três tipos principais de cerogénio. (A) Tipo I, este tipo é caracterizado elementos seguintes: (i) Contém alginite (microfósseis marinhos), matéria orgânica amorfa, cianobactérias, algas de água doce e resina de plantas terrestres ; (ii) A razão H:C é maior que 1,25 ; (iii) A razão O:C é inferior a 0,15 ; (iv) Tem grande tendência a produzir hidrocarbonetos líquidos ; (v) Deriva, principalmente, de algas lacustres e forma-se, unicamente, em lagos anóxicos e raros ambientes marinhos ; (vi) Tem vários ciclos ou estruturas aromáticas ; (vii) Formado, principalmente, por proteína e lípidos. (B) Tipo II, este tipo é caracterizado pelos elementos seguintes : (a) A razão H:C inferior a 1,25 ; (b) A razão O:C é entre 0,03 e 0,18 ; (c) Tendência a produzir uma mistura de petróleo e gás ; (d) Pode ser formado por exinite (formada de crustas de pólens e esporos), cutinite (formada de cutícula das plantas terrestres), resinite (formada de resinas de plantas terrestres), liptinite (formada de lípidios de plantas terrestres) e algas marinhas ; (e) Todas esta variedades têm grande tendência para produzir petróleo e são todos formados por lípidos depositados em condições redutoras. (C) Tipo III, este tipo é caracterizado por: (1) A razão H:C é inferior a 1 ; (2) A razão O:C é entre 0,003 e 0,3 ; (3) Material espesso semelhante a madeira ou carvão ; (4) Tende a produzir carvão ou gás ; (5) Tem pouco hidrogénio, devido a importância dos sistemas aromáticos em anel. O cerogénio tipo III é formado a partir de matéria vegetal terrestre, que é deficiente em lípidos ou matéria cerosa. Ele forma-se a partir da celulose, polímeros carbohidratados (que formam a estrutura rígida das plantas terrestres), lignina, um polímero não-carbohidratado formado de fenilpropano (que envolve as fibras de celulose), terpenos* e componentes fenólicos** de muitas plantas.

(*) Os terpenos e isoprenóides são uma vasta e diversificada classe de compostos orgânicos derivados de isopreno (CH2=C(CH3)-CH=CH2), um hidrocarboneto de 5 átomos de carbono.

(**) Compostos orgânicos em cujas estruturas moleculares contêm pelo menos um grupo fenol, um anel aromático ligado a pelo menos um grupo hidroxilo.

Charco, Poça, Lagoa..........................................................................................................................................................................................................................Pond, Pool

Étang / Estanque, Lago estancado / Teich / 池塘 / Пруд / Stagno /

Pequeno corpo de água, de pouca profundidade, cercado por terra por todos os lados e que ocupa, de forma permanente, uma depressão natural do terreno. Corpo de água estagnado, raso, de área, relativamente, pequena (até várias dezenas de hectares), resultantes da impermeabilidade do solo.

Ver: « Lago »
&
« Lago Temporário »
&
« Lago Pró-glaciário »

Quando um lago é, relativamente, pequeno ou quando um charco (poça ou lagoa) é, relativamente, grande, a diferença entre o lago e charco (lagoa) é muito difícil, se não impossível. Alguns geocientistas consideram um charco (por vezes chamado lagoa) como um pequeno lago, mas não há nenhum acordo internacional, mesmo nacional, que estabelece a fronteira entre eles. Os valores entre 2 e 8 hectares ou 20000 a 80000 km2 foram propostos como possíveis limites entre um lago e um charco. Em geral, uma lagoa não tem saída e é, frequentemente, alimentada a partir de fontes subterrâneas (no aquífero entre a superfície do terreno). Como uma lagoa corresponde a um curso de água lêntico (água não flui, é mais ou menos estacionário) que contém, geralmente, diversos os ecossistemas (comunidades de organismos compostos por produtores, compositores e decompositores, funcionalmente ligados um ao outro e ao meio ambiente, e tratada como uma única entidade). Em áreas com muita vegetação, os restos em decomposição de plantas que habitam as lagoas ou charcos, podem subir à superfície e formar uma camada de cor, mais ou menos, escura, constituindo as chamadas lagoas de escumalha cinzenta. Um dos principais contribuintes para a espuma das lagoas é a presença de algas, que se multiplicam, rapidamente, especialmente em lagos eutróficos (com mais nutrientes do que normalmente eles devem ter) e bem exposta à luz solar. Quatro diferentes micro-habitats existem numa lagoa : (i) "Surf", isto é, o filme de superfície rico em restos vegetais em decomposição ; (ii) Lâmina ou camada de água ; (iii) Base e (iv) Margem. A espuma é um habitat para os animais que precisam de ar para respirar. A lâmina ou camada de água é habitat para grandes animais nadadores , bem como plantas e animais que formam o plâncton microscópico. A parte inferior, especialmente quando é composta por areia, é o lar de esponjas, caracóis, minhocas, etc. A margem (terra) é um habitat que pode ser dividida em três domínios : (a) Campo de plantas emergentes ; (b) Área com folhas e (c) Área de flutuação de plantas submersas.


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Última actualização: Fevreiro, 2018